Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
11/09/2016 (Nº 57) A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE CORUMBÁ-MS
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Modelo de Projeto
A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE CORUMBÁ-MS

 

 

 

1 JACKELINE CRISTINA NOGUEIRA GUERRERO

 

2 ALINE DE LIMA RODRIGUES

 

 

 

 

CORUMBÁ

2016


 

RESUMO

 

O objetivo geral deste trabalho consiste em analisar a abordagem da EA nas escolas públicas de Corumbá, MS, dada a sua importância na formação do cidadão e especificadamente verificar nas escolas estudadas as maiores dificuldades e desafios que os professores enfrentam ao implantar efetivamente a EA.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Escola; Meio Ambiente.

 

1 INTRODUÇÃO

“Um galo sozinho, não tece a manhã.”

João Cabral de Melo Neto

           

Entre inúmeros conceitos sobre Educação Ambiental nota-se que o próprio conceito se baseia em um substantivo e um adjetivo. O termo educação é um substantivo adjetivando o termo ambiental. A Educação Ambiental é o nome que historicamente se convencionou dar às práticas educativas relacionadas à questão ambiental. Assim, “Educação Ambiental designa uma qualidade especial que define uma classe de características que juntas, permitem o reconhecimento de sua identidade, diante de uma Educação que antes não era ambiental”. (LAYRASGUES, 2004, p. 07).

            A questão ambiental no decorrer dos séculos vem sendo considerada urgente e importante para a sociedade, pois o futuro de todas as nações dependerá da relação estabelecida com a natureza e o uso adequado dos seus recursos naturais disponíveis. (BARRETO, 2006).

 

Alguns pesquisadores de pedagogia têm procurado mesmo compreender de uma outra maneira o próprio processo de ensinar-aprender. Podemos com eles partir da idéia de que a menor unidade do aprender não é cada pessoa, cada aluno, cada estudante tomando em sua individualidade. Ela é o grupo que se reúne frente à tarefa partilhada de criar solidariamente seus saberes. É a pequena comunidade aprendente, através da qual cada participante ativo vive o seu aprendizado pessoal. (BRANDÃO, 2005, p.90).

 

            A Educação Ambiental tem que ser feita coletivamente. A responsabilidade de agir a favor do meu ambiente é de toda a sociedade e ela deve ser orientada para buscar alternativas de se garantir qualidade de vida para as gerações futuras. A Educação Ambiental cumpri o seu papel para a formação plena, crítica e reflexiva do cidadão. De acordo com Tonize-Reis (2007, p. 179) “a Educação Ambiental não se restringe ao controle de comportamentos ambientais, a sensibilização ambiental, ao ativismo ambiental ou a informação sobre o ambiente, mas cumpre uma outra tarefa educativa a da formação –plena, crítica e reflexiva.”

            A pesquisa foi sustentada pela importância do tema abordado, visto que, a educação ambiental é de fundamental importância para a formação do futuro cidadão, pois ele perceberá o seu potencial e será capaz de construir uma sociedade sustentável, já que o aprendizado será repercutido dentro de suas casas e toda sociedade compreenderá a importância de se preservar os biomas, fauna e flora do meio ambiente. Ruscheinsky (2007) define os atores socioambientais atuantes no meio ambiente.

 

A Educação Ambiental na perspectiva dos atores sociais significa formar protagonistas, sujeitos de ação emancipadora, capazes o suficiente para perceber seu potencial de ator a fim de participar do processo de construção de uma sociedade sustentável, ética, justa e solidária. Neste sentido, interessam os mecanismos de produção do conhecimento e de transformar a informação em instrumento de promoção da qualidade de vida, de um desenvolvimento sustentável, e de um processo político transparente e participativo. Os atores sociais e a informação são uma construção social, e tudo depende dos atores que a produzem, divulgam e utilizam. (RUSCHEINSKY, 2007, p.31.)

 

            Os Parâmetros Curriculares Nacionais regulamentam que o ensino do meio ambiente tem de ser estudado a partir do local onde o aluno vive para que ocorra a formação do cidadão consciente com as questões ambientais de sua região. Ele deve entrar em contado direto com o que está estudando para não se prender somente em folhetos sobre Educação Ambiental. Além disso, os PCN’s (1998) abordam que o aluno deverá compreender que todos os ambientes são dinâmicos e há a interferências do ser humano no meio natural. A Educação Ambiental tem que ser trabalhada de maneira interdisciplinar e transversal dentro das escolas. Portanto,

 

Trabalhar de forma transversal significa buscar a transformação dos conceitos, a explicitação de valores e a inclusão de procedimentos, sempre vinculados à realidade cotidiana da sociedade, de modo que obtenha cidadãos mais participantes. (PCN’s, 1998, p.193.)

 

Porém, há de se indagar se este plano condiz com a realidade que observamos hoje nas escolas da Rede Pública de Corumbá. Em leituras feitas sobre o tema, nota-se que as disciplinas estudadas nas escolas do ensino regular são expostas de maneira fragmentada, isolada das demais, os professores com os seus métodos tradicionais de ensino, verdadeiros transmissores de conhecimento e os alunos meros receptores.

 

A razão de se diagnosticar a Educação Ambiental nas escolas, primeiramente, é compreender que os alunos da Rede Pública de Corumbá vivem no bioma Pantaneiro, o qual precisa ser preservado, pois ele se encontra em uma região rica que merece cuidados muito especiais no que concerne a ocupação dessa região.

 

                                   Os pantanais ocorrem em clima tropical, com temperaturas elevadas e estação seca prolongada. O período mais quente ocorre em novembro-dezembro. Florestas, cerrados, campinas higrófilas ocorrem em mosaicos habitados pela mais rica avifauna do planeta. É um paraíso faunístico da América do Sul, cuja riqueza mal começou a ser conhecida. Apesar disso, são inúmeras as ameaças que o vem destruindo rapidamente. Como o extrativismo mineral, sobretudo o garimpo, tem destruído o ambiente aquático, principal responsável pela biodiversidade da região. A pecuária as monoculturas praticadas nas altas bacias hidrográficas, utilizando indicies elevados de agrotóxicos, também são fatores importes de destruição.(ROSS,2009,p.187)

 

            A atividade extrativista de minério vem ocasionando crateras nos morros. Essa prática, que sustenta a economia de Corumbá, causa efeitos irreversíveis ao meio ambiente. A pecuária e a agricultura também causam danos, pois há desmatamento e queimadas de grandes pastagens, sem contar com as voçorocas causadas pelo abatimento do solo através da pisada do gado.  

Realizar esse trabalho é pensar a Educação Ambiental como mudança de comportamento e tomada de consciência que atingirá empresários, pecuaristas e agricultores da Região. A pergunta a se fazer é: como e quando praticar a Educação Ambiental para que as mudanças ocorram verdadeiramente? Segundo TREIN (2007, p.117) os seres humanos estabelecem relações necessárias com a natureza e com os outros seres humanos para garantir sua sobrevivência.

Objetivos da pesquisa:

 

Objetivo Geral: analisar a abordagem da geografia nas escolas públicas de Corumbá, MS.

Objetivos Específicos:

1. Verificar nas escolas estudadas os procedimentos didáticos do ensino da Geografia nas séries iniciais do Ensino Fundamental;

2. Identificar as maiores dificuldades e desafios que os professores da rede pública de Corumbá enfrentam ao trabalhar essa disciplina com as crianças do 1º ao 4º.

 

Metodologia da Pesquisa

 

            A fim de alcançar os objetivos propostos foram utilizados para esta pesquisa os seguintes procedimentos metodológicos: a definição amostral das escolas, trabalho de campo (visitação as escolas da Rede Pública de Corumbá) e aplicação de entrevistas com os coordenadores pedagógicos e professores de Geografia e Ciências das escolas relacionas. A entrevista buscou coletar informações a fim de verificar o que vem sendo feito sobre a Educação Ambiental nas escolas.

            A escolha da amostra das escolas se faz pela localização geográfica das escolas, abarcando o extremo norte, sul, leste e oeste da cidade. Em termos metodológicos a pesquisa iniciou-se com um aprofundamento teórico-metodológico sobre a temática abordada em literatura especializada.

            Durante a visitação nas escolas selecionadas foram tiradas algumas fotos no Colégio CAIQ de um projeto ambiental que os alunos participaram e também de um passeio na Fundação O boticário.

As entrevistas foram aplicadas às coordenações de cada escola e aos professores de geografia e ciências das escolas analisadas.  A entrevista foi feita contendo questões abertas abordando a questão da Educação Ambiental nas práticas pedagógicas.  O primeiro passo foi realizar uma visita nessas escolas e conversar com os coordenadores sobre os objetivos do trabalho a ser realizado. O passo seguinte foi à realização das entrevistas com os coordenadores e professores.

            As perguntas foram selecionadas para um grupo de coordenadores e outro de professores. As perguntas aos coordenadores foram as seguintes: 1. Existe algum projeto sendo executado ou que será realizado sobre Educação Ambiental? Se não existe, qual o motivo de não haver nenhum projeto relacionado sobre este tema. 2. Como funciona na prática o Projeto de Educação Ambiental? Ele é feito no decorrer do ano letivo? 3. Qual a importância da Educação Ambiental para a escola? 4. Há o interesse dos professores em executar Projetos de cunho Ambiental? 5. A estrutura da Escola (logística, espaço físico, materiais de apoio) oferece meios para que os professores possam realizar trabalhos sobre o tema?

As perguntas direcionadas aos professores foram: 1.Você se considera preparado para trabalhar com a Educação Ambiental? 2. Quais as dificuldades e desafios que você encontra na escola quando organiza/planeja um projeto de Educação Ambiental? 3. Você realiza atividade de campo relacionado ao Meio Ambiente com os seus alunos? 4. A questão da interdisciplinaridade em relação à Educação Ambiental funciona na prática nesta escola? 5. O que precisa ser feito para haver a mudança nas práticas pedagógicas a fim de inserir a Educação Ambiental de forma efetiva dentro da escola? Após as entrevistas, as respostas foram e discutidas analisadas qualitativamente.

 

2. A Educação Ambiental nas Escolas da Rede Pública de Corumbá

 

 Para a realização da pesquisa houve a visitação em quatro escolas da Rede Pública de Corumbá a fim de verificar como anda a Educação Ambiental nessas escolas, quais os projetos elaborados, como os professores organizam os projetos e quais os desafios que eles enfrentam para efetivação deste tema na grade curricular.

A estrutura física das escolas pesquisadas conta com alguns materiais deteriorados, mas no geral elas são amplas e arejadas, o que facilita o desenvolvimento de projetos dentro da escola. Foram selecionadas as Escolas Estaduais: Júlia Gonçalves Passarinho e Maria Helena Albaneze e as Municipais: Tilma Fernandes e CAIQ Padre Ernesto Sassida. As perguntas foram voltadas para os coordenadores e professores de geografia e ciências. 

Em entrevista com a coordenação da escola Estadual Júlia Gonçalves Passarinho (JGP), foi feita a seguinte pergunta: existe algum projeto sendo executado ou que será realizado sobre Educação Ambiental? Se não existe, qual o motivo de não haver nenhum projeto relacionado sobre este tema. Segundo a coordenada, há pouco desenvolvimento de projetos sobre este tema. Como funciona na prática o Projeto de Educação Ambiental? Ele é feito no decorrer do ano letivo? Ela disse que não é feito no decorrer do ano letivo, somente em datas específicas é que eles ocorrem, como a Semana do Meu Ambiente, pois os professores não disponibilizam tempo.

            A importância da Educação Ambiental para a escola fica evidente, quando ela relata que “A Educação Ambiental é importante para formar pessoas conscientes e preocupadas com o Meu Ambiente”. Há o interesse dos professores em executar projetos de cunho ambiental? A coordenadora explanou que há, mas não é considerado suficiente para a efetivação deste tema transversal na escola.  Em relação à pergunta: a estrutura da Escola (logística, espaço físico, materiais de apoio) oferece meios para que os professores possam realizar trabalhos sobre o tema? A coordenadora disse que há saídas de alunos para aulas de campo e que a escola realiza visitas esporádicas em locais fora da escola, como a Fundação O boticário, Museu e a Marinha do Brasil.

De acordo com a coordenadora, a escola oferece meios de locomoção para realização de aula de campo. A mesma realiza exposições de trabalhos feitos pelos alunos no final do ano, como as feiras de ciências, onde todos os alunos participam. A Coordenação da escola salienta ainda que os professores pouco se interagem uns com os outros, mas defende que eles são motivados na execução de projetos dos temas transversais, incluindo o Meu Ambiente.

Em entrevista com a coordenação da escola Municipal Tilma Fernandes a pergunta: existe algum projeto sendo executado ou que será realizado sobre Educação Ambiental? Se não existe, qual o motivo de não haver nenhum projeto relacionado sobre este tema. A coordenação relatou algo semelhante à escola Júlia Gonçalves Passarinho, que há poucos projetos desenvolvidos. A maior dificuldade identificada nessa escola é que os projetos não são desenvolvidos com todos os professores, tampouco com todas as turmas

            Qual a importância da Educação Ambiental para a escola? A coordenadora explanou que “é importante porque estamos em frente ao pantanal, temos uma fauna e uma flora rica vista das janelas da escola. Portanto, os nossos alunos tem de saber da importância de se preservar o bioma pantaneiro. Muitos dos nossos alunos são filhos de pescadores e é importante que eles passem todo o aprendizado sobre o meio ambiente para os seus pais.” Há o interesse dos professores em executar projetos de cunho ambiental? Ela mencionou que há o interesse por parte dos professores de Ciências e Geografia. A estrutura da escola, se ela oferece meios para que os professores possam realizar trabalhos sobre o tema? A coordenadora disse que sim, a escola é ampla e arejada e há matérias de apoio para auxilio dos professores.

  A escola Municipal CAIQ Padre Ernesto Sassida possui em torno de 700 alunos do ensino infantil e fundamental. Ela atende alunos brasileiros e bolivianos, pois a sua localização é próxima ao limite entre Brasil e Bolívia. Em entrevista com a coordenação da escola, foi verificado que há projetos em andamento sobre Educação Ambiental com todos os alunos . Segundo a coordenadora, o projeto “Patrulheiros do Meu Ambiente” foi elaborado pela professora de Ciências e está contribuindo para a conscientização das crianças em relação à mudança de hábitos. Sobre a questão da saída dos alunos para aula de campo, foi verificado que há passeios no decorrer do ano com as turmas do Ensino Fundamental.

             Em junho, os alunos visitaram a Fundação O Boticário para conferir a exposição "Tatus do Pantanal", acompanhados pelas professoras do Ensino Fundamental. Eles conheceram as espécies de tatu, a moradia, a alimentação, (figura 02,03), e conheceram um pouco sobre o bioma pantaneiro (figura 01).

 

Figura 01 – Aula sobre as espécies de tatu

 


                                                                       

                

FONTE: Escola CAIQ Padre Ernesto Sassida (2015)

                 

           

Segundo a professora de ciências foi um aprendizado incrível e marcante. Sobre a pergunta: como funciona na prática o Projeto de Educação Ambiental? Ele é feito no decorrer do ano letivo? A coordenadora explanou que sim, “é importante que seja passado conhecimentos sobre este tema para todas as turmas e que seja efetiva e interdisciplinar”. Entretanto, a dificuldade que ela verifica em relação aos professores é a questão dá não interação para execução de projetos. “Este desafio teremos que superar, pois todos os professores podem colaborar com o tema, basta pesquisar e colocar em prática.”

             A estrutura da Escola (logística, espaço físico, materiais de apoio) oferece meios para que os professores possam realizar trabalhos sobre o tema? Ela disse que “sim, a escola é ampla, o que facilita as aulas práticas. Todos os anos acontece uma feira de ciências no pátio, os familiares dos alunos são convidados e é muito gratificante ver o empenho dos alunos. Há danças, peças de teatro, cinema. Os pais, juntamente com toda comunidade escolar aprende e ao mesmo tempo se diverte,” completou

            A escola Estadual Maria Helena Albaneze possui ao todo 900 alunos. Em comparação com a escola CAIQ, nota-se que os professores desta, são incentivados e motivados para desenvolverem projetos.Em entrevista com a coordenadora e professores percebe-se que não há interesse pelos professores em executarem projetos. Quando a coordenadora responde a pergunta: existe algum projeto sendo executado ou que será realizado sobre Educação Ambiental? Se não existe, qual o motivo de não haver nenhum projeto relacionado sobre este tema. Ela relata que “Projeto especifico, não, mas a educação ambiental faz parte dos temas transversais do referencial curricular da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, portanto todas as disciplinas trabalham a conscientização do aluno em relação ao ambiente em que ele vive.”

            Portanto, a Educação Ambiental faz parte da grade curricular dessa escola, mas sem elaboração de projetos específicos. A estrutura da Escola (logística, espaço físico, materiais de apoio) oferece meios para que os professores possam realizar trabalhos sobre o tema? A coordenadora da escola Maria Helena Albaneze disse que “sim, pois muitas vezes os professores necessitam de um monitoramento para que a prática supere a teoria, e motive os estudantes a conscientizarem sobre a necessidade de se ter um ambiente agradável e de como isso pode acontecer no seu dia a dia.” Há o interesse dos professores em executar projeto de cunho ambiental? “Vejo o interesse dos professores de ciências e geografia, muitas vezes há o interesse dos outros professores em planejar um trabalho ambiental, mas eles não sabem como começar.”

             O desafio desta escola seria em implantar projeto coletivamente sobre o meu ambiente. É interessante o engajamento de todos os professores, pois o ideal é que o projeto seja amplo e que contemple todas as áreas de conhecimento e que faça parte do Projeto Político Pedagógico da escola.

            Em entrevista com os professores das escolas, foi feita a seguinte pergunta para a professora de geografia da escola Júlia Gonçalves Passarinho (JGP): você se considera preparada para trabalhar com a educação a ambiental? Ela disse que sim, mesmo não tendo formação superior para essa disciplina, o importante é sempre se atualizar.

             Quais as dificuldades e desafios que você encontra na escola quando organiza/planeja um projeto de Educação Ambiental? A professora explanou a falta de interação dos professores como maior dificuldade. Você realiza atividade de campo sobre o tema com os seus alunos? Poucas vezes, o tempo para atividades práticas se torna estreito. A questão da interdisciplinaridade funciona na prática nesta escola? “não”. O que precisa ser feito para haver a mudança nas práticas pedagógicas a fim de inserir a Educação Ambiental de forma efetiva dentro da escola? “Acredito que o maior empenho da coordenação e professores fará com que a inserção da Educação Ambiental se torne efetiva”.

            Pode-se observar que o perfil e qualificação dos professores da escola JGP são semelhantes aos professores da escola Maria Helena Albaneze, eles tem um conhecimento regular sobre o tema, pois a formação superior que eles tiveram não tinha uma disciplina especifica sobre a Educação Ambiental, mas mesmo com essa deficiência na formação dos professores, eles se consideram preparados para trabalhar Educação Ambiental com os seus alunos.

            Foram feitas as mesmas perguntas para a professora de Ciências na Escola Maria Helena Albaneze. A conceituação de Educação Ambiental para a professora é considerada adequada, quando ela cita que “Educação Ambiental é a mudança de hábitos e atitudes com o objetivo de preservar o meio ambiente.” Quais as dificuldades e desafios que você encontra na escola quando organiza/planeja um projeto de Educação Ambiental?  “Vejo a dificuldade no planejamento escolar. Os professores deveriam se reunir e organizar projetos para sua efetivação”. Você realiza atividade de campo sobre o tema com os seus alunos? “realizamos passeios com os alunos, foi feita a visitação em locais como a mineração Vale no ano passado.”

            A questão da interdisciplinaridade funciona na prática nesta escola? “não”. O que precisa ser feito para haver a mudança nas práticas pedagógicas a fim de inserir a Educação Ambiental de forma efetiva dentro da escola? A interação dos professores deve existir para cumprir com os objetivos propostos para Educação Ambiental, o caminho para ocorrer à efetivação deste tema transversal é a colaboração de toda comunidade escolar.

             A professora de ciências da escola Tilma Fernandes se considera preparada para trabalhar com a Educação Ambiental. Ela realiza pouca atividade de aula de campo. No ano de 2015, segundo a professora, a escola receberá verba do município para realização de projetos de cunho ambiental. A justificativa da não realização de Projetos de maneira efetiva foi dada pela professora de ciências, que explanou a falta de recursos financeiros e principalmente a não interação dos professores. “a dificuldade maior é o envolvimento de todos os segmentos da comunidade escolar.”

            O desafio é aplicabilidade dessa prática na vida de todos. A Educação Ambiental tem que ser responsabilidade e competência de todas as áreas do conhecimento e não somente dos professores de Ciências ou Geografia. Nota-se que só as disciplinas específicas trabalham na elaboração de projetos de cunho ambiental.

            Foi verificado o conhecimento do tema quando se perguntou sobre o entendimento em Educação Ambiental. Considerando a entrevista da professora de ciências da escola CAIQ, ela relata que Educação Ambiental é “um processo contínuo de sensibilização de toda uma comunidade escolar para implantar ideias de respeito e consciência ecológica perante o meio em que se vive. A educação ambiental visa também, desenvolver hábitos equilibrados (sustentabilidade), atitudes defensoras e críticas, momentos reflexivos e aprendizado o suficiente para que os alunos propaguem esses conhecimentos também no círculo familiar.”

            Você se considera preparado para atuar com a Educação Ambiental? A professora respondeu que sim, mas como todo professor também é um pesquisador, ela relata que tem de existir a pesquisa para a qualificação. Quais as dificuldades e desafios que você encontra na escola quando organiza/planeja um projeto de Educação Ambiental?Um dos maiores desafios é fazer o aluno adquirir novos hábitos.  A mudança de hábitos exige tempo e persistência. Alguns alunos, mesmo com tantas explicações e depoimentos, insistem em manter atitudes incorretas, como por exemplo, não jogar lixo na lixeira, deixar a torneira pingando, dentre outros.”

            A questão da interdisciplinaridade em relação à Educação Ambiental funciona na prática nesta escola? “Infelizmente com a maioria das disciplinas, não”. O que precisa ser feito para haver a mudança nas práticas pedagógicas a fim de inserir a Educação Ambiental de forma efetiva dentro da escola? “Primeiramente considerar o aspecto ambiental como suma importância para a vida e isso independe de áreas curriculares; em seguida, desenvolver um trabalho em equipe, que envolva todos os professores e funcionários da escola.”

            Portanto, em relação à competência para atuar com a Educação Ambiental a professora se considera preparada, mas salienta que é necessário sempre se atualizar para que o conhecimento passado seja significativo.

A maior dificuldade encontrada na Escola CAIQ, como em todas as outras pesquisadas é a pouca interação entre os professores, não há um trabalho feito em equipe e isso muitas vezes compromete a inserção da Educação Ambiental de maneira efetiva.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            O desafio para se implantar a Educação Ambiental de forma continua são muitos, o ensino tradicional que muitos professores ainda utilizam deixa as aulas monótonas, sem dinamismo e diálogo. Prevalece, somente, a transmissão de conhecimentos dos professores e os alunos absorvem passivamente.

            Os professores não interagem entre eles e as disciplinas são expostas de maneira isolada. Há de ser observado que somente em datas comemorativas, como a Semana do Meio Ambiente ou o dia da árvore é que geralmente a Educação Ambiental é lembrada pelos profissionais da escola.

            Foi verificado que a interdisciplinaridade deste tema transversal, na prática, não funciona dentro das escolas pesquisadas.  Estudar ciências, geografia ou biologia e articulá-la na educação ambiental é fácil, mas o grande desafio que essas escolas enfrentam é de integrá-las nas outras disciplinas.

 

                Todos os documentos, normas e regulamentos da LDB que apontam para a obrigatoriedade do ensino interdisciplinar, não foram plenamente atendidos nas escolas pesquisadas, pois a realidade é totalmente diferente. Há trabalhos feitos como exemplo, às feiras de ciência que acontecem na Semana do Meio Ambiente, porém, são eventos que ocorrem uma vez ao ano, de forma isolada. Na verdade, os professores não são motivados, não procuram executar projetos, observou-se que só foi feito um projeto especifico, patrulheiros no meio ambiente, sobre Educação Ambiental, durante o ano no Colégio CAIQ.

                As escolas realizam poucas aulas práticas com os seus alunos, porém, mesmo que fossem realizadas aulas de campo, a escola não oferece recursos para que haja o exercício desta atividade, como foi verificado na escola Municipal Tilma Fernandes. Enfim, o problema está longe de ser solucionado, pois o caminho é longo e requer grandes esforços de toda comunidade escolar para traçar novos caminhos da Educação Ambiental em Corumbá.

                Não basta apenas ler, através dos livros didáticos, responder questionários prontos ou informar-se de modo informal sobre a degradação do meio ambiente sem um processo educativo. A mudança nos currículos escolares é essencial para que a Educação Ambiental se torne efetiva dentro das escolas.

            Diante do que foi exposto na amostra dessas escolas da Rede Pública de Corumbá, percebe-se que os profissionais da educação precisam se capacitar para haver a Educação Ambiental nas práticas pedagógicas, pessoas comprometidas com a educação e dispostas a executar o ensino de forma interdisciplinar e com a interação do aluno, pois ele já tem um conhecimento prévio que deve ser considerado pelo professor.

            Uma geração aprende com a outra e é possível compartilhar ideias através de debates e perceber um olhar critico sobre o tema, deixar que os alunos construam suas próprias respostas e depois dialoguem sobre elas.

 

REFERÊNCIAS

 

BRANDÃO, C.R. Comunidades aprendentes. In:FERRARO-JÚNIOR, L.A.(Org). Encontros e Caminhos. Formação de esducadores(ES) ambientais e coletivos educadores. Brasília:MMA, Diretoria de Educação Ambiental,2005.

 

BARRETO, V.P. A Educação Ambiental como proposta reflexiva da realidade. 2006.75p.Monografia do Curso de Pedagogia. Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2006.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais.

Brasília:MEC/SEF,1998.

 

FONSECA, V. M. A Educação Ambiental na Escola Pública: entrelaçando saberes, unificando conteúdos. São Paulo, 2009.

 

LAYRARGUES, P.P. Identidades de Educação Brasileira. In:MINISTÉRIO DO MEU AMBIENTE. (Re)Conhecendo a educação ambiental brasileira. Brasília, 2004.

 

MACEDO. R; FREITAS, M; VENTURIN, N. Educação Ambiental: Referenciais teóricos e práticos para a formação de educadores ambientais.Universidade Federal de Lavras.Minas Gerais: Editora UFLA, 2011.

 

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2005. Programa Nacional de Educação Ambiental –ProNEA. Ministério do Meio Ambiente , Diretoria de Educação Ambiental.2005. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/pronea3.pdf Acesso em: 18 ago.2014.

 

ROSS, J. Geografia do Brasil. Universidade de São Paulo. Editora: EDUSP.2009.

 

RUSCHEINSKY, A. Atores Socioambientais. IN: MINISTÉRIO DO MEU AMBIENTE. Encontros e Caminhos: Formação de Educado(res) Ambientais e Coletivos Educadores. Brasília, 2007.

 

TREIN. E. A contribuição do pensamento marxista à Educação Ambiental . IN LOUREIRO, C.F.B. (Org.). A questão ambiental no pensamento crítico. Rio de Janeiro. Editora: Penso. 2007.

 

TONIZE-REIS, M.F.C. Contribuições para uma pedagogia crítica na Educação Ambiental: reflexões teóricas. IN LOUREIRO, C.F.B. (Org.). A questão ambiental no pensamento crítico. Rio de Janeiro. Editora: Quart.2007.

Ilustrações: Silvana Santos