Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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30/05/2017 (Nº 60) PARTICULARIDADES DAS CULTURAS DO FEIJÃO, GIRASSOL E MILHO
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PARTICULARIDADES DAS CULTURAS DO FEIJÃO, GIRASSOL E MILHO

 

Luan Danilo Ferreira de Andrade Melo1 e João Luciano de Andrade Melo Junior1

 

¹Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Centro de Ciências Agrárias – CECA. BR- 104 Norte Km 85 S/N, Mata do Rolo- Rio Largo-AL, CEP 58429-500. E-mail: luan.danilo@yahoo.com.br, luciiano.andrade@yahoo.com.br,

 

RESUMO: O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é uma planta anual herbácea, trepadora ou não, pertence à família Fabaceae, divide-se em alguns gêneros sendo os mais importantes o gênero Phaseolus e Vigna. O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual, seu gênero procede do grego helios, que tem como significado Sol, e de anthus, que denota flor, ou “flor do sol”, que gira acompanhando o movimento do Sol. Já o milho (Zea mays L.) é uma cultura que foi domesticada há cerca de quatro mil anos, a origem do deste foi no hemisfério norte, após a descoberta da América, foi cultivado como planta ornamental e exótica na Espanha, Portugal, França e Itália. Posteriormente, reconheceu-se o seu valor alimentar, iniciando-se uma cultura com fins econômicos, sendo difundida para o resto da Europa, Ásia e norte da África. O feijão, girassol e milho apresentam grande importância para a agricultura brasileira e mundial, mostrando também peculiaridades referentes às características morfológicas.

PALAVRAS-CHAVE: agricultura, crescimento, desenvolvimento

 

SPECIFIC CROP OF BEANS, SUNFLOWER AND CORN

 

ABSTRACT: The bean (Phaseolus vulgaris L.) is a herbaceous climber or not, annual plant belongs to the Fabaceae family, is divided into some genera being the most important genus Phaseolus and Vigna. The sunflower (Helianthus annuus L.) is an annual dicotyledon, gender comes from the Greek helios, whose meaning sun, and anthus, denoting flower, or "sun flower", which rotates with the movement of the sun. Already corn (Zea mays L.) is a crop that was domesticated about four thousand years. The origin of this was in the northern hemisphere, after the discovery of America, has been cultivated as an ornamental and exotic plant in Spain, Portugal, France and Italy. Later, it was recognized feeding value, starting a culture for economic purposes, being spread to the rest of Europe, Asia and North Africa. The beans, sunflower and corn have great importance for the Brazilian and world agriculture, also showing peculiarities related to morphological characteristics

KEYWORDS: agriculture, growth, development

 

 

 

 

REVISÃO

Feijão

            O feijão é uma planta anual herbácea, trepadora ou não, pertence à família Fabaceae, divide-se em alguns gêneros sendo os mais importantes o gênero Phaseolus e Vigna (CIFeijão, 2012). O gênero Phaseolus originou-se nas Américas, compreende aproximadamente 55 espécies, sendo cinco cultivadas: Phaseolus vulgaris, P. lunatus, P. coccineus, P. acutifolius, e o P. polyanthus (EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO, 2012). Entre elas, o feijão-comum, Phaseolus vulgaris, é o mais importante, por ser a espécie mais antiga e utilizada nos cinco continentes (VIEIRA et al., 2006).

            Uma planta de feijão é composta de partes aparentemente distintas, os órgãos. A semente do feijão possui alto teor de carboidratos e proteínas, constituída por partes externas e internas. As estruturas externas são compostas pelo tegumento, hilo, micrópila e rafe (VIDAL e VIDAL, 2005). As características externas da semente têm sido utilizadas para diferenciar e classificar cultivares de feijão em alguns grupos, com base na cor e no tamanho das sementes. Internamente a semente é constituída pelo embrião formado pela plúmula, duas folhas primárias, dois cotilédones, que funcionam como reserva de alimento para os primeiros dias após a germinação e a radícula (FILHO, 2005).

            A radícula cresce para o interior do solo e forma a raiz principal ou raiz primária. A partir da raiz primária, surgem raízes secundárias e terciárias (CIFeijão, 2012). A origem das ramificações radiculares é um processo endógeno, isto é, nascem a partir de um tecido chamado periciclo. Como em muitas leguminosas, nas raízes secundárias e terciárias do feijão são colonizadas por bactérias fixadoras de nitrogênio, as Rhizobium spp. As bactérias e as plantas do feijão têm uma relação de simbiose, as bactérias vivem nas células parenquimáticas e recebem carboidratos e a suprem de nitrogênio (VIEIRA et al, 2006).

            O caule é herbáceo, classificado morfologicamente como haste, constituído por um eixo principal. É formado por uma sucessão de nós e entrenós. O primeiro nó constitui os cotilédones, o segundo corresponde à inserção das folhas primárias, e o terceiro, as folhas trifolioladas. O crescimento do caule varia de acordo com o hábito de crescimento de cada cultivar (CIFeijão, 2012).

            As folhas primárias do feijoeiro são simples e opostas, e as folhas definitivas são compostas, constituídas de três folíolos (trifolioladas), com disposição alternada (VIDAL e VIDAL, 2005).

            Conforme Vieira et al. (2006) em condições desfavoráveis como altas temperaturas e estresse hídrico a folhas apresentam um mecanismo de defesa, orientando-se para cima assim diminuem a intensidade de luz.

            Segundo Vidal e Vidal (2005) as flores estão agrupadas em inflorescências do tipo axilares (no hábito de crescimento indeterminado) e do tipo terminal no (hábito de crescimento determinado). A morfologia floral de Phaseolus vulgaris L. favorece o mecanismo de autopolinização. As anteras estão situadas no mesmo nível de estigma e envolvidas completamente pela quilha. Quando ocorre a deiscência das anteras (antese), os grãos de pólen caem diretamente sobre o estigma (VIEIRA et al, 2006).

            O fruto do feijão é um legume, deiscente, constituído por uma vagem, com duas estruturas, uma dorsal e outra ventral. Possui formas diferenciadas, podendo ser reta, arqueada ou recurvada e o ápice abrupto ou afilado, arqueado ou reto (CIFeijão, 2012). A cor é característica da cultivar, podendo ser uniforme ou apresentar estrias e variar de acordo com o grau de maturação (imaturo, maduro e completamente seco): de verde, verde com estrias vermelhas ou roxas, vermelho, roxo, amarelo, amarelo com estrias vermelhas ou roxas, até marrom (EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO, 2012). 

 

Girassol

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual, seu gênero procede do grego helios, que tem como significado Sol, e de anthus, que denota flor, ou “flor do sol”, que gira acompanhando o movimento do Sol. Pertence a ordem Asterales e família Asteraceae (USDA, 2005). É uma planta originária das Américas, levada à Europa pelos colonizadores espanhóis e portugueses, passando a ser cultivado como planta ornamental.

As propriedades oleaginosas dos frutos foram descobertas na Rússia, sendo então reintroduzido na América do Norte, via Canadá (GONÇALVES et al., 1999).

O girassol apresenta cerca de 13% de todo óleo vegetal produzido no mundo, expondo evolução na área plantada, com propriedades agronômicas admiráveis, por adequar maior resistência à seca, ao frio e ao calor do que a maioria das espécies normalmente cultivadas no Brasil (GOYNE e HAMMER, 1982). É a quinta oleaginosa em produção de grãos e a quarta em produção de óleo no mundo, ficando atrás apenas do dendê, soja, e canola (USDA, 2005).

Aproximadamente 70% da produção mundial de oleaginosas é composta por soja, dendê, “girassol” e canola. O girassol e a canola destacam-se pela velocidade de incremento e pela qualidade do óleo para o consumo humano, representando, recentemente, uma produção de 24 e 29 milhões de toneladas/ano, respectivamente (GURTLER, 1994).

Possui um ciclo vegetativo relativamente pequeno, elevada adaptabilidade às diferentes condições edafoclimáticas e não tem seu rendimento afetado por parâmetros como latitude, longitude e fotoperíodo, seu cultivo torna-se uma opção nos sistemas de rotação e sucessão de culturas em regiões produtoras de grãos (CASTRO et al., 1996).

Quanto à altura, são observadas variações de 0,5 a 4,0 m (CASTIGLIONI et al.,1994), usualmente oscilando entre 1,0 m e 2,5 m. Suas folhas são alternadas e pecioladas, com comprimentos de 8 a 50 cm e com um número de folhas por caule variando entre 8 e 70, mas geralmente este número fica entre 20 e 40. Além disso, as folhas de girassol podem ter diversos formatos e tamanhos. A inflorescência é um capítulo, onde crescem os grãos, denominados aquênios.

A velocidade com que as raízes ocupam o solo é maior nos primeiros 10 cm. Este crescimento persiste até a antese, e posteriormente diminui de modo substancial. Esta capacidade de crescimento ativo é uma das formas que a planta de girassol possui para resistir à seca quando é cultivada em solos profundos e facilmente explorada pelas raízes (KAKIDA, 1981).

O caule é robusto, ereto, provido ou não de pêlos e geralmente sem ramificações, e as folhas são alternadas, pecioladas com grande variação de número (8 a 70), forma e tamanho (SEILER, 1992 citados por CASTIGLIONI et al., 1994). Possui diferentes curvaturas, que são definidas na fase de maturação fisiológica. Um adequado equilíbrio entre altura, diâmetro e resistência ao ataque de certas doenças fúngicas permite obter híbridos com maior resistência ao acamamento.

  A inflorescência é do tipo capítulo (CASTIGLIONI et al., 1994), com diâmetro de 6 a 50 cm, que contém de 100 a 8.000 flores (SEILER, 1992 citados por CASTIGLIONI et al., 1994). A inflorescência pode ter formação plana, convexa ou côncava, com flores que desenvolvem do exterior para o interior do capítulo e dão origem aos frutos (CASTRO et al., 1996).

  As sementes são do tipo aquênio, constituído pelo pericarpo (casca) e pela semente propriamente dita (amêndoas), de tamanho, cor e teor de óleo variáveis (30 a 48% de óleo) dependendo do cultivar (KAKIDA et al., 1981), e o número mais frequente de aquênios pode oscilar de 800 a 1.700, por capítulo (CASTRO et al., 1996 ).

  Essa espécie apresenta polinização cruzada feita basicamente por entomofilia, por ação principalmente de abelhas e, em menor escala, por outros insetos (KAKIDA et al., 1981). Conforme Castro et al. (1996) atualmente alguns cultivares têm alto grau de autocompatibilidade, reproduzindo-se mesmo na ausência de insetos.

  Espécies silvestres de girassol são conhecidas por sua variabilidade de tipos agronômicos, resistência a doenças e pragas e caracteres de qualidade de sementes (SEILER, 1992).

A época da colheita do girassol é determinada em função do ponto de maturação fisiológica, do teor de umidade dos aquênios (sementes) e da mudança de coloração do dorso do capítulo. Alguns autores não recomendam a colheita quando os aquênios estiverem com a umidade entre 11 e 13%, pois o processo não acompanhado de secagem imediata proporciona condições favoráveis ao desenvolvimento e a disseminação de fungos e outros microorganismos, e que tende a manchar os aquênios.

 

Milho

O Milho (Zea mays L.) é uma cultura que foi domesticada há cerca de quatro mil anos. A origem do milho foi no hemisfério norte, após a descoberta da América, foi cultivado como planta ornamental e exótica na Espanha, Portugal, França e Itália. Posteriormente, reconheceu-se o seu valor alimentar, iniciando-se uma cultura com fins econômicos, sendo difundida para o resto da Europa, Ásia e norte da África (INFORME AGROPECUÁRIO, 2006).

O Milho apresenta um elevado potencial produtivo, com uma rica composição química e valor nutritivo, esses entre outros fatores fazem com que esse cereal seja considerado um dos mais importantes, sendo consumido e cultivado mundialmente (FANCELLI e DOURADO NETO, 2000). O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, sendo superado apenas pelo os Estados Unidos e a China (INFORME AGROPECUÁRIO, 2006). O milho é considerado um dos cereais de grande importância, sendo considerado o terceiro cereal mais importante do mundo, superado apenas pelo trigo e arroz.

De acordo com a produção brasileira de milho da safra de 2010/2011 foi em torno de 57,5 milhões de toneladas. A importância do milho é caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. Na realidade, o uso do milho em grão como alimentação animal representa a maior parte do consumo desse cereal, isto é, cerca de 70% no mundo. Nos Estados Unidos, cerca de 50% é destinado a esse fim, enquanto que no Brasil varia de 60 a 80%, dependendo da fonte da estimativa e de ano para ano (INFORME AGROPECUÁRIO, 2006).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            O feijão, girassol e milho apresentam grande importância para a agricultura brasileira e mundial, mostrando também peculiaridades referentes às características morfológicas.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTIGLIONI, V.B.R., BALLA, A., CASTRO, C., SILVEIRA, J.M. Fases de desenvolvimento da planta do girassol. Documentos, EMBRAPA-CNPSo. n.58, p. 24, 1994.

CASTRO, C.; CASTIGLIONI, V. B. R.; BALLA, A.; LEITE, R. M. V. B.; KARAM, D.; MELLO, H. C.; GUEDES, L. C. S.; FARIA, J. R. B. A cultura do girassol. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 38p. (EMBRAPA_CNPSO. Circular Técnica, 13), 1996.

CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO FEIJÃO. Aspectos botânicos. Disponível em: http://www.cifeijao.com.br/index.php?p=aspectos_botanicos. Acesso em: maio 2012.

EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO. Origem e história do feijão. Disponível em: http://www.cnpaf.embrapa.br/feijao/historia.htm. Acesso em: maio 2012.

FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba: Agropecuária,

FERREIRA, L A.; OLIVEIRA, J. A.; PINHO, E. V. R.; QUEIROZ, D. L. Bioestimulante e fertilizante associados ao tratamento de sementes de milho. Revista Brasileira de Sementes, vol. 29, nº 2, p.80-89, 2007.

FILHO, J. M. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: Ed: FEALQ, 495p. 2005.

GONÇALVES, L.C.; TOMICH, T.R. Utilização do girassol como silagem para alimentação bovina. In: Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol, 13; Simpósio Nacional sobre a Cultura do Girassol, 1, 1999, Itumbiara, GO. Anais. Itumbiara, GO: Embrapa, p.21-30, 1999.

GOYNE, P.J.; HAMMER, G.L. Phenology of sunflower cultivars. II. Controlled-environment studies of temperature and photoperiod effects. Australian Journal of Research, v.33, p.251-261, 1982.

GURTLER, N. D.,Girassol., Londrina, PR: Agropecuária, v.1, 385p. 1994.

 

INFORME AGROPECUÁRIO. Cultivo do milho no sistema plantio direto, v. 27, n. 233, 2006.

 

KAKIDA, J., GONÇALVES, N. P., MARCIANI-BENDEZÚ, J., ARANTES, N. E. Cultivares de girassol. Informe Agropecuário, 7(82):76-78, 1981.

SEILER, G. J. Utilization of wild sunflower species for the improvement of cultivated sunflower. Field Crop Research, Amsterdam, v. 30, p.195-230, 1992.

USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Disponível em http://www.cnpp.usda.gov/default.htm . Acesso em: Abril 2012.

VIDAL, W. N.; VIDAL, M. R. R. Botânica organografia. Viçosa: Ed: UFV, 2005, 124p.

VIEIRA, C.; PAULA JR, T. J., BORÉM, A. Feijão. Viçosa: Ed: UFV, 2006, 600p.

Ilustrações: Silvana Santos