Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/09/2018 (Nº 65) A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ESPAÇO ACADÊMICO: A PERCEPÇÃO DOS(AS) DISCENTES PARTICIPANTES DO PROGRAMA IFCE LIMPO E VERDE.
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A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ESPAÇO ACADÊMICO: A PERCEPÇÃO DOS(AS) DISCENTES PARTICIPANTES DO PROGRAMA IFCE LIMPO E VERDE



Francisco José Alves de Aquino1, Ivia Eline Farias Dias2 



1 Doutor, professor do Programa de Pós Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (PROFEPT/IFCE), e-mail:fcoalves_aq@ifce.edu.br



2 Assistente Social do IFCE, Mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação Profissional e Tecnológica(PROFEPT/IFCE), email: ivia.f.dias@gmail.com 



A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ESPAÇO ACADÊMICO: A PERCEPÇÃO DOS(AS) DISCENTES PARTICIPANTES DO PROGRAMA IFCE LIMPO E VERDE.

RESUMO



Este trabalho teve por objetivo conhecer os motivos e as expectativas dos discentes participantes do Programa IFCE Limpo e Verde, quanto à sua atuação no IFCE Campus de Fortaleza. Analisou-se o nível de interesse discente quanto às ações de Educação Ambiental (EA) no IFCE, Campus de Fortaleza, a partir do ingresso no Projeto/Programa IFCE Limpo e Verde, que é um instrumento de fortalecimento das estratégias em Educação Ambiental no espaço acadêmico local. A pesquisa qualitativa, do tipo aplicada e de cunho exploratório, foi bibliográfica, documental e do tipo direta, com a análise dos dados constantes em questionário respondido pelos discentes, buscando-se identificar os cursos de formação dos voluntários envolvidos, bem como apresentar suas motivações e expectativas ao ingressarem no Programa. Os resultados apontaram que 68,75% dos discentes envolvidos pertenciam a cursos do nível superior e 31,25% a cursos do nível técnico. Observou-se que os cursos de graduação tecnológica de Gestão Ambiental e Saneamento Ambiental apresentaram um alto índice de participação no Programa, figurando, sozinhos, com 50%, enquanto os demais cursos de graduação, juntos, representaram o percentual de apenas 18,75%. Os resultados apontaram para a necessidade de maior fortalecimento da abordagem interdisciplinar da EA nos cursos de nível superior e técnico, necessitando, sobretudo, de uma maior efetividade para os cursos que não são intitulados de “ambientais”, com o intuito de atender aos dispositivos presentes na Politica Nacional de Educação Ambiental (PNEA). A pesquisa mostrou que as motivações para a participação dos discentes no Programa Limpo e Verde foram as mais diversas, destacando-se o interesse pela temática ambiental e a observação da atuação do Programa no Campus. Quanto às expectativas, a maior parte dos discentes demonstrou ser a intervenção ambiental por meio do engajamento no Programa (61%), enquanto que as expectativas relacionadas à aquisição de experiência complementar ao curso figuraram com, no mínimo, 31,48%. Os resultados apresentaram ainda que os discentes mostraram-se dispostos a contribuir com o Programa Limpo e Verde de diversos modos, inclusive, com interesse na aplicação no Programa dos conhecimentos adquiridos em sala de aula, agregando suas próprias experiências ao currículo profissional.

Palavras-chave: Programa IFCE Limpo e Verde, Educação Ambiental, Discentes.



THE PROMOTION OF ENVIRONMENTAL EDUCATION IN THE ACADEMIC FIELD: THE PERCEPTION OF STUDENTS PARTICIPATING IN PROGRAMA IFCE LIMPO E VERDE







ABSTRACT

This work aimed at learning the motivations and expectations of students participating in Programa IFCE Limpo e Verde (in free translation, “IFCE Clean and Green Program”) in regard to its activities at the Federal Institute of Education, Science and Technology of the State of Ceará (IFCE), Campus of Fortaleza. It assessed the interest level of students in actions of Environmental Education at IFCE, Campus of Fortaleza, as of their joining in the project/program Programa IFCE Limpo e Verde, which is an instrument to strengthen Environmental Education strategies within the local academic field. The applied and exploratory qualitative research was bibliographic, documental, and direct. It assessed data provided by a questionnaire completed by the students, seeking to identify the training courses attended by the involved volunteers and to present their motivations and expectations when they joined the program. Results indicated that 68.75% of these students were attending higher education courses, while 31.25% of them were attending technical level courses. It was possible to observe that the technical graduate courses of Environmental Management and Environmental Sanitation had a high rate of participation in the program, representing 50% of the students, while the other graduate courses, together, represented a percentage of only 18.75% of the students. The results pointed at the need of a greater strengthening of the interdisciplinary approach of Environmental Education in higher education and technical level courses. Above all, in order to meet the provisions of the Brazilian National Policy for Environmental Education (PNEA), a greater effectiveness in the case of courses that are not designated as “environmental” is required. The research showed that the students’ motivations to participate in Programa Limpo e Verde varied a lot, with highlights to the interest in the environmental issue and to the observation of the program’s action on the Campus. In regard to the expectations, most of the students claimed it was the environmental intervention through the engagement in the program (61%), while expectations related to acquiring a supplementary experience represented at least 31.48%. The results further demonstrated that the students were keen to contribute to Programa IFCE Limpo e Verde in several ways, being interested, moreover, in applying the knowledge they have acquired in class in the program, adding their own experiences to the professional curriculum.

Keywords: Programa IFCE Limpo e Verde, Environmental Education, Students.



  1. INTRODUÇÃO

Pode-se afirmar que a Educação Ambiental (EA) é uma proposta recente, seja no âmbito mundial, seja no Brasil. Fruto de um debate ambiental intensificado desde o final da década de 60, no século XX, ela ganhou destaque a partir da ocorrência de desastres socioambientais, ocorridos em vários países do globo, tais como o de Londres (1952), onde milhares de pessoas vieram a óbito por consequência da poluição atmosférica; o de Cubatão, no Brasil; o de Chernobyl, Ucrânia (1986), dentre outros. Porém, somente a partir dos resultados obtidos nas primeiras Conferências em Meio Ambiente – Estocolmo (1972), Belgrado (1975), Tbilisi (1977) e Rio (1992), a EA ganhou contornos mais concretos e adquiriu destaque mundial. Tais conferências representam marcos com a finalidade de promover o diálogo entre as nações, estabelecendo diretrizes, objetivos e metas para a minimização das consequências do desenvolvimento capitalista para o meio ambiente.

A Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, proclamada na Conferência de Estocolmo, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972 representou um marco para o avanço dos debates ambientais no mundo. A Declaração estabeleceu em vinte princípios a “prioridade da valorização do meio ambiente como sendo fundamental para a própria vida humana e para o desenvolvimento econômico” (Kamimura e Lemes, 2009). O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi outro instrumento ambiental estabelecido nesse momento.

Desde então, outras iniciativas de âmbito mundial foram promovidas, tais como a Primeira Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental, em Tbilisi (Geórgia), ocorrida em 1977, que foi importante para se pensar na necessidade de políticas públicas voltadas à questão ambiental (Kamimura e Lemes, 2009). Após a Conferencia de Moscou, ocorrida em 1987, foi a vez da histórica ECO/92, Conferência Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sediada na cidade do Rio de Janeiro, que trouxe avanços consideráveis em termos de estabelecimento de metas e ações concretas a serem realizadas, tais como a criação da Agenda 21, a Carta da Terra e o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis (Kamimura e Lemes, 2009). A Agenda 21 consiste em um acordo estabelecido entre 179 países para a elaboração de estratégias que objetivem o alcance do desenvolvimento sustentável. Esse documento está estruturado em quatro seções: dimensões sociais e econômicas, conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento, fortalecimento do papel dos principais grupos sociais e meios de implementação.

A Educação Ambiental, a partir da ECO/92 passou a ganhar mais corpo, por meio da Agenda 21 e do Tratado de Educação Ambiental para Cidades Sustentáveis, passando a englobar: “uma série de decisões resultantes de conferências específicas e temáticas, como a promoção do ensino, da capacitação e do crescimento da consciência em relação à questão ambiental”, segundo Lasmar e Magalhães apud Kamimura e Lemes (2009).

Diante dos resultados das diversas conferências mundiais e das exigências de organismos internacionais para que fossem definidas políticas públicas voltadas para o meio ambiente, o Brasil estabeleceu pela Lei Federal n° 6.938, de 31/09/81 a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA):

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana (...) (PNMA, Art. 2º)

A Constituição Federal de 1988 também já apontou em seu texto a necessidade de intervenção do poder público nos assuntos ambientais. Em seu artigo 225 afirma que:

todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Constituição Federal, 1988, art. 225)

A Conferência Rio 1992, no Brasil, inspirou também a legislação educacional vindoura, com a inclusão da temática transversal “meio ambiente” nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1994-2002) e culminando com a elaboração da Política Nacional de Educação Ambiental de 1999 (PNEA), estabelecida pela Lei nº 9795/99, momento em que, no Brasil, a Educação Ambiental foi então definida como “essencial à sustentabilidade”. A partir daí, foram estabelecidas as diretrizes para a sua consolidação na educação formal e na educação não-formal (Albanus e Zouvi , 2013).

Dentre os eventos mais recentes relativos às questões ambientais, pode-se citar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 21), ocorrido no ano de 2015, em Paris, a qual objetivou firmar um acordo mundial para frear o aquecimento global a partir da redução da emissão dos gases do efeito estufa, com a participação de 195 países, dentre eles o Brasil. A COP 21 sinalizou, desse modo, também para a necessidade urgente de mudanças nos rumos atuais da economia e do uso dos recursos naturais (Nassi-Calò, 2015).

Sabe-se que as instituições educacionais desempenham um relevante papel nesse processo, tendo em vista a importância da Educação Ambiental para a mudança dos paradigmas na relação do homem com o meio ambiente, contudo, não se pode negar os fatores externos que corroboram para a crescente degradação ambiental.

2. Projeto/Programa IFCE Limpo e Verde – Campanha de Educação Ambiental: breve histórico e perspectivas

O processo educativo deve dotar o educando de intencionalidade em seus atos, de modo que se fortaleça nele a relação entre suas escolhas e suas perspectivas de futuro. (Ceccon, 2012, p. 6). Afirma-se que não há neutralidade na educação, e esta é, portanto, formadora de uma consciência ecológica, da qual depende diretamente a responsabilidade socioambiental. Ceccon (2012, p.6). Ainda segundo a autora:

Os sistemas educacionais do mundo todo têm sido provocados a assumirem sua responsabilidade frente à necessidade de formação de cidadãos e cidadãs com uma nova postura em relação à sociedade e à natureza, com valores e atitudes diferentes daqueles que levaram o planeta à situação atual de grandes desigualdades sociais e intenso desequilíbrio ambiental. (Ceccon, 2012, p.5).

Nesse sentido, a elaboração e a aplicação de projetos e programas, no ambiente escolar e acadêmico, voltados à disseminação de ideias que corroborem para um novo paradigma ambiental mostram-se relevantes na formação dos discentes envolvidos, que por sua vez, poderão atuar como sujeitos ativos do processo de transformação socioambiental.

Tendo em vista esta necessidade, o Instituto Federal do Ceará, Campus de Fortaleza, vem desenvolvendo, desde 2014, uma iniciativa em Educação Ambiental, intitulada de Projeto IFCE Limpo e Verde no Coração do Benfica e foi implantado com o objetivo de estimular a comunidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Campus Fortaleza, a construir um meio ambiente mais saudável e sustentável, por meio de reflexões e ações, buscando sensibilizar os participantes enquanto seres sociais formadores da relação homem/natureza.

É fato que, dentre as instituições educacionais brasileiras, os Institutos Federais (IFs) tem a possibilidade de atingir um público significativo nas ações as quais desenvolve, dada a grande diversidade do seu público-alvo, pois os IFs são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurricular e multicampi, especializadas na oferta de educação profissional e tecnológica, nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com a prática pedagógica.

O arcabouço legal brasileiro já sinaliza, desde a PNEA(1999), para a importância das instituições educacionais na promoção da Educação Ambiental. Segundo a PNEA (1999), a Educação Ambiental “é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”.(PNEA, 1999, Art. 1º). Nesse sentido, caberá às instituições educativas “promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem” (PNEA, 1999, Art. 3º, inc. I).

Entende-se que o Programa IFCE Limpo e Verde é uma ação em Educação Ambiental de caráter não-formal, tendo sido concebido, implantado e desenvolvido como uma atividade de Extensão pela Coordenadoria de Serviço Social do Campus de Fortaleza, portanto, vinculado diretamente à Diretoria de Extensão, implementado como um “projeto” e depois transformado em “programa”, dada a repercussão de suas ações em âmbito local. O objetivo era de que as ações fossem desenvolvidas com a participação de servidores, docentes e discentes.

A participação dos discentes foi fundamental no desenvolvimento das atividades, desde a sua implantação, sendo que a atuação dos alunos foi efetiva em várias linhas de frente, desde as atividades de planejamento até a execução, dentre as quais, podem ser destacadas:

  • formação de equipe multidisciplinar;

  • formação de grupos de alunos voluntários para divulgar as ações do projeto em seus respectivos departamentos;

  • desenvolvimento de ações por meio do Serviço Social e dos alunos para preservar o meio ambiente;

  • promoção de encontros com os alunos para planejamento das ações;

  • realização de ações educativas para evitar o desperdício de alimentação, especialmente na distribuição da merenda escolar.

A iniciativa de se implantar um Projeto/Programa voltado para as questões ambientais partiu da necessidade da emissão de respostas aos diversos problemas internos à instituição, tais como problemas comportamentais de discentes e de servidores quanto à fila da merenda escolar, ao descarte dos resíduos sólidos, à carência do reúso de materiais, desperdício de água e de alimentos, além de se identificar a inexistência de outro Projeto no IFCE com esse foco específico, à época de sua implantação.

O Programa Limpo e Verde vem cumprindo seus objetivos por meio da promoção da Educação Ambiental, na forma de organização de feiras ambientais, realização de palestras, de rodas de conversa com as diversas temáticas ambientais, de seminários, de exposições, apresentações artísticas, de exibição de filmes, de visitas técnicas, de visitas institucionais, dentre outras ações.

Por meio das atividades, o Programa tem buscado a consonância com a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), que se constitui num instrumento de fortalecimento das ações em EA nas instituições escolares, uma vez que preconiza ainda o caráter interdisciplinar da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino (BRASIL. Lei Nº 9.795/1999). Observa-se, contudo, que, no cotidiano escolar, há grandes desafios para a consolidação da Educação Ambiental conforme o preceituado na PNEA e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), por diversos fatores, dentre os quais se pode destacar a pouca clareza do termo “transversalidade” no cotidiano do ensino, bem como a insuficiência de materiais pedagógicos de apoio ao desenvolvimento das atividades de Educação Ambiental junto aos discentes.

  1. REFERENCIAL TEÓRICO

O campo de estudos ambientais é um espaço de disputas ideológicas, desde o início do debate acerca da temática, que despontou ainda em meados da década de 1960. Segundo Loureiro (2006, p. 19), há um “falso consenso” quando se fala em Meio Ambiente ou Educação Ambiental, caracterizando-se por:

um senso comum generalizado e pouco reflexivo sobre conceitos que, ao serem apropriados indistintamente e sem rigor teórico, ocasionam a perda de competência para se estabelecerem com clareza o que se quer com e o que é o fazer educativo ecológico, cidadão e crítico” (Loureiro, 2006, p. 19).

Ainda segundo Loureiro (2006), desse modo, faz-se necessário apresentar os conceitos “que permitem elucidar e demarcar os diferentes campos teóricos que subsidiam a Educação Ambiental em suas múltiplas abordagens” (p.23). Nesse sentido, Reigota (2014, p.33) aponta que, embora seja comum se observar afirmações de que Educação Ambiental é o mesmo que ensino da ecologia, os temas são distintos, sendo que também o termo “meio ambiente” tem múltiplas definições, sendo que, dentre as primeiras, originadas nos anos 1970 e 1980, do geógrafo francês Pierre Jorge (apud Reigota, 2014, p.34), define meio ambiente como “conjunto de dados fixos e de equilíbrios de forças concorrentes que condicionam a vida de um grupo biológico”.

Outros teorizaram que o meio ambiente seria composto pelo “meio abiótico físico e químico” e pelo “ambiente biótico”, tais como Duvigneaud (apud Reigota, 2014) ou como “aquilo que cerca um individuo ou um grupo, englobando o meio cósmico, geográfico, físico e o meio social” (Apud Reigota, 2014, p. 35).

A concepção trabalhada por Reigota (2014, p. 36), nega que o meio ambiente seja apenas um sinônimo de “meio natural”, sendo, portanto:

um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relação dinâmica e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformações da natureza e da sociedade.”(Reigota, 2014, p.36)

Tal concepção resulta na visão da Educação Ambiental como “educação política” (Reigota, 2014, p. 37), termo também utilizado por (Guimarães, 2016), significando que a Educação Ambiental “política” diz respeito à “compreensão e atuação sobre as relações de poder que permeiam e estruturam a sociedade” (Guimaraes, 2016), que “nos faz perceber e ser os sujeitos que somos na história”, contribuindo para o desenvolvimento de sujeitos ativos da transformação social (Guimarães, 2016).

Nesse mesmo sentido, a EA como Educação Política está intimamente vinculada ao paradigma crítico de Educação, que tem a concepção que:

a transformação da sociedade é causa e consequência (relação dialética) da transformação de cada indivíduo, há uma reciprocidade dos processos no qual propicia a transformação de ambos. Nesta visão, educando e educador são agentes sociais que atuam no processo de transformações sociais e nesse processo se transformam; portanto, o ensino é teoria-prática, é práxis (Guimarães, 2016).

Portanto, o meio ambiente é visto de modo sistêmico, no qual os elementos que o compõem estão inter-relacionados e são interdependentes entre si, em “uma interação sintetizada no equilíbrio dinâmico” (Guimarães, 2016, p. 7).

De acordo com Loureiro (2006, p.69), o fato é que a concepção de EA não pode ser considerada como “única e monolítica”, desde o seu surgimento, tendo em vista que ela é, na realidade, “uma miríade complexa constituída por sujeitos ecológicos com visões paradigmáticas de natureza e sociedade, numa rede de interesses e interpretações em permanente conflito e diálogo” (Carvalho, 2001, apud Loureiro, 2006, p. 69).

Segundo Loureiro (2006), o termo “Educação Ambiental” foi utilizado pela primeira vez no Reino Unido, em 1965, em um evento de educação realizado pela Universidade de Keele, sendo que, na Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, 1972, apresentou-se ao mundo a necessidade de se vincular ambiente e educação, o que culminou, em 1975, na realização do Seminário Internacional de Educação Ambiental em Belgrado. Consolidando-se mundialmente, a partir desse marco, a Educação Ambiental foi enfatizada como:

processo educativo amplo, formal ou não, abarcando as dimensões politicas, culturais e sociais, capaz de gerar novos valores, atitudes e habilidades compatíveis com a sustentabilidade da vida no planeta.” (Loureiro, 2006, p,70).

Silva (2003, p. 46) sinaliza que o marco para a EA no mundo foi a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, ocorrida em Tbilisi, Geórgia, 1977, onde foi produzida a Declaração sobre Educação Ambiental, “documento técnico que apresentava as finalidades, objetivos, princípios orientadores e estratégias para o desenvolvimento da Educação Ambiental”.

Loureiro (2006, p. 71) aponta que, a partir de Tbilisi, a Educação Ambiental foi apresentada como “o meio educativo pelo qual se podem compreender de modo articulado s dimensões ambiental e social, problematizar a realidade e buscar as raízes da crise civilizatória”. A EA deve, portanto ser consolidada e universalizada, a partir da implementação de políticas públicas nos Estados-membros da ONU, as quais deverão ser revisadas e avaliadas sistematicamente.

Loureiro (2006, p. 79) sinaliza que a Educação Ambiental no Brasil foi implantada tardiamente, adquirindo relevância principalmente a partir da sua menção na Constituição Federal (CF) de 1988. Silva (2003, p. 47) afirma que, na CF 1988, a Educação Ambiental é apontada como “instrumento de realização do direito da coletividade a um meio ambiente ecologicamente equilibrado”. Desse modo, segundo a CF 1988:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (CF, 1988, art. 225).

Silva (2003, p 47) destaca ainda que a CF 1988 traz como incumbência do Poder Público, “elaborar programas formais de Educação Ambiental”, “inserir a variável educacional no próprio sistema de controle ambiental”, bem como “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (CF 1988, art. 225, § 1º, VI).

Reigota (2014, p. 43) sinaliza que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), lançados em 15 de outubro de 1997, “marcaram a história da educação ambiental brasileira”, possibilitando uma fecunda discussão entre educadores, ao inserir o tema Meio Ambiente como tema transversal dos currículos escolares. Para Loureiro (2006, p. 83), apesar da “baixa operacionalização da proposta”, representou um avanço, ao “inserir a temática ambiental não como disciplina, mas de abordá-la articulada às diversas áreas do conhecimento”.

A EA adquire status de política pública no Brasil a partir da promulgação da Lei Nº 9795/1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Para Loureiro (2006, p. 85), a Lei representa uma “construção de condutas compatíveis com a ‘questão ambiental’ e a vinculação de processos formais de transmissão e criação de conhecimentos a práticas sociais”, realizando “a práxis educativa por meio de um conjunto integrado de atividades curriculares e extracurriculares, permitindo ao educando aplicar em seu cotidiano o que é aprendido no ensino formal.” Ainda, de acordo com a PNEA (1999):

Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

Os PCNs instituíram que a Educação Ambiental deve ser trabalhada de modo transversal e interdisciplinar, enquanto a PNEA, ainda que não mencione diretamente no texto da lei, reforça tal caráter para a prática educacional não-disciplinar em seu artigo 10 e parágrafo 1º:

Art. 10. A Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. (...) Paragrafo 1º: A Educação Ambiental não deve ser implantada como disciplina especifica no currículo de ensino. (PNEA, 1999)



Reigota (2014, p. 69) sinaliza para a necessidade de se compreender que transversalidade e interdisciplinaridade não são sinônimas, pois “implicam práticas pedagógicas com características diferentes”. Desse modo, segundo o autor:

Numa breve explicação podemos dizer que uma prática pedagógica interdisciplinar trabalha com o dialogo de conhecimentos disciplinares e que a transversalidade (...) não desconsidera a importância de nenhum conhecimento, mas rompe com a ideia de que os conhecimentos sejam disciplinares e que são válidos apenas os conhecimentos científicos.

  1. METODOLOGIA

A abordagem teve caráter qualitativo, sendo uma pesquisa do tipo aplicada, de cunho exploratório quanto ao objeto, utilizando-se, inicialmente dos procedimentos técnicos de consulta bibliográfica e documental, para a compreensão dos conceitos envolvidos, tais como a Educação Ambiental, a legislação específica da área ambiental e a legislação educacional. Realizou-se também a análise de questionários semiestruturados, respondidos pelos discentes voluntários do projeto/programa.

Pesquisou-se os dados institucionais referentes aos alunos matriculados no IFCE, Campus de Fortaleza, com o intuito de analisar em percentuais a representatividade dos discentes matriculados nos níveis técnico e superior. Dados do semestre 2017.2 apontaram para os percentuais de aproximadamente 60% de alunos matriculados no nível superior e de aproximadamente 40% matriculados no nível técnico (Fonte: http://ifceemnumeros.ifce.edu.br/).

O material de levantamento de dados empíricos para a pesquisa se constituiu nas respostas constantes nas fichas de inscrição dos discentes, no momento de seu ingresso no Projeto Limpo e Verde. Desde o início do Projeto, a inscrição é um pré-requisito para a participação nas atividades, sendo esta de caráter voluntário e espontâneo. A amostra analisada foi composta pelos questionários dos discentes que estavam atuantes no Projeto no segundo semestre de 2017, num total de 48 (quarenta e oito) alunos.

Os questionários analisados se constituíram em semiestruturados, contendo perguntas do tipo fechadas e abertas. As primeiras indagavam sobre os dados de identificação do discente, dentre os quais, qual o curso/nível (técnico ou superior) no qual estava matriculado no IFCE, a idade e o turno de disponibilidade para atuação. As perguntas abertas indagaram qual motivação para se inscrever no Projeto Limpo e Verde, quais as expectativas do discente e com que atividades o aluno poderia contribuir.

O Quadro 1 traz o itens constantes no questionário analisado na presente pesquisa, constituindo-se na “ficha de inscrição” dos discentes participantes do Projeto IFCE Limpo e Verde:

Quadro 1. Ficha de Inscrição do Projeto IFCE Limpo e Verde

FICHA DE INSCRIÇÃO- PROJETO IFCE LIMPO E VERDE

  1. IDENTIFICAÇÃO

Nome:__________________________________________________________

Curso/Semestre/Turno:____________________________________________

Endereço:_______________________________________________________

Telefones/Email:__________________________________________________

Sexo: F ( ) M( )

Data de Nascimento:____/_____/________

Matrícula:_______________________________________________________

  1. DISPONIBILIDADE DE HORÁRIOS PARA COLABORAR NAS AÇÕES DO PROJETO(MARQUE COM UM “X”).

TURNO

SEG

TER

QUA

QUI

SEX

MANHÃ






TARDE






NOITE








  1. EXPECTATIVAS E MOTIVAÇÕES

    1. O que motivou você a se inscrever no Projeto?

_______________________________________________________________

    1. Que expectativas você tem em relação ao Projeto?

_______________________________________________________________

    1. De que maneira você pode contribuir com o Projeto?

_______________________________________________________________





  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento realizado com o grupo de estudantes voluntários do Programa IFCE Limpo e Verde mostrou que a maior parte dos discentes envolvidos no semestre analisado pertencia aos cursos de graduação (68,75%).Somente os cursos de Gestão Ambiental e de Saneamento Ambiental figuraram, juntos, com o percentual de 50% de participantes no Projeto. Os demais 18,75% corresponderam a discentes de outros cursos superiores, sendo eles os de Desporto e Lazer, Processos Químicos, Estradas, Engenharia de Telecomunicações, Hotelaria e Teatro. Os discentes dos cursos de nível técnico somaram o percentual de 31,25% de participantes no semestre analisado.

5.1. Perfil dos Participantes: sexo, curso, nível

As figuras 1 e 2 mostram os percentuais de participação, distribuídos de acordo com os cursos dos discentes no IFCE. O primeiro diz respeito a cada curso específico e o segundo apresenta os percentuais por nível de ensino.

Figura 1. Percentual de alunos por curso.

Fonte: Os autores

Figura 2. Percentual de participação por nível de ensino.

Fonte: Os autores

Os percentuais de discentes participantes do nível técnico apresentaram-se inferiores ao quantitativo geral de discentes matriculados no referido nível de ensino no IFCE. Dados gerais de alunos matriculados no Campus de Fortaleza, no semestre 2017.2, apresentaram os percentuais aproximados de 40% de discentes do ensino técnico e de 60% do ensino superior.

Quanto a distribuição por sexo, verificou-se que a maior parte dos participantes eram do sexo feminino (70,83%). Quanto à faixa etária dos discentes, verificou-se que a maior parte dos participantes (52,08%) tinha entre 18 e 24 anos e o menor percentual encontrado (4,17%) referiu-se à faixa etária de 40 a 59 anos. A distribuição de discentes por faixa etária segue na Figura 3.



Figura 3. Faixa etária dos discentes.

Fonte: Os autores

    1. . Motivações para a participação no Projeto Limpo e Verde

As perguntas abertas do questionário indagavam acerca das motivações, expectativas e quais as contribuições do discente ao Projeto. As respostas foram tabuladas utilizando-se uma planilha em Excel, considerando os percentuais de vezes em que os termos apareciam nas respostas. Cabe esclarecer que numa mesma resposta, destrinchando-se, poderia figurar mais de um termo, portanto, o quantitativo de respostas, nas analises de conteúdo ultrapassa o quantitativo de alunos.

Os discentes respondentes das questões que tratavam sobre o que os motivou a participar do projeto, foram representados pela letra “M” e dispostos numa sequência numérica, agrupadas de acordo com o teor das respostas. Nesse sentido, as respostas constantes na Tabela 1 foram enumeradas de 1 a 6, na Tabela 2, de 7 a 11 e na Tabela 3, de 12 a 17. Cada tabela agrupa um determinado tipo de motivação apresentada pelos discentes.

A pergunta sobre a motivação foi: “o que motivou você a se inscrever no projeto?”. As respostas obtidas, contidas na Tabela 1, apontaram, de um modo geral, para fatores como o interesse na oportunidade de atuar na temática ambiental, sendo que os termos “Educação Ambiental”, “meio ambiente”, “conscientização ambiental”, “área ambiental” e “temática verde” figuraram em 44,44% das respostas à referida pergunta.

Tabela 1- “O que motivou você a se inscrever no projeto?”

Discente

Resposta

M 1

Interesse em conscientizar os estudantes e a população local em relação ao meio ambiente e a identificação pessoal com os propósitos do projeto.”


M 2

A temática verde sempre me interessou, portanto, esse foi o motivo pelo qual me inseri no projeto.”


M 3

A área em que o projeto atua- área ambiental.”


M 4

A oportunidade de disseminar a cultura da consciência ambiental.”

M 5

Necessidade de desenvolver um trabalho na área de Educação Ambiental.”

M 6

Participar de algum projeto que ajude a construir uma comunidade ambientalmente sustentável.”



A Tabela 2 traz algumas respostas de alunos que afirmaram que a motivação para participar deveu-se à observação da própria atuação do Projeto no Campus, na ação educativa da fila da Merenda Escolar e demais atividades já desenvolvidas pelo Limpo e Verde. O total de discentes com esse tipo de resposta totalizou o percentual de 9,52% dos respondentes.

Tabela 2- “O que motivou você a se inscrever no projeto?”

Discente

Resposta

M 7

Conhecer mais sobre o Projeto, pois uma colega havia me falado sobre ele e senti curiosidade e interesse.”

M 8

Porque eu gosto quando vocês ficam na fila e acabam com aquelas pessoas que ficam furando a fila da merenda.”

M 9

O que me motiva é o fato de poder participar de um projeto que promove ações importantes para o Instituto e garantir vivência nesse tipo de trabalho.”

M 10

Após ir para uma visita técnica realizada pelo projeto, me interessei para conhecer mais sobre o mesmo.”

M 11

Acho a iniciativa Limpo e Verde muito interessante e extremamente necessária, Educação Ambiental e sensibilização é uma prática que deve ser uma iniciativa de todo cidadão.”



Outro grupo de respostas mencionaram motivações mais gerais , como “obtenção de experiência”, “interesse em projetos”, “vontade de interagir com pessoas”, “convite de amigos”, “maior envolvimento”, “curiosidade”, “acabar com a falta de respeito”, “falta de conscientização dos alunos”, “vontade de ajudar”, dentre outros. O quantitativo desse grupo apresentou o percentual de 34,92% das respostas e foram dispostos na Tabela 3.

Tabela 3- “O que motivou você a se inscrever no projeto?”

Discente

Resposta

M 12

Curiosidade em obter alguma experiência e acabar com a falta de respeito.”

M 13

A falta de conscientização e organização da maioria dos estudantes, ajudar o projeto, pois nem todos tem o interesse de participar.”

M 14

A área em que o projeto atua- área ambiental.”


M 15

Gosto de interagir com as pessoas, organizar eventos, etc.”

M 16

Disponibilidade de horário, interesse em projetos sociais.”

M 17

Experiência, oportunidade de colaborar com um projeto social.”



Ainda sobre o item que indagou sobre a motivação, cabe observar que um total de 22 das respostas (45%) correspondia, na realidade, a expectativa sobre o Projeto, o que mostra que o termo “motivação”, no geral, ainda não é muito bem compreendido no senso comum, sendo por vezes confundido com expectativas e outros termos.

    1. . Expectativas de participação no Projeto Limpo e Verde

A segunda pergunta aberta era: “que expectativas você tem em relação ao Projeto?”. Para a análise das respostas, essas foram representadas pela letra “E” e enumeradas de 1 a 11 e foram dispostas nas Tabelas 4 e 5. Já a Tabela 6 traz as respostas dos discentes para a questão sobre “motivação”, quando, na realidade, o sentido diz respeito à expectativas.

Observou-se que um percentual de 61% das respostas mencionou diretamente o desejo de intervenção no meio ambiente, engajamento com as causas ambientais, com a sustentabilidade, com a Educação Ambiental ou com a mudança dos comportamentos em relação ao meio ambiente. As falas da Tabela 4 expressam as expectativas nesse sentido.

Tabela 4- “Que expectativas você tem em relação ao Projeto?”

Discente

Resposta

E 1

Me tornar mais consciente para com a preservação do meio ambiente.”

E 2

Conseguir atingir grande parte da comunidade do IFCE a pensar e agir de forma ambientalmente correta, promover mudanças.”

E 3

Ampliar meus conhecimentos, contribuir com a sustentabilidade, atuar efetivamente nas ações.”

E 4

Ajudar a criar nos alunos uma consciência de sustentabilidade.”

E 5

De desenvolver ações ambientais no IF.”



Os outros discentes (39%) afirmaram ter expectativas mais gerais, tais como contribuir com a formação de outras pessoas, com a troca de conhecimentos ou com a melhoria do Campus em geral, bem como o de obter mais conhecimento em relação ao IFCE.

Verificou-se ainda que uma parte dos discentes (31,48%) mencionou o desejo de adquirir experiência na área ambiental, colocando em prática os conhecimentos obtidos no curso, melhorando o currículo acadêmico na área ambiental, a partir da experiência propiciada pelo Projeto. Nesse sentido, a Tabela 5 traz algumas das respostas desse grupo de discentes.

Tabela 5- “Que expectativas você tem em relação ao Projeto?”

Discente

Resposta

E 6

Aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso em beneficio da sociedade e, outrossim, agregar experiências para meu currículo acadêmico.”


E 7

Espero ajudar nos trabalhos/ações do projeto e assim melhorar meu currículo acadêmico.”

E 8

De entender como o projeto funciona e atua na prática, além disso, ganhar experiência.”

E 9

Aprender, experimentar, trocar conhecimentos e ter oportunidade de contribuir com a formação de outras pessoas.”

E 10

Ganhar experiência na prática de Educação Ambiental.”

E 11

Ter aplicabilidade da teoria aprendida dentro do curso. Obter experiências acerca do assunto ambiental.”



Considerando-se as 22 respostas que foram respondidas à questão aberta sobre “qual a motivação” e que, na realidade correspondiam a “expectativas”, obteve-se o percentual de 48,13% de respostas cujo conteúdo demonstraram a necessidade de obtenção de experiência na área ambiental, em complementação à formação obtida em sala de aula. A Tabela 6 apresenta algumas dessas respostas, porém com a mesma nomenclatura atribuída na questão sobre “motivação”, organizada do número 18 até 21.

Tabela 6- “O que o motivou a participar do Projeto?”

Discente

Resposta

M 18

Gostaria de uma experiência em um projeto de extensão para ampliar meus conhecimentos e me socializar com professores, servidores demais alunos

M 19

Ter conhecimento sobre o assunto na área da gestão ambiental, ter experiência de EA e abranger conhecimentos.”

M 20

Interesse na área. Ajudar minha instituição de forma positiva, tanto para minha própria experiência na área que vou adquirir, como para a instituição de forma voluntária.”

M 21

Ter um estágio e participar mais das atividades da instituição.”



Referente à última pergunta aberta, que indagava sobre como o(a) discente poderia contribuir com o Projeto, constatou-se que grande parte(24,99%) dos respondentes considerou que poderia contribuir com a participação nas ações de Educação Ambiental já promovidas pelo Limpo e Verde no Campus. Os discentes que mencionaram que contribuiriam com atitudes de compromisso, disponibilidade, empenho e responsabilidade somaram 23,07%. As Tabelas 7 e 8 trazem algumas das respostas, identificadas pela letra “C” e dispostas do número 1 até o 13:

Tabela 7- “Quais as suas contribuições com o Projeto?”

Discente

Resposta

C 1

Me tornar mais consciente para com a preservação do meio ambiente.”

C 2

Atuar nas ações, contribuir com meus conhecimentos, buscando aprender sempre para um contribuir melhor.”


C 3

Participando ativamente das atividades realizadas com responsabilidade e empenho.”

C 4

Desejo ajudar na organização da fila, por exemplo, e estou disposta para ajudar e outras ações do projeto Limpo e Verde.”

C 5

Contribuir com meu esforço e determinação.”

C 6

Ajudar no desenvolvimento do projeto de forma bastante presente nas suas atividades.”

C 7

Ajuda e auxílio nas ações.”

C 8

Participando das ações a fim de garantir o bem estar social e de preservação do meio ambiente”.



Vale observar a existência de um percentual de discentes que ainda não possuem muita clareza sobre a forma de contribuição com o Projeto, mas mesmo assim, se colocaram à disposição, tendo em vista a proposta acerca da Educação Ambiental trazida pela iniciativa Limpo e Verde na instituição. Cerca de 5 respostas (9,61%) trazem essa perspectiva:

Tabela 8- “Quais as suas contribuições com o Projeto?”

Discente

Resposta

C 9

Gosto de observar as coisas, para assim poder contribuir com sugestões, escutar a opinião dos usuários também é muito importante.”


C 10

Da melhor maneira possível, me colocando a disposição sempre que possível, para acrescentar ao projeto.”

C 11

De todas que estiver ao meu alcance.”

C 12

Da maneira que preciso for.”

C 13

Com as coisas que estiverem ao meu alcance.”



Alguns discentes (28,83%) admitiram ter vários conhecimentos que estão à disposição do Projeto, tais como o conhecimento em dinâmicas grupais, palestras, peças teatrais e eventos. Isso demonstrou que o Limpo e Verde despertou o interesse de um grupo de voluntários bastante diverso, inclusive no que diz respeito às experiências disponibilizadas com o intuito de um ideal de melhoria da comunidade acadêmica por meio da Educação Ambiental.

As novas formas de divulgação, a criatividade e as ideias inovadoras foram mencionadas por 13,46% dos discentes, sinalizando que o Programa Limpo e Verde também mostrou-se como lócus de oportunidade de desenvolvimento do potencial criativo dos discentes. Um grupo de alunos mencionou que a sua forma de contribuição seria exatamente a aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula, totalizando 4 discentes(7,69%). Outras formas de contribuições foram mencionadas, tais como: simpatia, organização, todavia, com percentuais não significativos.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados levantados, embora restritos ao semestre analisado, manifestaram que é necessário o fortalecimento da Educação Ambiental no âmbito do IFCE, sendo que o Projeto/Programa de Extensão IFCE Limpo e Verde constitui em importante instrumento para a intervenção de cunho ambiental com a participação direta dos discentes.

No caso dos discentes pertencentes aos cursos superiores de Gestão Ambiental e de Saneamento Ambiental, eles vislumbraram que a participação no Limpo e Verde se constitui numa oportunidade de colocarem à disposição os conhecimentos aprendidos em sala de aula, por meio da prática extensionista. Nesse sentido, tais discentes “elegeram” o Projeto/Programa Limpo e Verde como um “laboratório aberto”, pois, na medida em que contribuem com seus conhecimentos teóricos, têm a possibilidade de adquirirem vivência prática, no desenvolvimento das atividades em EA. Tal experiência, ao mesmo passo em que agrega valor ao currículo acadêmico-profissional, abrindo portas para o mercado de trabalho, mostrou-se também como uma necessidade de expressão humana e da cidadania global, por meio da intervenção na realidade, a partir das práticas em EA promovidas pelo Programa.

A pesquisa mostrou uma maior participação no Programa Limpo e Verde dos discentes pertencentes aos cursos de nível superior do IFCE, Campus de Fortaleza, diretamente vinculados à “área ambiental”- Gestão Ambiental ou dos cursos de nível técnico. Tal constatação aponta para a necessidade de fortalecimento das estratégias de EA no IFCE, por meio da efetivação da interdisciplinaridade entre as áreas do conhecimento, como também sinaliza para a necessária integração entre Ensino, Pesquisa e Extensão, com o objetivo de cumprimento da PNEA, enriquecimento no processo formativo discente e contribuição do IFCE para as práticas ambientalmente corretas.

Observou-se que as ações promovidas pelo Programa Limpo e Verde no Campus de Fortaleza têm contribuído para o despertar de uma nova consciência socioambiental, especialmente dentre o público discente, que se sente motivado a participar desse processo por meio da EA, ingressando no Programa com expectativas diversas, independente do grau de instrução ou de conhecimento ambiental.

Os discentes que passaram a integrar o Programa demonstraram elevado interesse de colocar em prática os conhecimentos adquiridos nos respectivos cursos, no caso daqueles ditos da área ambiental, assim como, os dos demais cursos, mostraram-se motivados em contribuir com seu potencial criativo, com o conhecimento proveniente de diversas áreas ou, até mesmo, apenas com a disponibilidade. A participação discente no Programa Limpo e Verde, contribui, desse modo, para a transformação social por meio da construção coletiva de novos valores norteadores da relação entre sociedade e meio ambiente.



AGRADECIMENTOS



Ao IFCE pelo apoio institucional, à equipe do Programa IFCE Limpo e Verde e aos discentes voluntários do Limpo e Verde.



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Acesso em: 11/12/2017.



Ilustrações: Silvana Santos