Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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11/09/2016 (Nº 57) O LIVRO DIDÁTICO E A SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DE BOTÂNICA NAS AULAS DE BIOLOGIA
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

O LIVRO DIDÁTICO E A SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DE BOTÂNICA NAS AULAS DE BIOLOGIA

 

lidiane de oliveira neves 1

GIRLENE SANTOS DE SOUZA2

 

1- Licenciada em Biologia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

2- Professora Associada 1 do Centro de Ciências Agrárias Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (girlene@ufrb.edu.br)

 

RESUMO

Alguns professores têm os livros didáticos como uma ferramenta que os guiam no seguimento das suas aulas e em vista disto como recurso pedagógico o livro deve contribuir na estruturação e desenvolvimento das atividades escolares. O estudo da Biologia como um todo leva a compreensão de que os eventos biológicos não são meros acontecimentos eles de alguma forma estão interligados e possivelmente se completam.   Diversas pesquisas são feitas á respeito dos Livros didáticos e é relevante afirmar que o mesmo tem deixado contribuições significativas no ensino das escolas e universidades públicas do Brasil. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e qualitativa nos livros escolhidos, buscando a base para uma maior compreensão do papel e da importância do livro didático para as aulas de Biologia no Ensino Médio, considerando a sua disponibilidade e acessibilidade. Depois foi feita uma análise de como vem sendo abordados os conteúdos de Botânica. As abordagens metodológicas adotadas nesta pesquisa consiste na análise de  amostras de livros didáticos, que foram  escolhidos de acordo com a sua utilização em   Escolas Estaduais do município de Cruz  das Almas. O livro didático não deve ser considerado como apenas um objeto disponível nas escolas é importante saber que sem eles a maioria dos registros existentes nas diversas ciências poderiam não ter alcançado as dimensões a que chegaram.

 

Palavras- chave: Livro Didático. Conteúdos de Botânica. Aulas de Biologia.

 

THE TEXTBOOK AND ITS INFLUENCE IN THE BUILDING OF THE BOTANY KNOWLEDGE IN BIOLOGY CLASSES

 

ABSTRACT

 

Some teachers have the textbooks as a tool to guide them in their classes and because of this as an educational resource the textbook should contribute in the structuring and development of school activities. The study of biology as a whole leads to the understanding that the biological events are not simple happenings they are somehow interconnected and possibly complement each other. Several researches are made about the textbooks and it is relevant to state that this one has left significant contributions in the education of public schools and universities in Brazil. A literature and qualitative research was made in the chosen books, searching the basis for a further understanding of the role and the importance of the textbook in Biology classes in the High School, considering its availability and accessibility. An analysis was made of how the Botany content has been approached. The methodological approach adopted in this research is the analysis of textbook samples, which were chosen according to their use in State Schools of Cruz das Almas city. The textbook should not be considered as just an available object in the schools it is important to know that without them most of the existing records in the various sciences could not have reached the dimensions that reached.

 

Keywords: Textbook. Botany contentes. Biology classes.

 

 

 

introdução

 

O livro didático possui papel fundamental na preparação das aulas por parte do professor e auxilia o aluno durante as aulas e no desenvolvimento de suas atividades na escola e em casa. Nas escolas públicas brasileiras o livro é a ferramenta didática distribuída durante o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.

O livro didático é bastante utilizado e é um importante elemento para a transmissão do conhecimento. Ele está inserido na escola, auxilia o professor na preparação de suas aulas e direciona aos alunos para a busca de novos conhecimentos.  A utilização do livro didático não é recente de acordo Sgnaulin (2012), foi no século XIX que surgiu no Brasil o primeiro livro. A partir de daí foi surgindo propostas para a regulamentação do livro didático nas escolas brasileiras e em 1929 foi criado Instituto Nacional do Livro (INL). Os livros didáticos disponibilizados ás escolas passam por uma serie de avaliações ate chegar á mão dos professores para a escolha.

 A utilização do livro didático é uma prática comum entre professores da área de Biologia haja vista é o único material didático disponibilizado em grande quantidade nas escolas publicas de Ensino Médio.  

Didático, então, é o livro que vai ser utilizado em aulas e cursos, provavelmente foi escrito, editado, vendido e comprado, tendo em vista essa utilização escola e sistemática.  Sua importância aumenta ainda mais em países como o Brasil, onde uma precaríssima situação educacional de ensino, marcando, pois de forma decisiva, o se ensina, como se ensina o que se ensina, ( LAJOLO,1998, p.04).

 

 Alguns professores têm os livros didáticos como uma ferramenta que os guiam no seguimento das suas aulas e em vista disto como recurso pedagógico o livro deve contribuir na estruturação e desenvolvimento das atividades escolares. Conduzindo o professor em uma forma dinâmica e interativa que possibilite na sua prática de ensino o total envolvimento do aluno no processo de aprendizagem.

 Professores de Biologia de escolas públicas afirmam que ao estudar o corpo humano e seu funcionamento o interesse é bem maior por parte dos discentes, eles ficam interessados, pois os acontecimentos estão relacionados com o seu próprio corpo e por esse fato lhes despertam um interesse maior. Os  alunos muitas vezes não se identificam com o estudo das plantas, pois tratam de um vocabulário de difícil entendimento, muitas coisas não são visíveis e não há como fazer um perfeito acompanhamento de todos os eventos mencionados . De acordo com os PCNEM:

 

[...] é objeto de estudo da Biologia o fenômeno da vida em toda a sua diversidade e manifestações. [...] O aprendizado da Biologia deve permitir a compreensão [...] dos limites dos diferentes sistemas explicativos [...] e a compreensão que a ciência não tem respostas definitivas [...] (BRASIL. PCN: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB, 2002, p. 219).

 

Nas escolas públicas nem sempre há disponibilidade de recursos áudio- visuais para a exposição das aulas e consequentemente é atribuída ao livro didático a responsabilidade de mostrar os acontecimentos relatados nos textos e toda a sua contextualização.

No Ensino de Botânica existe uma série de assuntos que, além dos textos, tem a necessidade da visualização de imagens e o emprego coerente dos conceitos. Com o uso das imagens o estudo dos ciclos de vida das plantas. Através da visualização de todo acontecimento fica bem mais fácil para o professor acompanhar e induzir a compreensão por parte dos alunos. Existem temas na Biologia que com a visualização das imagens e seus respectivos acontecimentos o aprendizado torna-se mais eficaz.

Os exemplos contidos nas imagens dos livros didáticos na maioria das vezes tratam de uma realidade mais distante do aluno. Seria bem mais significativo que as ilustrações trazidas pelos livros didáticos fizessem parte do dia a dia do lugar em que o aluno estivesse inserido.

 

Um dos problemas encontrados nas imagens trazidas pelos livros didáticos é a presença marcante de paisagens e espécies estrangeiras, substituindo àquelas características do Brasil, ou seja, mais próximas da realidade dos alunos. É importante destacar que, em momento algum se propõe uma crítica à presença dessas imagens, pelo contrário, o conhecimento não é limitado ao nosso bairro, cidade, capital, estado ou país, mas devemos utilizá-las em momentos adequados ao contexto trabalhado considerando-se o próprio conteúdo. (SILVA e CAVASSAN 2005, p.6).

 

Sabe-se que o livro pode ser a única ferramenta disponível ao aluno e o instrumento que constantemente auxilia o trabalho do professor. Portanto o livro didático deve possibilitar o aprendizado do aluno, em vista disto conhecendo o professor esta realidade fica, mas fácil saber qual o tipo de informação o aluno está tendo acesso.

O livro se constitui no representante da comunidade científica no contexto escolar. É nele que as ciências devem dialogar com outros tipos de saberes, como uma obra aberta, problematizadora da realidade, que dialoga com a razão para o pensamento criativo. (NUÑEZ et al., 2005, p.3).

 

 É importante que o professor tenha em mente que nem sempre as informações contidas no livro didático poderão ser verdades absolutas e que por esse motivo além do conhecimento próprio o professor deve buscar outros materiais que o auxiliem no preparo de suas aulas. O professor não deve ser refém do livro didático apoiando-se apenas nas práticas sugeridas por ele e nem  tão pouco ignorá-las como se as práticas sugeridas pelo autor do livro didático não tivesse fundamento algum.

 A partir da utilização do livro didático os professores juntamente com os alunos poderão verificar se há algum equivoco nos conceitos e informações empregadas fazendo com que os alunos tenham acesso ao tema com seus conceitos e observações de maneira correta para que eles venham aprender os muitos nomes e conceitos que são considerados distantes de sua realidade.

Todos os conteúdos expostos nos livros didáticos devem possibilitar ao aluno a compreensão dos conceitos e exercer ligações com o cotidiano do aluno. Mostrando que as ciências e todo seu contexto histórico tem grande importância para a formação e desenvolvimento da humanidade. Além de levar aos alunos a essa compreensão o livro didático deve possibilitar ao professor uma forma harmoniosa entre o ensino e aprendizagem para que ambas as partes sejam alcançadas pela prática de ensino desenvolvida em sala de aula.

Mais que um livro didático, as escolas públicas do Brasil necessitam de profissionais que ao criarem ferramentas didáticas repensem as necessidades inseridas dentro do contexto educacional que precisam ser solucionadas. Nem sempre as escolas dispõem de outros recursos que venham  auxiliar em algumas aulas. Mas a ausência de material didático não pode delimitar que assunto será abordado na sala de aula. Os conteúdos programáticos devem ser trabalhados independentes da ferramenta didática que a escola disponibiliza.

Verificando a importância da interação do livro didático para que ocorra um ensino e aprendizagem significativos, o presente trabalho teve como objetivo principal a analisar os livros didáticos do Ensino Médio, de escolas públicas para  a partir daí verificar se o livro didático contribui para a construção do conhecimento de Botânica nas aulas de Biologia, Verificar se os saberes científicos empregados nos livros de educação básica estão de acordo com os saberes empregados nos livros  utilizados  nos  cursos  de Biologia, conhecer o que pensam os professores a respeito do livro didático e sua utilização nas aulas.

Para obtenção dos resultados foi feito uma pesquisa qualitativa nos conteúdos de Botânica nos livros adquiridos para a pesquisa.

 

METODOLOGIA

 

 As abordagens metodológicas adotadas  nesta pesquisa consistem na análise de  cinco  amostras de livros didáticos que estão descritos no quadro 1 desta pesquisa. Esses livros didáticos foram  escolhidos de acordo com a sua utilização em  Escolas Estaduais do município de Cruz  das Almas.  

Foram analisados, conceitos relacionados à Botânica em livros de Biologia aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) e que estão sendo utilizados pelos professores nas escolas visitadas. Os assuntos de Botânica que foi o foco desta pesquisa estavam presentes em livros de volume único e nas edições  de volume dois.    

 Para a coleta dos dados obtidos em relação aos livros didáticos foi realizada uma pesquisa bibliográfica, qualitativa, que de acordo com Bogdan e Biklen (1997, p. 49):

 A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados “predominantemente descritivos”, por conter muitas descrições de pessoas, de situações, transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias e outros tipos de documentos. Por este motivo os dados serão recolhidos em forma de palavras ou imagens e não de números. A investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a ideia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo. ( BOGDAN; BIKLEN,1997, p. 49)

 

  Este tipo de pesquisa foi escolhido buscando a base para uma maior compreensão do papel e da importância do livro didático para as aulas de Biologia no Ensino Médio considerando a sua disponibilidade e acessibilidade.

Outra parte deste trabalho foi desenvolvida para perceber qual o envolvimento dos professores na escolha dos livros. Para isso foram entrevistados cinco professores por meio de um questionário o qual se encontra no apêndice A, contendo sete perguntas. A escolha desses professores se deu por parte das diretoras do colégio que ao tomar ciência dos objetivos da pesquisa, fazia o encaminhamento aos professores da área de interesse. Ao aceitar participar da pesquisa os professores receberam juntamente com o questionário um termo de consentimento livre e esclarecido o qual deixou- os informados sobre o destino das informações obtidas, os riscos e objetivos gerados com esta pesquisa.  Os cinco professores  entrevistados foram da disciplina de Biologia e tiveram indicação por parte da diretora do colégio.

Para saber o envolvimento dos professores na escolha do livro utilizado e qual a sua visão acerca dos conteúdos de Botânica abordados nos livros didático analisados foi aplicado um questionário objetivando buscar informações á respeito da formação e atuação profissional, a escolha do  livro dentre outros.

A participação dos professores nesta pesquisa teve grande importância  pois  foi possível notar  o que pensam  os  professores  acerca do livro didático  e da abordagem que eles fazem no ensino de Botânica.

 Para a pesquisa envolvendo animais e seres humanos a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, campus de Cruz das Almas, recomenda que o projeto seja submetido ao comitê de ética. Sendo assim este projeto foi submetido ao comitê de ética da Universidade Federal do recôncavo da Bahia para a qual foi gerado um CAAE com o N: 50892315.0.0000.0056.

Para o desenvolvimento do objetivo central deste trabalho que é analisar como o Livro Didático aborda os conteúdos de botânica e se ele contribui para a construção do conhecimento nas aulas de Biologia foram aplicados os indicadores adotados por Vasconcelos e Souto (2003): Abordagem Teórica, Recurso Visual e Atividades Propostas. Com base nesses critérios foi feita uma análise de como vem sendo abordados os conteúdos de Botânica.

A pesquisa nos livros didáticos levou em consideração a coerência nos saberes científicos empregados, à forma de linguagem empregada, a clareza no vocabulário, como as ilustrações vem sendo empregadas ao longo dos textos e se a junção dos textos com as ilustrações estão inseridos de forma a proporcionar ou não uma boa visualização dos acontecimentos mencionados.

 

Quadro 1- Livros utilizados para a pesquisa e que contem os assuntos de Botânica.

 

 

Obra                  

 

 Nome dos autores

 

 

Ano de publicação

Representação da obra durante a pesquisa

 Ser protagonista

 

Tereza Costa Osório

 

2013

 

 A

Conexão com a Biologia

 

Rita Helena Brockelmann

 

2013

 

 B

Biologia em contexto

 

Amabis e Martho

 

2015

 

 C

Biologia

 

J. Laurence

 

2009

 

 D

 

Biologia

 

César, Sezar e Caldini

 

 2014

 

 E

 

Quadro 2- Ser protagonista; Tereza Costa Osório ( 2013).

 

 

Capítulos

 

Principais temas abordados

 

 

6. Grupos de plantas e seus ciclos de vida

  1. Caracterizações gerais e classificação do reino das plantas.
  2. As briófitas
  3. As pteridófitas
  4. As gimnospermas
  5. As angiospermas

 

 

7. Estrutura das Angiospermas

 

1.    Os tecidos vegetais e suas funções

2.    Os órgãos vegetativos: raiz, caule e folha.

 

 

 

 

8. Fisiologia das angiospermas

  1. Absorção da água, condução da seiva e transpiração nas angiospermas.
  2. Nutrição mineral das angiospermas.
  3. Fotossíntese.
  4. Fitormônios: substancias de crescimento e de desenvolvimento das plantas
  5. Fotoperiodismo
  6. Os movimentos das plantas

Fonte: OSÒRIO, T. C; Ser Protagonista: Biologia. 2 ed. São Paulo. Edições SM. 2013

 

 

Quadro 3-  Conexões com a Biologia; Rita Helena Brockelmann (2013).

 

 Unidade

 

Principais temas abordados

 

2 Características e  classificação  das plantas.

 

 

  1. As briófitas
  2. As pteridófitas
  3. As gimnospermas

As angiospermas

3. Fisiologia das plantas

  1. Nutrição das plantas
  2. Hormônios vegetais
  3. Desenvolvimento das plantas
  4. Adaptações ao ambiente

Fonte: BROCKELMANN. R.H. Conexões com a Biologia. São Paulo, 2013.

 

Quadro 4- Biologia em contexto; Amabis e Martho (2015).

Modulo  2

 

Principais temas abordados

 Capitulo 4

A diversidade das plantas

 

 Capitulo 7. Morfologia e histologia das Angiospermas

 

 

 

 Capitulo 8.Fisiologia das fanerógamas  

Outros hormônios vegetais

Fonte: AMABIS, J.M; MARTHO, G.R. Biologia em contexto. S

 

Quadro 5- Titulo do livro: Biologia; J. Laurence (2009)

Unidade 2

 

Principais temas abordados

 

Capitulo 17. Os grandes grupos de plantas

1      Classificação das planta.(As briófitas, As pteridófitas ,As gimnospermas, As angiospermas)

2      Ciclo de vida das plantas

 

 

 

 Capitulo . 18 Morfologia  das Angiospermas

 

 

 

 

 

 

Capitulo 19 Histologia vegetal

 

           1 Germinação da semente

            2 A raiz     

            3   O caule

            4 As folhas

            5 Os fruto

 

 

   1  classificação dos tecidos vegetais

2       Os tecidos Permanentes

   3  Tecidos Meristemáticos

3      Estrutura interna das raiz

4      Estrutura interna do caule

 

 

 

 Capitulo 20. Fisiologia das fanerógamas  

1  Transpiração e transporte de seiva bruta

2  Fotossínteses e transporte de seiva elaborada

5      Fotossíntese e respiração

6      Movimentos (tropismos, nastismos)

7      Outros hormônios vegetais

Fonte: LAURENCE. J; Biologia: Ensino Médio. São Paulo: Nova Civilização, 2009.

 

Quadro 6- Biologia; César , Sezar e Caldini ( 2014)

 

Unidade 4

 

Principais temas abordados

 

 

 

 

 Capitulo 30. Os Principais grupos de plantas 

1      A diversidade das Angiospermas

2      A evolução das plantas

3      As características das plantas

4      Os grandes filos ( divisões do reino plantae)

5      As briófitas

6      As pteridófitas

7      As gimnospermas

8      As angiospermas

 

 

 Capitulo 31. Flor, frutos e sementes

 

 1   Flor,

 2   frutos

 3   sementes

 

 

 

 Capitulo 32 .Os tecidos vegetais 

 1 Fibras vegetais

         2 tecidos vegetais

3 Introdução a raiz, caule , folha

4 Os órgãos vegetativos e a reprodução   

 

Capitulo 33  A raiz , o caule e a folha

 

 1 Produtos vegetais

 2  raiz

 3 caule

 4 Folha

 5 Os órgãos vegetativos  e a reprodução  assexuada

 

 

Capitulo 34 Fisiologia I: O Transporte de água nas plantas

 

1 De onde vem a madeira

2 O solo

3 A água no solo

4 A absorção  de água e sais minerais

5 O caminho da seiva

6 A condução da seiva bruta

7 O floema

8 A teoria de Münch

9 A velocidade  e o sentido da condução

10 Transpiração

11 Os estômatos

12  Gutação e exudação

 

 

Capitulo 35 Fisiologia II: Nutrição vegetal – a fotossíntese

 

1 Planta come?

2 A fotossíntese

3 A luz e seu aproveitamento na fotossíntese

4 Na planta fotossíntese e respiração são processos integrados

5 Os fatores que influenciam na fotossíntese

6 Plantas de sombra e plantas de sol

7 Demonstração experimental da fotossíntese

 

 

 

 

 

 

 

Capitulo 36  Fisiologia III: Crescimento e                                                      

Desenvolvimento  da Planta

 

1  Os hormônios vegetais

2  A fisiologia de reprodução vegetal

3  Os movimentos das plantas

Fonte: JÙNIOR. C. S; SASSON. S; JÚNIOR. N.C; Biologia. 10 ed. São Paulo, 2010.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Os livros analisados possuem abordagem teórica dos conteúdos de forma similares, mas ao longo da análise foi possível verificar que a apresentação dos conteúdos se diferencia ao longo dos capítulos. Fato que não comprometeu a exposição dos temas, mas que possibilitou analisar como ocorreram melhoras na explanação dos conteúdos de Botânica nos livros didáticos.

 O tamanho dos textos empregados nos livros didáticos não os classifica como bom ou ruim.  Mas os textos devem nortear ao leitor, fazendo com que ele consiga assimilar cada conteúdo. O texto não deve estar resumido a ponto de fazer com que o leitor não consiga fazer o elo das sequências que compõe cada mecanismo abordado e não deve ser grande demais a ponto do leitor se perder dentro de inúmeras informações que englobem coisas desnecessárias para o contexto abordado.

 Embora cada livro analisado possuísse sua exposição didática   particular todos  os livros não deixaram de expor a parte central dos assuntos, que são  os conceitos empregados de forma coerente, é notória ainda assim, a ampliação do tema nas edições mais recentes. Além de explanar conteúdos expostos pelo currículo os livros trazem temas que envolvem o contexto social levando ao aluno a atentar para o seu importante papel  dentro da sociedade.

O livro A explana sua parte da Botânica na unidade três, como já foi descrito no Quadro 2. Nesta unidade é apresentado os grupos das plantas e seus ciclo de vida e ele enfatiza sobre a estrutura e a fisiologia das  angiospermas. Os textos empregados neste livro encontram-se de forma resumida porém  ele consegue orientar ao leitor sobre a definição e classificação dos organismos que compõe o reino das plantas. Em apenas uma página o autor consegui dizer que existe uma teoria atual que propõe que as plantas evoluíram de ancestrais protistas (OSÓRIO 2013; p 75), fala sobre os critérios utilizados para a classificação das plantas, ressaltando que essa classificação nortea- se em parâmetros anatômicos, morfológicos e a pouco tempo a genética molecular e bioquímica também foram incluídos como critérios para a classificação desses seres.

Outra ressalva importante a fazer é que dentro desta página introdutória o autor consegue  explanar um pouco sobre o código florestal definindo o que é e para o que serve, ele orienta ainda ações de cidadania ressaltando a importância de preservação da vegetação nativa das florestas. Mesmo com as deficiências apontadas ao longo dos anos acerca do livro didático, durante esta pesquisa nasce uma visão de que o livro didático é um grande aliado e que ele pode ajudar ao professor a desenvolver seus alunos como cidadãos comprometidos em preservar o meio em que vive garantindo recursos para as gerações vindouras.

O livro B teve destaque na atualização dos textos e na sequência didática que possui. Ele menciona  termos atualizados que são frequentes no ensino de botânica. Este livro busca através dos seus textos alertar aos leitores sobre a importância da relação que há entre ciência e sociedade. Na parte em que o livro trata sobre ciência e sociedade ele fala sobre a importância dos herbários. Segundo Brockelmann (2013) o herbário serve como um banco de dados que permite saber o grau de degradação da área, a quantidade de espécies eliminadas e também como um guia de reflorestamento. Em nem um outro livro analisado falou-se em herbários ou outros termos relacionados com ele e que estão diretamente ligado á Botânica. 

O livro didático C possui uma abordagem teórica bastante coerente, atualizada e uma sequência didática lógica, não fazendo confusão no cognitivo do leitor.

Os autores deste livro tiveram o cuidado de iniciar o capítulo situando ao leitor quanto à história evolutiva das plantas e sua diversidade e isso também acontece no livro E, que logo depois de citar as características particulares que distinguem os organismos de Reino plantae mostra como se deu o processo de evolução das plantas bem como a conquista ao ambiente terrestre.

Como recomendado nos PCN’s, o livro, C no inicio do capitulo, vem falando sobre o nosso dia a dia com as plantas, o que possibilita ao aluno atentar para a importância e a ligação com a vida humana. Nesse capítulo o autor leva aos leitores a perceber que lá nos antepassados as formas de vida existentes sofreram algumas adaptações e as plantas em virtude das mudanças ambientais foram mudando, suas formas, estruturas. 

De acordo com Amabes e Martho (2013), as plantas surgiram no período ordoviniano ( 485 Ma-443 Ma), por volta de 470 milhões de anos atrás. Essa posição do autor em levar ao leitor atentar-se para o desenvolvimento histórico das plantas deixa claro que assim como os ecossistemas se desenvolvem as plantas vão adequando-se ao ambiente ao qual foram inseridas.

 O livro D é a edição mais antiga utilizada em uma das escolas, ele vem em volume único e foi aprovado pelo Plano Nacional do Ensino Médio( PNLEM),  de 2009. A forma do conteúdo abordado neste livro se comparado aos demais livros analisados é bastante resumida, porém ele deixa clara a classificação das plantas em uma pequena organização didática. Suas páginas são marcadas pelo uso de grandes ilustrações folha a folha.

A parte teórica deste livro encontra-se distribuída em uma forma sucinta. Não se sabe se pelo fato do uso de muitas imagens o espaço dos textos acabou sendo comprometido ou se fora de forma intencional. O uso das imagens é considerado importante no processo de aprendizagem mais o autor deve ter o cuidado de perceber se o excesso de imagens impossibilita uma maior explanação dos textos. No livro didático deve haver um bom relacionamento entre as imagens e os textos.

Ao falar sobre os grupos atuais das plantas pode- se notar a ausência de termos que são abordados nos livros de Botânica utilizados nos cursos de ciências e Biologia. De acordo com Raven (2007) nas pteridófitas os esporos podem ser do tipo euposrangiados e leptosporangiados, mas esses termos não foram citados nos livros didáticos envolvidos nessa pesquisa.

 È comum ouvir professores de Ensino Superior falar acerca dos equívocos e faltas contidos nos livros didáticos, mas é importante ressaltar que os livros didáticos são escritos por professores de Ensino Superior de suas respectivas áreas que para facilitar a linguagem científica para os livros de educação básica acaba comprometendo o modo de aprendizagem dos conteúdos transmitido nos Livros didáticos.

Ao tratar sobre os tecidos vegetais cada livro trás sua distribuição didática particular e o emprego dos conceitos sequem corretamente e de forma clara. Mas nesta parte da análise destes livros vale ressaltar o emprego das imagens, parte fundamental na concretização da aprendizagem dos conteúdos.

Os temas abordados nas aulas de Biologia têm partes que são abstratos e com o auxílio de recursos que auxiliem na visualização de como ocorre esses fenômenos o ensino e aprendizagem será mais significativo.  Todos os livros analisados ao tratar sobre os tecidos vegetais ou histologia vegetal como é intitulada em um dos livros analisados ocorrem o emprego de imagens, mas no livro Biologia de J. Laurence (pag. 330) as imagens são muito atrativas e nítidas facilitando a visualização das imagens, este fato percorre por todo o livro não apenas no conteúdo analisado.

O livro E começa o capitulo de classificação do reino Plantae descrevendo sobre a diversidade das  angiospermas, grupo de grande valor econômico. O texto empregado chama a atenção do leitor para a dependência da espécie humana das plantas, seja para a alimentação ou indústria.

No começo de cada capítulo do livro A o autor coloca cerca de três questões objetivas que buscam opiniões pessoais acerca do tema proposto. Fazendo com que o leitor expresse o nível de conhecimento prévio existente acerca do tema proposto. Ele trás também atividades práticas no final de cada capítulo e perguntas que levam ao leitor relatar o que fora observado durante essas atividades. Esta prática dá ao aluno a oportunidade de aproximar-se do que foi abordado em sala e aula e ao professor a oportunidade de observar se o objetivo de suas aulas foi alcançado. No final de cada capitulo deste livro há questões objetivas e subjetivas que poderão ajudar aos alunos desenvolver o raciocínio acerca do assunto abordado em sala de aula.

O livro B possui questões no inicio e no final dos textos que são utilizadas para complementar o tema propostos, as questões empregadas tentam levar ao leitor a aprofundar-se no que fora proposto no texto sendo assim intitulada como “explorando as ideias do texto”. Assim como os demais livros ele possui questões objetivas e subjetivas no final de todos os capítulos.

No livro C ao decorrer de cada capítulo, ele apresenta atividades que possibilita ao aluno testar o que fora explorado na linguagem textual e discutir com os colegas causando discussão a respeito do tema e comunicação entre eles e, além disso, possui sugestões de atividades praticas.

  De acordo com Zabala (1998) a aprendizagem dos conteúdos estar classificada em três tipos: 1) conteúdos conceituais, 2) procedimentais e  3) atitudinais. As atividades práticas contida nos livros didáticos fazem parte dos conteúdos procedimentais onde o aluno tem a oportunidades de observar, classificar, traduzir, inferir e testar o que fora estudado em sala de aula. Através deste tipo de conteúdo o aluno poderá observar que o que ele tem estudado pode ser visto de uma forma pratica e real, não apenas de forma teórica, mas de forma aplicável.

O livro D e E trazem questões objetivas que possibilitam ao aluno aplicar o que fora explanado na aula e por serem questões de vestibular eles também estarão sendo preparados para ingressar no ensino superior. Esses exercícios contidos nos livros didáticos possibilitam ao aluno retomar ao que fora estudado em sala de aula, pois muitas vezes eles usam o próprio livro para procurar as respostas.

Como é observado em toda a história do livro didático, ele não é constituído apenas de textos, existe um elemento muito importante nos livros didáticos que são os recursos visuais. Eles são inseridos com o intuito de trazer de um modo real o que fora abordado em sala de aula facilitando a compreensão do aluno e possibilitando a sua interação com textos científicos. (VASCONCELOS e SOUTO, 2003).

 Ao ouvir conceitos os alunos em seu cognitivo podem imaginar e compreender a função de qualquer estrutura. Mas a visualização das imagens dá a possibilidade de tornar a compreensão, mas eficaz em relação ao conteúdo abordado em sala de aula.

O conhecimento humano é transmitido pela linguagem, que pode ser não verbal (sem o uso de palavras) (...) é encontrada em muitas manifestações: na pintura, pelas cores, figuras e por outros elementos utilizados pelo artista; na dança, pelo movimento e ritmo; na escultura, pelas proporções, formas, volume; na caricatura, na charge, nos cartuns. (RIBEIRO, 2003, p.12)

 

Quando se fala dos tecidos vegetais surge a grande necessidade da visualização e quanto falta o auxílio do microscópio, que é um problema encontrado na maioria das escolas, as imagens contidas nos livros didáticos dão a oportunidade de visualização de estruturas, tecidos e outros elementos que fazem parte do tema abordado que só são possíveis conhece- lós através do uso das imagens, devido à impossibilidade de vê- los a olho nu. As ilustrações nos livros devem apresentar-se com uma boa qualidade, possibilitando ao leitor a visualização adequada dos fatos aos quais pretendem ilustrar. Elas são muito importantes para o aprendizado, pois permite ao aluno identificar e classificar o objeto de estudo.

Segundo Vasconcelos e Souto (2003), a figura deve ter relação direta com o texto e possuir legenda autoexplicativa. Durante a pesquisa foi possível constatar que os livros analisados possuem imagens ao longo dos textos que permitem a aproximação do tema estudado com a visão de uma forma real.

Todos os livros analisados ao tratar sobre os tecidos vegetais ou histologia vegetal como é intitulada em um dos livros analisados recorrem ao emprego de imagens, no livro A e C não há uma boa nitidez quando trata da morfologia e anatomia das plantas a qualidade dessas imagens não são boas se compará-las com as imagens dos livros B, D e E.

As discussões a respeito do livro didático mesmo com todas as mudanças e avanços que vem acontecendo ainda continuam. E assim será com todo e qualquer instrumento que envolva a ciência.

A ciência está em constante mudança e os documentos que fazem os seus registros também passaram por mudanças. É recomendável que os autores dos livros didáticos tenham o cuidado de sempre atualizá-los, pois o livro nas escolas é um veículo das ciências, e se as ciências estão em constante mudança esse fato deixa claro a necessidade  de mudanças em seu veiculo de propagação.

Nas escolas públicas os professores utilizam os livros didáticos como fonte de pesquisa e também para programarem suas aulas. O livro didático tem sido alvo de muitas discussões e no decorrer dessas discussões muitas críticas têm sido levantadas a respeito do seu uso.

Existem expostos no PNLD alguns critérios que são considerados importantes para a escolha dos livros didáticos. E os professores podem tomá- los como base para fazer a escolha do livro utilizado. O envolvimento do professor na escolha do livro didático lhe possibilita exercer um importante papel social, pois quando se escolhe um bom livro será dada ao aluno a possibilidade de uma aprendizagem significativa e deste modo o aluno poderá contribuir com o seu convívio social utilizando os saberes adquiridos durante o período em que estudou.

Todos os professores entrevistados durante esta pesquisa possuem mais de dez anos atuando em escolas de Ensino médio e Ensino Fundamental. Eles lecionam as disciplina de Biologia, ciências e química e possuem pós- graduação nas áreas de microbiologia agrícola, fitotecnia, ciências agrárias e na área de educação.

O livro didático tem importância considerável na preparação das aulas nas escolas públicas brasileiras. E mesmo sendo utilizado por várias décadas o livro didático ainda hoje é objeto de muitas discussões. Ao entrevistar os professores pode constatar que existe uma variação na opinião acerca dos livros didáticos. Mas todos os professores se mostraram a favor do livro didático nesta pesquisa. 

Autores como Ceccantini (2006) e Trivelato (2003), relatam que devido à dificuldade que há em ministrar as aulas de Botânica os professores de Biologia acabam fugindo de temas relacionados a esta área, pois muitas vezes não conseguem inserir atividades que despertem curiosidade e que envolvam o aluno durante essas aulas.

Os resultados obtidos com essa pesquisa permite visualizar que os livros didáticos constituem importantes instrumentos que veiculam o ensino e a aprendizagem, sendo ele uma ponte entre o professor e o aluno no que diz respeito aos conteúdos abordados nas salas de aulas.

Este fato se torna perceptível ao aplicar o questionário os professores falam de sua concepção da importância do livro didático nas aulas de Biologia. Para esses professores o livro didático:

 

Professor 1: ”Permite ao aluno aprofundar-se no conteúdo trabalhado em sala de aula, fonte de pesquisa; ajuda quando apresenta imagens claras facilitando o trabalho do professor quando não é possível usar o data show, aplicação dos conteúdos através de exercícios.”

Professor 2: “Ele é importante porque o aluno consegue visualizar figuras, esquemas etc., que não são mostrados no quadro. Apresenta questões interessantes que ajudam a compreensão dos conteúdos”.

Professor 3: “Serve de apoio às aulas expositivas, entretanto com o advento da evolução e difusão tecnológica cada vez mais constante e o livro acaba sendo deixado de lado por parte dos alunos”.

 Professor 4: “sim, pois o livro didático, quando bem selecionado, pode direcionar algumas atividades pedagógicas”.

Professor 5: “Como não se tem laboratórios os livros didáticos são utilizados para facilitar a visualização das imagens pelos alunos”.

 

Os professores entrevistados utilizam os livros didáticos como base para a preparação de suas aulas. O livro didático nesta situação passa a ter a função de integrar o ensino por parte do professor e aprendizagem por parte do aluno. O aluno é construtor de seus saberes mais cabe ao professor à oportunidade de nas aulas, através dos conteúdos, atividade dentre outros proporcionar um campo de interação entre o ensino e a aprendizagem.

Os professores entrevistados durante essa pesquisa afirmaram que a leitura empregada nos livros era constituída de uma forma predominantemente cientifica. Esse fato não é considerado cientificamente ruim, mas o que os professores relatam é que por se tratar de um vocábulo distante da linguagem dos estudantes, torna o conteúdo com difícil compreensão. Os assuntos observados nesta pesquisa traziam uma linguagem própria do conteúdo abordado, com isso a linguagem empregada é comum ao tema abordado e não deve ser encarado como linguagem difícil ou distante da realidade do aluno. O professor deve trazer os alunos para a familiarização dos termos científicos necessários nos temas abordados em suas aulas. Com isso os alunos terão que apropria- se dos termos técnicos que englobam as ciências.

 Os alunos muitas vezes não compreendem o quanto é importante estudar os assuntos relacionados com a Botânica, mesmo que os professores se esforcem para demonstrar essa importância muitos deles ainda assim resistem, e não tomam consciência que todos os assuntos estudados independente da área que esta sendo estudada pode contribuir para a transformação da sociedade em que vivem.

A aprendizagem deve ser conduzida pelo professor e essa prática de conduzir o aluno no processo de aprendizagem deve levar ao professor compreender que o aprendizado do aluno deve ser o principal alvo na sua pratica docente. Com isso os livros didáticos trazem sequências e sugestões didáticas que auxiliam ao professor na condução do processo e ensino e aprendizagem. As sugestões didáticas contidas nos livros didáticos não devem ser desconsideradas, mas também não deve ser a única motivação para o professor inserir em suas aulas. O livro escolhido deve estar adequado ao contexto qual será inserido.

Autores como Ceccantini (2006) e Trivelato (2003), relatam que devido à dificuldade que há em ministrar as aulas de Botânica os professores de Biologia acabam fugindo de temas relacionados a esta área, pois muitas vezes não conseguem inserir atividades que despertem curiosidade e que envolvam o aluno durante essas aulas. Como já foi mencionado durante este texto, o livro didático é uma ferramenta que também possui função norteadora e que auxiliam ao professor durante o desenvolvimento das aulas. Nele o assunto deve estar exposto de forma que facilite a compreensão por parte dos alunos e possibilite a visualização de alguns fenômenos e estruturas que não são visíveis ao  olho nu, este fato tem como objetivo suprir a necessidade quando não há a possibilidade de uma aula de campo ou da utilização de laboratórios.

No que diz respeito aos assuntos de Botânica contidos nos livros didáticos os professores relataram que:

Professor 1: Muito resumido e sempre com exemplos que não são comuns no cotidiano dos alunos.”

Professor 2: “Os assuntos de Botânica são pouco utilizados pelos alunos, apesar da abordagem ser interessante.”

Professor 3: “Adequado.”

Professor 4: “Acredito que sabendo explorar podemos obter bons resultados na construção do conhecimento”.

Professor 5:“Textos muito científicos, palavras complexas para o cognitivo do aluno”.

 

O resultado obtido com as falas destes professores acerca do assunto de Botânica contido nos livros didáticos possibilita enxergar que existem pequenas lacunas nos conteúdos de Botânica as quais são advertidas nos PCNs, como por exemplo, a de relacionar os exemplos dos objetos de estudo com a realidade do aluno. Com as inúmeras diversidades existentes em países como o Brasil fica impossível relacionar o assunto com a cultura de cada região pois, seria um trabalho inviável para as editoras dos livros didáticos, mas nos livros didáticos podem conter exemplos, figuras, acontecimentos inseridos na cultura do próprio país e as riquezas nelas contidas.

 Esta ligação pode diminuir a aversão dos alunos com o tema e fazer com que sejam compreendidos que os vegetais são peças importantes para a existência da vida e que a sobrevivência das demais espécies animais não existiriam  se não houvesse os vegetais (RAVEN et al., 2007; FARIAS; 2012). 

Os assuntos de Biologia no ensino Médio são passados de forma fragmentada. Por vezes é por conta do calendário continuamente apertado, mas a maioria das vezes essa fragmentação de conteúdos se dá por parte do próprio livro didático. De acordo com Krasilckih (2005), a fragmentação de conteúdos de Biologia no Ensino Médio tem acarretado na falta de articulação entre os processos evolutivos e o estudo dos fenômenos biológicos este fato tem afetado as áreas de ensino de Zoologia e Botânica. 

No que diz respeito sobre o envolvimento do Livro Didático em suas aulas foi perguntado aos professores qual o envolvimento do livro didático em suas aulas?

Professor 1:”Sempre utilizo o livro didático em minhas aulas. Os alunos fazem exercícios, estudos dirigidos e/ou acompanham as aulas pelo livro.”

Professor 2: “Serve de suporte pra observação de ilustração e material de apoio pra pesquisa e leitura sobre os termos expostos, além da resolução dos exercícios propostos”.

Professor 3: “Utilizo para aplicar exercícios e para estudo em casa”.

Professor 4: “Sempre que possível procuro valorizar a utilização do livro, resolvendo os exercícios, fazendo as leituras complementares propostas.”.

Professor 5: “Preparação das aulas, resolução das atividades, pesquisas”.

 

O professor deve ter uma posição autônoma, uma visão critica e reflexiva em relação à utilização do livro didático em suas aulas. O livro pode ser um recurso de ajuda para o professor, mas ele não tem por obrigação utilizá-lo em todas as suas aulas.

 Com ou sem o livro o professor deve desenvolver construir sua meta de ensino, buscando desenvolver uma prática pedagógica particular, possibilitando a interação do aluno no processo de aprendizagem (D’ÁVILA, 2008). Para os professores envolvidos nesta pesquisa foi observado que  o livro didático servi de suporte para a preparação das aulas, resolução de atividades, pesquisas e estudo para casa. Mesmo não sendo a única ferramenta didática o livro didático é ainda a mais utilizada.

 O livro didático como ferramenta de auxilio a prática pedagógica tem lhe ajudado?

Professor 1: ”Sim. Com ele os alunos aprendem mais e ficam mais interessados nas aulas, fazem atividades e acompanham ás aulas.”

Professor 2: “Sim, suporte pra pesquisa, ilustração de conteúdos  e exercícios propostos”.

Professor 3: “Sim a linguagem é clara, as imagens claras os textos não são muito longos e estão atualizados. Poderia ter mais exercícios.”

Professor 4: “Sim, pois o livro didático, quando bem selecionado, pode direcionar algumas atividades pedagógicas.”

Professor 5: “Sim. Pela falta de laboratórios.”

 

Foi possível constatar durante esta pesquisa que os livros didáticos tem se enquadrado aos novos avanços das ciências tanto no contexto cientifico como no contexto gramatical, o qual tem passado por mudanças na língua portuguesa.  Nesta pesquisa para saber à respeito de erros ou contextos desatualizados que aparecem nos livros didáticos foi perguntado aos professores qual á sua posição diante disso:

 

Professor 1: “ainda não encontrei!”.

Professor 2: “sim, fiz correção em sala de aula com os alunos, mais frequentes que encontro é com relação à classificação das plantas. Taxonomia”.

Professor 3: “sim faço correções com os alunos, em sala de aula”.

Professor 4: “Sim aproveito esta situação para colocar para o aluno que o livro didático pode ter erros de digitação, está desatualizado ou até mesmo conter informações erradas. Todo material pode conter falhas.”

Professor 5: “Sim, disse que havia um equivoco, resposta não tinha haver com a proposta da pergunta.”

 

Dos professores entrevistados pode-se notar que apenas um não encontrou nenhum erro no livro didático. Os demais já encontraram erro de taxonomia, contextos desatualizados, a resposta não condizia com a pergunta dentre outros.

Os erros contidos nos livros didáticos são um assunto que constantemente é ressaltado em pesquisas acadêmicas e nas salas de aulas por parte de professores. Quando se trata de erros nos livros de Biologia isso leva a reflexão de que os fenômenos biológicos passam por sucessivas transformações deixando claro que as suas ciências não são imutáveis. Portanto os autores dos livros didáticos devem ter a sensibilidade de sempre tomar ciência  dessas mudanças e inseri-las nos livros.

È inevitável dizer que o livro é uma ferramenta didática que tem um papel importante no desenvolvimento do aprendizado nas salas de aulas e na condução desse processo durante a concretização do ensino e aprendizagem. A utilização do livro didático nas aulas não é uma pratica ruim mas deve levar em conta uma serie de considerações no que diz respeito a forma de como esses livros contribuem no auxilio ao professor e ao mesmo tempo ajuda  ao aluno na construção e concretização do conhecimento.

            Durante a aplicação dos questionários com os professores foi possível notar que eles reconhecem a importância do livro didático e que essa era a ferramenta didática mais utilizada pelos professores entrevistados. Alguns dos livros até mesmo de edições antigas.

A falta de laboratórios é assunto comumente abordado em trabalhos e pesquisas que envolvam as Ciências biológicas. E assim como o uso livro didático tem levantado questões o uso de laboratório é motivo de discussão, e essas discussões não são recentes, por vários anos procura-se alertar para essas questões. Essa ressalva é feita dentro deste trabalho, pois um dos professores entrevistados relata que o uso do livro didático em suas aulas se dá pelo fato de não haver laboratório na escola.

Muitos dos fenômenos mencionados no ensino de Botânica e nas diversas áreas da Biologia não são visíveis ao olho nu. E esse fato causa um distanciamento do aluno com o tema abordado. Por este motivo no livro didático deve conter figuras que aproximam ao leitor da realidade dos fenômenos estudados. A visualização dos acontecimentos  tem grande importância para que ocorra uma compreensão mais ampla dos temas abordados para facilitar o aprendizado  por parte dos alunos.

 

CONSIDERAÇÔES FINAIS   

 

Esta pesquisa teve como finalidade analisar livros didáticos do ensino médio, o envolvimento dos professores na escolha do livro didático, qual a visão desses professores a respeito do envolvimento do livro didático em sua pratica docente e qual a sua visão acerca da abordagem dos conteúdos de Botânica nesses livros. A análise dos livros didáticos nesta pesquisa levou-nos a perceber que ele exerce papel importante no desenvolvimento das aulas de biologia e que uma boa parte dos professores das escolas públicas utiliza o livro didático como fonte de pesquisa para o andamento de suas aulas.

Estes professores tem a plena consciência que o livro didático os auxiliam em suas aulas, mas não deve ser a única ferramenta didática utilizada.

O professor possui um importante papel na escolha desse recurso didático e ao escolhê-lo deve atentar para a realidade de seus alunos fazendo com que o aluno possa relacionar os conteúdos com a sua vida cotidiana. Os conteúdos devem partir em uma discussão ligada com situações ou objetos associados com a localidade em que o aluno esteja inserido.

O Ensino de Botânica não estar resumido em morfologia, anatomia e fisiologia das plantas, através deste ensino o professor pode despertar ao aluno a pensar em uma sociedade que valoriza os recursos que foram dados pela natureza e assim os alunos compreenderam  a importância de estudar  a Botânica e que assim como as outras áreas da Biologia a Botânica  está em constante envolvimento com questões que proporcionam   o desenvolvimento e bem estar da humanidade.

No ensino de Botânica há uma grande preocupação por parte dos professores, pois esta área da Biologia traz assuntos que necessitam do emprego de termos científicos que muitas vezes torna o assunto com uma linguagem difícil para os alunos. Existem termos que são comuns no ensino de botânica e que não aparecem nos livros didáticos do ensino médio. Possivelmente esses termos só serão conhecidos pelos alunos se eles optarem em fazer um curso nesta área especifica.

Muitas são as criticas que são feitas aos livros didáticos, mas vale salientar que ele tem obtido avanços significativos no decorrer destes últimos anos. Este fato se torna perceptível quando ao analisar edições de anos diferentes percebeu-se que os livros didáticos trazem um avanço no ensino de Botânica.  O emprego de novos termos e as práticas educativas sugeridas nos livros são elementos que evidenciam as mudanças feitas no decorrer das edições dos livros didáticos.

Foi possível visualizar nos livros didáticos analisados atividades que possibilitam a aproximação do aluno com tema abordado. Essa aproximação dá ao aluno a oportunidade de ver que os acontecimentos estudados durante as aulas de Botânica embora muitas vezes não são possíveis acompanhá-los ao olho nu fazem parte do dia a dia de cada ser vivo.

Essa pesquisa leva-nos a reflexão a respeito de que o Ensino de Botânica tratado nos livros de Biologia deve proporcionar não apenas formação de conceitos, mas também uma formação integradora que possibilite tanto ao aluno quanto ao professor tomar consciência de sua atuação como cidadão, fazendo o uso das ciências que estudam para o desenvolvimento da sociedade a qual estão inseridos.

O livro didático não é um mero livro, ele é uma importante ferramenta didática que auxilia o processo de ensino e aprendizagem e por esse motivo deve estar adequado para o uso dos participantes deste processo. Existem termos no ramo da Botânica que possivelmente os alunos só conheceram se optarem em fazer um curso de Biologia, mas sempre que possível o professor pode fazer ressalvas de termos que conhecem e que muitas vezes não aparecem nos livros didáticos utilizados no Ensino Básico.

Por essa necessidade o professor deve buscar estratégias de ensino que tornem a aprendizagem de botânica mais dinâmica. Os livros didáticos analisados sugerem para ser incluídos nas aulas passeios, visitas a jardins botânicos ou estufas, aulas praticas envolvendo a confecção de herbários estas praticas de ensino sugeridas nos livros didáticos podem contribuir de forma significativa ao aprendizado do aluno e enriquecer a forma de como é trabalhado o ensino de botânica.

 

REFERÊNCIAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos