Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Práticas de Educação Ambiental
30/05/2017 (Nº 60) JOGO DE TABULEIRO “VAMOS BRINCAR DE APRENDER”: SUBSIDIO PARA ATIVIDADES EDUCATIVAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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Pós Graduação em Educação Ambiental para Sustentabilidade

JOGO DE TABULEIRO “VAMOS BRINCAR DE APRENDER”: SUBSIDIO PARA ATIVIDADES EDUCATIVAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Rafaela Recla Cometti

Aluna da Pós-Graduação em

Educação Ambiental para Sustentabilidade

do Centro Universitário Senac-Santo Amaro, São Paulo-SP

 

Valdir Lamim-Guedes

Docente da Pós-Graduação em

Educação Ambiental para Sustentabilidade

do Centro Universitário Senac-Santo Amaro, São Paulo-SP

e-mail: lamimguedes@gmail.com

 

Resumo: O texto apresenta um jogo didático de tabuleiro que aborda conceitos de meio ambiente e preservação. O objetivo com este jogo é de melhorar a relação ensino-aprendizagem, além de abordar a Educação Ambiental de forma atrativa e motivadora. Com isto, espera-se proporcionar aos jogadores desenvolvimento de capacidades e intervenção nos fenômenos ambientais e constituir material didático de apoio para ensino visando melhorar a compreensão dos assuntos que envolvem os temas abordados no jogo.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Jogo didático; Lúdico; Prática educativa;

 

Introdução

Jogos e educação ambiental

Seguindo os preceitos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), no processo ensino-aprendizagem há a necessidade de explorar a aprendizagem de metodologias capazes de priorizar a construção do conhecimento e desenvolvimento do espírito crítico que favoreçam a criatividade. Além disto, também é necessário que o ensino dinâmico favoreça, não só o desenvolvimento das potencialidades do trabalho individual, mas sobretudo o trabalho coletivo. Isso estimula o desenvolvimento do sentimento de segurança em relação a suas próprias capacidades, interagindo num trabalho de equipe, sendo capaz de atuar em níveis de interlocução mais complexos e diferenciados.

Visando isso, no processo de ensino deve ser valorizado o uso de metodologias que promovam o questionamento, debate e investigação, superando limitações de um ensino passivo, ainda muito presente no contexto escolar (KLEIN, 2005; NASCIMENTO; GONÇALVEZ, 2013). Nos modelos pedagógicos em que os professores são protagonistas e os alunos aparecem apenas de modo passivo, o resultado do ensino pode ser superficial e pouco efetivo. Além disso, é preciso superar os limites da fragmentação do conhecimento, é preciso entender que conhecimento se relaciona com vários outros componentes que vão dar as condições concretas para atuação do educador ambiental e para realização do ato educativo (GUIMARAES, 2012).

Dessa forma, a utilização de jogos nas atividades escolares pode auxiliar no processo de ensino aprendizagem, sendo, segundo Santana e Wartha (2006 apud GRACIOLI; ZANON; SOUZA, 2008), uma prática que visa desenvolvimento pessoal, além de ser instrumento motivador, atraente, e estimulante do processo de construção do conhecimento.

No ensino infanto-juvenil faz-se importante uso de recursos lúdicos, visto que os indivíduos se encontram ainda em período de formação inicial de conceitos e valores. Segundo Trigueiro (2003), a consciência ambiental, ou seja, perceber o meio ambiente como algo que começa dentro de nós, pode ser formada já nesse momento e com isso formar pessoas preocupadas com o meio ambiente. Entretanto, essas atividades não podem restringir-se ao ensino infanto-juvenil, devem ser permanentes na escola, assim como em espaços não-formais. A Educação Ambiental deve ser vista como processo permanente de aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária (SIQUEIRA, 2013).

Nesse contexto é importante que o professor ou educador assuma o papel de facilitador de hábitos saudáveis, cabendo a ele uma observação crítica dos objetivos do conteúdo para verificar se cabe ao processo ensino aprendizagem, utilizar como recurso didático jogos e brincadeiras (CARREIRA, 2017).

 

Temática do jogo “Vamos brincar de aprender”

Neste texto, propomos um jogo didático para o aprendizado de questões ambientais, que pode ser trabalhado de forma transversal ao conteúdo de biomas brasileiros, mudanças climáticas, uso e conservação da água. Visamos, assim, a inserção da Educação Ambiental na prática pedagógica como mecanismo de formação de cidadão com consciência ecológica.

Atitudes antrópicas irresponsáveis são cada vez mais presentes e afetam todo o mundo. Neste sentido, os temas abordados são de extrema importância visto a ameaça à biodiversidade, alterações climáticas e uso desordenado da água, decorrentes das agressões ao meio ambiente decorrentes da exploração comercial e industrial.

Quando se trata da água pretende-se criar uma nova postura em relação aos hábitos de consumo de água em níveis regionais, deixando claro que mudanças assim podem refletir resultados em caráter global. A poluição das águas, o desperdício e a degradação ambiental (por exemplo, das nascentes, áreas de recargas e dos rios) são os principais causadores da escassez da água. Partindo da premissa que a vida no planeta só é possível porque existe água em estado líquido, entende-se a preocupação em preservar esse recurso, frente a isso faz-se necessário a educação ambiental nortear posturas e conceitos para minimizar impactos (SANTANA; FREITAS, 2012).

Um outro tema abordado no jogo é de mudanças climáticas. Sabe-se que esse tem se tornado um dos temas mais relevantes de nosso tempo em face as alterações detectadas (secas, furacões, enchentes), tudo em função das atividades humanas. Dessa forma torna-se essencial mostrar que esses fenômenos climáticos, afetam e afetarão cada vez mais o dia a dia das pessoas (TAMAIO, 2013).

A ameaça a biodiversidade, principalmente nas regiões tropicais, vem sendo alertado pela comunidade cientifica internacional. A intervenção humana em habitats que eram intocados aumentou significativamente nos últimos 100 anos, agravada principalmente pelo crescimento da população. Biomas que ocorrem no Brasil como: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica estão sendo ocupados e degradados em diferentes escalas. Visto isso é necessário que haja uma abordagem para utilização sustentável da diversidade biológica (MMA, 2017).

 

Jogo de Tabuleiro: Vamos Brincar de Aprender

O Jogo “Vamos brincar de aprender” foi desenvolvido buscando abordar conceitos de meio ambiente e importância de preservação do mesmo. O público-alvo são adolescentes (a partir de 14 anos).

 

Objetivos do Jogo:

  • Melhorar a relação ensino-aprendizagem de forma lúdica.
  • Sensibilizar os estudantes para os temas: biomas brasileiros, mudanças climáticas, e água.
  • Abordar a Educação Ambiental de forma atrativa e motivadora.

 

Materiais necessários

O jogo é composto por: um tabuleiro; 11 cartas surpresa, sendo 06 cartas avance e 05 cartas volte, todas na cor amarela; 20 cartas responda, na cor verde; 04 pinos de cores diferentes e um dado.

A trilha do tabuleiro possui 33 casas, dentre estas: 01 é a largada, 01 é a chegada; 20 casas responda; e 11 casas surpresa, todas identificadas tipo de ação que o aluno desenvolverá, ou seja, se ele cair numa casa com a palavra “responda” este deverá pegar uma carta responda e assim sucessivamente ou seja, para todas as casas ele deverá ter o mesmo procedimento. Os modelos das cartas do jogo estão no anexo. A Figura 1 mostra o processo de produção do jogo. Na Figura 2 vemos o jogo (tabuleiro e cartas) pronto para utilização.

 

Figura 1 A-B: fotografias do processo de produção do jogo

Figura 2: Fotografia do tabuleiro, com cartas, dados e pinos componentes do jogo.

 

Regras do jogo

O jogo poderá ser utilizado por até 04 pessoas ou 4 grupos, cada participante ou grupo tem um pino de cor diferente. Neste jogo deve haver um mediador, que lerá as cartas com as respostas e ficará responsável pelo cumprimento das regras durante a atividade.

Para saber a ordem de largada, cada jogador deve lançar o dado, aquele que tirar o maior número começará a partida. A ordem dos jogadores seguirá de forma decrescente do maior para o menor número obtido. Em caso de empate, deverá ser feito o desempate por par ou ímpar. Após a “largada”, o jogo começa sendo que o jogador deverá lançar o dado, que indicará quantas casas ele deverá avançar. Se o jogador parar numa casa denominada responda, o mediador lerá em voz alta a pergunta, sem deixar o jogador ver a resposta, caso ele acerte avançará 2 casas. Caso erre terá que voltar 1 casa. O jogador também poderá cair na casa surpresa. Ele deverá tirar uma carta do monte e, dependendo do que tiver escrito na carta surpresa, ele poderá seguir em frente ou ter que retornar. Ganhará o jogo quem chegar primeiro ou mais próximo da casa denominada “chegada”.

 

Resultados esperados

  • Propiciar aos jogadores desenvolvimento de capacidades, favorecendo compreensão e intervenção nos fenômenos ambientais, culturais e sociais;
  • Descobrimento da potencialidade do trabalho em grupo;
  • Desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a criatividade;
  • Proporcionar uma melhor compreensão sobre o assunto abordado em sala de aula;
  • Atender os objetivos propostos, podendo constituir material didático de apoio para o ensino visando melhor compreensão dos assuntos que envolvam os temas propostos.

 

Considerações finais

Com base no que foi debatido neste texto, entende-se que a utilização de jogos didáticos favorece o ensino-aprendizagem, uma vez que desenvolve capacidades, e estabelece uma melhor interação entre alunos e professores além de propiciar melhor compreensão da temática envolvida, tanto ambiental, quanto cultural e social.

Os jogos são recursos lúdicos que auxiliam no processo de construção da conscientização ambiental, e podem ser utilizados de forma permanente, porém não como única ferramenta, e nem antes da abordagem do conteúdo relacionado.

O jogo proposto pretende abordar de forma lúdica conceitos de meio ambiente como, consumo consciente de água, biodiversidade e mudanças climáticas, e formas de preservação do mesmo e com isso fortalecer a relação ensino aprendizagem entre alunos e professores, estimulando de forma atrativa e motivadora a construção do conhecimento,

 

Referências Bibliográficas

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais/ secretaria de educação fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARREIRA, R. C. Práticas educativas de Educação Ambiental. São Paulo: Centro Universitário SENAC. (Material didático do curso de Pós-Graduação em Educação Ambiental para Sustentabilidade).

GUIMARES, M. (Org.). Caminhos da educação ambiental: da forma a ação. 5 ed. Campinas, SP: Papiros, 2012.

GRACIOLI S. R. P.; ZANON, A. M.; SOUZA, P. R.; Jogo dos predadores: Uma proposta lúdica para favorecer a aprendizagem em ensino de ciências e Educação Ambiental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 20, jan.–jun. 2008. Disponível em: <https://www.seer.furg.br/remea/article/view/3842/2291>. Acesso em: 24.mar.2017.

MMA. Impactos sobre a biodiversidade. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-global/impactos> Acesso em: 09mai.2017.

NASCIMENTO JUNIOR, A. F.; GONÇALVEZ, L. V.; Oficina de jogos pedagógicos de ensino de ecologia e educação ambiental como estratégia de ensino na formação de professores. Revista Praxis. Ano V, n. 9, Jun. 2013. Disponível em: Acesso em 24.mar.2017.

SANTANA, A. C.; FREITAS, D. A. F. Educação Ambiental para a conscientização quanto ao uso da água. Revista Eletrônica Mestrado Educ. Ambiental, v. 28, jan-jun 2012. Disponível em: Acesso em: 09 mai 2017.

SIQUEIRA I J.; ANTUNES A. M. Jogo de trilha “lixo Urbano”: Educação Ambiental para sensibilização da comunidade escolar. Ensino, Saúde e Ambiente, v. 6, n. 3, p. 185-201, dez. 2013.

TAMAIO, I. (org.). Educação Ambiental e Mudanças Climáticas: diálogo necessário num mundo em transição. Ministério do meio Ambiente. Brasília/DF, jun. 2013. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80062/Livro%20EA%20e%20Mudancas%20Climaticas_WEB.pdf> Acesso em: 08mai.2017.

TRIGUEIRO, A. (Coord.). Meio ambiente no século 21. Rio de Janeiro: sextante, 2003.

 

ANEXO 1 – Cartas das casas “Responda”

Retângulo de cantos arredondados: Responda:
É uma das mais ricas biodiversidades do mundo
a. ( x ) Mata Atlântica;
b. (  ) Amazônia;
c. (   ) Caatinga;
Retângulo de cantos arredondados: Responda:
Qual maior bioma do Brasil
a. (  ) Cerrado;
b. (  ) Caatinga;
c. ( x )Amazonia;
Tema: Biomas

Tema: Mudanças Climáticas

                                                              

Tema: Água e uso racional

 

Anexo 2 – Cartas das Casas “Surpresa”

Boas Atitudes  – Avance 2 Casas

Más Atitudes - Retorne uma Casa

Ilustrações: Silvana Santos