Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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05/03/2018 (Nº 63) MEIO AMBIENTE: UMA PREOCUPAÇÃO COMUNITÁRIA E ESCOLAR
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Meio ambiente: uma preocupação comunitária e escolar

Environment: a community and school concern

Autoria:

SOARES, Brenda Maria – mestranda em Profissional em Ciência,

Tecnologia e Educação pelo IVC,professora da rede estadual-SEDU-Jacaraipe-Serra/ES.

E.mail:brendaprofessorinha@hotmail.com

NUNES,Marcus Antonius da Costa

Doutorado em Engenharia Mecânica,área Vibrações e Ruído,pela Universidade Federal de Santa Catarina.Docente e coordenador de mestrado em Ciência,

Tecnologia e Educação do IVC,São Mateus/ES.

Email:marcaonunes@hotmail.com

SILVA, F. José Geraldo – Doutorado em Engenharia Agrícola pela universidade de Viçosa-Minas Gerias.Docente de mestrado em Ciência,

Tecnologia e Educação do IVC,São Mateus/ES.

Email:jgeraldo@incamper.es.gov.br

Resumo

O ambiente em que vive o homem é continua e sistematicamente agredido pelo ser humano, por isso, o presente artigo aborda a questão sob a ótica de estudiosos que se debruçaram sobre o tema, mas também sob a ótica pessoal com o objetivo principal de despertar mais consciência em torno do tema na coletividade e tendo objetivos específicos como demonstrar como está a situação atual, por que o ambiente sofre, ou seja, as causas desse sofrer, e demonstrar o que o sistema escolar faz e o que deverá fazer para que os alunos consigam construir um conhecimento amplo e consistente para se tornarem cidadãos engajados em prol da preservação e melhora do meio em que vivem. Implicitamente as ideias trazidas à tona, ancoradas em diversos dados estatísticos com gráficos e tabelas, visam demonstrar que a natureza é prodiga se respeitada, mas pode se vingar, retrucando as agressões sofridas. Nos três itens e em seus vários subitens, o leitor encontra dados e considerações feitas por autores no assunto e a opinião nossa sobre cada caso, com fortes apelos à ação decisiva nas escolas de todas as partes do país. Em cada papel poupado e em cada gota de água não desperdiçada pode residir um futuro melhor para todos os seres humanos.

Palavras-chave: meio ambiente, preservação, coleta, lixo, consciência



Abstract

The environment in which man lives is continually and systematically assaulted by the human being. Therefore, the present article approaches the question from the point of view of scholars who have studied the subject, but also from a personal point of view with the main objective of arousing more awareness about the theme in the community and having specific objectives such as demonstrating how the current situation is, why the environment suffers, ie the causes of this suffering, and demonstrate what the school system does and what it should do so that students to build a broad and consistent knowledge to become citizens engaged in the preservation and improvement of the environment in which they live. Implicitly the ideas brought to the surface, anchored in various statistical data with graphs and tables, aim to demonstrate that nature is lavish if respected, but can take revenge, by repressing the aggressions suffered. In the three items and in their various sub-items, the reader finds data and considerations made by authors on the subject and our opinion on each case, with strong calls for decisive action in schools in all parts of the country. In every paper saved and in every drop of undisturbed water there can reside a better future for all human beings.

Key-words: environment, preservation, collection, garbage, awareness



INTRODUÇÃO

A preocupação com a temática ambiental deve ser uma constante quando se percebe que muitas pessoas ainda não se preocupam e imaginam que somente os outros são responsáveis pelas agressões aos elementos constitutivos da natureza da Terra.

Por esse motivo, o presente artigo aborda alguns aspectos, inclusive com dados estatísticos, visando demonstrar que muito falta a ser feito em termos de preservação ambiental e também na educação de jovens e adultos, portanto, nas escolas, para que a sobrevivência humana e de muitas das ainda existentes espécies animais e vegetais.

Fizemos uma ampla pesquisa bibliográfica para embasar as afirmações que trazemos e as constatações são de que bastante mudou a consciência nos últimos tempos, porém enormes são os desafios para que uma conscientização ampla de todos os cidadãos brasileiros e do mundo pela melhoria das situações ambientações possa ser alcançada.

Verificando, pois, que a escola é um espaço onde se aprende a ciência da vida e nela também falta, em muitos casos, mais ação proativa, chegamos ao ponto de sugerir atividades a serem desenvolvidas para facilitar e melhorar a construção de um conhecimento em relação a esses aspectos.

Assim, os objetivos do presente trabalho já ficam claros, ou seja, precisa ser mais intenso o trabalho escolar para que os alunos aprendam a coletar corretamente o lixo, percebam a importância do cuidado no uso da água, sintam a necessidade de preservação das florestas para a melhora da qualidade do ar. Também objetivamos que a coletividade toda se envolva, iniciando com a comunidade do entorno escolar.

O trabalho todo está dividido em três itens, cada um com vários subitens para melhor entendimento do assunto abordado. No primeiro item, trazemos detalhes sobre o ambiente em que atualmente vivemos, no segundo mostramos como ambiente é agredido na atualidade e, no terceiro, abordamos o papel da escola na questão ambiental, apresentando várias sugestões de atividades que podem e devem ser adaptadas para cada localidade e situação.



1 O AMBIENTE EM QUE VIVEMOS

Historicamente as pessoas se preocupam em providenciar sua alimentação e moradia, desejando o maior conforto possível, extraindo da natureza tudo de que necessita. Dessa forma consomem grande quantidade de recursos naturais, muitos deles renováveis e bastantes outros não-renováveis. De acordo com Cortez, 2009, “O consumo atual dos recursos naturais supera em 20% a capacidade da terra de se regenerar” (CORTEZ, 2009, p. 45). Isso mostra que o meio ambiente natural é fortemente afetado e poderá chegar a se exaurir. Logicamente, se a terra não consegue atender a tudo que de que a humanidade necessita, grande parte das pessoas passará necessidades e não terá atendidos seus anseios alimentares e de consumo em geral. Por isso, segundo Cortez, 2009, “Um terço da população não tem acesso à energia, como eletricidade e combustíveis fósseis”. (Idem)

Durante milênios, a humanidade vivia da coleta de produtos vegetais, da caça e da pesca, depois de uma rudimentar produção agrícola e pastoril. Isso causava apenas pequeno impacto natural, facilmente regenerável, inclusive em função do nomadismo fortemente predominante, assim, quando os recursos em alguma região ficavam escassos, os grupos se deslocavam para outra, ainda intocada ou já regenerada.

Com o advento da agricultura moderna e da formação das cidades, muitos problemas ambientais passaram a ser perenes, e as pessoas, sem saber como resolver esses problemas, simplesmente se acomodaram e deixaram que eles aumentassem cada vez mais. Assim foram surgindo o esgotamento do solo cultivável em muitas regiões e a consequente migração de agricultores para regiões ainda inexploradas e o problema sério com o lixo, constituído pelos restos descartáveis nas moradias e nas indústrias.

A partir da segunda metade do século XX, o aumento desmedido do consumo pela população de renda mais equilibrada e alta começou a exigir cada vez mais a instalação de indústrias de alta tecnologia que produzem equipamentos de duração cada vez mais curta e sendo seguidamente mais aperfeiçoados. Isso provoca a substituição a cada vez períodos mais curtos, causando o descarte dos ultrapassados, virando no lixo eletroeletrônico, por demais nocivo ao meio ambiente se o descarte for de forma indevida.

Atualmente, há muita preocupação com as enormes quantidades de descarte de elementos de longa permanência na natureza sem que haja a desintegração dos mesmos. Cite-se a borracha – pneus de veículos, equipamentos hospitalares – o material plástico, os diversos tipos de baterias – de celulares, de computadores, de veículos e pilhas as mais diversas.

Como a maioria das pessoas ainda está pouco conscientizada com relação ao descarte mais correto do lixo, o mesmo chega a estar todo misturado e vai aos lixões indevidamente embalado.

Com o advento das garrafas pet – principalmente para água mineral e refrigerantes de todos os tipos, o volume do descartável aumentou por demais. Pior foi, nos primeiros tempos de seu surgimento, década final do século XX, quando ainda não se pensava em reciclá-las e foram jogadas fora, gerando entupimento de bueiros do esgoto pluvial e pequenos riachos, com consequências graves como inundações em casos de enxurradas de chuva, invadindo as residências ribeirinhas de riachos e rios, até de ruas em áreas de baixa altitude.



1.2 O ambiente sofre demais na atualidade

Consoante Cortez, 2009

Com a expansão da sociedade de consumo, amplamente influenciada pelo estilo de vida norte-americano, o consumo transformou-se em uma compulsão e um vício, estimulados pelas forças do mercado, da moda e da propaganda. A sociedade de consumo produz carências e desejos, tanto materiais quanto simbólicos, e os indivíduos passam a ser reconhecidos, avaliados e julgados por aquilo que consomem, vestem ou calçam, pelo carro e pelo telefone celular que exibem em público.” CORTEZ, 2009, p. 37)


Para dar conta à necessidade de tanta quantidade de produtos solicitados nos dias atuais e por não se produzir mais os produtos agrícolas com ferramentas simples, adota-se o uso de máquinas potentes e tecnologicamente avançadas, com necessidade de enorme quantidade de energia, como se recorre a venenos cada vez mais sofisticados para combate de pragas – insetos, fungos – herbicidas em vez de enxadas – contra o inço, o que afeta a biodiversidade no solo, elimina inimigos naturais dos agressores às plantações, gerando resistência em insetos, fungos, plantas invasoras. Isso faz com que sempre mais sofisticados precisem ser os produtos usados na agricultura, matando muitos do micro-organismos, insetos úteis como abelhas, as aves – quase todos os tipos, que, muitas vezes pela ausência de florestas e áreas de preservação natural, têm a sobrevivência das espécies ameaçada.

Os venenos, as máquinas consumindo combustíveis fósseis, afetam a qualidade da água das fontes superficiais, dos lagos naturais e dos cursos de água, obrigando a abertura de poços artesianos para o abastecimento humano no interior, e exigindo tecnologia muito cara para o tratamento da água captada em rios para o abastecimento nas áreas urbanas.

A compactação do solo, pelo excessivo movimento de máquinas preparadoras, semeadoras e colhedoras faz com que a água das chuvas penetre pouco, escorra rapidamente, causando inundações cada vez maiores nas várzeas, atingindo níveis nunca vistos antes. Por outro lado, essa pouca penetração de água no subsolo – muito compactado – impede que a mesma seja limpa pela terra e rochas e sequer chegue aos lençóis freáticos, escasseando nas fontes que acabam secando e matando córregos, riachos e até rios maiores que antes eram perenes.

Em virtude do uso excessivo de agrotóxicos, inclusive pela aviação agrícola, alimentos de origem animal e vegetal acabam chegando contaminados aos consumidores. Assim, a carne, o leite, o peixe, as hortaliças, as frutas, os tubérculos chegam a apresentar índices altos da presença de elementos químicos que podem causar doenças como a depressão, o câncer e o AVC, até o infarto em pessoas até relativamente jovens. Cortez, 2009, corrobora o acima afirmado quando explica:

Há evidências de que o padrão de consumo das sociedades ocidentais modernas, além de ser socialmente injusto e moralmente indefensável, é ambientalmente insustentável. A crise ambiental mostrou que não é possível a incorporação de todos no universo de consumo em função da finitude dos recursos naturais, não somente para serem explorados como matéria-prima, mas também por receberem resíduos após a utilização dos produtos.

O ambiente natural está sofrendo uma exploração excessiva que ameaça a estabilidade dos seus sistemas de sustentação: exaustão de recursos naturais renováveis e não-renováveis, degradação do solo, perda de florestas e da biodiversidade, poluição da água e do ar e mudanças climáticas, entre outros.” (Idem p.42).


Assim como a atividade produtora no âmbito agropecuário e no industrial agride por demais o ambiente, também a mineração de metais afeta fortemente o ambiente, sendo que essa atividade fere a superfície e também o interior da terra. Na extração do ouro e pedras preciosas, elementos como o mercúrio, utilizado para a purificação, acaba contaminando as águas dos leitos dos rios. Na mineração de ferro e outros minerais, é necessário haver barragens de contenção de resíduos, outro problema que afeta a redondeza. Quem não lembra da tragédia em Mariana – MG, no ano de 2015, que causou a morte de mais de 20 pessoas?

Não bastasse que a humanidade fizesse o ambiente sofrer com suas ações de exploração, ela o agride com quase tudo o que descarta, contaminando, pelo lixo jogado na natureza, a terra, o ar e a água. Também o uso dos meios de transporte com motores movidos à energia fóssil causa sérios problemas ao ar, principalmente nas grandes cidades. O CO² é tanto que os vegetais – árvores – existentes no perímetro urbano não dão conta de sua absorção e o O² liberado pelos mesmos não consegue gerar o equilíbrio necessário, ficando uma poluição do ar praticamente visível em dias que a atmosfera está mais pesada ao natural. No livro “Poluição & Desenvolvimento” em que estão os anais da Comissão Parlamentar para o Estudo, a Ação e a Defesa do Meio Ambiente, da Assembleia Legislativa do RS, 1972, é apresentada a seguinte afirmação:

A poluição do ar geralmente se manifesta por uma diminuição da visibilidade; uma ação nociva sobre os vegetais e os animais; ataque a certos materiais, ou ainda por diversos efeitos sobre o homem.

Certos poluentes apresentam odores fortes e sabor ácido e provocam irritação das mucosas. Mas existe boa quantidade de poluidores atmosféricos que não apresentam sinais detectáveis sem aparelhamento mais ou menos complexo, como é o caso típico da radioatividade, do monóxido de carbono e de outros.” (Assembleia Legislativa – RS, 1974, p. 23).



1.2.1 Fatos estatísticos

Uma das causas por que o meio ambiente sofre é o consumo desmedido de parte da população mundial, díspar em termos regionais. Outro problema é a aglomeração urbana nos últimos tempos. Cortez, 2009, traz dados explicativos a respeito:

Quase metade da população mundial (47%) vive em áreas urbanas, e espera-se que esse número cresça 2% ao ano entre 2000 e 2015 (United Nations Population Division, 2001). Não há dúvida de que a aglomeração populacional, os padrões de consumo e de deslocamento

e as atividades econômicas urbanas exercem intensos impactos sobre o meio ambiente em termos de consumo de recursos e eliminação de resíduos. E o resultado dessa exploração excessiva não é dividido igualmente para todos, e apenas uma minoria da população da Terra se beneficia dessa riqueza.” (CORTEZ, 2009, P. 43)


A mesma autora enfatiza e traz dados:


De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA), Fundo Monetário Internacional (FMI) e a World Wildlife Foundation (WWF), há uma real e visível relação entre as atividades econômicas e a qualidade das características naturais do planeta, como a água, ar, solo e biodiversidade (figura 1). O Índice Planeta Vivo é um indicador criado pela WWF que reflete a saúde dos ecossistemas do planeta: florestas, oceanos, rios e outros sistemas naturais. Entre 1970 e 2000, o índice perdeu cerca de 35%; uma tendência global que sugere que estamos deteriorando os ecossistemas naturais a um ritmo nunca visto na história da humanidade.”

(Idem)


3,0 -



2,5 -



2,0 -



1,5 -



1,0 -



0,5 -



0,0 -




Índice Planeta Vivo

Índice do Produto

Mundial Bruto



1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

Figura 1 – Mudanças na Atividade Econômica e na Saúde dos Ecossistemas, 1970-2000 - Fonte: WWI, 2004. (Idem).

Seguindo com dados estatísticos, apresentamos dados trazidos por Amaral, 2013, que, segundo ela se configuram, em relação à alteração dos biomas brasileiros, causados pela exploração agrícola intensiva, alterando o equilíbrio ecológico e diminuindo a biodiversidade, em função da ocupação com estabelecimentos agropecuários:

Ordem

Tipo de Bioma

Porcentagem de Ocupação de sua área

1º lugar

Pampa

71%

2º lugar

Pantanal

69%

3º lugar

Mata Atlântica

66%

4º lugar

Cerrado

59%

Tabela 1 – Ocupação de biomas brasileiros pela exploração agropecuária.

Dados do Atlas do Espaço Rural Brasileiro, do IBGE. (AMARAL, 2013, p. 25)

Na terra, com cerca de dois terços compostos por água precisa-se considerar, para aproveitamento de consumo humano e de suas atividades os seguintes dados:

Tipos de Água

Porcentagem existente

Salgada

97%

Doce

3%

Tabela 2 – Tipos de água na terra1

Onde existe água doce

Porcentagem aproximada

Em forma de gelo nas calotas polares

Cerca de 67%

No subsolo, em camadas bastante profundas

15%

Facilmente disponível

12%

Tabela 3 – Formas e locais de existência de água doce2

Pode-se observar por esses dados que a disponibilidade de água doce é muito pequena em relação ao total de água no planeta.

Conforme o portal N10,3 pode montar as seguintes tabelas em relação aos 10 países com maiores reservas de água doce:

Colocação

Países

Quantidade

Brasil

6.950 km³

2ª

Rússia

4.500 km³

Canadá

2.900 km³

China

2.800 km³

Indonésia

2.530 km³

Estados Unidos

2.480 km³

Bangladesh

2.360 km³

Índia

2.085 km³

Venezuela

1.320 km³

10ª

Birmânia

1.080 km³

Tabela 4 – 10 países com maior quantidade de água doce.

Nesse mesmo portal, há informações que mostram que nesses 10 países a ordem de disponibilidade de água doce por pessoa segue a seguinte tabela:

Colocação

Países

Quantidade

Canadá

98.500 m³

2ª

Venezuela

60.300 m³

Brasil

43.000 m³

Rússia

30.500 m³

Birmânia

23.300 m³

Bangladesh

19.600 m³

Indonésia

12.200 m³

Estados Unidos

2.400 m³

China

2.300 m³

10ª

Índia

2.200 m³

Tabela 5 – disponibilidade de água doce por habitante nos 10 países de maior quantidade total.4



Considerando as estatísticas acima, percebe-se que tanto a comunidade toda como a escola precisam criar uma consciência ambiental e estudar as questões necessárias que a possam despertar e perenizar.



2 A CONSCIÊNCIA AMBIENTAL NA COMUNIDADE E NA ESCOLA

A consciência ambiental, nos últimos tempos, foi abordada por inúmeras pessoas em artigos publicados na internet e em livros. Enquanto alguns explicam como ela se constitui, outros falam da sua importância e dão conselhos de práticas de consumo sustentável. Basta ter vontade de ler sobre o assunto para que os cidadãos comuns, os professores e alunos das escolas consigam se inteirar de muito do que se apregoa como importante. Essencial, no entanto, será ter discernimento do problema “agressão ambiental” para que a leitura não seja apenas um descargo de consciência, mas que leve à ação.



2.1 Tópicos abordados em livros, sites e blogs com citações

Bidinotto, (2009) afirma:

o lixo é o maior causador da degradação do meio ambiente e pesquisas indicam que o homem produz, em média, pouco mais que um quilo por dia. Desta forma, torna-se difícil o desenvolvimento de uma cultura de reciclagem, tendo em vista a escassez dos produtos naturais e não renováveis e falta de espaço para guardar propriamente o nosso lixo.” (BIDINOTO, 2009).5

Essa constatação tem a falta de consciência ambiental de grande parte da população como implícita.

Conforme Lavorato, s.d., há uma luz no fim do túnel e afirma:

A conscientização ambiental de massa, só será possível com percepção e entendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. O meio ambiente natural é o fundamento invisível das diferenças sócio econômicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O dia em que cada brasileiro entender como esta questão afeta sua vida de forma direta e irreversível, o meio ambiente não precisará mais de defensores. A sociedade já terá entendido que preservar o meio ambiente é preservar a própria pele, e fragilizar o meio ambiente, é fragilizar a economia, o emprego, a saúde, e tudo mais. Esta falta de entendimento compromete a adequada utilização de nossa maior vantagem competitiva frente ao mundo: recursos hídricos, matriz energética limpa e renovável, biodiversidade, a maior floresta do mundo, e tantas outras vantagens ambientais que nós brasileiros temos e que atrai o olhar do mundo. (LAVORATO, Marilena Lino de Almeida)6


Fica claro, portanto, que a sociedade toda precisa ser consciente em relação à preservação ambiental.

Roos & Becker, 2012, destacam:

A escola é o espaço social e o local onde poderá haver sequência ao processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis. Assim a Educação Ambiental é uma maneira de estabelecer tais processos na mentalidade de cada criança, formando cidadãos conscientes e preocupados com a temática ambiental.” (ROOS & BECKER, 2012, p. 5)7


Em cima do que as autoras afirmam, continuaremos o assunto no próximo item, em que será discutido o que é necessário fazer nas escolas para que a consciência ambiental seja assumida pela parte da população ainda jovem e que tem as melhores condições de ser a propagadora das ideias junto às famílias da sua comunidade e até em debates nas redes sociais.



3 A ESCOLA FORMADORA DE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Roos & Becker, 2012, destacam:

Considerando, então, a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer métodos efetivos para a compreensão dos fenômenos naturais, as ações humanas e suas consequências para sua própria espécie, para os outros seres vivos e para o meio ambiente. É fundamental que cada pessoa desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a constituição de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável e acima de tudo sustentável.

Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja, integral do mundo em que vive. Para isso a Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares se terá a integração das pessoas nas suas comunidades/sociedades, fazendo com que a Educação Ambiental não fique somente nas escolas e sim permeie a todas as esferas sociais, proporcionando, com isso a preservação ambiental e conscientização cada vez mais pessoas para se buscar o desenvolvimento sustentável. (Idem).


É essencial que a gestão escolar tenha bem presente a importância de um planejamento que contemple a educação ambiental. Tanto os professores da área de comunicação, por meio de análise textual, escrita de redações, como os da área das ciências naturais, usando laboratórios e a internet para análises e pesquisas e os da área de estudos sociais, notadamente de Geografia, devem fazer perceber os locais mais afetados por diversos tipos de agressão ambiental.

A propósito, Roos e Becker, 2012, sugerem:

A fundamentação teórico/prática dos projetos pode ocorre por intermédio do estudo de temas geradores que englobam palestras, oficinas e saídas a campo. Esse processo oferece subsídios aos professores e demais interessados em repassar conhecimento para atuarem de maneira a englobar toda a comunidade escolar, e também a sociedade, e assim todas as pessoas possam ter conhecimento quanto aos problemas ambientais que os circundam, seja no bairro, no município e até mesmo no mundo em que vivem. Os conteúdos trabalhados serão necessários para o entendimento dos problemas e, a partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de intervenção.” (Idem, Ibidem).


Em termos estatísticos, há uma disparidade marcante com relação à educação ambiental nas escolas de ensino fundamental como se depreende da leitura no livro “O que fazem as escolas que dizem que fazem educação ambiental?” (MEC, 2007) a partir do que se pode construir as seguintes tabelas:

  1. Escolas com oferta de educação ambiental no Brasil:

Ano

Nº de Escolas

2001

115 mil

2004

152 mil

Tabela 6

“As taxas de crescimento para esse período alcançaram aproximadamente 90% para as modalidades Projetos e Disciplinas Especiais, enquanto que a taxa de crescimento para a Inserção da Temática Ambiental nas Disciplinas foi de apenas 17%.” (Idem)

a) Taxas correspondentes em números absolutos:

Ano 2001

Ações

Nº de Escolas

Inserção da

Temática Ambiental nas Disciplinas

94 mil

Oferta de Projetos

33,6 mil

Desenvolvendo disciplinas especiais

2,9 mil

Ano 2004

Ações

Nº de Escolas

Inserção da

Temática Ambiental nas Disciplinas

110 mil

Oferta de Projetos

64,3 mil

Desenvolvendo disciplinas especiais

5,5 mil

Tabela 7

As escolas que realizavam educação ambiental, em 2004, agiam, em relação ao lixo, de forma diversa.

  1. Destino do lixo produzido nas escolas:

Ações

Porcentagem de Escolas que as usavam

Coleta periódica como destino final do lixo

49,3%

Queima do lixo

41,3%

Jogada do lixo em outras áreas

11,9%

Reciclagem do lixo na escola

5%

Tabela 8

3.1 Atividades sugeridas para serem feitas nas escolas como formas de conscientização.

3.1.1 Gerais no âmbito das instalações:

* coleta do lixo e colocação do mesmo em recipientes com cores diferente para materiais diversos;

* estímulo à destinação específica de elementos altamente como baterias de celulares, pilhas, etc.

* orientações e cobranças sobre o uso consciente da água e de material higiênico sempre com vistas à poupança dos mesmos;

* aproveitamento, sempre que possível da luz diurna pela abertura das janelas das salas de aula;

* acostumar desligar luzes e equipamentos das tomadas sempre que não em uso e desnecessário.

3.1.2 No âmbito das turmas de alunos:

* visitas a locais degradados no entorno escolar;

* debates sobre as observações feitas e indicação de causas da degradação;

* oportunizar a vinda de palestrantes sobre problemas ambientais;

* produção textual sobre problemas ambientais e sugestões para a solução dos mesmos;

* pesquisas em periódicos da mídia citadina sobre notícias falando de problemas ambientais e/ou de bons exemplos;

* pesquisas na internet sobre temas como uso da água, poluição do ar, uso de agrotóxicos, fontes de energia alternativa e limpa, etc.

* concursos que envolvem boas ações em prol de um ambiente preservado saudável envolvendo alunos e familiares e também a comunidade em geral.



CONCLUSÃO

Tendo em vista que a problemática ambiental é muito ampla, foi necessário limitar o assunto deste artigo a alguns aspectos importantes, no que diz respeito à criação de uma conscientização em prol da preservação do meio ambiente. Abordamos no item primeiro o tipo de ambiente em que a humanidade vive nos dias atuais e como esse mesmo ambiente sofre com a muitas e múltiplas agressões, já no item dois, verificamos, inclusive com dados estatísticos como está a consciência ambiental na comunidade e na escola e no item três ressaltamos a importância da escola na formação de cidadãos comprometidos com a questão da preservação e da melhoria do meio ambiente. Sentimos a necessidade de sugerir algumas ações/atividades que podem e devem ser desenvolvidas nas escolas do país para que a construção do conhecimento referente ao tema aconteça de forma a que todos os alunos saiam das instituições de ensino engajados com a missão de serem multiplicadores de ideias e ideais em prol de uma natureza mais sadia e medos agredida pelo consumismo exacerbado e pela vontade do lucro fácil no agronegócio e em todo o âmbito econômico que perpassa o viver humano, animal e vegetal.

Longe, muito longe fica o esgotamento do assunto e esperamos que este trabalho motive mais estudiosos – acadêmicos em especial – a se debruçar para ampliar as pesquisas e escrever a respeito deste tema de vital importância para a toda a coletividade e responsabilidade especial para as escolas e para quem nelas labuta e estuda.

Em suma, o estudo em torno da necessidade de contribuir para uma conscientização ampla referente a pequenas, mas decisivas, ações como é uma correta separação do lixo, o aproveitamento desse mesmo lixo para poupar florestas e reservas minerais, para preservar a limitada água potável, para ocupar o solo de forma menos invasiva em termos do uso de agrotóxicos, este estudo não pode fechar os olhos para tantas desculpas que são dadas, mas que só aumentam os problemas já existentes. É muito importante que os estudos futuros possam detectar ações beneficentes ao ambiente e denunciar tudo que de errado ainda acontece.

Se este objetivo de chamar a atenção para o tema for alcançado terá valido muito a pena termo-nos debruçado sobre essa problemática tão ampla e importante.

Referências bibliográficas:

http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/biblioteca_212_meioambiente.pdf - ver se precisa

CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Consumo e desperdício. Disponível em http://books.scielo.org/id/n9brm/pdf/ortigoza-9788579830075-03.pdf> acesso em 13/10/2017.

LAVORATO, Marilena Lino de Almeida. A Importância da consciência Ambiental para o Brasil e para o Mundo. Disponível em http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/a_importancia_da_consciencia_ambiental_para_o_brasil_e_para_o_mundo.html > acesso em 13/10/2017.

ROOS, Alana & BECKER, Elsbeth Leia Spode. Educação ambiental e sustentabilidade. In: Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental REGET/UFSM (e-ISSN: 2236-1170). Disponível em https://periodicos.ufsm.br/reget/article/viewFile/4259/3035 > acesso em 13/10/2017.



















1 Conforme VIEGAS, Eduardo Coral, Educs, 2008, p. 23.

2 Dados aproximados apresentados por VIEGAS, obtidos de TUNDISI, 1990, em idem.

4 Idem nota ³.

5 Disponível na net. Ver referências bibliográficas.

6 Publicitária (PUCC), Pós graduada em Gestão Ambiental (IETEC), Sociologia e Política (EPGSP-SP), Gestão de Negócios (FGV), Marketing (ESPM). (Ver referências bibliográficas).

7 Disponivel na net em PDF.

Ilustrações: Silvana Santos