Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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11/09/2016 (Nº 57) EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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Educação Ambiental como ferramenta para o Desenvolvimento Sustentável

 

 

 

CLAUDIA LONGROVA COSTA

Mestrado em Ciências Ambientais – UNICASTELO – Pólo São José dos Campos

e-mail: ccosta.port@gmail.com

 

 

CRISTIANA TAHAN PICOLI

Mestrado em Ciências Ambientais – UNICASTELO – Pólo São José dos Campos

e-mail: tahan.cris@gmail.com

 

 

CRISTIANE MARQUES VELOSO FONSECA

Mestrado em Ciências Ambientais – UNICASTELO – Pólo São José dos Campos

e-mail: cristiane_veloso@uol.com.br

 

 

PAULA GUIMARÃES TEIXEIRA DE MELO

Mestrado em Ciências Ambientais – UNICASTELO – Pólo São José dos Campos

e-mail: paula.gt@gmail.com

 

 

RESUMO

As pessoas discutem sobre o significado de desenvolvimento sustentável e se o mesmo é ou não é atingível. Enquanto encontra-se dificuldade tentando descobrir um mundo sustentável, não há dificuldade em identificar o que é insustentável na sociedade. A educação ambiental como ferramenta para o desenvolvimento sustentável pode ajudar as pessoas a encontrar novas soluções para as questões ambientais, econômicas e sociais. O presente artigo tem como objeto de estudo a Educação Ambiental rumo à sustentabilidade, abordando a Educação Ambiental como facilitador nesse processo. Acredita-se que com este trabalho se possa viabilizar a compreensão da Educação Ambiental, e que, ao mesmo tempo, conscientize a todos que educação e sustentabilidade estão intimamente ligadas.

 

Palavras-chave: Sustentabilidade. Sensibilização. Questões ambientais, econômicas e sociais.

 

1.     INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objeto de estudo a Educação Ambiental rumo à sustentabilidade. A palavra sustentável é um adjetivo que significa que a atividade que a palavra descreve pode continuar para sempre. Introduzido ao mundo em "Nosso Futuro Comum", o relatório da Comissão da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987), e especificados na "Agenda 21" da ONU na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o termo "sustentável" foi casado com o termo "desenvolvimento", e um novo conceito surgiu. O "desenvolvimento sustentável" significa qualquer atividade que tem impacto econômico, é equitativo, e não tem impacto ambiental negativo (JACOBI, 2012).

O desenvolvimento sustentável é um conceito difícil de definir, e também está em contínua evolução. Uma das descrições originais sobre desenvolvimento sustentável é creditado à Comissão Brundtland (1987):

 

 

Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Ele contém em si dois conceitos-chave: o conceito de necessidades, em particular as necessidades essenciais dos pobres do mundo, para o qual prioridade absoluta deve ser dada, e a ideia de limitações impostas pelo estado da tecnologia e organização social sobre a capacidade do meio ambiente para satisfazer as necessidades presentes e futuras (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987, p. 43).

 

 

Em 2002, The World Summit on Sustainable Development[1], em Joanesburgo, altera a Agenda 21 com uma mudança de paradigmas de definição de metas para a definição de conceitos e métodos. Além disso, a Agenda 21 identificou a necessidade de incluir conceitos educacionais para consolidar o debate sobre o desenvolvimento sustentável. Este debate levou à criação da The United Nations Decade of Education for a Sustainable Development[2] (ESD). Por estas razões, há uma crescente preocupação sobre a integração dos desafios a serem resolvidos entre a Educação, envolvendo as discussões sobre sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável é geralmente pensado para ter três componentes: meio ambiente, sociedade e economia. Considerando três círculos sobrepostos, do mesmo tamanho, a área de sobreposição entre o centro é o bem estar humano. Como o ambiente, a sociedade e a economia tornam-se mais alinhados, a área de sobreposição aumenta, e assim faz o bem-estar humano.

Devido ao seu potencial e aplicabilidade como uma sensibilização e ferramenta de aprendizagem para o movimento ambiental, a Educação Ambiental foi avidamente adotada por organizações de desenvolvimento e instituições de ensino através da integração na educação formal e informal (OGPRONEA, 2006).

Como ferramenta para o desenvolvimento sustentável, o presente artigo propõe abordar a Educação Ambiental como facilitador nesse processo. As habilidades da Educação para a sustentabilidade estão prevendo: o pensamento crítico e a reflexão, o pensamento sistêmico, o diálogo e a colaboração, a negociação e construção de parcerias (SELIGER, 2006). Seliger destaca o papel crítico e responsável da educação para promover um ambiente sustentável.

Profissionais da Educação têm de enriquecer as suas competências com vistas interdisciplinares sobre interdependências interculturais, além de seu conhecimento técnico (TILBURY & WORTMAN, 2004). Tendo em vista que educação e sustentabilidade estão intimamente ligadas, a educação é considerada o eixo principal rumo à sustentabilidade.

Este artigo pretende apresentar uma abordagem sobre a Sustentabilidade com um olhar para a Educação Ambiental tendo a Educação como uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável.

 

 

2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA PARA ALCANÇAR UM MUNDO MAIS SUSTENTÁVEL

É amplamente aceito que a educação é o meio mais eficaz que a sociedade possui para enfrentar os desafios do futuro. A tendência de usar a educação como um canal para promover a consciência ambiental e responsabilidade vem desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo. Devido ao seu potencial e aplicabilidade como uma sensibilização e ferramenta de aprendizagem para o movimento ambiental, a Educação Ambiental foi avidamente adotada por organizações de desenvolvimento e instituições de ensino através da integração na educação formal e informal.

De 1987 a 1992, o conceito de desenvolvimento sustentável amadureceu com comitês, e escreveu os 40 capítulos da Agenda 21. Pensamentos iniciais sobre ESD foram capturados no capítulo 36 da Agenda 21, "Promoção da Educação, Conscientização Pública e Formação". Em sua maioria, as pesquisas no enfoque da Agenda 21 abordam temas que estimulam a reflexão sobre as condições para práticas educativas ambientalmente sustentáveis que apontam para propostas pedagógicas com vistas à mudança de comportamento e atitudes, ao desenvolvimento da organização social e à participação coletiva (JACOBI, 2012).

Com o conceito de desenvolvimento sustentável ganhando credibilidade e aceitabilidade, a comunidade ambientalista, tradicionalmente centrada na conservação dos recursos naturais percebeu a necessidade de mudar de rumo e tornar-se mais abrangente em sua visão, integrando as perspectivas econômicas e sociais em suas agendas. Da forma que o conceito de desenvolvimento sustentável foi formulado, tornou-se evidente que a educação é a chave para a sustentabilidade.

A importância da Educação para o Desenvolvimento Sustentável foi destaque em dezembro de 2002, quando as Nações Unidas declararam “2005-2014” como sendo a ‘Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável’ (DEDS) e, nomeando a UNESCO como líder (UNESCO, 2005). 

Como o Projeto de Implementação Internacional DESD afirma: "A visão da DESD é um mundo onde todos têm a oportunidade de se beneficiar de uma educação de qualidade e apropriar-se de valores, comportamentos e estilos de vida necessários para um futuro sustentável e para uma transformação positiva da sociedade." Portanto, o objetivo global da ‘Década’ é integrar os valores do desenvolvimento sustentável em todos os aspectos da aprendizagem para incentivar a mudança de comportamento compatível com uma sociedade sustentável e justa para todos. A implementação da DESD depende da força de compromissos das partes interessadas e a cooperação aos níveis local, nacional, regional e internacional.

Potencialmente, os resultados da DESD visam impactar a vida de milhares de comunidades e milhões de indivíduos, novas atitudes e valores, inspirar decisões e ações e tornar o desenvolvimento sustentável um ideal mais atingível.

Atualmente, muitas organizações educacionais ao redor do mundo estão explorando maneiras de reorientar seus currículos e programas para tratar a sustentabilidade como um componente essencial da educação.

 

 

“[...] a educação deve ter por finalidade não apenas formar as pessoas visando uma profissão determinada, mas, sobretudo colocá-las em condições de se adaptar a diferentes tarefas e de se aperfeiçoar continuamente [...]” (UNESCO, 1972).

 

 

Para responder a este desafio deve-se reorientar currículos para atender à necessidade de padrões mais sustentáveis ​​de produção e consumo. Cada nação terá de reexaminar o currículo em todos os níveis, ou seja, da educação infantil à educação profissional.

A literatura mostra que a educação básica é a chave para a capacidade de uma nação de desenvolver e atingir metas de sustentabilidade. Pesquisas mostram que a educação pode melhorar a produtividade agrícola, melhorar a condição da mulher, reduzir as taxas de crescimento da população, melhorar a proteção ambiental e, com isso, elevar o padrão de vida (ESCRIVAO, 2011).

Segundo a UNESCO (2005), a Educação afeta diretamente planos de sustentabilidade em três áreas. A primeira área é a implementação, ou seja, uma população educada é vital para a implementação do desenvolvimento sustentável. Na verdade, um plano de sustentabilidade nacional pode ser aumentado ou limitado pelo nível de educação atingido pelos cidadãos do país. Nações com altas taxas de analfabetismo e forças de trabalho não qualificados têm menos opções de desenvolvimento. A segunda área é a tomada de decisão, ou seja, os cidadãos também podem agir para proteger suas comunidades, analisando relatórios e dados que tratam de questões da comunidade e de forma a ajudar a resposta da comunidade. A terceira e última área é a qualidade de vida, pois a educação também é fundamental para a melhoria da qualidade de vida. Educação eleva o status econômico das famílias, melhorando as condições de vida, reduzindo a mortalidade infantil e melhorando o nível de educação da próxima geração, aumentando assim as chances da próxima geração para o desenvolvimento econômico e bem-estar social.

Dado que a educação é o veículo mais eficaz para a mudança de atitude, ela pode ser valiosa quando voltada no serviço de promoção de valores de vida sustentável. Ao contrário da educação convencional, ESD é um processo de aprendizagem ao longo da vida que engloba os três pilares do desenvolvimento sustentável: ambiente, sociedade e economia e procura integrá-los em todos os níveis de ensino (CRESPO, 1998).

ESD foi descrita pela primeira vez no capítulo 36 da Agenda 21. Este capítulo identificou quatro eixos principais para começar o trabalho de ESD: melhorar a educação básica, reorientar a educação existente para promover o desenvolvimento sustentável, desenvolver a compreensão do público, a consciência e o treinamento.

A educação é um direito básico, independentemente do elenco, cor, credo ou sexo, portanto, seu objetivo não deve ser apenas o de atualizar o conteúdo educacional, mas também torná-lo obrigatório para todos. Pretende-se assim, que as necessidades básicas da aprendizagem sejam efetivamente alcançadas. Nesta linha de pensamento, o documento propôs que os países signatários se comprometessem a atingir os seguintes objetivos:

 

I – expandir e melhorar o cuidado e a educação das crianças, especialmente das mais vulneráveis e mais carenciadas;

II – assegurar que todas as crianças, com ênfase especial nas meninas e nas crianças em circunstâncias difíceis e pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso à educação primária, obrigatória, gratuita e de boa qualidade até o ano 2015;

III – assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam satisfeitas pelo acesso equitativo à aprendizagem apropriada e às competências para a vida;

IV – alcançar uma melhoria de 50% nos níveis de alfabetização de adultos até 2015, especialmente para mulheres, e acesso equitativo à educação básica e continuada para todos os adultos;

V – eliminar disparidades de gênero na educação primária e secundária até 2005 e alcançar a igualdade de gênero na educação até 2015, com enfoque na garantia ao acesso e a integração pleno e equitativo de meninas na educação básica de boa qualidade;

VI – melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar excelência para todos, de forma a garantir a todos resultados reconhecidos e mensuráveis, especialmente na alfabetização, na aquisição de conhecimentos matemáticos e competências essenciais à vida (UNESCO, 2001, p. 8-9).

 

Para conseguir isso, a educação básica deve ser reorientada para abordar a sustentabilidade e expandida para incluir pensamento crítico, habilidades para organizar e interpretar dados e informações, habilidades para formular perguntas, e a capacidade de analisar as questões que as comunidades enfrentam.

Como a educação convencional coloca pouca ou nenhuma ênfase em questões de desenvolvimento sustentável, para reorientar sistemas educacionais é necessário incutir princípios, habilidades, perspectivas e valores relacionados à sustentabilidade. O termo "reorientar a educação" tornou-se um descritor poderoso que ajuda os administradores e educadores em todos os níveis, ou seja, da creche até a universidade, para entender as mudanças necessárias para a ESD. As práticas sociais têm um nítido papel pedagógico e as práticas pedagógicas recolocam o compromisso político, não partidário, como seu eixo principal [...]. A educação ambiental poderá iniciar uma fase na qual as novas gerações formadas a partir desta crise ética e política serão as protagonistas (REIGOTA, 2008).

A reorientação do ensino também requer conhecimento de ensino e aprendizagem, habilidades, perspectivas e valores que guiam e motivam as pessoas a buscarem meios de vida sustentáveis​​, para participar de uma sociedade democrática, e viver de maneira sustentável.

O redirecionamento da educação para a sustentabilidade é algo que deve ocorrer durante todo o sistema de educação formal - que inclui universidades, escolas profissionais, escolas técnicas, além de educação primária e secundária, tendo em vista que a escola é o lugar social da educação. Os espaços escolares são uma parte do conjunto social de espaços com os quais convivemos e interagimos cotidianamente (SULAIMAN, 2011).

O primeiro passo para introduzir o conceito de sustentabilidade em uma sociedade é o de aumentar a consciência sobre a sua necessidade entre as partes interessadas. Um público informado será claramente mais receptivo a melhoria do seu ambiente ajustando as suas necessidades em conformidade.

A sustentabilidade requer uma população que esteja ciente dos objetivos de uma sociedade sustentável e tenha o conhecimento e habilidades para contribuir para essas metas, o mundo precisa de uma cidadania letrada e ambientalmente consciente. Esta é uma forma de educação em que as pessoas são treinadas para realizar um determinado trabalho de forma eficiente. A agenda 21 insiste em treinamento de líderes de governo, setores não governamentais e privados na gestão ambiental, de modo que possam integrar seus princípios em seus programas e treinar seus funcionários para trabalhar de forma sustentável. Esse treinamento informa as pessoas de práticas e procedimentos aceitos e dá-lhes competências para executar tarefas específicas. Em contraste, a educação é um processo socialmente transformador que dá às pessoas o conhecimento, as habilidades, perspectivas e valores dos quais podem participar e contribuir para o seu próprio bem-estar, de sua comunidade e nação.

 

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

 

A educação ambiental é um processo que visa melhorar a qualidade de vida, capacitando as pessoas com ferramentas de que necessitam para resolver e evitar problemas ambientais. A educação ambiental pode ajudar as pessoas a obter o conhecimento, habilidades, motivação e valores, sem destruir o compromisso que eles precisam para gerenciar os recursos da terra sustentável e para assumir a responsabilidade pela manutenção da qualidade ambiental.

 

Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, a educação ambiental não está vinculada apenas ao currículo de ciências, atravessa todas as áreas, incluindo negócios, economia, artes da linguagem, história, estudos sociais e ciências humanas. Embora esta pesquisa se concentre principalmente na educação ambiental, grande parte das informações também se aplica aos programas de educação não-formal, pois a educação ambiental pode assumir muitas formas.

 

Proporcionar aos alunos um olhar significativo para o ambiente natural pode tornar os programas de educação ambiental mais relevantes para a vida dos alunos, a vista de que quando concentram-se em sistemas reais, problemas e soluções, os alunos obtém experiências reais, que muitas vezes faltam em programas educacionais. Estas experiências "reais", não só enriquecem o currículo, mas também podem ajudar a fortalecer os laços entre o programa educacional e a comunidade.

 

Em alguns sistemas de ensino, a educação ambiental já é cuidadosamente integrada em todo o currículo, contando com um espaço de orientação e sequência, que garante que os objetivos sejam cumpridos ao longo da escolaridade do aluno. Em outros sistemas de ensino, a abordagem é mais fragmentada, com pedaços de educação ambiental aparecendo em diferentes classes e diferentes graus, mas sem a estrutura coesa e uma sequência.

 

No organograma a seguir podemos verificar mais de perto as estratégias para incorporar a educação ambiental em uma escola ou sala de aula e currículo. Há uma variedade de tópicos relacionados com os esforços de educação ambiental de sucesso, incluindo estratégias de ensino, financiamento, avaliação e desenvolvimento de atividades.



Este organograma trás uma proposta de trabalho de Educação Ambiental com o objetivo de promover a compreensão do ambiente do aluno, como um sistema integrado, e desenvolver atitudes e habilidades que propiciem a realização de um desenvolvimento ecologicamente sustentável integrando a Agenda 21, os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e os sistemas de aprendizagem, com a finalidade de se criar um plano de gestão ambiental escolar personalizado. As escolas devem maximizar todas as oportunidades para desenvolver a capacidade dos alunos para apoiar um mundo ecologicamente sustentável.

EA é mais bem abordada como uma estratégia por meio de um currículo integrado em programas de ensino e aprendizagem. Através da integração de educação ambiental em outros assuntos, como o Inglês, Matemática e Artes, onde os resultados curriculares podem ser ensinados através de temas envolvendo de forma interdisciplinar questões ambientais. Por exemplo, a coleta e registro de dados durante uma auditoria ambiental escolar poderia apoiar os resultados relacionados à compreensão e habilidades matemáticas.

O que é aprendido em sala de aula sobre educação ambiental precisa ser reforçado e apoiado pelo que acontece fora da sala de aula. Às vezes, até mesmo a própria sala de aula pode ser transferida para outro local para melhorar a aprendizagem dos alunos sobre educação ambiental. Estas oportunidades incluem o uso de eventos ambientais especiais, dias, festas e projetos para complementar o aprendizado do currículo interdisciplinar, envolvendo os alunos na investigação, preservação e melhoria da escola e do meio ambiente local, usando a comunidade para investigar situações práticas e reais e, incorporação de programas e serviços de terceiros em programas escolares para trazer aprendizado para a vida.

Todos os professores têm um papel a desempenhar no apoio a educação ambiental por meio do currículo interdisciplinar podendo proporcionar um ambiente de aprendizagem que apoia os alunos a desenvolver consciência, compreensão e valorização dos ambientes naturais e construídos, identificando oportunidades para aumentar a compreensão das questões ambientais contemporâneas, como o aquecimento global, dando especial ênfase aos problemas ambientais locais (ou seja, pensar globalmente, agir localmente), oferecendo oportunidades para que os alunos se tornem cidadãos defensores ambientais eficazes e comprometidos e até mesmo introduzindo-os para oportunidades de carreira relacionadas com o meio ambiente.

 

4.   CONCLUSÃO

Este artigo apresentou um estudo sobre a importância da EA para atingir o desenvolvimento sustentável, tendo a Educação como meio mais eficaz que a sociedade possui para enfrentar os desafios do futuro, e o veículo mais eficiente para a mudança de atitude.

A análise bibliográfica realizada mostra que, para que a EA aconteça de maneira efetiva, devem estar inseridos os seguintes termos: formação docente, integração de conhecimentos, práticas de educação ambiental no ambiente escolar e em espaços da sociedade civil, concepções de educação ambiental, processo de construção de Agenda 21 Escolar, políticas de educação ambiental nos diversos níveis de governo, educação ambiental, biodiversidade e água, educação ambiental e visões alternativas de sociedade  (JACOBI, 2012). Para que esses objetivos sejam alcançados, é importante o fortalecimento das organizações sociais e comunitárias, a distribuição de recursos mediante parcerias, de informação e capacitação para participar crescentemente dos espaços públicos de decisão e para construção pautadas por uma lógica de sustentabilidade (JACOBI, 2003).

A participação e o diálogo na construção da democracia são grandes influenciadores das políticas públicas. No Brasil existe o Programa Nacional de Formação de Professores Ambientais (Pronea), por um país educado e educando ambientalmente para a sustentabilidade. Com isso, intensificam-se os incentivos para que educadores não apenas se envolvam com aspectos pedagógicos da Educação Ambiental, mas que a partir de seus contextos locais, criem estratégias focando o meio ambiente como parte fundamental da vida, da cultura e da natureza.

A Educação tornou-se mais abrangente em sua visão, integrando as perspectivas econômicas e sociais em suas agendas. Com esse conceito de desenvolvimento sustentável bem formulado, tornou-se evidente que a educação também pode ser uma ferramenta eficaz para a sustentabilidade. Mostrando que ela pode tornar o mundo mais habitável para as gerações presentes e futuras.

Nesse sentido cabe destacar que a EA assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a corresponsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover o desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003).

 

REFERÊNCIAS

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VEIGA, J. E. Sustentabilidade – A legitimação de um novo valor. São Paulo: Senac, 2010.



[1] Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável

[2] Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável

Ilustrações: Silvana Santos