Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
11/09/2016 (Nº 57) CONHECIMENTO PRÉVIO DAS CRIANÇAS SOBRE O RECURSO ÁGUA
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CONHECIMENTO PRÉVIO DAS CRIANÇAS SOBRE O RECURSO ÁGUA

Alexandra Nascimento de Andrade1

Priscila Eduarda Dessimoni Morhy2

Elder Tânio Gomes de Almeida3

Silvia Alves de Souza4

Adana Teixeira Gonzaga5

Lívia Aguiar de Andrade6

Renata Gomes da Cunha7

Augusto FachínTerán8

 

1,2,3,4,6,7 Mestrandos do Programa Pós-graduação em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia. Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Membros do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação em Ciências em Espaços Não Formais (GEPENCEF) da UEA. Manaus, Amazonas. Bolsistas da FAPEAM e da CAPES. e-mail: alexandra_deandrade@hotmail.com, primorhy@hotmail.com, elder.tanio@gmail.com, silviaufamsouza@hotmail.com, lyvia_amanda@hotmail.com, cunhare30@gmail.com

5 Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação em Ciências em Espaços Não Formais (GEPENCEF) da UEA. Manaus, Amazonas. e-mail: adanatg05@gmail.com

8Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia. Universidade do Estado do Amazonas. Líder do GEPENCEF. Manaus, Amazonas, Brasil, e-mail: fachinteran@yahoo.com.br

Resumo: O conhecimento prévio é um importante indicador sobre o saber que o individuo traz em sua bagagem cognitiva sobre determinado assunto, e quando identificado e avaliado, pode ser usado pelo professor para gerar novos conhecimentos no estudante. Este artigo visa identificar os conhecimentos prévios das crianças sobre o recurso água. O trabalho foi realizado por meio de uma atividade desenvolvida em uma turma do segundo período, com vinte e duas crianças da Educação Infantil, com idades de quatro a cinco anos, em um Centro Municipal de Educação Infantil - CMEI, situado na zona leste de Manaus, AM. Foram realizadas atividades lúdicas sobre a temática, utilizando os desenhos e a “roda de novidade” para verificar o conhecimento prévio que as crianças trazem sobre esse recurso. Por meio das falas das crianças foi possível notar a descrição de proporcionalidade da água, sua origem, noções de funcionalidade, conhecimentos sobre a preservação, conscientização e conexão com doenças. Nos desenhos analisados, os alunos envolveram os ambientes em que estão inseridos, reafirmando a presença desse recurso no cotidiano dos alunos. Os conhecimentos registrados sobre o recurso água permitem afirmar que é possível aprofundar essa temática nas crianças, tanto em sala de aula como em espaços educativos não formais, conectando os conhecimentos prévios a novos conceitos sobre a água.

Palavras-chave: Água. Conhecimento prévio. Educação Ambiental. Educação Infantil.

Abstract: The prior knowledge is an important indicator about the knowledge of the subjects concerning a particular subject, and when identified and assessed, allow the teacher to generate new knowledge for the student. This article aims to identify prior knowledge of children on water resources. The work was carried out through an activity developed in a class of the second period, with twenty-two children from kindergarten aged four to five years on a Municipal Center for Child Education - CMEI, located in the east of Manaus Am. Recreational activities on the theme were performed using the drawings and the "new wheel" to check the previous knowledge that children bring about this feature. Through the speeches of these children, it was possible to observe the description of proportionality of the water, its origin, feature ideas, knowledge preservation, awareness and connection with disease. In the drawings, analyzed by the students involved the environments in which they are inserted, confirming the presence of this feature in the students' daily lives. The knowledge recorded on water resources allow us to state that it is possible to deepen this theme in children, both in the classroom and in non-formal educational spaces, connecting prior knowledge to new concepts about the water.
Keywords: Water. Previous knowledge. Environmental education. Child education.
 

Introdução

O conhecimento prévio que os estudantes trazem em sua bagagem cognitiva é um importante subsidio que possibilita aos professores desenvolverem atividades que permitam elaborar novos conhecimentos sobre uma temática em particular, sendo uma delas o tema água. Essa temática é uma necessidade urgente a ser trabalhada na escola, visto que o Brasil tem passado por uma crise hídrica provocada por diferentes fatores, entre elas: mudanças climáticas, má gestão dos recursos, desperdício e falta de conscientização ou pelo distanciamento do ser humano com esse elemento.

A água propiciou a evolução da raça humana possibilitando sua existência e permanência neste mundo, entretanto, com o passar das eras o homem foi perdendo o elo com a natureza e fragmentando sua relação com este recurso. Essa mesma água que mata nossa sede, lava nosso corpo, nossas roupas, ofertam-nos alimentos, servem de estradas aos navegantes é a mesma que recebe nossa poluição, é coberta por petróleo, e é desperdiçada sem nenhum remorso (PENEIREIRO, 2014).

Vivemos em um momento onde se faz necessária uma profunda reflexão sobre o modo que temos tratado um dos recursos mais preciosos que é água. Por isso a necessidade de se desenvolver desde a mais tenra idade, trabalhos com temáticas que abordem os recursos naturais, utilizando suas práticas diárias e saberes prévios são essenciais para construir um futuro ecologicamente correto.

Este recurso, devido a sua importância tem uma data especifica para sua celebração no calendário, 22 de março, data em que se comemora o dia mundial da água. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi identificar nas crianças da educação infantil a importância do recurso água a partir de seu conhecimento prévio.

Água um recurso importante para a manutenção da vida

Á água é a dimensão essencial para a vida no planeta Terra, pois ela contribui para a perpetuação de todas as espécies e é fundamental no desenvolvimento e manutenção da vida, uma vez que está relacionada à saúde das populações, a produção de alimento e de energia, entre outras funções importantes (PIZA & FACHÍN-TERÁN, 2013). Para Bacci e Pataca (2008) a água “escreve a história, cria culturas e hábitos, determina a ocupação de territórios, vence batalhas, extingue e dá vida às espécies, e determina o futuro de gerações”.

Apesar de a água possuir uma valoração imensurável tanto no seu aspecto ambiental, cultural e econômico, na atualidade ela é tratada apenas como uma “coisa” a ser consumida de maneira irresponsável e insustentável. Friedrich (2014) sinaliza para que tomemos cuidado com a forma gananciosa e destrutiva do homem que leva em consideração somente a conquista, a quantidade, a dominação e a produção desmesurável para preservar seu modo de vida consumista. Ainda de acordo com Friedrich (2014), é necessário que o homem se reconecte com a natureza, haja vista que o primeiro depende da segunda. Assim pertencemos à água, pois a vivenciamos diariamente, Peneireiro (2014) diz que “somos parte de um todo, um organismo só” e como parte desse todo, dependemos desse elemento.

Estamos enfrentando uma grave “crise socioambiental” crise essa desencadeada pela “visão de mundo centrada no utilitarismo dos bens naturais”, o que nos coloca diante de um dos grandes desafios atuais da humanidade, que é cuidar da água como elemento primordial, para a manutenção da vida na Terra (PENEIREIRO, 2014). Devemos cooperar com e pela água, para que haja uma reconexão, interação e transformação do ser humano em relação à natureza, um resgate de sentidos e sentimentos que adormecem dentro de nós, sendo essencial que brotem a sensibilidade, que se cultive a vontade de pertencer, que se sintam inseridos na água, e dessa forma a sociedade construa novos saberes, e que possam surgir novos caminhos sustentáveis, éticos e morais com a água.

O conhecimento prévio

Com intuito de trabalhar assuntos como a água, que é um recurso presente em nosso cotidiano, é importante a verificação dos conhecimentos prévios das crianças. Teixeira e Sobral (2010) descrevem que:

Os conhecimentos prévios podem ser considerados como produto das concepções de mundo da criança, formuladas a partir das interações que ela estabelece com o meio de forma sensorial, afetiva e cognitiva, ou, ainda, como resultado de crenças culturais e que, na grande maioria das vezes, são de difícil substituição por um novo conhecimento (p.669).

As crianças trazem consigo suas experiências e vivências sobre determinadas temáticas e o professor pode utilizar esses conhecimentos para trabalhar novos conhecimentos. Piaget (1976) e Vygotski (2002) destacam que os conhecimentos são sim estruturados a partir do que já se conhece entre os alunos. Verificando assim, que os conhecimentos prévios são vitais na formação de novos conceitos, sendo necessário que os professores planejem práticas que instiguem a reflexão das crianças de maneira contextualizada com os temas e conteúdos abordados em sala de aula.

Tanto é relevante que o professor crie oportunidades para o estudante ampliar o que já conhece quanto tenha a consciência de que tais oportunidades podem conduzir ao desenvolvimento de conhecimentos paralelos aos que os estudantes já tinham, resultando em um acervo múltiplo de conceitos a serem empregados em contextos que estes julguem apropriados (TEIXEIRA & SOBRAL, p. 669, 2010).

Dessa forma os conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos devem ser levados em consideração, pois os mesmos fazem parte da estruturação dos conceitos de cada indivíduo. Podendo ser trabalhados por meio de problematização, onde o educador através de perguntas desenvolva a criticidade e a construção de novos conhecimentos por meio da curiosidade.

A problematização pode ser articulada como primeira ação. Explica Silva (2005, p.9) que “a busca de conhecimentos prévios pode se dá através do conflito. Este gera dúvidas levando a busca de novos conhecimentos”. Nutrir as dúvidas por veredas das perguntas é importante para as crianças buscarem de maneira lógica, as respostas com alicerce pré - estabelecidos cognitivamente em suas experiências.

Tornar as crianças autônomas para estruturar os conceitos que as mesmas já possuem com outros que ainda estão descobrindo, é uma das chaves para tornar o ensino um pouco mais prazeroso e principalmente mais significativo para as crianças que fazem parte desse processo.

Procedimentos Metodológicos

A pesquisa foi realizada por integrantes do Grupo de Estudo e Pesquisa em Ensino de Ciências em Espaços não Formais (GEPENCEF), do Programa de Pós-graduação em Educação do Ensino de Ciência na Amazônia (PPGEEC), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A coleta de dados ocorreu durante atividade comemorativa pelo dia da água, realizada no Centro Municipal de Educação Infantil-CMEI Professora Ângela Maria Honorato da Costa, situada na zona leste de Manaus, com 22 crianças de 4 e 5 anos da Educação Infantil.

O tipo de pesquisa é qualitativo, e é fundamentalmente interpretativa, pois inclui o desenvolvimento da descrição, caracterizando-se como uma análise de dados, para identificar temas ou categorias, a fim de tirar conclusões sobre seus significados (CRESWELL, 2007).

Baseando-se no conceito anterior, na escola foram realizadas atividades lúdicas sobre o tema água, verificando através de desenhos e conversas informais o conhecimento que as crianças trazem sobre o recurso água e por fim descrevemos os conhecimentos prévios das crianças. Todas as falas das crianças foram gravadas mediante uso de gravador de celulares, as quais depois foram usadas durante o processamento das informações.

Durante as atividades, realizou-se uma “roda de novidade” apresentando a água em uma encenação, onde foi feito um diálogo com as crianças com as seguintes perguntas: Onde encontramos água? Como utilizamos a água? Como economizar a água? Após essa atividade, apresentamos o Vídeo “Turma da Mônica” e cantamos juntamente com as crianças a música: “Água vamos economizar”. As crianças jogaram um “jogo da memória” que traziam figuras referentes á água e sua importância. Foi realizada a dança da chuva tendo por base a dança indígena, com o simples objetivo de fazer com que as crianças entendam que vivemos em um mundo com diversidades culturais. Por fim as crianças foram convidadas a desenharem o que gostaram da atividade realizada.

Resultados e Discussão

A pesquisa identificou os conhecimentos prévios das crianças sobre o recurso água. Trabalhar o dia mundial da água foi um elo entre esta temática e as informações intuitivas que as crianças já possuíam sobre esse recurso. A partir da oralidade das crianças na Educação Infantil, chegamos ao entendimento que elas se apropriam de seus conhecimentos adquiridos do cotidiano para explicar e entender o conteúdo apresentado.

Ao analisar as falas dos alunos (quadro 1) foi possível notar que os mesmos têm conhecimentos prévios sobre a água que perpassam por vários caminhos do conhecimento.

Quadro 1: Falas dos alunos em relação com as áreas de interesse.

Área de interesse

Fala dos alunos

Funcionalidade

-                     Pra tirar a sede;

-                     Pra lavar a mão;

-                     Pra lavar o neném;

-                     Meu irmão não gosta de lavar a cabeça;

-                     Minha mãe da banho no cachorro, com a mangueira.

Preservação

-                     Professora: e pode sujar as águas dos rios?

-                     Alunos: não;

-                     Professora: e a água da piscina;

-                     Alunos: não.

Conexão com doenças

-                     O mosquito da dengue;

-                     Tem que...tem que... tampar a caixa d’água;

-                     Aluno: também tem que limpar as panela e não pode deixar nada sujo.

Conscientização

-                     Aluno: também tem que fechar a torneira;

-                     Professora: o menino foi lá lavar a mão e o que ele fez?

-                     Aluno: ele desligou;

-                     Professora: por quê?

-                     Aluno: por que tava pingando;

-                     Alunos: tem que desligar água.

Proporcionalidade

Origem da água

-                     Da chuva;

-                       Mas ela é muito grande, não dá pra desenhar;

-                       É a chuva pra água não acabar aqui. É você! Eu vi o sol e me deixou com muito calor;

-                       Professora: e o que você fez?

-                       Aluno: bebeu a senhora.

Fonte: Os autores

É possível observar que os alunos têm falas que descrevem a proporcionalidade da água, a origem da mesma, noções de funcionalidade, conhecimentos quanto à preservação, conscientização e por fim ainda conexão com doenças (Quadro 1). Esta informação torna possível ao professor trabalhar esses conhecimentos no dia a dia escolar do aluno. Conectar conhecimentos prévios e novos conceitos sobre a água poderia ajudar de maneira geral na formação conceitual de cada estudante envolvido em atividades deste gênero.

Sobre Educação Infantil, Noronha e Sarmento (2010) dizem que para entender a infância é preciso realizar um exercício do olhar a partir da criança, procurando entendê-las como pensam, agem e veem o mundo, somente dessa maneira compreenderemos esta complexidade que é a infância. Com o intuito de entender o universo das crianças a roda da novidade foi desenvolvida no início da atividade feita no centro da sala de aula.

Durante a roda da novidade (Foto 1) foi possível notar através das falas das crianças o conhecimento prévio dos mesmos sobre o tema água, em virtude deste tema estar vinculado em suas vidas o que é manifestado nas falas dos alunos: “pra tirar a sede”; “pra lavar a mão”; “pra lavar o neném”; “meu irmão não gosta de lavar a cabeça” e “minha mãe da banho no cachorro, com a mangueira” (Fonte: gravação de áudio 1, 22 de março de 2016).

Foto 1: Roda de conversa entre aluno e pesquisadores

Fonte: ANDRADE, 2016

Na roda de conversa foi possível introduzir conceitos de extrema relevância para os alunos ativando os conhecimentos dos mesmos. Moreira (2012) expõe uma reflexão geral sobre o conceito de aprendizagem significativa que é uma interação entre a ideia apresentada e o conhecimento que o individuo já sabe sobre o assunto tratado, mas esta interação se formaliza de maneira substantiva e que não segue princípios lógicos individuais da criança, é uma relação do que já foi vivenciado com a nova informação exposta. Cabral e Fachín-Terán (2011) expressam que Ausubel traz a valorização do conteúdo de maneira hierárquica, em virtude de haver um elo entre uma nova informação adquirida e os conhecimentos prévios (subsunçores) trabalham como ancoras para o entendimento do aluno.

Após a “roda da novidade” houve o desenvolvimento de um “jogo da memória” (Foto 2), tendo como objetivo principal a identificação dos alunos com a realidade exposta nas imagens e por fim conseguir expor para os mesmos as ações preventivas de desperdício de água que podem ser encontrados no dia a dia da criança, causando impactos variados nas mesmas. O diálogo apresentado a continuação, mostra o despertar deste uso consciente da água tendo como referencia as imagens apresentadas:

“Aluno 1: também tem que fechar a torneira; Professora: O menino foi la lavar a mão e o que ele fez?; Aluno 2: Ele desligou; Professora: por quê?; Aluno 1: por que estava pingando; Alunos: tem que desligar a água!” (Fonte: Gravação de áudio 2, 22 de abril de 2016).

Segundo Sarmento (2002) o contato com o a realidade por intermédio dos seus sentidos leva às crianças ao desenvolvimento de sua imaginação em razão delas reproduzirem aquilo que seus sentidos captam das experiências vivenciadas, interpretando a partir de seu olhar em sua imaginação.

Foto 2: Atividade de jogo da memória com os alunos

Fonte: MORHY, 2016

Após essa atividade os alunos assistiram a um vídeo em que eram retratadas de maneira didática as mais diversas ações que podem ser desenvolvidas pelos alunos para se economizar o recurso água e por consequência a sua importância para o meio.

Na última atividade se representou a “dança da chuva” feita por alguns povos indígenas para que fosse aguçada a imaginação de cada criança e focar a atenção das mesmas na atividade final que foi o desenvolvimento de um produto (desenho). Segundo Sarmento (2002) o contato com o a realidade por intermédio dos seus sentidos leva as crianças ao desenvolvimento de sua imaginação em razão delas reproduzirem aquilo que seus sentidos captam das experiências vivenciadas, interpretando a partir de seu olhar em sua imaginação.

A partir das atividades realizadas, os alunos realizaram desenhos (Foto 3) que brotavam de sua imaginação e assim destacaram o conhecimento aprendido.

 


Foto 3: Desenhos dos alunos ao final da atividade

Fonte: GONZAGA, 2016

A analise dos desenhos partiu da visualização e procura das áreas do conhecimento relacionados no quadro 1. A maioria dos desenhos se conectarem com as noções da origem da água, tal como, chuva e choro. Uma das curiosidades é que os mesmos envolveram sempre nos desenhos os ambientes em que estão inseridos, reafirmando assim a importância do cotidiano dos alunos.

Durante as atividades realizadas foi notório o envolvimento e entusiasmo dos alunos. Ao final de toda a atividade várias crianças já sabiam cantar a música sobre a “economia da água”, além disso, vários alunos descreveram cada um com o seu jeito próprio sobre o quanto tinham gostado das atividades desenvolvidas pelo grupo de pesquisa.

Considerações Finais

Durante a roda da novidade, percebeu-se o entusiasmo e animação das crianças em responder a partir de seus conhecimentos prévios sobre os questionamentos da professora, o que possibilitou que todos interagissem e descrevessem como compreendem a importância da água em sua vida. A partir das falas das crianças e de seus saberes foi possível refletir que cada criança carrega em si o cuidado com esse elemento, e a partir daí se bem trabalhado esta temática pode possibilitar o despertar da consciência ecológica.

Percebemos a importância de se fomentar atividades que sejam continuas sobre o tema água, consolidando o cuidado e o respeito com esse recurso, sendo a escola um dos espaços mais importantes na formação do sujeito ecológico.

É necessário que o corpo docente entenda o quão é importante o uso dos conhecimentos prévios das crianças, com o intuito de formar estudantes que consigam desenvolver o seu próprio conceito sobre determinado assunto, e ainda possibilitem as crianças a oportunidade de intervirem criticamente no meio ambiente que os cercam.

Referências

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CABRAL, C.; FACHÍN-TERÁN, A. A aprendizagem significativa como fundamento epistemológico para o ensino de ciências em espaços não formais na Amazônia. 2011. Disponível em: . Acessado em: 21 abr. 2016.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativos, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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SARMENTO, J. Imaginário e culturas da infância. Trabalho produzido no âmbito das atividades do projeto “as marcas dos tempos: a interculturalidade nas culturas na infância’’ projeto POCTI/CED/49186/2002. p. 1-18. . Acessado em: 21 abr. 2016

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TEIXEIRA, F. M.; SOBRAL, A. C. M. B. Como novos conhecimentos podem ser construídos a partir dos conhecimentos prévios: um estudo de caso. Ciência & Educação, v.16, n.3, Pp. 667- 677, 2010.

VIGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Ilustrações: Silvana Santos