Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Divulgação de Eventos
05/03/2018 (Nº 63) FÓRUM ALTERNATIVO MUNDIAL DA ÁGUA DEBATERÁ A ÁGUA COMO UM BEM NATURAL, QUE NÃO PODE SER MERCANTILIZADA
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=3137 
  

FÓRUM ALTERNATIVO MUNDIAL DA ÁGUA DEBATERÁ A ÁGUA COMO UM BEM NATURAL, QUE NÃO PODE SER MERCANTILIZADA


De 19 a 22 de março, ocorrerá em Brasília, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA). O evento vai debater temas como o controle social das fontes de água, o acesso democrático à água, a luta contra as privatizações dos mananciais e barragens, a defesa dos povos atingidos, os serviços públicos de água e saneamento e as políticas públicas necessárias para o controle social do uso da água e preservação ambiental. O FAMA será realizado no mesmo período do 8º Fórum Mundial da Água.

A reportagem é publicada por Agência Brasil, 05-03-2018.

É a primeira vez que o Fórum Alternativo Mundial da Água é realizado no Brasil, assim como o Fórum Mundial da Água. A estimativa é de que 6 mil a 7 mil pessoas participem dos cinco dias do FAMA, que reunirá cerca de 4 mil dos inscritos em um acampamento no Pavilhão do Parque da Cidade.

A principal bandeira do Fórum Alternativo é mostrar que a água é um bem natural e está a serviço da humanidade, não podendo ser mercantilizada. Além disso, servir aos povos, a produção de alimentos, ao acesso das pessoas e não servir a interesses financeiros. O ato termina no dia 22, com uma marcha em defesa da água para alertar, em especial a população de Brasília, do problema da crise hídrica.

Para o representante do Movimento dos Pequenos Agricultores, Bruno Pilon, que também é um dos coordenadores do FAMA, a maior preocupação é com o grande número de privatizações dos sistemas públicos de distribuição de água e energia. “Por que fazer o Fórum Mundial aqui no Brasil, neste momento em que está aumentando tanto a questão das privatizações no nosso país?, questiona. Para Pilon, a água é um bem público e ela não deve ser mercantilizada. “A gente sabe que esse processo aumenta os custos para os consumidores, além de você colocar diversas barreiras ao acesso”, alerta.

Bruno Pilon lembra que o que se tem verificado é que as punições aplicadas às multinacionais por conta dos desastres ambientais não têm sido rigorosas. E cita como exemplos a tragédia do município de Mariana, em Minas Gerais, onde o Rio Doce não foi até agora recuperado, e o caso de Barcarena, no nordeste do Pará, em que a mineradora Hydro se nega a assumir responsabilidade pelas contaminações.

O representante do Movimento dos Pequenos Agricultores destaca que a organização não participará do Fórum Mundial por entender que “não estão representadas as vontades e as necessidades do povo, existindo ali uma batalha de ideias e por estar a serviço das grandes corporações e dos grandes impérios”.

Já o representante da Frente Povo Sem Medo, Thiago Dávila, declarou que a ideia é fazer do Fórum Alternativo Mundial da Água um evento dos povos. Por isso, não considera nada razoável o cidadão ter que pagar para participar do Fórum Mundial da Água, o que o impede de ser mais participativo. “O Brasil é o país que tem a maior reserva de água doce no mundo. Antes nos vangloriávamos de ter o maior aquífero do mundo, o aquífero Guarani, e logo depois descobrimos que o Aquífero Alter do Chão é quatro vezes maior. O Brasil assume um papel estratégico nesse processo. E nós precisamos organizar uma resistência mundial, defendendo a necessidade de ser feito um processo participativo, politizado, democrático”, cobra Dávila.

O representante da Frente Povo Sem Medo também questiona o financiamento para a realização do Fórum Mundial. “A gente sabe que é o governo estadual, municipal, federal, quem paga e financia o Fórum das Corporações e nós não temos acesso a isso. Nós acreditamos que a falta de transparência, priorização e a perspectiva, inclusive de utilizar a força física, a força bélica para impedir o debate democrático do Fórum Alternativo é muito grave”, lamenta Thiago Dávila.

Ele explica que a coordenação nacional do FAMA é composta por diversos movimentos, onde os projetos devem ser pautados pelos interesses do povo. Cita como exemplo a questão da transposição do Rio São Francisco. “O processo de escassez de água sempre atinge a população mais pobre. O desastre ambiental planetário, o aquecimento global sempre atinge a população mais pobre. E essa é a nossa preocupação principal”, argumentou o representante da Frente.

Sobre o agronegócio, Thiago Dávila revelou apreensão, pois segundo ele os governos não levam em conta que cerca de 70% da água distribuída no país vai para o setor e o governo culpa a sociedade das grandes cidades pela escassez de água.


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/576694-forum-alternativo-mundial-da-agua-debatera-a-agua-como-um-bem-natural-que-nao-pode-ser-mercantilizada


Ilustrações: Silvana Santos