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Não há nenhuma árvore que o vento não tenha sacudido - Provérbio hindu
ISSN 1678-0701 · Volume XXIII, Número 93 · Dezembro/2025-Fevereiro/2026
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PIRILAMPOS DO PLANETA UNEM EDUCAÇÃO AMBIENTAL, DESIGN E INCLUSÃO SOCIAL Os artistas Flávio Carvalho e Lula Duffrayer contam como o projeto Pirilampos do Planeta nasceu da reciclagem e hoje brilha em vitrines pelo mundo. A iniciativa já passou por Londres e irá a Nova York e à COP30
Da esq. para a dir.: Flávio Carvalho, Lula Duffrayer, Sibele Negromonte e Giovanna Kunz - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press) Em meio ao debate global sobre sustentabilidade, dois artistas brasileiros vêm iluminando caminhos entre a arte e o meio ambiente. Flávio Carvalho e Lula Duffrayer, criadores do projeto Pirilampos do Planeta, encontram nos resíduos plásticos uma forma de unir educação ambiental, design e inclusão social. "Não existe jogar fora. Está tudo aqui dentro do planeta." A frase, dita por Flávio ao Podcast do Correio, apresentado pelas jornalistas Sibele Negromonte e Giovanna Kunz, resume o espírito da iniciativa, criada em meio às montanhas de Teresópolis, no Rio de Janeiro. O que começou como uma ação de educação ambiental em escolas rurais virou um movimento artístico e social que já ganhou o mundo e, mais recentemente, uma vitrine em Londres. Agora, marcará presença na COP30 e em Nova York. O Pirilampos do Planeta nasceu há três anos, em uma reserva florestal. A dupla, que trocou a vida urbana pela natureza, começou a trabalhar com materiais reaproveitados na construção de um ateliê sustentável. "No início, o primeiro pirilampo foi feito com tijolos da obra", lembra Lula. "Depois, descobrimos o plástico, a luz, o reflexo, e vimos que dali poderia surgir arte." Eles iam a escolas para falar sobre meio ambiente e sustentabilidade. Após visitar uma cooperativa de catadores, e assistir como era a feita a separação dos resíduos, surgiu a ideia. "Em determinado momento, de forma muito espontânea, o nosso trabalho passou a ser percebido como arte", relembra Flávio. A virada veio quando o casal foi convidado a criar a cenografia do primeiro camarote totalmente sustentável da Marquês de Sapucaí, no carnaval do Rio. A instalação de 250 metros de correntes luminosas chamou atenção e projetou os artistas para o cenário nacional e internacional. " As peças, luminárias, instalações e esculturas são criadas a partir de resíduos plásticos, especialmente tampas e embalagens reaproveitadas. "Essas embalagens foram feitas para nos seduzir nas prateleiras, com cores e design. Nós ressignificamos isso, devolvendo o encanto de outra forma", explica Lula. "A gente tenta fazer com que as pessoas entendam como fazer o plástico não ser um drama para o planeta. É muito difícil pensar no dia a dia sem o plástico, porque até mesmo na medicina se usa plástico". "A gente teima em acreditar que o planeta vai acabar, quando na verdade ele vai se adaptar, e involuntariamente, querendo ou não, nós fazemos parte da degradação desse espaço. A grande importância do tema da COP30 agora é essa ideia de buscar por ações imediatas, e não ficar apenas no planejamento, é sobre o que vamos fazer agora, o planeta precisa de socorro imediato", completa Flávio. Os artistas também falam sobre a importância do profissional catador. "A gente vive em um país que recicla menos de 4% do que poderia, e 70% desse índice vem do trabalho informal dos catadores. Por que que esse cara é invisibilizado? Por que a sociedade não enxerga a importância desse profissional? ", pontua Flávio. Hoje, o Pirilampos trabalha em parceria com três cooperativas de catadores, beneficiando diretamente cerca de 60 famílias. "Pagamos até 15 vezes mais pelo quilo do plástico, porque ele chega limpo, furado, preparado. Isso muda a autoestima de quem vive disso", explica Flávio. "A gente tem essa frase de costume que é: luxo é cuidar de quem cuida do planeta." A maioria dos cooperados é formada por mulheres negras, muitas delas chefes de família. "São mulheres que enxergam no resíduo uma possibilidade de transformação", destaca Lula. Ele cita o exemplo de Dona Cida, de São Paulo, que fez da reciclagem uma fonte de renda e inspiração. "Ela transformou uma árvore de Natal achada no lixo e, dali em diante, transformou também a vida dela. Hoje é escritora, formada, e sustenta a família." Do Rio para o mundo Em apenas três anos, o projeto percorreu um caminho impressionante. As obras já estiveram no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Belo Horizonte, onde atraíram 180 mil visitantes, e na SP-Arte, uma das principais feiras de arte da América Latina. Agora, as obras dos Pirilampos iluminam vitrines em Londres e devem seguir para Nova York ainda este ano. A dupla também está presente no CasaPark, em Brasília, com uma árvore de Natal luminosa de seis metros feita com resíduos. "A ideia é que cada cidade por onde passamos deixe sua marca no acervo do projeto. Brasília agora faz parte dessa corrente de luz", explica Lula. Além das exposições, o projeto oferece oficinas gratuitas em comunidades e escolas, ensinando técnicas de reaproveitamento e geração de renda. "Todo mundo tem acesso ao resíduo. Ele pode ser fonte de dinheiro, de vida", afirma Flávio. As ações continuam em expansão, o Pirilampos também participará da COP30, em Belém, com uma instalação de 400 luminárias feitas por comunidades locais, dentro do projeto Regenera Project. "Lá, ensinamos as pessoas a fazer seus próprios vagalumes e vender. É renda, é arte, é consciência", resume Flávio. Fonte: Pirilampos do Planeta unem educação ambiental, design e inclusão social
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