Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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05/09/2006 (Nº 18) MEMÓRIAS E CENÁRIOS DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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MEMÓRIAS E CENÁRIOS DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Autores:

1) Aline da Silva Cerqueira Holt, MSc, Bióloga Marinha, Pesquisadora e coordenadora da unidade de Educação Ambiental do Grupo de Estudo de Cetáceos do Ceará entre os anos de 1994 e 1998. E-mail: alinemarine@lycos.co.uk. Endereço para correspondencia: 36 The Albemarle, Marine Parade, Brighton, BN2 1TX, England.

2) Maria de Lourdes Brandão, PhD, Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC).

3) Cassiano Monteiro-Neto, PhD, Professor do Programa de Pós-Graduação em Biologia Marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF).

4) Alexandra Fernandes Costa, MSc, Bióloga da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – AQUASIS.



Resumo

Este artigo descreve a elaboração e o desenvolvimento de um programa de Educação Ambiental voltado para a Escola de Ensino Fundamental da Colônia de Pescadores da Z-8, Praia do Mucuripe, Fortaleza, Ceará, durante os anos de 1993 a 1996. Dentro do contexto dramático da interação entre pescadores artesanais e pequenos cetáceos da região, este trabalho experimentou metodologias que surgiram a partir do convívio entre os integrantes do programa e a comunidade escolar. Como resultado, foi observado o desenvolvimento de uma conscientização ecológica baseada na mudança de atitude e na adoção de uma nova postura perante o meio ambiente, não só entre os alunos e professores da escola, mas também entre os integrantes do programa e a comunidade pesqueira.

Palavras-chave: Educação Ambiental, pequenos cetáceos, Praia do Mucuripe.

Introdução

As ciências como um todo, despertam na grande maioria das pessoas o interesse pela busca de respostas para as questões do dia-a-dia e outras questões que, apesar de fugirem do cotidiano de alguns, não são menos intrigantes ou importantes. Neste sentido, o processo ensino-aprendizagem das ciências sempre esteve disposto a interagir as informações científicas trazidas à tona pelos cientistas com o cotidiano do homem, quer seja na escola, através do ensino formal, quer seja através do ensino não formal.
Desde cedo na escola, os temas “Ciência” e “Ecologia” são abordados em classe para que a criança possa situar-se dentro da realidade global do planeta e dos seres vivos. A partir do ensino fundamental, palavras como “Ecologia”, “Preservação”, “Meio Ambiente” e “Poluição”, tornam-se cada vez mais comuns nos discursos em sala de aula, e estendem-se em situações extra-classe.
As problemáticas ambientais, causadas em sua quase totalidade pela ação antrópica, são hoje fonte de grandes discussões entre ambientalistas, governantes, educadores, etc.
Segundo Leff, In: Reigota et al. (1999): “A consciência ambiental se manifesta como uma angústia de separação e uma necessidade de reintegração do homem na natureza.”
Na busca dessa reintegração do homem na natureza, as propostas de Educação Ambiental pretendem instaurar uma nova concepção de humanidade e de natureza, modificando as atitudes, criando uma nova postura ética diante da vida e inovando a política de visão antropocentrista, já ultrapassada (Mosteiro Zen Morro da Vargem, 1991).
Educar é inovar, é criar, é destruir e construir a partir do velho e do novo, juntos, educadores e educandos.

Este trabalho

O presente trabalho foi desenvolvido pelo Grupo de Estudo de Cetáceos do Ceará – GECC, dentro de um cenário escolar urbano da praia de Mucuripe, Fortaleza, Ceará, na Escola de Ensino Fundamental da Colônia de Pescadores da Z-8, pertencente a comunidade pesqueira local e mantida pelo Governo do Estado.
O GECC era uma ONG sem fins lucrativos criada no ano de 1992 por alunos e professores das Universidades Federal e Estadual do Ceará, com a iniciativa de estudar e preservar os cetáceos da costa cearense (botos, baleis e golfinhos). Os integrantes envolvidos no programa de Educação Ambiental aqui apresentado, eram, em sua maioria, alunos dos semestres iniciais dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia de Pesca e Veterinária das duas universidade.
A escolha da Escola da Colônia de Pescadores da Z-8 para implementação deste trabalho, deveu-se a existência de uma problemática ambiental presente em toda a costa do estado do Ceará: a mortalidade de pequenos cetáceos (botos e golfinhos) em função dos emalhes acidentais em redes de pesca artesanal, ocasionados pela interação competitiva entre botos e pescadores para a captura de recursos pesqueiros de utilização comum. No litoral de Fortaleza e, mais precisamente, na praia de Mucuripe, este problema também é uma constante ameaça às populações residentes desses animais, sendo a atividade pesqueira a principal causa das mortes desses mamíferos (Oliveira et al., 1995).
Visando a redução da taxa de mortalidade dos botos e golfinhos por interação com a pesca artesanal, o GECC começou a implementar a partir de 1993 um projeto de Educação Ambiental com a intenção de abranger toda a costa cearense e de atingir os diferentes seguimentos da sociedade. O início do projeto foi marcado pelo lançamento da campanha “Proteja os Botos do Ceará” em diversos eventos ambientais na capital do estado e em diferentes municípios costeiros.
A idéia da criação de um programa de Educação Ambiental voltado especialmente para os alunos da Escola de Ensino Fundamental da Colônia de Pescadores da Z–8 surgiu em 1993, quando uma pesquisa que objetivava diagnosticar a causa da mortalidade de pequenos cetáceos no estado do Ceará, constatou que os pescadores eram os principais responsáveis pelos encalhes destes animais na costa e que a pesca era uma atividade passada de pai para filho. Além disso, a proximidade entre a sede do GECC e a Colônia de Pesca da Z-8, facilitava bastante o acesso à escola e o deslocamento dos recursos didáticos necessários ao programa.
No panorama desta Escola, que tem o papel de educar formalmente os alunos desde a alfabetização até a 4ª série do ensino fundamental, inserida na realidade sócio-econômico-cultural de uma comunidade pesqueira, que interage de forma impactante e às vezes negativa no meio ambiente natural, foi construída uma estratégia de Educação Ambiental que transformou de forma criativa o cotidiano escolar, a partir da descoberta da docência na discência.
Antes de ser iniciado o contato com a escola, surgiram algumas questões que levaram a uma grande reflexão sobre o que é docência e o que é necessário para seguir este caminho, tais como:
É possível implantar e desenvolver um programa de Educação Ambiental sem antes nunca ter havido algum contato com a docência – a não ser o adquirido durante a discência?
Como difundir uma consciência preservacionista, de respeito ao meio ambiente sem gerar conflitos?
Como alcançar os alunos e promover uma mudança de atitude entre eles?
Poderia este trabalho com os alunos atingir a comunidade como um todo?

Além de serem necessários talento e afinidade para ensinar, é fundamental o conhecimento do assunto a ser exposto/ ensinado. Mas, outros fatores são importantíssimos para que haja uma interação de sucesso entre docentes e discentes, especialmente tratando-se de Educação Ambiental. É preciso conhecer o espaço, o cenário onde serão ministradas as exposições/ aulas. É preciso conhecer um pouco do cotidiano dos alunos e professores da escola. É preciso entrar em contato com a realidade da comunidade onde está inserida a escola (Penteado, 1994).
Só assim é possível, em Educação Ambiental, preparar especialmente uma aula, um programa de ensino, para um determinado grupo de alunos. De forma contrária, o contato é superficial e a recepção da mensagem é também superficial. É preciso não só despertar o poder de cognição dos alunos, mas atingi-los também em seus sentimentos, mudar suas atitudes. E, antes de tudo, antes de intencionar mudar as atitudes de uma comunidade de alunos, de uma comunidade pesqueira, é preciso realizar uma auto-avaliação dos próprios atos, dos objetivos, enfim, do seu papel e responsabilidade como docente.
Segundo Rosa (1994): “Mudar, em Educação, não depende apenas de teorias revolucionárias ou da eficácia do novos métodos. Diferente de outros campos de atuação profissional, nenhuma transformação substantiva, nessa área, prescinde do envolvimento dos educadores. Por isso mesmo, toda mudança em Educação significa, antes de mais nada, mudança de atitude” .
O desafio de criar uma metodologia de ensino capaz de reverberar em uma comunidade uma nova consciência com relação ao mundo que nos cerca, apesar de pretensioso e arrogante, foi acima de tudo uma grande experiência, onde criar e ensinar resultou todo o tempo em apreender, melhorar e recriar. Surgiu um espaço comum para educadores e educandos.
A construção de um novo mundo parte da reconstrução dos papéis desempenhados por cada um no cenário da vida cotidiana, na escola, em casa, na praia, na pesca.
Neste sentido propôs-se como objetivos deste trabalho: a) desenvolver uma metodologia de Educação Ambiental voltada especialmente para os alunos da Escola de Ensino Fundamental da Colônia de Pescadores da Z-8 e b) promover uma consciência ecológica de preservação e de proteção do Meio Ambiente.

Metodologia da ação

1) Módulos Educativos (MEs)

O primeiro passo para criação deste programa, foi visitar a Escola de Ensino Fundamental da Colônia de Pescadores da Z-8. Neste primeiro contato foram visitadas todas as salas de aula. Foi realizado um reconhecimento do espaço e apresentada para os professores e diretoria a proposta de implantação de um programa de Educação Ambiental, fundamentado nas justificativas já apresentadas.
A metodologia empregada neste trabalho considerou principalmente o fato de os participantes deste programa de Educação Ambiental não poderem estar diariamente na escola durante todo o ano letivo.
Foi necessário então desenvolver uma estratégia de exposição que fosse, de certa maneira, um evento durante as atividades do ensino formal (Cerqueira, 1993). Desta forma, surgiu a idéia de criar Módulos Educativos - MEs (Cerqueira & Costa, 1995), que consistiam de aulas expositivas e às vezes práticas, que envolviam a utilização de recursos audiovisuais, além cartazes, folders explicativos e dinâmicas em sala de aula.
Os MEs eram constituídos de aulas envolventes que estimulavam a participação dos alunos e professores em sala de aula. As dinâmicas realizadas consistiam de vivências, brincadeiras, jogos e músicas.
As séries escolares escolhidas para aplicação dos MEs foram as 3ª e 4ª séries, ja que a faixa etaria nessas classes compreendia as idades de 8 a 13 anos, e muitos destes alunos ja participavam diretamente de atividades pesqueiras.
Os MEs, durante o primeiro ano de implantação (1994), foram aplicados em dois turnos de aulas da escola e procuraram atender a todas as classes das séries escolhidas. Primeiramente foram experimentados quatro módulos que abordavam os temas: “O Meio Ambiente”; “O Ecossistema Costeiro”; “Baleias, Botos e Golfinhos: o que são e como vivem” e “Baleias, Botos e Golfinhos: encalhes e preservação” (Lodi & Hetzel, 1993; Santos, 1996).
A escolha dos temas foi fundamentada na problemática ambiental vivida na comunidade. Os MEs apresentavam conceitos básicos, alternativas para a conservação do meio e dos recursos naturais.
A abordagem procurou ser objetiva e ao mesmo tempo exposta através de uma linguagem bastante acessível, sendo esta uma das maiores preocupações durante as exposições dos temas.
Nesta primeira experiência os MEs foram aplicados durante os quatro primeiros meses do ano letivo. Um a cada mês, para uma classe diferente, seguindo a ordem dos temas citados anteriormente.
No ano seguinte (1995) a indisponibilidade de recursos humanos para o desenvolvimento do programa, impediu a implementação regular dos MEs, sendo que apenas os dois primeiros foram aplicados às turmas.
Em 1996, foi realizada uma reformulação dos módulos educativos e de todo o programa de Educação Ambiental do GECC na Escola da Colônia Z-8. Com isso, foram criados mais quatro MEs: “O Botinho Tuki e O Bicho Homem”; “O Lixo e os problemas que ele causa” (Projeto Parque Vivo, 1994); “Legislação Ambiental” (Fragoso, 1992; Borges, 1993) e “O que cada um pode fazer para ajudar a natureza” (Projeto Parque Vivo, 1994).
O módulo “O Botinho Tuki e o Bicho Homem” foi baseado numa história criada pelos membros do programa. A criação dos novos MEs visou incrementar as informações disponibilizadas, complementando o trabalho.
Todos os módulos seguiram um roteiro de exposição preestabelecido. As dinâmicas foram escolhidas de acordo com a existência de vídeos e outros materiais didáticos disponíveis para cada assunto abordado.

2) Aulas de Campo

Além dos módulos educativos, outra forma de atrair a atenção dos alunos com relação à questão ambiental, foi planejar aulas de campo e visitas à sede do GECC, no LABOMAR – Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará.
As aulas na Ponte dos Ingleses, Praia de Iracema, local de onde observa-se os botos-cinza, Sotalia fluviatilis (Gervais, 1853), deixaram os alunos eufóricos e, muitas vezes, emocionados com a aparição desses animais na natureza.
As visitas ao LABOMAR na maioria das vezes foram orientadas pelo Programa de Educação Ambiental Marinha do LABOMAR– PEAM, que recebeu os alunos realizando diversas explanações sobre as atividades que o laboratório desenvolve, seu acervo de artefatos do fundo do mar e expondo seus aquários repletos de peixinhos e de filhotes de tartarugas marinhas, que eram cuidadas até o momento de serem devolvidas ao ambiente natural.
Após as aulas de campo os professores da Escola realizaram oficinas de redação com os estudantes, tendo como temas as visitadas realizadas.

3) O Botinho Tuki e o Bicho Homem

No início do ano de 1996, quando pensou-se na reformulação dos MEs, viu-se a necessidade de criar um ME especial que abordasse todos os pontos que seriam apresentados no decorrer dos outros módulos, de forma divertida e que pudesse ser aplicado à crianças de várias idades. Esta necessidade veio principalmente do fato dos MEs não estarem adaptados às crianças de turmas da alfabetização à 2ª série.
Diante disso, surgiu a historia “O Botinho Tuki e O Bicho Homem”, criada pelos membros do programa de educação ambiental e transformada no ME 01.
Mais tarde a história foi adaptada para uma peça teatral, que foi encenada pelos alunos da 4ª série da Escola no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho de 1996, no anfiteatro da Av. Beira Mar, na Praia de Mucuripe. A apresentação foi aberta ao público e reuniu uma grande quantidade de pessoas, entre pescadores, moradores da região e público em geral. Todo o cenário e figurino foram confeccionados pelos membros do GECC e colaboradores.

4) Passeata do Dia Nacional do Golfinho – 06 de outubro de 1996

O Dia Nacional do Golfinho foi instituído através da iniciativa de pesquisadores brasileiros de cetáceos, que aproveitando a simpatia que estes animais atraem do ser humano, visaram divulgar a necessidade de preservação das espécies que ocorrem ao longo da costa do Brasil.
No Ceará, a idéia de criar uma mobilização comemorativa da data surgiu dentro da própria Escola da Colônia da Z-8, por parte dos alunos e professores, que sugeriram uma passeata, para divulgar a campanha “Proteja os Botos do Ceará” junto à imprensa
Além da presença de todos os alunos e professores da Escola de Ensino Fundamental da Colônia de Pescadores da Z-8 e dos membros do Grupo de Estudo de Cetáceos do Ceará, o movimento contou ainda com a participação do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará e de uma banda de música.


Resultados

Ao longo dos três anos de experimentação do programa de Educação Ambiental do Grupo de Estudo de Cetáceos do Ceará – GECC, o maior aprendizado foi o adquirido pelos integrantes do programa.
O contato com o universo da sala de aula e seus componentes, permitiu uma constante reciclagem de metodologias e formas de expressão, o que sem dúvidas, contribuiu para que o objetivo dos módulos educativos não se perdesse.
Durante o desenvolvimento do programa, houve a participação de diferentes integrantes do GECC, sendo que só permaneceram aqueles que se identificaram com o projeto, seus fins e metodologias. Estes sustentaram e promoveram uma constante criatividade e reciclagem das atividades, buscando sempre uma atualização.
O programa de Educação Ambiental na Escola da Colônia da Z-8 incentivou todo o corpo docente e discente a realizar uma reformulação de atitudes. No final do ano de 1996, alunos e professores realizaram oficinas de reciclagem, criando cartões de Natal e de Ano Novo.
Após uma mudança de sede para um prédio maior, alunos, professores e funcionários da Escola se empenharam em construir uma pequena horta, adubada com o lixo orgânico reciclado dos restos das merendas escolares.
Alguns relatos de pais, alunos e professores mostraram que o programa conseguiu atingir, mesmo que timidamente, seus objetivos, como é apresentado abaixo:
- “Lá em casa ninguém mais joga lixo no chão, nem na rua...” (Pescador, pai de um aluno que participou do programa. 10/ 1996);
- “... Agora estamos pensando em separar o lixo e desenvolvermos um programa de reciclagem de papel e oficinas de artesanato com o lixo”. (Prof.a. Kenia, Diretora da Escola da Colônia Z-8);
- “... Esse trabalho de vocês é ótimo! Vocês deviam vir aqui mais vezes... “ (Prof.a. Fátima);
- “Não consigo nem maltratar mais formiga....” (Luciano, aluno da 4ª série);
- “...Queria que vocês viessem todos os dias ...” (Helder, aluno da 3ª série).
Infelizmente, a indisponibilidade de recursos materiais e humanos não permitiu que fosse possível dar continuidade a este trabalho nos anos seguintes.

Consideracoes Finais

A experiência de criar e implementar uma metodologia educacional para fins de preservação do meio ambiente revelou, sobretudo, cenários e vivências riquíssimas de aprendizados sobre a docência e sobre os diferentes tipos de interações que podem existir entre pesquisadores, educadores, alunos e comunidade como um todo. Interações essas que, promoveram mudanças de comportamento diante da vida, do cotidiano.
A pesquisa na educação é fundamental, tanto em termos de atualização do conteúdo que se deseja ensinar, como em termos de se experimentar novas técnicas de ensino.
Em sintese, finalmente observamos ao longo do desenvolvimento deste trabalho que:
1) A aplicação dos MEs foi uma forma eficiente de abordar um tema do cotidiano dos alunos;
2) A docência na atualidade requer que o profissional da Educação permita-se ser também um pesquisador: professor – pesquisador;
3) Implantar uma consciência ecológica, visando mudanças de atitudes e de comportamentos, não prescinde da autoavaliação de conduta; e, requer uma reformulação dos relacionamentos com o meio e, principalmente, com as pessoas;
4) O Programa de Educação Ambiental do GECC, desenvolvido na Escola de Ensino Fundamental da Colônia de Pescadores da Z-8, teve um alcance não só sobre os alunos e professores, mas também sobre a colônia de pescadores da Praia de Mucuripe.

Referências Bibliográficas

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Cerqueira, A. S., Educação Ambiental: Uma Alternativa Para a Preservação de Pequenos Cetáceos no Ceará. Anais do XII Encontro de Iniciação a Pesquisa. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza – CE. 1993.

Cerqueira, A. S. & Costa, A. F., Proteja os Botos do Ceará: A Educação Ambiental e a a Preservação de Pequenos Cetáceos no Litoral Cearense. Anais do III Encontro Latino-Americano de Educadores Ambientais. Eco Aplicada 95. Rio de Janeiro – RJ. 1995.

Fragoso, F., Os Crimes Contra o Meio Ambiente no Brasil. RF v. 317, Jan/Mar. 1992.

Leff, E., Capítulo: Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. In: Reigota, M; Raminelli, r.: Chagas, G; Curtis, M; Moraes, F. & Layrargues, P., Verde Cotidiano – O Meio Ambiente em Discussão. Rio de Janeiro - RJ: DP & A Editora. 1999. 149 p.

Lodi, L. & Hetzel, B., Baleias, Botos e Golfinhos – Guia de Identificação para o Brasil. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro - RJ. 1993. 279 p.

Oliveira, J. A., Ávila, F. J. C., Alves Júnior, T. T., Furtado Neto, M. A. A. & Monteiro Neto, C., Monitoramento do Boto Cinza, Sotalia fluviatilis (Cetácea: Delphinidae), em Fortaleza, estado do Ceará, Brasil. Arquivo de Ciências do Mar. nº 1 e 2. Vol. 29. 28-35. Fortaleza – CE. 1995.

Penteado, H. D., Meio Ambiente e Formação de Professores. Cortez Editora. Coleção Questões da Nossa Época. Vol. 38. São Paulo - SP. 1994. 120 p.

Projeto Parque Vivo. Guia Ecológico. Fortaleza. 1994. 40 p.

Rosa, S. S., Construtivismo e Mudança. Cortez Editora. Coleção Questões da Nossa Época. Vol. 29. São Paulo - SP. 1995. 87 p.

Santos, M. C. O., Baleias e Golfinhos. Editora Ática. Coleção Investigando os Seres Vivos. São Paulo - SP. 1996. 64 p.

_____________, Projeto Experimental de Educação Ambiental. Mosteiro Zen Morro da Vargem. Ibiraçu – ES. 1991. 88 p.

Ilustrações: Silvana Santos