Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/03/2015 (Nº 51) CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE ESPÉCIES DA CAATINGA EM CONSTRUÇÕES RURAIS NA COMUNIDADE SÍTIO VELHO EM ASSUNÇÃO DO PIAUÍ, BRASIL
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CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE ESPÉCIES DA CAATINGA EM CONSTRUÇÕES RURAIS NA COMUNIDADE SÍTIO VELHO EM ASSUNÇÃO DO PIAUÍ, BRASIL

 

 

 

SILVA, M.P.¹; BARROS, R.F.M.2

1 Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí, Avenida Santo Antônio, S/N, bairro São Luís, CEP: 64.280-000, Campo Maior, Brasil cruzinhabio@yahoo.com.br; 2 Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências da Natureza, Departamento de Biologia, Campus Ministro Petrônio Portela, Ininga, CEP: 64049-550, Teresina-Brasil rbarros.ufpi@gmail.com

 

 

 

RESUMO: Objetivou-se conhecer os vegetais e os critérios adotados para seleção dos vegetais usados nas construções rurais da comunidade rural Sítio Velho (05o 20’S e 41o 15’W), em Assunção/PI, com uma extensão de 848 ha, vegetação de caatinga e a atividade econômica principal, agricultura de subsistência. As coletas e herborizações botânicas foram procedidas por metodologia usual. Através da tradição oral, observação, etnografias – relações, seleção de informantes, transcrição de textos, levantamento de genealogia, mapeamento, diário de campo, filmagem e entrevistas semiestruturadas, obtivemos os dados que nos facilitaram captar o processo de transformação vivido pela comunidade e os seus significados. As técnicas “turnê-guiada” e “bola de neve” foram adotadas para seleção dos informantes. Entrevistou-se 25% dos homens adultos (21) e 50% idosos (7) – visto que são eles os responsáveis pelas construções. Os tipos de construções observadas foram: cercas (de cama ou de lombo, de faxina, de arame, de cama com arame), telhados, cercados, quintais, canteiros, banheiros e chiqueiros. Para os dados quantitativos adotou-se Valor de Uso. A espécie mameleiro (Croton blanchetianus Baill) - família Euphorbiaceae, obteve destaque nesse índice. Verificou-se que a localização das casas e disposição em forma de círculo, deve-se a fatores culturais conservados na comunidade: como, respeito à hierarquia governamental e de faixa etária.

 

Palavras-chave: construções rurais, etnobotânica, fatores culturais.

 

INTRODUÇÃO

 

O termo Caatinga é usado para designar uma grande área geográfica que compreende uma variedade de diferentes tipos de vegetação, e também para nomear a região semiárida, que ocupa a maior parte do Nordeste do Brasil e significa mata aberta e clara, sendo utilizado para designar áreas com uma vegetação reconhecidamente xerófila, onde, a água disponível às plantas procede de chuvas concentradas em um curto período do ano e cujos solos são incapazes de acumular água (ALBUQUERQUE et al., 2012)

A paisagem é dominada por uma vegetação arbustiva, ramificada e espinhosa, muitas bromeliáceas, euforbiáceas e cactáceas, sendo que a caatinga arbórea é rara, restrita aos solos mais ricos em nutrientes, encontrando-se fragmentada (IBAMA, 2010). A maior parte da vegetação da Caatinga encontra-se em sucessão secundária com predominância de espécies invasoras e de baixo valor nutricional (PEREIRA FILHO; BAKKER (2010); PEREIRA FILHO; SILVA; CÉZAR, 2013).

Entre 2002 a 2008 o bioma perdeu 3,6% de sua cobertura vegetal remanescente, indicando uma taxa média anual efetiva de desmatamento na ordem de 0,33% ao ano (IBAMA, 2010). Esses dados são alarmantes se consideramos que apenas 1% da área do bioma no país encontra-se em unidade de conservação de proteção integral (IBAMA, 2010).

O uso intensivo da vegetação da caatinga vem ocorrendo há séculos seja pela extração, pastagem extensiva, desmatamento para implantação de culturas agrícola, colocando em risco o equilíbrio do ecossistema (FERRAZ et al., 2005). De acordo com Albuquerque (2002), para se garantir a conservação da biodiversidade é necessário incluir o conhecimento das populações locais, uma vez que vários estudos comprovaram que essas populações possuem um conhecimento refinado do ambiente em que vivem. O mesmo descreve a existência de um fator preponderante, a inter-relação existente entre as pessoas e as plantas, podendo as primeiras intervirem na distribuição das mesmas, afetando a sua abundância.

Muitas famílias pertencentes a diversas etnias em todo o mundo têm no extrativismo vegetal, uma importante fonte de madeira para construções, alimentos, remédios, utilitários, combustíveis e outros. Considerando que a Comunidade Rural Sítio Velho, apresenta atividades econômicas diversificadas, como a pecuária e agricultura de subsistência, e que, habitam em espaço com vegetação semiárida, peculiar e de enorme riqueza biológica, localizada em áreas de altitude e entre vales, entende-se, ser de tamanha urgência a conservação de ecossistemas, além de subsidiar o resgate, o registro de informações que a comunidade detém sobre a flora e a preservação da cultura.

Objetivou-se com essa pesquisa conhecer os vegetais e estimar os valores de uso das espécies lenhosas da comunidade Sítio Velho, a partir de informações da população local, analisando-os quanto a sua composição na categoria de uso construção e os critérios adotados para seleção dos mesmos.

 

METODOLOGIA

 

Descrição da área

 

Assunção do Piauí compreende uma área de 1.624 km2, distando da capital Teresina cerca de 280 kmSua população é 7.503 habitantes (IBGE, 2010). Apresenta transições vegetais de floresta sub-caducifólia/cerrado/caatinga hiperxerófila (JACOMINE et al., 1986). 

Definiu-se como proposta da pesquisa uma área que tivesse uma influência direta do rio Poti, localizado entre as coordenadas 04° 06’ e 06° 56’S, e 40° 00’ e 42° 50’W. O clima predominante na área, segundo a classificação de Köeppen, é tropical quente e úmido, com chuvas de verão. Na porção sudeste, o clima é do tipo quente e semiárido. No município de Assunção do Piauí, a temperatura mínima média é (19,5°C) a máxima média (30,5°C) e temperatura média do ar (24,3°C). A precipitação média anual é da ordem de 1.250mm, sendo o trimestre fevereiro-março-abril, o mais chuvoso, com aproximadamente 56% do total anual, destacando-se a do mês de março, com cerca de 20% do total anualmente precipitado (IBGE, 2010).

O estudo foi desenvolvido na Comunidade Rural Sítio Velho (05° 20’S e 41° 15’W), situada entre vales de difícil acesso, próximos a alguns olhos d’água do rio Poti, nos limites do estado do Piauí e Ceará (Figura 1), com uma área de aproximadamente 848 ha, a vegetação dominante é a caatinga - que normalmente possui árvores e arbustos densos, baixos, retorcidos, de aspecto seco, de folhas pequenas e caducas e raízes muito desenvolvidas, grossas e penetrantes (FERNANDES, 1998). A comunidade originou-se a partir do assentamento de algumas famílias e atualmente possui 430 pessoas distribuídas em 97 famílias (IBGE, 2010). A classificação das pessoas por faixa etária correspondeu: menor (0 a 17 anos - 181); jovens (entre 18 e 24 anos – 59); adulto (entre 24 e 59 anos – 161) e idosos (acima de 60 anos – 29).

Considerando a especificidade do nosso objeto de estudo – a Etnobotânica, propomos desenvolver um trabalho de campo, construído através do diálogo prolongado e estabelecido a partir da observação e da participação que pudessem contribuir para compreender o sentido do modo de viver dos membros na comunidade. Por intermédio da reconstituição da tradição oral, da memória e da observação dos procedimentos adotados, procuramos obter os dados que nos facilitaram captar o processo de transformação vivido pela comunidade e o seu significado, como também a elaboração de um conjunto sistemático de etnografias dos diversos usos madeireiros da flora local, nas construções de moradias e alojamentos para animais. Estamos pensando a etnografia como uma prática de pesquisa na qual se fez necessário “estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário” (GEERTZ, 1978). Isto nos leva a encarar a etnografia como uma construção das

informações apreendidas e interpretadas e seus significados construídos em um espaço social.

Nesse estudo, definiu-se a amostragem de acordo com Begossi et al., 2004, que afirma, que em comunidades acima de 50 pessoas a proporção que pode ser usada para amostra é de 25% a 80%,   participou da entrevista 25%  (vinte e cinco) da quantidade de homens adultos e 50% (cinquenta) dos idosos, sendo assim: vinte e um (21) adultos e sete (7) idosos – visto que são eles culturalmente os responsáveis pelas construções. 

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Figura 1: Localização do município de Assunção do Piauí e da Comunidade Sítio Velho.

Fonte: IBGE (2014), adaptado por Francílio Amorim (2014).

 

Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas e filmagem/áudio transcritos em laboratório (WHITAKER et al., 2002). As técnicas “turnê-guiada” (BERNARD, 1988) e “bola de neve” (BAILEY, 1994) foram adotadas para seleção dos informantes. Coletas e herborização do material botânico foram procedidas por metodologia usual (MORI et al., 1989) e acrescida ao acervo do herbário Graziela Barroso (TEPB) da UFPI. A busca de dados deu-se entre março de 2011 a janeiro de 2013. A entrevista e a turnê-guiada, quando possível aconteceram paralelamente com os informantes-chave – pessoa selecionada entre os moradores com maior riqueza de conhecimento. A metodologia adotada para a elaboração da entrevista foi uniformizada segundo Apolinário (2006), com questões abertas e fechadas, apresentando a seguinte estrutura: identificação, localização, dados socioeconômicos (composição familiar, idade, estado civil, gênero, escolaridade, renda, habitação, saneamento, religião) e dados etnobotânicos para a categoria construção.

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Plataforma Brasil, vinculada pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Observando-se os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos (Conselho Nacional de Saúde, Resolução n°196/96), os objetivos do trabalho foram explicados aos membros da comunidade e, em seguida foi solicitada a permissão dos mesmos, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os dados quantitativos foram representados pelo índice Valor de Uso (VU) utilizou-se o proposto por Phillips e Gentry (1993), modificado por Rossato (1999), que atribui a essa técnica a seguinte fórmula: VU = ∑U/n, onde U = número de citações da etnoespécie por informante e n = número de informantes que citaram a etnoespécie. Ao usá-la o pesquisador assume que a importância relativa de uma planta é dada basicamente pelo número de usos que apresenta.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Inventário histórico

 

A historicidade das representações sociais e dos processos de elaboração e transformação fundamenta-se em lembranças narradas pelos moradores mais antigos da comunidade. Em uma conversa com o senhor José Romão Batista, nascido em 1924 (88 anos), foi relatado pelo mesmo que as primeiras pessoas da comunidade adotavam um estilo de vida bastante rústico, moravam debaixo das rochas existentes e segundo ele, quando chovia passavam em uma casa de pedra. Os atuais moradores com base nos laços de parentescos e consanguinidade formaram sua organização social com relações estreitas com o território como o espaço comum, onde o grupo se reproduz física, social, econômica e culturalmente sem que haja divisões de terras e com o cuidado em manter o meio ambiente em equilíbrio. Os moradores organizam-se politicamente em Associação Comunitária, através da qual conseguiram a titulação de posse da terra em 2006. Existe no Sítio Velho, além da capela, um Posto de Saúde, uma escola que funciona com os quatros primeiros anos da educação básica, uma casa para processamento da mandioca (Casa de farinhada), um clube de lazer e diversão. Todas as casas dispõem de energia elétrica.

Algumas atividades diárias e culturais realizadas pelos moradores da comunidade são definidas pelo gênero. Foi observado que a responsabilidade de abastecer a casa com agua é das mulheres, cabendo aos homens a reposição de lenha diária, necessária para o cozimento dos alimentos e também as construções das casas. Entre as normas estruturais observa-se na arquitetura, distribuição e na localização das casas, que estas foram implantadas em um ajuste circular. Quanto ao fator parentesco, observou-se que existe uma escolha na construção da casa próximo aos membros com maior respeito e que os filhos residem próximo aos pais.

Constatou-se que 100% das casas são construídas de adobe e cobertas com telhas e que 74% destas são rebocadas. A comunidade passou por um processo de contemplação de 100 casas de alvenaria pelo Programa para habitação do governo federal “Minha casa, minha vida”. Observou-se que estas não atenderam a alguns hábitos culturais, como por exemplo a implantação na estrutura arquitetônica de um fogão a lenha. Isso acarretou em uma divisão de atividades de atividades corriqueiras entre as duas casas, como por exemplo o cozimento de alimentos.

As construções baseiam-se em três categorias de uso, conforme pode ser visualizado na Figura 2: telhado (linha, ripa e caibro), cerca (vara, estaca e mourão) e produção de manufatura para a construção civil (portas e janelas).

Em clima do tipo quente e semiárido, os valores de temperatura e umidade relativa do ar tem se mostrado limitantes ao desenvolvimento, a reprodução de animais, principalmente aos de altos níveis de produtividade. Desta forma, os motivos de se construir abrigos para animais e a de proteger contra as intempéries climáticas. Para que esta proteção seja adequada em termos de produtividade animal, são necessários estudos regionais com relação aos tipos de materiais de construção utilizados, assim como o tipo de cobertura ideal para cada tipo de criação. No caso específico desta comunidade não foi percebido a construção de apriscos para as ovelhas como citados nos trabalhos desenvolvidos em áreas de cerrado por (SILVA, 2010).  


Figura 2: Construções rurais e tipos de cercas da comunidade Sítio Velho, em Assunção/PI, Brasil. A. Cancela; B. Canteiro suspenso; C. Canteiros para proteção de árvores; D. Chiqueiro de porco; E. Ripas utilizadas no telhado; F. Aprisco; G. Cerca de faxina com porteira; H. Cerca de arame; I. Cerca de lombo ou de cama; J. Cerca de lombo ou de cama com arame; K. Construção da cerca de cama ou de lombo; L. Construção da cerca de faxina.

Nestas áreas apesar da temperatura amena durante o dia, à noite apresenta pouca diferença do dia, diferentemente das áreas com vegetação de caatinga, que durante o dia, a temperatura é mais hostil, diferenciando-se extremamente da noite, que é bem mais frio. Outro fator preponderante para uma temperatura mais amena de 18°C a 35°C é a grande atitude.

A categoria de uso foi representada por 11 espécies, distribuída em 5 famílias botânicas, com maior representatividade em número de espécies para  leguminosae (5). Para essa categoria o status das espécies foi de 100% nativas. Croton blanchetianus Baill e Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichl. destacam-se pela representatividade proporcional de citações. Para construção civil foi indicado o

uso de madeira para teto, na confecção de caibro, ripa e linha. Na confecção de caibros, Croton blanchetianus Baill foi a espécie mais citada, seguida de Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichl. Já a Amburana cearenses (Fr. Allem.) A.C.Sm. foi a única espécie indicada para a confecção de portas.

Preferencialmente para construção de chiqueiros, canteiros suspensos e currais usa-se o caule de C. blanchetianus. Na construção de cercas as espécies Acacia piauhiensis Benth., Mimosa caesalpiniifolia Benth., Myracrodruon urundeuva M. Allem. e  Anadenthera colubrina (Vell.) Brenan são usadas na produção de estacas, enquanto que Anacardium occidentale L. e Terminalia fagifolia Mart. foram as únicas citadas na produção de mourões. Foi mencionado por dois entrevistados que estas duas espécies são usadas para construção de cercas, apenas em casos extremos, pois as cercas existentes na comunidade, são raras as que apresentam mourões no canto, devido a inexistência de criação de gado bovino.  Foi informado por um entrevistado que Thiloa glaucocarpa é uma espécies que não pode ficar expostas à chuva e por esse motivo é usada apenas no telhado, apresenta pouca resistência e consequentemente uma menor durabilidade depois de umedecida. Construções rurais semelhantes foram observadas por Vieira (2008), Vieira et al. (2009) e Chaves et al. (2014) em áreas semiárida, no estado do Piauí.                                      

 

 

Tabela 1 – Espécies usadas em construções rurais na comunidade rural Sítio Velho em Assunção do Piauí.  NV = nome vulgar; Indicação de uso: cerca (a=vara; b=estaca; c=mourão); telhado (a=linha; b=ripa; c=caibro); manufatura (a=porta). VU = valor de uso da espécie.

Família/espécie

NV

Indicação

VU

Anacardiaceae

 

 

 

Anacardium occidentale L.

caju

Cerca (c)

0,50

Myracrodruon urundeuva M. Allem.

Aroeira mansa

Telhado (a)

0,50

Bignoniaceae

 

 

 

Handroanthus impetiginosus (Mrt.ex DC. Mattos)

Pau-d’arco roxo

Telhado (a)

0,21

Handroanthus serratifolia (Vahl) S. Grose

Pau-d’arco amarelo

Telhado (a)

0,50

Combretaceae

 

 

 

Terminalia fagifolia Mart.

chapada

Cerca (c)

1,00

Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichl.

Sipaúba

Telhado (a, c)

0,19

Euphorbiaceae

 

 

 

Croton blanchetianus Baill

mameleiro

Telhado (b, c), cerca (b), chiqueiro,

0,18

Leguminosae-Mimosoideae

 

 

 

Acacia piauhiensis Benth.

calumbi

Cerca (b)

1,00

Anadenthera colubrina (Vell.) Brenan

Angico-branco

Telhado (a)

0,75

Piptadenia moniliformis Benth.

Rama-de-bezerro

Chiqueiro, canteiro

1,00

Leguminosae-Papilionoideae

 

 

 

Amburana cearenses (Fr. Allem.) A.C.Sm.

Imburana-de-cheiro

Porta (a)

0,50

Mimosa caesalpiniifolia Benth.

Jurema preta

Cerca (b)

0,20

Fonte: Pesquisa de campo.

                                              

 

CONCLUSÕES

 

Constatou-se que há uma forte influência no uso da vegetação local, na cultura e nas atividades socioeconômicas e de sobrevivência, pressupõe-se que há por parte dos moradores um interesse em conservar os bens naturais da comunidade.

Os fatores preponderantes na diferenciação das construções de cercas e ambientes para criatórios de animais de áreas de caatinga das de áreas de cerrado são: clima e temperatura.

A espécie Croton blanchetianus Baill foi a mais versátil na categoria construção de cercas e telhados. Apesar da espécie apresentar alta frequência na comunidade ainda assim é necessário conscientizar os moradores para os riscos de extinção da espécie.

Como ocorre geralmente com as comunidades rurais tradicionais, esta também vem sofrendo um processo de transformação de hábitos e valores referentes à alimentação, ao vestir, ao profissionalismo e construções das residências.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos