Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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05/03/2018 (Nº 63) AS CONTRIBUIÇÕES DA METODOLOGIA LEGO® EDUCATION COMO RECURSO DIDÁTICO PARA A PROMOÇÃO DA EDUÇÃO AMBIENTAL
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ELIS REGINA NASCIMENTO


AS CONTRIBUIÇÕES DA METODOLOGIA LEGO® EDUCATION COMO RECURSO DIDÁTICO PARA A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Autor: Wellington Nora Soares

Licenciado em Biologia e Química, especialista em educação ambiental e novas tecnologias educacionais e Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local - Centro Universitário UNA de Belo Horizonte. E-mail: wnsoares@gmail.com – Telefones: (31) 983217785 / 987278868.


Resumo

O objetivo geral deste artigo é propor uma atividade pedagógica que utiliza a metodologia Lego® Education, como recurso didático para promoção da educação ambiental. No intuito de verificar as contribuições da robótica educacional para mudança de postura em relação aos temas ambientais, foram aplicados quarenta questionários aos estudantes do primeiro ano do ensino médio da escola Alvimar Carneiro de Rezende (ACR), da rede de Serviço Social da Indústria (SESI), em contagem-MG; após a realização de uma atividade que utilizou a metodologia lego education. A abordagem foi quantitativa-qualitativa. A interpretação dos dados qualitativos baseou-se na analise de conteúdo de Bardin (2016). Os dados quantitativos foram tabulados em planilha eletrônica Excel® e analisados posteriormente. Os resultados mostraram que a metodologia Lego® Education é uma importante ferramenta para a promoção da educação ambiental, contribuindo na formação de cidadãos críticos, capazes de compreender a realidade local e buscar soluções.



Palavras chaves: Inovações educacionais, robótica ambiental, inovações sociais, tecnologia educacional, práticas educacionais.



Abstract


The general objective of this article is to propose a pedagogical activity that uses the Lego® Education methodology as a didactic resource to promote environmental education. In order to verify the contributions of educational robotics to change of posture in relation to environmental themes, forty questionnaires were applied to students of the first year of high school at the Alvimar Carneiro de Rezende School (ACR), the Social Service Industry Network (SESI) ), in MG-counts; after performing an activity that used the Lego® Education methodology. The approach was quantitative-qualitative. The qualitative data interpretation was based on the Bardin (2016) content analysis. The quantitative data were tabulated in Excel spreadsheet and analyzed later. The results showed that the Lego® Education methodology is an important tool for the promotion of environmental education, contributing to the formation of critical citizens capable of understanding local reality and seeking solutions.


Keywords: Educational innovations, environmental robotics, social innovations, educational technology, educational practices.


1. Introdução


1.1 A robótica educacional

A robótica educacional é uma metodologia de ensino que se caracteriza como mediadora no processo de ensino e aprendizagem e ganhou destaque nos últimos anos. O método tem por objetivo fomentar no aluno a pesquisa e materialização dos conceitos aprendidos no conteúdo curricular.


A metodologia surgiu na década de 1960 quando Seymor Papert, baseado no construtivismo de Jean Piaget, desenvolveu o construcionismo, que defendia o uso de computadores nas escolas, como recurso na atração de crianças (PIROLA, 2010). O autor ainda afirma que a robótica pode ser


[...] definida como um conjunto de conceitos tecnológicos aplicados a educação, em que o aprendiz tem acesso a computadores e softwares, componentes eletromecânicos como motores, engrenagens, sensores, rodas e um ambiente de programação para que os componentes acima possam funcionar. Alem de envolver conhecimentos básicos de mecânica, cinemática, automação, hidráulica, informática e inteligência artificial, envolvidos no funcionamento de um robô, são utilizados recursos pedagógicos para que se estabeleça um ambiente de trabalho escolar agradável. (PIROLA, 2010, p. 206).

Nessa lógica ocorre uma simulação de uma série de acontecimentos do cotidiano, com alunos e professores interagindo entre si, facilitando os diferentes tipos de conhecimentos.

A robótica educacional vem sendo estudada para ser inserida na área educacional, inclusive no ensino básico, já que nas instituições de ensino superior, o número de projetos dessa natureza seja maior, segundo Feitosa (2013). A união entre a robótica e a educação demonstra ser promissora, pois na construção de robôs faz-se necessário a utilização de conhecimentos abordados no currículo escolar.


Para d’Abreu e Garcia (2012), quando nos referimos a ensino aprendizagem, a robótica é um processo de interação com um dispositivo eletrônico, que pode ser um robô, como ferramenta para favorecer os processos cognitivos. Tais processos envolvem etapas como: preparação, construção, concepção, automação e controle de um mecanismo. As principais vantagens para a utilização da robótica educacional, segundo Zilli (2004), são:


O favorecimento à interdisciplinaridade, promovendo a integração de conceitos de diversas áreas do conhecimento/currículo escolar; a permissão para construir e testar em um equipamento físico o que foi aprendido em suas aulas teóricas; transformar a aprendizagem em algo positivo, proporcionando acessibilidade aos princípios de Ciência e Tecnologia; estímulo à leitura, exploração e investigação; preparação do aluno para o trabalho em grupo; estímulo à execução de um trabalho organizado; proporcionar o desenvolvimento da capacidade de comunicação e argüição; estimula a criatividade; desenvolver a autossuficiência na busca e obtenção do conhecimento; e gerar habilidades em que o aluno pode investigar e resolver problemas concretos (ZILLI, 2004, p. 40).

A robótica educativa envolve processos de colaboração, motivação, construção e reconstrução (COMPUTERTOYS, 2008), e ainda pode ser abordada com uma forma lúdica e desafiadora, que une aprendizado e prática. Além disso, valoriza o trabalho em grupo, a cooperação, o planejamento, a pesquisa, a tomada de decisão, a definição de ações, promove o diálogo e o respeito a diferentes opiniões. A interação entre professor/ferramenta/aluno produz diversos conhecimentos e conduz a um ambiente pedagógico que não existe a priori (D’ABREU e GARCIA, 2012).


1.2 A metodologia Lego® Education


A metodologia Lego® Education surgiu em 1980, quando o grupo Lego® criou o ramo de atividade dedicado exclusivamente à educação. A parceria para o surgimento se deu entre o grupo Lego® e o Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), do qual Seymor Papert era o codiretor.


Em 1996 é fundada no Brasil a empresa EDAcom Tecnologia que tem objetivo oferecer soluções tecnológicas. No ano de 2003 a empresa lança o programa ZOOM que é a base metodológica da Lego® Education no Brasil.


Com o avanço do programa ZOOM, a EDAcom trouxe para o Brasil em 2004 o torneio de robótica da FLL - FIRST® Lego® League (figura 6). Desde 2013, o Departamento Nacional do SESI (Serviço Social da Indústria) é o operador oficial do torneio em parceria com a instituição americana FIRST® e o grupo Lego® (Dinamarca).


Figura 06 – Ginásio do SESI de Taguatinga (DF) durante a competição nacional de 2014.

Fonte:http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/torneio-de-robotica/realizadores/#tab-plugin-1


A FIRST é a sigla para For Inspiration and Recognition of Science and Technology, que em português quer dizer Para Inspiração e Reconhecimento da Ciência e da Tecnologia. A organização não tem fins lucrativos e se dedica a ajudar crianças e jovens a descobrir e a desenvolver a paixão pela ciência, tecnologia, matemática e engenharia. Existe desde 1989, quando seu fundador, o inventor Dean Kamen, percebeu a escassez de mão de obra e o baixo interesse dos jovens pela área de exatas. Para tornar a experiência de aprendizagem de conceitos físicos, matemáticos e robóticos mais divertida, Kamen teve a ideia de criar um evento com apelo esportivo visando atrair estudantes de ensino fundamental e médio a conhecer e a seguir carreiras no ramo da ciência e da tecnologia.


No ano de 2013 a Lego® Education lança a metodologia Lego® Mindstorms® Education EV3 (figura 7), que é utilizada atualmente na rede SESI de educação.


Figura 07 – Kit Lego® Mindstorms® Education EV3.

Fonte: https://geekdad.com/2013/08/hands-on-ev3-mindstorms/


1.3. A metodologia Lego® Education como ferramenta para a promoção da educação ambiental


A robótica educacional é uma ferramenta capaz de trabalhar a interdisciplinaridade e a transversalidade na promoção dos temas ambientais. A aplicação do método como ferramenta pedagógica e de apoio aos docentes de diversas áreas permite que os estudantes desenvolvam as suas capacidades quanto à elaboração de hipóteses, trabalho em equipe, a aprendizagem por exposição direta aos estímulos do meio e também desenvolve o vocabulário, desenvolve funções cognitivas deficientes que acarretam déficit na aprendizagem além de promover a absorção de conceitos básicos (EDUCACIONAL, 2014).


Neste sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), afirmam que os temas ambientais devem trabalhados em todas as áreas numa relação de transversalidade, de modo que faça parte da prática pedagógica de todos os docentes e crie uma visão global da temática ambiental. A riqueza do trabalho será maior se cada professor for um agente for um dos agentes interdisciplinares que o tema exige. A interdisciplinaridade deve ser procurada por meio de uma reestruturação institucional da escola ou organização do currículo, mas necessita, impreterivelmente, da superação da visão fragmentada de conhecimento pelos docentes especialistas. Cada docente pode contribuir com a interdisciplinaridade ao explicitar os vínculos de sua área com a temática ambiental, por meio de sua forma de compreensão da temática, pelos exemplos abordados na ótica de seu universo e pelo suporte de suas técnicas pedagógicas.


Feitosa (2013) afirma que na utilização da Metodologia Lego® Education é necessário se criar uma situação-problema para que os alunos coloquem em prática as mais diversas competências como a criatividade, raciocínio lógico e a capacidade de resolução de problemas. Quando se propõe uma situação-problema, é importante saber o que as pessoas têm em mente e o que se deseja delas, e por esse motivo é importante o papel do educador como mediador. Na escola a situação-problema refere-se aos conteúdos das disciplinas das áreas do conhecimento (Biologia, Física, Química, Geografia, Matemática, inglês e etc). Esses conhecimentos permitem escolher algo concreto, prático e significativo para apresentar sob a forma de uma situação-problema. Nesse contexto, é preciso pensar em interdisciplinaridade, propondo reuniões de educadores das diferentes disciplinas, a fim de possibilitar uma troca de experiências, descobrindo os pontos comuns entre elas, que ajudariam a elaborar as situações a serem submetidas aos alunos.


Para incentivar a resolução de situações-problema, a empresa EDAcom trouxe para o Brasil em 2004, o torneio de robótica da FLL (FIRST® LEGO® League). Desde 2013 o Departamento Nacional do SESI (Serviço Social da Indústria) é o operador oficial do torneio em parceria com a instituição americana FIRST® e o Grupo LEGO® (Dinamarca).


O Torneio de Robótica FIRST® LEGO® League (FLL) é um programa internacional voltado para crianças de 9 a 16 anos, criado para despertar o interesse dos alunos em temas como ciência e tecnologia dentro do ambiente escolar.  No torneio, os competidores  são desafiados a investigar problemas e buscar soluções inovadoras para situações da vida real,  bem como programar robôs autônomos com a tecnologia LEGO® MINDSTORMS® para cumprir as missões. Dentre as situações-problema propostas pela FLL nos últimos anos destacam-se os seguintes temas ambientais:


  • Com o tema Fúria da Natureza (figura 1), a temporada 2013/2014 desafiou os competidores a montar e programar robôs para solucionar problemas ocasionados por desastres naturais. Entre os desafios, avalanches, deslizamentos de terra, enchentes, incêndios, tsunamis e tempestades ofereceram diversos obstáculos a serem superados pelos estudantes.


Com peças de lego, os competidores criaram e programaram robôs capazes de chegar a lugares de difícil acesso, de alertar com antecedência a presença de incêndios em matas e terremotos e até de imitar movimentos humanos para substituir bombeiros em situações de risco.


Figura 01 – Logomarca do torneio da FLL – Temporada 2013/2014

Fonte: http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/torneio-de-robotica/natures-fury-20132014/


  • Considerando a coleta, a separação, a reutilização e o manejo inteligente do lixo, há mais coisas do que os olhos podem perceber. No desafio FIRST® LEGO® League de 2015/2016 - Trash Trek (figura 2), cerca de 290.000 crianças de idades entre 9 e 16 anos, de mais de 80, exploraram o mundo fascinante do lixo. 



Figura 02 – Logomarca do torneio da FLL – Temporada 2014/2015

Fonte: http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/torneio-de-robotica/trash-trek-20142015/


Nesta temporada os alunos da Unidade de Ensino Fundamental (UMEF) de Vila Velha no Espiríto Santo desenvolveram a desimpressora (figura 3), que permite reutilizar o papel que já estava com tinta.


Figura 03 – Desimpressora desenvolvida pelos alunos da UMEF


Fonte: http://www.vilavelha.es.gov.br/noticias/2017/05/alunos-da-rede-municipal-ganham


Segundo o portal eletrônico da prefeitura de Vila Velha, o projeto participou do evento conhecido como “Desafio da Inovação”, promovido pela Insight Incubadora e pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Campus Vila Velha), entre 9 e 11 de maio de 2017, alcançando a segunda colocação no ranking geral.


  • Na temporada 2016/2017 do Torneio de Robótica, batizado de Animal Allies (figura 4), pessoas e bichos se aliaram com o objetivo de melhorar a vida de todos. Os participantes foram desafiados a identificar problemas de cooperação entre seres humanos e animais e desenvolver soluções inovadoras, um trabalho similar à rotina de profissionais como engenheiros ou cientistas de campo.


A cooperação pode aprimorar e facilitar o dia a dia dos dois lados. Para cuidar de problemas de saúde de animais em extinção, por exemplo, eles precisam ser transportados para laboratórios e recebem cuidados especiais. Os humanos também precisam da ajuda dos bichos. Para se alimentar, o homem desenvolveu tecnologia de automatização da ordenha de animais leiteiros. Outro grande exemplo é o uso de cães-guia por deficientes visuais.


Essas e tantas outras situações serviram de base para as equipes desenvolverem projetos de pesquisa, com soluções inovadoras para problemas entre humanos e animais.


Figura 04 – Logomarca do torneio da FLL – Temporada 2016/2017

Fonte: http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/torneio-de-robotica/animal-allies-20162017/


  • No Desafio 2017/18 FIRST® LEGO® League, estudantes de 9 a 16 anos de idade de 80 países farão um mergulho em HYDRO DYNAMICS (figura 5), onde irão buscar soluções para o problema hidrico.


Figura 05 – Logomarca do torneio da FLL – Temporada 2017/2018

Fonte: https://www.cvrobotics.org/fll/2017-season/


Além da Lego® Education, existem outros kits, como o Modelix Robotics e o Arduíno, que utilizam a robótica como base, e vem sendo utilizados por diversos pesquisadores na resolução de problemas ambientais.


2. Objetivo

Analisar as contribuições da metodologia Lego® Education como recurso didático para a promoção da educação ambiental.



3. Unidade de análise: a escola Alvimar Carneiro de Rezende (ACR)

A unidade de análise será a escola Alvimar Carneiro de Rezende (ACR), da rede de Serviço Social da Indústria (SESI), localizada à Av. Sócrates Mariani Bitencourt, 750 no bairro Cinco, no município de Contagem (MG). A unidade escolar iniciou as suas atividades há trinta e oito anos e atualmente oferece o ensino fundamental, com 1319 alunos e o ensino médio, com 392 alunos. A pesquisa foi desenvolvida com 40 alunos do primeiro ano do Ensino Médio. A escolha se baseou no fato da escola adotar a metodologia da robótica educacional e participar de torneios de robótica desde o ano de 2012.



4. Metodologia

Para se obter uma compreensão e explicação mais ampla sobre a utilização da metodologia lego para a promoção da educação ambiental, optou-se pela abordagem qualitativa-quantitativa. Guerra (2014) afirma que



Muito provavelmente, o embate entre essas duas abordagens se estenderá por anos. A tradição quantitativa ainda permeia os estudos nas ciências humanas e sociais, e seus adeptos consideram a pesquisa qualitativa impressionista, não objetiva (possui envolvimento do pesquisador com o objeto de estudo) e, portanto, sem caráter científico. Atualmente já existem defensores de investigações científicas que apostam nas abordagens quanti-qualitativas, com frequência denominada como triangulação, defendendo que o melhor de cada uma das abordagens pode ser utilizado em um mesmo estudo. (GUERRA, 2014. p. 12).


De acordo com Minayo (1993) não existe uma abordagem mais científica do que a outra. O pesquisador pode utilizar métodos altamente sofisticados, mas que não se enquadram na compreensão dos dados obtidos ou não respondem as perguntas. Uma pesquisa pode ser quantitativa e não ser objetiva e melhor, ou ser qualitativa e não compreender os dados em profundidade. As abordagens qualitativas e quantitativas trabalhadas isoladamente podem ser insuficientes para abranger a realidade observada. A relação entre qualitativo e quantitativo não pode ser pensada como contraditória, pois os estudos quantitativos podem gerar questões que devem ser analisadas qualitativamente e vice-versa.



Além da pesquisa bibliográfica e documental, que teve como objetivo compreender a relação entre a metodologia Lego® Education e a educação ambiental, foi realizada a aplicação de um questionário quantitativo-qualitativo a 40 alunos do primeiro ano do ensino médio, com o objetivo de verificar a percepção ambiental, após participação em uma aula que utilizava a metodologia Lego® Education como recurso didático.


A aula ocorreu no mês de dezembro de 2017. Através do trabalho como docente exercido pelo pesquisador no Serviço Social da Indústria (SESI), unidade Alvimar Carneiro de Rezende (ACR) foi proposta uma situação-problema aos seus alunos. O desafio era que os estudantes desenvolvessem uma solução para melhorar a maneira como as pessoas utilizam a água. O tema foi escolhido em razão da crise hídrica entre 2014 e 2016. Para solucionar esse desafio os estudantes utilizaram os kits de robótica Lego® Mindstorms® EV3, disponíveis na unidade escolar. A resolução para a situação-problema foi apresentada em uma aula de Biologia uma semana após a proposta.



Cabe ressaltar que a coleta de dados só teve início após a leitura e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos participantes.






5. Resultados e discussão


Os dados obtidos através do questionário quantitativo-qualitativo foram submetidos à tabulação e a análise de conteúdo proposta por Bardin (2016). Nesta proposta de análise têm-se três fases. A primeira ocorre a pré-análise, onde as idéias iniciais foram sistematizadas, conduzindo a um esquema de avanço das operações. A fase seguinte foi a de exploração do material. A última fase foi a de tratamento de dados, na qual os resultados brutos forma tratados de maneira a terem significados e se tornarem válidos, realizando inferências e interpretações.

A partir das entrevistas foram criadas três categorias temáticas. Essas categorias serão ilustradas por gráficos, falas dos entrevistados e discutidas.


Categoria 1: Satisfação dos estudantes em relação a utilização da metodologia Lego® Education.


Figura 06 – Resultado dos alunos que gostaram da aula realizada com o auxílio da metodologia lego

Fonte: Própria, janeiro 2018.

Através desta questão, procurou-se avaliar o grau de satisfação por parte dos alunos em utilizar a metodologia Lego® Education. Os resultados mostraram (figura 06) que 95% dos estudantes aprovaram a utilização da metodologia.


A segunda pergunta avaliou se a aula se tornou mais interessante com a utilização da metodologia Lego® Education.


Figura 07 – Alunos que consideraram a aula mais interessante com a utilização da metodologia Lego® Education.


Fonte: Própria, janeiro 2018.

Os resultados apontaram (figura 07) que 95% dos alunos consideraram a aula mais interessante com a utilização da metodologia.


A maioria das respostas discursivas afirmava que a construção dos protótipos era muito interessante. “foi bacana demais a construção de robôs”, “nunca vi a turma tão interessada”, afirmaram dois alunos.


Os resultados corroboram com as afirmações de Pirola (2010). O autor salienta que na utilização da robótica educacional ocorrem simulações do cotidiano, com alunos e professores interagindo entre si, facilitando os diferentes tipos de conhecimentos. Essas situações despertam o interesse dos estudantes pelas aulas. Essa visão tem influenciado diversas instituições de ensino a adotarem a robótica.


Categoria 2: A educação ambiental e a interdisciplinaridade


Figura 08 – A educação ambiental é trabalhada de maneira interdisciplinar pela escola?

Fonte: Própria, Janeiro 2018.

O objetivo da terceira pergunta era verificar se a educação ambiental era trabalhada de maneira interdisciplinar como sugere a Política Nacional de Educação Ambiental. Os resultados evidenciaram (figura 08) que 92,5% dos alunos acreditam que não.


A quarta pergunta objetivou verificar se robótica educacional utilizada na promoção de temas ambientais, poderia promover a interdisciplinaridade.


Figura 09 – Para a realização da tarefa proposta pelo professor, você utilizou o conhecimento de mais de uma disciplina


Fonte: Própria, Janeiro 2018.


Os resultados evidenciaram (figura 09) que 100% dos alunos utilizaram conhecimentos de diversas disciplinas para resolução da situação-problema proposta.


Todas as respostas discursivas afirmavam que na construção dos protótipos foi necessária a utilização do conhecimento de diversas disciplinas. “utilizei conhecimentos de informática, inglês, matemática, física e até biologia”, respondeu um aluno.


Os resultados estão consonância com os estudos da Educacional (2014). O estudo afirma que na atualidade a educação ambiental é tratada de maneira fragmentada em blocos das disciplinas de biologia, geografia e química. A robótica educacional é uma ferramenta capaz de corrigir esse problema e promover a interdisciplinaridade na promoção dos temas ambientais, pois necessita de conhecimentos de diversas disciplinas na resolução das situações-problema.


Categoria 3: A robótica educacional e a educação ambiental


Figura 10 – Você acredita que temas ambientais podem ser trabalhados utilizando a metodologia Lego® Education?


Fonte: Própria, Janeiro 2018.

O objetivo da quinta pergunta era verificar se os alunos acreditavam que a temática ambiental poderia ser trabalhada utilizando a metodologia Lego® Education.


Os resultados mostraram (figura 10) que 100% perceberam o potencial da metodologia na promoção da temática ambiental.


A maioria das respostas discursivas afirmava que até a utilização da metodologia Lego® Education na escola, não faziam qualquer ligação entre robótica e resolução de problemas ambientais. “não tinha ideia de que a robótica poderia ser utilizada para essa finalidade”, respondeu um dos alunos.


A sexta pergunta objetivou verificar se há uma mudança de postura em relação em a utilização da água após a realização da aula com a metodologia Lego® Education.


Os resultados evidenciaram (figura 11) que 100% dos alunos consideraram a aula que utilizou a metodologia importante para a sua mudança relação ao uso da água.








Figura 11 – A aula que utilizou a metodologia Lego® Education foi importante para a sua mudança em relação ao uso da água?


Fonte: Própria, Janeiro 2018.

Feitosa (2013) afirma que ao associar a robótica educacional e educação ambiental os jovens usam a imaginação e a criatividade para investigar problemas e buscar soluções inovadoras.


6. Considerações finais


Os resultados permitem inferir que a metodologia Lego® Education, através das situações-problema propostas nas aulas, fomenta os estudantes a assumirem a condição de sujeitos ao buscar soluções que levam em consideração a realidade local.


A utilização da metodologia permitiu o rompimento com as práticas de ensino tradicionais e se aproximou do ensino inovador requerido pelos PCN. Na busca das soluções houve a necessidade da utilização do conhecimento de diversas disciplinas, ocorrendo a interdisciplinaridade.


A utilização da utilização da metodologia para a promoção da educação ambiental incentivou mudanças comportamentais e sensibilizou os alunos. Ao formar cidadãos críticos, que lutem por melhorias, através da educação ambiental, espera-se que a educação ambiental seja disseminada para toda a sociedade.














7. Referências


BARDIN, L. Análise de conteúdo (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.). Lisboa: Edições 70, 2016. (Obra original publicada em 1977)


COMPUTERTOYS. O que é robótica educacional? Rio de Janeiro: 2008.

D’ABREU, J.V.V.; GARCIA, M,F. Robótica Pedagógica e Currículo. In Anais do I Congresso de Práticas Inovadoras na Educação. São Paulo, 2012.


EDUCACIONAL, Z. E. (2014). Aprendizagem &
Autodesenvolvimento
: Guia do Professor. Curitiba - PR.


FEITOSA, J.G. Material Didático Pedagógico. 1 ed. Curitiba, PR: Zoom Editora Educacional, 2013.


GUERRA, E.L.A. Manual de Pesquisa Qualitativa. Belo Horizonte. Grupo Anima

Educação, 2014.


MINAYO, Maria Cecília de Souza; SANCHES, Odécio. Quantitativo-Qualitativo: Oposição ou Complementaridade? In: Caderno de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, jul/set 1993. Morgan, D.(1993). Focus group as qualitative research. Qualitative Research Methods Series. 16. London: Sage Publications


PIROLA, NA. Ensino de ciências e matemática, IV: temas de investigação. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.


ZILLI, Silvana do Rocio. Dissertação (Mestrado em Egenharia de Produção). Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. A robótica educacional no ensino fundamental: Perspectivas e Práticas. Disponível em: < goo.gl/Tgw65E >. Acesso em: 28 de jun. 2017.
















APÊNDICE



QUESTIONÁRIO DE VERIFICAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DA METODOLOGIA LEGO® EDUCATION PARA A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


1 – Você gostou da aula realizada com o auxílio da metodologia Lego® education?

SIM.

NÃO.


2 – A aula tornou-se mais interessante com a utilização da metodologia Lego® Education?

SIM.

NÃO.

Por quê?




3 - Você considera que a educação ambiental é trabalhada de maneira interdisciplinar pela escola?

SIM.

NÃO.


4 – Para a realização da tarefa proposta pelo professor, você utilizou o conhecimento de mais de uma disciplina?

SIM.

NÃO.

Se sim, quais?




5 – Você acredita que temas ambientais podem ser trabalhados utilizando a metodologia Lego® education?

SIM.

NÃO

Se sim, por quê?




6 – A aula que utilizou a metodologia Lego® education foi importante para a sua mudança em relação ao uso da água?

SIM.

NÃO



Ilustrações: Silvana Santos