CONHECER PARA CONSERVAR: INVENTÁRIO TRANSFORMA PARQUE EM SALA DE AULA VIVA

Foto: Cristina Tordin

Árvore identificada com QR Code.

Na semana do Dia da Árvore, iniciativa da Embrapa Meio Ambiente alia ciência, tecnologia e educação ambiental para aproximar comunidade da biodiversidade local

Inventário identifica, fotografa e georreferencia árvores e palmeiras do parque da Embrapa Meio Ambiente.

Sistema com QR Codes permite que visitantes acessem informações detalhadas sobre cada espécie.

Projeto fortalece ações de manejo, enriquecimento da vegetação e conservação da biodiversidade.

Ferramenta também é usada em atividades de educação ambiental com escolas e comunidade.

Trabalho reforça importância das árvores no equilíbrio climático e na qualidade de vida.

Na semana em que se comemora o Dia da Árvore, celebrado em 21 de setembro, a Embrapa Meio Ambiente destaca uma iniciativa que transforma o contato com a natureza em experiência de aprendizado. Trata-se do inventário de espécies do parque da Unidade, um projeto que alia tecnologia, manejo e educação ambiental para aproximar a comunidade da biodiversidade local.

O trabalho é conduzido pelo Grupo de Trabalho (GT) Parque, que nos últimos três anos estruturou suas ações em três pilares: manutenção e aprimoramento das técnicas de manejo; realização de inventário da flora; e atividades de enriquecimento, com introdução de espécies florestais nativas de importância ecológica.

“O inventário se tornou mais do que uma ferramenta científica. Ele é um instrumento de aproximação entre pessoas e natureza. Cada árvore ganha identidade e história, e isso contribui para fortalecer o vínculo da comunidade com o parque”, explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Sandra Furlan.

QR Codes: tecnologia a serviço da conservação

Uma das inovações do projeto foi transformar o inventário em um recurso interativo. Cada árvore do parque recebeu uma placa com QR Code, que funciona como um passaporte digital para o visitante. Basta apontar a câmera do celular, inserir o número da placa e acessar uma ficha completa da espécie em uma base de dados on-line.

As informações vão desde a identificação botânica e nomes populares até à época de florescimento e frutificação, passando por possíveis usos e curiosidades. “Esse recurso transforma o passeio no parque em uma aula a céu aberto”, destaca Furlan.

O processo teve início em 2023 com o pesquisador Ladislau Skorupa identificando árvores e palmeiras da área experimental. No começo foram usadas apenas etiquetas numeradas. Mas, em 2024, após conhecer o Projeto ArboCenso da Universidade Federal de Lavras (UFLA), que utilizava QR Codes em atividades de extensão, surgiu a inspiração para aprimorar a ideia. “Adaptamos a tecnologia a nossa realidade e, com apoio da Unidade, confeccionamos as placas de identificação”, lembra Skorupa.

A concepção do sistema digital ficou a cargo da analista  do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) Ana Paula Almada, responsável por desenvolver a interface atual. Já o analista José Tadeu colaborou com registros fotográficos e georreferenciados, fundamentais para o mapeamento das espécies. O sistema é flexível e em constante atualização, permitindo a inclusão de novas árvores e informações complementares.

Mais do que catalogar, o inventário virou um instrumento de educação ambiental. Escolas, visitantes e a comunidade em geral passaram a ter acesso facilitado às informações, fortalecendo o senso de pertencimento e a valorização da biodiversidade.

“Assim como acontece com as pessoas, as árvores ficam mais interessantes quando sabemos seu nome e conhecemos um pouco de sua história”, compara Skorupa.

O inventário também apoia ações de enriquecimento florestal, com a introdução de espécies nativas que ampliam a diversidade e oferecem abrigo e alimento para a fauna local. Essa dinâmica contribui para a resiliência do ecossistema, reforçando o papel do parque como área de conservação e pesquisa.

A escolha de lançar a divulgação do projeto na semana do Dia da Árvore reforça a mensagem central: conhecer para conservar. A data, celebrada anualmente em 21 de setembro, tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre a importância das árvores para o equilíbrio ambiental, a regulação do clima, a proteção da água e a qualidade de vida.

Ao permitir que cada indivíduo conheça de perto espécies que compõem o parque, a iniciativa da Embrapa Meio Ambiente amplia a compreensão sobre os serviços ambientais prestados pelas florestas. “Quando sabemos que determinada árvore floresce em uma época do ano, que atrai polinizadores ou fornece frutos para aves, passamos a enxergá-la de outra maneira. Esse conhecimento gera respeito e cuidado”, ressalta Furlan.

Um convite à comunidade

O inventário do parque está aberto à visitação e segue em expansão. O sistema, de caráter colaborativo, deve incorporar ao longo dos próximos anos novas espécies e funcionalidades. A expectativa é que o modelo sirva de referência para outras unidades de conservação, escolas e áreas verdes urbanas.

Ao unir ciência, tecnologia e engajamento social, o projeto mostra que conservação é também sobre criar vínculos. O Dia da Árvore, neste contexto, é lembrado não apenas como uma data simbólica, mas como um chamado para que cada cidadão reconheça o valor das árvores e se comprometa com sua preservação.

Dia da Árvore: por que celebrar?

Quando é comemorado: 21 de setembro, coincidindo com o início da primavera no Hemisfério Sul. O objetivo é sensibilizar a sociedade para a importância das árvores na manutenção da vida, já que oferecem muitos serviços ambientais, regulam o clima, protegem nascentes, reduzem a erosão do solo, produzem oxigênio e abrigam biodiversidade. No Brasil a data foi oficializada em 1965, como parte das políticas de educação ambiental.

Curiosidade: uma árvore adulta pode absorver até 150 kg de CO₂ por ano, ajudando a combater as mudanças climáticas.

Ação cidadã: plantar, adotar ou simplesmente cuidar de uma árvore na sua rua ou bairro já faz diferença para a qualidade de vida urbana.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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Fonte: Conhecer para conservar: inventário transforma parque em sala de aula viva - Portal Embrapa