Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Dinâmicas e Recursos Pedagógicos
14/12/2010 (Nº 34) Teatro: como crescem?
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Oi leitores amigos, mais um ano se acabando

Oi leitores amigos, mais um ano se acabando!

Incrível como passou rápido, não é?!

Desenvolvi uma pequena peça de teatro, que espero que os ajude e traga uma boa discussão junto aos alunos.

Feliz Natal, Feliz Chanuká, e um 2011 cheio de boas surpresas e sonhos realizados!

Um beijo,

Marina

Teatro: Como crescem?

 

Saci- um menino muito inteligente e divertido que adorava pular em um pé só e trocava os pés que pulava só pra se divertir.

Estrela- uma menina esperta, muito inteligente, muito viva e feliz.

Peteleco- ou Pe, como gostava de ser chamado. Um garoto lindo, com um defeito na perna, mas que ele não dava à mínima fazia tudo, inclusive jogar futebol mancando.

Safira – um doce de menina, mas muito mais velha que os outros, pois tinha dificuldades em entender e a professora com a maior paciência, ensinava e repetia para ela, e ensinou a todos a ter paciência com ela.

Jonas – não gostava de ir à escola, mas gostava muito de aprender.

Narração:

Em uma escola do interior do Brasil, perto de uma floresta, a professora ensinava, ou melhor, tentava ensinar, para as crianças a diferença entre água doce e água salgada (mar), a diferença entre cidade pequena (onde estes moravam) e as grandes capitais do país.

Os alunos faziam tantas perguntas que ela mal tinha tempo de responder, mas estava achando muito interessante este processo de criação das crianças.

Nesta classe havia crianças de 4º, 5º e 6º serie, pois a escola era muito simples e pequena.

 

Estrela- Mas Professora, como que uma cidade pode ser tão grande? Você tem fotos? Eu não consigo imaginar com a minha cabeça!

Professora- Eu tenho uma coisa que é mais bacana que foto em papel, eu trouxe as imagens neste computador e vocês verão as fotos bem grande neste lençol, que vamos esticar. Quem me ajuda?

Todos – eu, eu, eu, eu, eu....

Esticam o lençol, com muita ansiedade.

Professora- muito bem, agora vamos nos sentar, podem sentar como quiserem.

Uns sentam no chão, outros na cadeira, outros em cima da escrivaninha.

E começam a ver imagens de São Paulo, ainda no inicio do século XX, a professora explica cada imagem, ela diz que esta cidade que ficava perto do porto de Santos, e que tinha estrada de ferro, era um ponto de chegada e de saída de muitos que vinham de fora do país, ou mesmo de alguns viajantes de dentro do país. E que por este motivo o comércio se instalou, e a cidade começou a crescer, vieram as estradas e mais gente, a cidade foi crescendo e as casas foram tirando espaço de floresta... enquanto a professora falava, ela mostrava as imagens, as crianças estavam boquiabertas. Então ela mostrou imagens de outras cidades, importantes do Brasil, como Brasília, desde sua construção, até os dias de hoje.

E quando ela ia colocar mais fotos, foram tantas mãos que se levantaram para fazer perguntas, que ela achou melhor respondê-las primeiro.

Saci (pulando em uma perna) – Professora, professora....

Professora- Por favor, Saci, pare de pular pra fazer sua pergunta.

Saci- Ah, é, foi mal. Professora, aquilo que você mostrou no meio das fotos, cheio de carro em volta, o que é?

Professora- Em que cidade Saci?

Saci- Ah...num sei....na primeira!

Todos- São Pauloooooooooooooooooo!

Professora- Peraí, vou colocar a foto novamente....é está?

Saci- (pulando) É, é, é, é, é.

Professora- Se você não parar agora, deixo suas perguntas para responder amanhã!

Saci (se sentando) – O que é isso aí no meio, é um depósito de lixo?

Professora- Não Saci, até parece um grande depósito de lixo, mas é o Rio Tietê, quando passa dentro de São Paulo.

Todos- Eca, que nojo!

Jonas- Ah, “fessora”, pára com isso!

Prof. – É verdade, quase todos os rios que passam dentro das grandes cidades, são MUIIIITO, poluídos,  mas vejam bem, eu gostaria de fazer uma aula com vocês só sobre rios na semana que vem, e aí a gente discute melhor esse assunto. Eu tenho muitas fotos e toda a história do Rio Tietê, pode ser?!

Todos- Podeeeeeeeeeeeeeeee!

Prof.- Mas para vocês não irem para casa com idéias erradas na cabeça, o que acontece em muitas cidades, é que muitas não tem rede de esgoto, muito menos, estação de tratamento de esgoto, e nem tratam corretamente o lixo, ou  melhor, resíduos sólidos. Mas semana que vem falaremos disto, ok?

Safira - Ô “fessora”, me explica direito uma coisa, num entendi bem, como que pode só porque uma cidade tem estrada que passa por ela, ela fica grande?!

Todos- Dãããããã....

Prof. – O que é isso meninada, já conversamos sobre este tipo de comportamento! Se vocês são tão espertos assim, expliquem para a Safira. Você Peteleco!

Peteleco- Ah, Safira é assim...Estrela fica aqui, você anda nesta direção, com esses gravetos na mão, vamos fingir que os gravetos são comida, muitos tipos de comida, mas tudo cru.  Saci, você vai pulando nesta direção com essas folhas na mão, vamos fingir que as folhas são tecidos, muitos tipos de tecido. Jonas você vem por aqui com esse punhado de terra na mão e vamos fingir que a terra são ferramentas, ferramentas de fazer comida bem gostosa e de fazer a roupa que a gente usa. Safira, você fica aqui no meio, você é a cidade.

Estrela- Ô Pe, o que é uma ferramenta de fazer comida?

Peteleco- Ah, são as panelas, colheres, facas...

Estrela- Ah é!

A professora olha tudo isso maravilhada!

Peteleco- Anda pra lá Estrela, e pára na Safira, quando você chegar na Safira, você pergunta assim: Dona cidade eu tenho esses grãos, esses bois e essas galinhas, também tenho leite, mas não tenho nem o que fazer com eles, pois não tenho ferramentas e nem o que vestir. Saci, você também vai até a Safira e diz, Dona cidade, tenho estes tecidos, mas não tenho ferramentas para fazer roupa e nem o que comer. Jonas, você vem com a terra e...

Jonas- Já entendi, vou até a Safira e digo: Dona cidade, eu tenho essas ferramentas que servem pra fazer comida e roupa, mas não tenho nem tecido, nem boi, galinha, ou grão!

Safira- E então todos se encontram aqui comigo, que sou a cidade, e trocam as coisas, e aí todos tem o que precisam.

Professora (a professora emocionada) – Isso mesmo! E ainda algumas destas pessoas resolvem morar na cidade, pois são comerciantes e podem comprar a mercadoria de todos e vender para outros! E a cidade começa a ter mais movimento, mais moradores, mais comerciantes, mais, mais e mais.

Jonas- Mas eu ainda não entendi o que tem isso com o fim das florestas!

Prof.- É fácil, a cidade começa a crescer e as grandes árvores da floresta atrapalham.

Peteleco- Árvores atrapalham?

Prof.- É gente da cidade, acha que árvore atrapalha e faz sujeira; atrapalha porque não se pode construir uma rua, casa, escola, hospital entre outras coisas, com uma árvore no meio, e suja porque as folhas e flores caem!

Safira- O “fessora”, isso não faz sentido!

Prof.- Não faz mesmo, mas é assim que funciona. E em menos de um século a Mata Atlântica que existia por quase todo o território do estado de São Paulo, quase que desapareceu. Mas agora estão recuperando e preservando as matas.

Saci (pulando)- “Fessora”, “fessora”!

Prof. – Só respondo se você parar de pular!

Safira – Ô Saci, você é chato com essa coisa de pular o tempo todo!

Prof. – Acho que ele fugiu das florestas com medo de que ficar sem lugar para morar quando as florestas foram “encolhendo”. Hei pessoal, vocês conhecem a lenda do Saci?

Todos – Mais ou menos.

Prof. – Então vou contar: A Lenda do Saci Pererê nasceu entre as tribos indígenas do sul do Brasil. Saci, é um menino negro, muito levado, que tem uma perna só, fuma cachimbo e usa um gorro vermelho com poderes mágicos.

A lenda diz que o Saci mora dentro dos rodamoinhos, ele adora pregar “boas peças” nas pessoas, como fazer a comida queimar, assustar o gado para que saiam correndo pelo pasto, de preferência quando estão tentando recolhê-lo, assustar viajantes solitários e dar nós nas crinas dos cavalos.

Dizem que para pegar um saci é preciso fazer uma armadilha com uma peneira. Depois que ele cair na cilada, tem que tirar rapidamente seu gorro vermelho, colocar o saci em uma garrafa e fechá-la bem com
uma rolha.

Toca o sinal do recreio.

E todos saem pulando como Saci!

Todos- Tchau “fessora”, até amanhã!

Prof- Tchau!

Saci-Pererê

MSc. Marina Strachman - arquiteta e urbanista, mestre em desenvolvimento regional e meio ambiente e especialista em educação ambiental. marinastrachman@yahoo.com.br

Fontes usadas na lenda do Saci:

http://www.brasilescola.com/folclore/saci-perere.htm http://recreionline.abril.com.br/fique_dentro/conhecimento/folclore/conteudo_50128.shtml

Ilustrações: Silvana Santos