CONCEPÇÕES
E SENSIBILIZAÇÕES DE ACADÊMICOS DE UMA
UNIVERSIDADE FEDERAL SOBRE A FRAGILIDADE DE UM CÓRREGO EM ÁREA
DE ECÓTONO
Andrew
Vinícius Cristaldo da Silva
Graduação
em Biologia (UFMS), Pós-graduação em Educação
Ambiental (USP), Mestre em Biologia (UEM)
Maicon
Velasco de Melo
Graduando
em Biologia (UFMS)
Thailyne
Vitorino Verdum
Graduação
em Pedagogia (UFMS)
Lilian
Maria da Silva
Graduação
em Pedagogia (UFMS)
Tales
Vinícius Marinho de Araújo
Universidade
Federal do Amazonas- UFAM
RESUMO:
O
trabalho teve como objetivo avaliar a concepção e
sensibilização ambiental de acadêmicos de uma
Universidade Federal referente e ao estado conservação
de um ecossistema aquático em área de ecótono em
Aquidauana, Mato Grosso do Sul, bem como levantar possíveis
medidas de proteção para o mesmo, mediante a
perspectiva de educação ambiental.
Palavras-chave:percepção
ambiental, recursos hídricos, universidade.
ABSTRACT:
The
objective of this work was to evaluate the conception and
environmental awareness of academics of a Federal University
regarding the conservation status of an aquatic ecosystem in an
ecotone area in Aquidauana, Mato Grosso do Sul, as wellastorais e
possible measures of protection for the same, through the perspective
of environmental education.
Keys-word:
environmental perception, hydricresources,
university.
INTRODUÇÃO
O
Ensino de Ciências, desde a década de 1980, vem
proporcionando um campo produtivo para discussões acerca de
questões ambientais, dado que as preocupações da
sociedade com o meio ambiente acentuaram nas últimas décadas.
A escola possui papel fundamental na divulgação do
conhecimento científico, no entanto, nem ela, nem nenhuma
instituição conseguem acompanhar a evolução
das informações científicas, necessárias
a compreensão do mundo (OLIVEIRA, 2006).
Aspectos
relacionados à temática ambiental vêm se tornando
um assunto comum e prioritário na sociedade brasileira,
principalmente depois da realização da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Rio 92). Essa abordagem tem grande relevância uma vez que à
vulnerabilidade do ambiente em sofrer qualquer tipo de impacto está
intimamente relacionada aos fatores de desequilíbrio de ordem
natural ou antropogênica (Tamanini 2008).
O
termo ‘ecótono’ foi utilizado pela primeira vez em
estudos da vegetação terrestre e citado por Clements
(1905) para caracterizar uma zona de tensão entre dois
ecossistemas distintos, o que é confirmado pela etimologia da
palavra, sendo esta de origem grega, onde ‘tono’ provém
de tensão, agregada do prefixo ‘eco’, indicando
área ou zona de tensão. Pela definição
original, há necessidade de que pelo menos duas condições
sejam atendidas, para que determinada área seja considerada um
ecótono: transição entre dois ecossistemas
diferentes e tensão entre ambos.
Distintos
autores relatam que a concepção que o indivíduo
tem em relação ao ambiente é que o guiará
à sua vivência nesse meio(Del rio oliveira, 1999;
Oliveira e Corona, 2008).
Diante disso, o
estudo da percepção ambiental é fundamental para
que possamos compreender melhor as inter-relações entre
o homem e o ambiente, suas expectativas, anseios, satisfações
e insatisfações, julgamentos e conduta, ou seja, o ato
de perceber o ambiente que se está inserido, aprendendo a
proteger e a cuidar do mesmo sendodesse
modo, importante para guiar futuras ações através
da educação ambiental.
Com
isso, a perspectiva ambiental, enquanto ação educativa,
somente apresentará resultados satisfatórios quando
houver uma maior conscientização da sociedade,
sobretudo no tocante as barreiras que impedem o equilíbrio
ambiental (SEABRA, 2011).
OBJETIVO
O
presente estudo teve como objetivo avaliar a percepção
ambiental de acadêmicos da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul referente e ao estado conservação do ecossistema
aquático (Córrego João Dias, no município
de Aquidauana, Mato Grosso do Sul) assim como levantar possíveis
medidas de proteção para o mesmo, mediante a
perspectiva da educação ambiental.
MATERIAL
E MÉTODOS
A
pesquisa foi realizada entre os meses de setembro a novembro de 2016,
onde, por sua vez, participaram aproximadamente 45 acadêmicos
do curso de Pedagogia da UFMS. Inicialmente, em sala de aula, foram
ministradas oficinas teóricas no que tange a ecologia do
cerrado, impactos ambientais frente a ações antrópicas,
estratégias de manejo e conservação do ambiente,
bem como estratégias de sensibilização e
educação na perspectiva ambiental. Posteriormente,
houve quatro saídas de campo que compreenderam visitas a
nascente do córrego, região intermediária e a
jusante do córrego João Dias. Todas as observações
foram anotadas e fotografadas em campoproporcionando aos acadêmicos
discussões a respeito das condições ambientais
do córrego e sensibilização do mesmo.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
No
primeiro encontro do estudo foram realizadas oficinas no próprio
campus Universitário onde os acadêmicos abordaram os
conteúdos relacionados à preservação
ambiental, impactos ambientais e estudos sobre o Bioma do Cerrado e
do Pantanal.
A
primeira saída a campo objetivou observar a nascente do
Córrego João Dias. Segundo os alunos, a nascente
encontrava-se preservada pois “há vegetação
no entorno da mesma, e não foi constatada presença de
lixo”. Em aula, foi discutido que a preservação
não está condicionada apenas no local onde a nascente
está inserida, mas também em seu entorno. Apesar de
haver vegetação ripária, é possível
que esta não seja suficiente para proteger as águas
contra a lixiviação procedente de plantações
vizinhas tendo em vista que sua extensão é inferior a
20 metros.
Os
alunos foram levados mais abaixo da nascente na segunda saída
de campo, onde perceberam que a “mata ciliar foi substituída
por plantações de mandioca e o córrego
apresentava-se raso e barrento”. No mesmo local, as discussões
concentraram-se no processo de assoreamento do rio, em que a falta de
vegetação permitiu que a enxurrada carreasse o barro
proveniente das plantações, deixando no córrego
o acúmulo de detritos, areia e sedimentos.No terceiro dia de
campo, os discentes foram levados a uma área mais preservada
do córrego, onde encontrava-se uma indústria de
celulose.
No
local havia “vegetação ripária de grande
extensão e contatou-se a presença de animais, como
aves, capivaras e insetos”. Neste local os alunos puderam
contrastar as diferenças no ambiente de um lugar preservado de
um não preservado, a água estava mais transparente,
porém, continha muita matéria orgânica, talvez a
presença de uma grande quantidade de insetos esteja
relacionada a isso. Neste ponto, foi discutido sobre os serviços
ecossistêmicos proporcionado pelo ambiente e a importância
de seu uso sustentável. Ainda no mesmo dia, os acadêmicos
foram levados a uma parte do córrego que fica atrás de
um condomínio residencial popular. Os alunos foram
surpreendidos pelo descaso da população para com os
recursos hídricos, verificando a existência pneus,
entulhos e lixo doméstico.
O
último encontro foi realizado na foz do córrego, que se
encontra próximo ao campus universitário, apesar de
haver vegetação ripária e muitos animais, ainda
foi perceptível a presença de lixo no local proveniente
do condomínio residencial transportado pelo córrego.
Para
concluir o assunto foi realizado um debate referente às
observações individuais dos acadêmicos mediante o
estado de conservação do córrego. Nesta aula, o
assunto mais abordado foram o processo de degradação e
exploração do córrego pela agricultura
rudimentar indígena e também da intensa exploração
e degradação do mesmo pela população
urbana de Aquidauana. Diante disso, os acadêmicos do curso de
Pedagogia discutiram as possíveis medidas protetivas que
poderiam ser implantadas ao longo do córrego João Dias,
sendo essas, a restauração e proteção da
mata ciliciar e principalmente a conscientização da
população indígena e urbana quanto à
importância e preservação do córrego.
De
acordo com Sato (2004) o ato de sensibilizar afirma valores e ações
que contribuem para a transformação humana e social e
para a preservação ecológica, além disso,
estimula a formação de pessoas socialmente justas e
ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relação
de interdependência e diversidade.
Diante
disso, o profissional deve difundir um pensamento para que seus
alunos interfiram de maneira menos catastrófica no planeta
(TELLES et al, 2002). Neste sentido, a educação deve
apontar para propostas pedagógicas centradas na
conscientização, mudança de comportamento,
desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação
e participação dos educandos (REIGOTA, 1998).
A
Sensibilização Ambiental pretende atingir uma
predisposição dos alunos para uma mudança de
atitudes. No entanto, essa perspectiva só é verificada
se depois de sensibilizados forem apresentados os meios da mudança
que levem a uma iniciativa mais correta para com o ambiente (AZEVEDO,
2012) “Estar sensível, portanto, significa estar apto a
sentir em profundidade as impressões, participar ativamente
delas e tentar intervir sobre aquilo que está à sua
volta – significa deixar envolver-se” (BRASIL, 2007).
CONCLUSÕES
Através
do processo de aprendizagem aplicado, os acadêmicos concluíram
a necessidade de formular planos de manejo e conservação
ao córrego João Dias, a fim de restabelecer
a integridade ecológica deste, uma vez que o sistema em
questãose encontrafortemente afetado pela ação
da agricultura indígena e pela falta de conscientização
da população da cidade de Aquidauana. Diante dessas
perspectivas, urgente se faz o estabelecimento e cumprimento de ações
de educação ambiental com a sociedade, afim de
compreenderem a relevância deste corpo hídrico para o
ambiente.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO,
R. T. Sensibilização Ambiental: importância e
relação com a gestão ambiental. Naturlink, 2012.
Disponível em: <goo.gl/nFrQdE
>. Acessado
em: 06 ago. 2017.
CLEMENTS,
F.E. Researchmethods in Ecology. Nebraska: UniversityPublishingCo.,
1905. 512p.
DEL
RIO, V.&OLIVEIRA, L. 1999. Percepção ambiental: a
experiência brasileira. 2ª ed. São Paulo: Studio
Nobel.
OLIVEIRA,
K. A.& CORONA, H. M. P. 2008. A percepção ambiental
como ferramenta de propostas educativas e de políticas
ambientais. ANAP Brasil, 1: 53-72.
REIGOTA,
M. Meio
ambiente e representação social.
3. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
SATO,
M. Educação
Ambiental.
São Carlos: RiMa, 2004.
TAMANINI,
M. S. A. 2008. Diagnóstico físico-ambiental para
determinação da fragilidade potencial e emergente da
Bacia do Baixo Curso do Rio Passaúna em Araucária - PR.
Dissertação (Mestrado em Geografia) - Setor de Ciências
da Terra, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
TELLES,
M. Q.; ROCHA, M. B. da; PEDROSO, M. L. & MACHADO, S.M. de C.
Vivências integradas com o meio ambiente. São Paulo: Sá
Editora, 2002.
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