Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
16/09/2018 (Nº 65) VIVEIRO ESCOLAR: EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM QUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR.
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VIVEIRO ESCOLAR: EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM QUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

School Nursery: Environment Education qualifying the School

Informações sobre Autores:

Autores: Licenciada em Matemática Andrea Berro Vernier, professora Escola Hermeto Bermudez Uruguaiana/RS; Licenciando em Ciências da Natureza Anderson de Souza Pinto, UNIPAMPA; Licencianda em Ciências da Natureza Ana Beatriz Souza Cunha, UNIPAMPA; Doutor em Ciências professor Carlos Maximiliano Dutra, UNIPAMPA.

e-mails: andreavernier@hotmail.com; anderson_pinto@outlook.com.br; anabeatrizsouzacunha@gmail.com; profcarlosmaxdutra@gmail.com

Resumo



No presente trabalho relatamos a experiência de implantação de um Viveiro Escolar envolvendo 35 alunos de uma turma de 9º ano do Ensino Fundamental e alunos das séries iniciais ao longo de 6 meses. Durante a execução realizou-se o plantio e cultivo de: temperos, ervas medicinais, árvores frutíferas; e flores e folhagens. Essas práticas contaram com a participação de educandos das séries iniciais e foram discutidas em sala de aula sob o ponto de vista ambiental e também científico com elaboração e apresentação de fichas técnicas das espécies plantadas. A implantação do Viveiro proporcionou uma ressignificação do espaço escolar e o desenvolvimento de valores quanto à utilização e preservação do Meio Ambiente promovendo a Educação Ambiental.

Palavras-chave: Viveiro. Ambiental. Escola.

Abstract

In the present work we report the experience of implementing a School Nursery involving 35 students from a 9th grade elementary school class and students from the initial series over 6 months. During the execution the planting and cultivation of: spices, medicinal herbs, fruit trees; and flowers and foliage. These practices were attended by students from the initial grades and were discussed in the classroom from an environmental and also scientific point of view with elaboration and presentation of the technical fiches of the planted species. The implantation of Nursery provided a re-signification of the school space and the development of values ​​regarding the use and preservation of the Environment promoting Environmental Education.

Keywords: Nursery. Environmental. School.

1 Introdução

A educação ambiental pode promover um novo sentido no que se refere a conscientizar sobre a importância da preservação da biodiversidade, uma vez que insere o aluno no papel de protagonizar o desenvolvimento de ações que visem formar cidadãos conscientes a respeito da sustentabilidade como canal de formação pessoal. Pádua e Tabanez (1998) corroboram que a educação ambiental amplia o conhecimento, possibilita a mudança valores e o desenvolvimento de capacidades, condições necessárias para estimular maior engajamento harmonioso dos indivíduos com o meio que os cerca. É imprescindível qualificar os espaços escolares e essa vivência auxilia o aluno a ser mais responsável com as questões relacionadas ao meio ambiente, tendo em vista que os mesmos podem se tornar mais ativos e críticos. Para Medeiros et al. (2011), a educação ambiental é uma ferramenta importante para conscientizar as pessoas em relação ao mundo em que vivem, para que assim seja possível que as mesmas tenham uma melhor qualidade de vida, sem impactar demasiadamente o meio ambiente.

A exemplo de algumas experiências bem sucedidas de criação de hortas e implementação de viveiros no espaço escolar são descritas por Vargas (2007) em que os alunos com o objetivo de revitalizar a escola e as imediações, construíram um viveiro para produzir mudas, que, posteriormente, foram transplantadas, podendo, assim, desenvolver uma nova proposta de ensino dos conteúdos de Botânica, Educação Ambiental e Ecologia, conseguindo bem mais que promover sentimentos de pertencimento, além de desenvolver cidadania, trabalho em equipe e a práticas interdisciplinares entre os estudantes. Santos (2014), que descreve um estudo de caso de uma escola da rede estadual de ensino da Paraíba, na cidade de Santa Rita, envolvendo alunos do ensino fundamental séries finais e ensino médio. A proposta principal do trabalho foi trazer uma reflexão sobre práticas, abrangendo ações sustentáveis, através da elaboração e manutenção de uma horta, promovendo o plantio e o cuidado de hortaliças e ervas medicinais, incentivando o desenvolvimento de habilidades voltadas para a preservação do meio e a sustentabilidade.

A escola que protagoniza este estudo está localizada em um bairro carente da cidade de Uruguaiana, localizada na fronteira Oeste do estado do Rio Grande do Sul. Esta tem sido alvo de depredação e atos de vandalismo, o que resulta em espaços externos (Figura 1) mal conservados e vulneráveis, pois estes não possuem cercamento. Por causa disso, os alunos ficam restritos a ambientes mais internos, próximos às dependências da escola.

Figura 1:Vista de uma das laterais da escola.

Fonte: Produzida pelo próprio autor.

Após ser feito um diagnóstico escolar no início do período letivo de 2016, percebeu-se que era necessário o planejamento de ações para suprir necessidades evidentes da escola, como a reorganização de espaços e abordagem da temática ambiental. No final do período letivo de 2016, a escola foi contemplada com uma verba do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE- escola sustentável), que resultou do projeto ambiental da escola apresentado na IV Conferência Nacional Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, que visava apoiar a criação e o fortalecimento da comissão de meio ambiente e qualidade de vida na escola (COM-VIDA). Esta teve como intuito apoiar a criação e o fortalecimento da comissão de meio ambiente e qualificar a vida na escola, além de implementar no Projeto Político Pedagógico (PPP) a temática socioambiental. Diante ao o que rege o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola, fica clara a preocupação em relação às temáticas ambientais, tendo como um dos princípios norteadores de responsabilidade social, retratada no documento como “o exercer da cidadania, contribuindo para o desenvolvimento, a transformação social e o respeito ao meio ambiente”. Neste, o currículo escolar é visto como um plano de ação da tarefa educativa e, mais uma vez, propõe a formação do pensamento global sistêmico do educando, possibilitando a autonomia, inserção e inclusão social e a resolução de problemas pertinentes à realidade, privilegiando a formação humana, estando a serviço da diversidade, da democracia, da valorização da vida, do respeito ao meio ambiente e da promoção da paz. Este documento está em consonância com o que diz a Base Nacional Curricular Comum (BNCC, 2017, pg. 319) “Espera-se, desse modo, possibilitar que esses alunos tenham um novo olhar sobre o mundo que os cerca, como também façam escolhas e intervenções conscientes e pautadas nos princípios da sustentabilidade e do bem comum”, para tal, é fundamental que a escola e os educadores busquem executar as atividades sempre pensando na formação do educando, enquanto cidadão transformando e incentivando atitudes para a vida toda.

Neste sentido este trabalho vai apresentar uma experiência de implantação de um viveiro que teve como finalidade motivar os alunos em um trabalho interdisciplinar de experimentação, observação e integração com elementos da natureza.

2 Desenvolvimento

Para realização dessa integração pedagógica, inicialmente utilizou-se os momentos pedagógicos apontados por Delizoicov et al (2002): a problematização inicial, a organização e a aplicação do conhecimento, onde, em um primeiro momento, questiona-se os alunos, no sentido de compreender o aposição dos mesmos frente a questão apresentada; posteriormente, realiza-se o aprofundamento do conhecimento a sua conceituação e finalmente a aplicação, o uso articulado do conhecimento científico relacionando com as situações significativas, sendo realizadas três reuniões com uma turma de 9° com 35 alunos, com a finalidade de planejar as ações.

Realizou-se uma primeira reunião em que realizou-se uma capacitação realizada por grupo de alunos do Programa de Iniciação a Docência (PIBID) da CAPES, com a formação dos grupos e discussão sobre como seria feita a inserção dos alunos na atividade. Em uma segunda reunião, ocorreu a definição do tipo de cultivo e plantio, discutindo sobre os tipos de plantas a serem cultivadas e elaboramos quatro propostas: (i) Plantio e cultivo de temperos, (ii) plantio e cultivo de ervas medicinais, (iii) plantio e cultivo de árvores frutíferas; (iv) plantio e cultivo de flores e folhagens. Na terceira reunião, sucedeu-se a escolha dos locais para a implantação do viveiro considerando o espaço físico da escola.

Este grupo de alunos do 9º ano e alunos do PIBID se dividiram para a realização das atividades com o auxílio de alunos das séries iniciais de modo a promover uma integração na Escola em torno do projeto.

Os materiais utilizados na construção do viveiro foram ou obtidos por meio da direção da escola, através da verba da autonomia financeira da Escola e do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e/ou por empréstimos de equipamentos feitos pela comunidade escolar.

Tabela 1: MATERIAIS UTILIZADOS – QUANTIDADES

Pá de corte

3

Enxadas

2

Pá de  Palhar

1

Rastilho

3

Picareta

1

Carrinho de mão

1

Regador

2

Peneira

1

Tijolos

100

Substrato para adubo

3

Saco de esterco

1

Cano de PVC

2 (2 metros cada)

Garrafa de água 5 L

1

Potes com mudas de plantas

10

Caixas de Ovos com mudas de plantas

20

Mudas de árvores frutíferas

12

Pneus de carro

8

Garrafas PET

30

Tela de Sombreamento

1 (4 metros)

Arame Fino

1 (5 metros)

Fonte: Produzida pelos autores

Durante a execução do projeto, os grupos foram envolvidos em ações de construção e operação do viveiro, onde foram plantadas as sementes e cultivadas as mudas, que, posteriormente, foram transplantadas em diferentes locais da escola. Na fase inicial do trabalho foram destinados 2 períodos semanais, no segundo mês 1 período semanal, onde todos os alunos organizados por grupos trabalhavam efetivando a proposta do viveiro, depois dos plantios um aluno de cada grupo, seguindo o cronograma elaborado previamente, fez o manejo diário dos locais, regando e acompanhado o desenvolvimento das plantas. As ações realizadas pelos alunos foram acompanhadas pelo registro em um diário de bordo individual, que teve como finalidade criar uma situação de aprendizagem e interação entre os participantes. Segundo Catani (2000) a escrita permite uma tomada de consciência de si mesmo pela elaboração lógica e a reflexão.

Nesta perspectiva, a escrita do Diário de Bordo possibilita que durante a execução do projeto os sujeitos envolvidos tenham a capacidade de organizar o pensamento, a retomada, a sistematização e a reflexão das experiências vivenciadas no contexto escolar. Segundo Moraes (1995, p. 11): “através da experimentação a criança não apenas adquire conhecimentos, mas também aprende a forma de atuação da ciência, adquirindo habilidades e atitudes científicas, possibilitando o desenvolvimento de sua capacidade de pensar e agir racionalmente”. Essa atividade não pode limitar-se à nomeação de fatos observáveis, mas que as reflexões ganhem sentido, com novas perguntas mais objetivas no levantamento de hipóteses e no confronto de opiniões. Trata-se de uma metodologia em que é possível trabalhar os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais simultaneamente e capacitando os educandos numa dimensão global (ZABALLA, 1998). Nesse sentido, em Ciências os alunos elaboraram ficha técnica das espécies plantadas e confeccionaram plaquetas de identificação, integrando a prática ambiental aos conteúdos curriculares, conforme descrito no desenvolvimento das etapas de plantio e cultivo descritas a seguir.

2.1 Plantação de árvores frutíferas

Dois grupos, compostos por quatro alunos cada, trabalharam com o tema “Plantio e cultivo de árvores frutíferas”. Foram demarcados os espaços e, depois de receber a aprovação da direção escolar, foi realizada a preparação do solo, com a inserção de substrato e adubo nos locais de plantio das mudas de árvores (Figuras 2A e 2B) como laranjeira, ameixeira, figo roxo, mexeriqueira e limoeiro. Contou-se ainda com uma muda de abacateiro trazida por um aluno para ser plantada. Feito o plantio os dois grupos coordenaram o manejo do local, seguindo um cronograma junto as duas turmas do ensino fundamental series iniciais, onde, diariamente quatro alunos eram escolhidos para acompanhar o responsável de regar as mudas naquele dia.

Os dois grupos elaboram e apresentaram aos demais colegas as fichas técnicas sobre as variedades das árvores frutíferas plantadas, apontando características, propriedades, nome científico, período do ano de floração, bem como importância nutricional das mesmas. Além de construir um ambiente mais saudável e agradável, a plantação de árvores frutíferas estimula os educandos a desenvolverem o interesse por botânica, rompendo com uma forma de abordagem isolada, proporcionando assim uma integração entre conceitos e o meio onde estão inseridos.

Ao manejar o solo e cultivar as mudas, regando-as diariamente (Figura 2B), é estimulada a sensibilidade e a importância do cuidado com o meio, conscientizando sobre a importância de se ter um ambiente mais verde onde a natureza possa estar presente no cotidiano dos alunos, desenvolvendo a educação ambiental como forma de acolher a sustentabilidade e a preservação dos espaços já existentes.  

Figura 2A: Plantio das mudas

Fonte: Produzida pelos autores

Figura 2B: Cultivo e manutenção das mudas

Fonte: Produzida pelos autores

2.2 Plantação de hortaliças

Dois grupos, compostos por quatro alunos cada, trabalharam com o tema “Plantio e cultivo de hortaliças”. Inicialmente, o grupo reconheceu as condições do espaço escolhido para a construção do viveiro, em seguida começaram a planejar as ações e elencar os materiais necessários para a execução do que foi planejado:

1º momento- preparação da terra a ser utilizada para o plantio, adicionando substrato e adubo orgânico, preparação os recipientes para receber as sementes, bem como preparação dos canteiros para posterior plantio das mudas, para realização dessa fase os alunos contaram com dois períodos semanais, onde recebiam a ajuda dos alunos da outra turma de 9° (Figura 3A);

2° momento- os dois grupos realizaram o plantio das sementes (figura3B);

3° momento- a tarefa de manejo e cuidado com as futuras mudas foi cumprida diariamente, por pelo menos um componente do grupo, que regava e verificava as condições das mudas, além de apontar futuras ações a serem desenvolvidas no processo de manejo (Figura3C).

O grupo fez um estudo destacando as características, propriedades e finalidades de cada uma das mudas cultivadas, montando uma ficha técnica que posteriormente foi apresentada aos demais colegas juntamente com uma degustação de certos sucos e alimentos feitos com a utilização desses temperos.

Figura 3C: Fazendo a manutenção do espaço.

Fonte: Produzida pelos autores

2.3 Plantação de flores nos canteiros da escola

O grupo composto por quatro alunos trabalhou com o tema “Plantio e cultivo de flores e folhagens”. Essa ação integrou as duas turmas de séries iniciais Ensino Fundamental, onde depois de prepararem o solo adicionando substrato e adubo orgânico, o grupo apresentou aos alunos a proposta e motivaram os mesmos a trazer sementes de flores e mudas de folhagens, bem como prepararem recipientes (caixa de ovos e copinhos ou latinhas) para realizarem o plantio, seguindo as seguintes etapas.

      1° momento- Inicialmente, este grupo teve como tarefa fazer a limpeza de diversos canteiros existentes por toda a escola. Enquanto seus colegas trabalhavam no viveiro, estes alunos removiam toda sujeira dos canteiros, como folhas e plantas mortas, papéis de bala e copos descartáveis usados, (figura 4A). Isso foi importante para que o ambiente estivesse em condições de receber o tratamento adequado para o plantio das sementes e mudas a serem cultivadas no espaço. Essa ação tem finalidade principal alterar a paisagem dos espaços internos da escola, adicionando cor e trazendo novas alternativas de paisagismo.

2° momento- Feita a limpeza nos canteiros, e a preparação da terra foram plantadas as mudas trazidas pelos alunos e pela professora, foram plantadas cerca de 15 mudas de folhagens dando início ao trabalho de cultivo e manejo nesses espaços. Um exemplo foi a muda de roseira, que foi plantada pelos alunos em pontos estratégicos do ambiente, para que na época de floração o espaço ganhe mais cor e torne-se agradável, desenvolvendo nos alunos o senso de cuidado e preservação necessária (Figura 4B). Após isso, o grupo organizou um cronograma em que os componentes ficaram responsáveis por diariamente regar esses espaços e acompanhar o crescimento das mudas plantadas. Ao final de cada ação realizada pelo grupo, os alunos registram seus relatos em um diário de bordo.

3° momento- as duas turmas de 2° ano, do fundamental series iniciais, com suas professoras, fizeram o estudo sobre as sementes de flores trazidas pelos alunos, destacando datas para plantio, estações do ano, tipo de clima, variedades e características, tempo de germinação e tamanho para realizar o transplante das futuras mudas. Feito isso o grupo de alunos do 9° ano acompanhou as crianças, uma turma de cada vez, divididos em quatro grupos menores, até o espaço do viveiro e procederam ao plantio das sementes (Figura 4C), o manejo e cuidado das futuras mudas seguiram o cronograma com a participação de quatro alunos, dos segundos anos que se revezavam diariamente com a função de regar e acompanhar o desenvolvimento das flores plantadas no viveiro.

4° momento - os alunos escolheram o local para o transplante das pequenas mudas e juntamente com os alunos dos 2° anos procederam o plantio das mudas e o cuidado e manutenção dos canteiros.

Figura 4C: Plantio das sementes pelas turmas do 2° ano fundamental.

Fonte: Produzida pelos autores



2.4 Plantação de ervas medicinais

O grupo responsável pelo trabalho com as ervas medicinais, organizou suas ações segundo os seguintes momentos:

1° momento- escolheram o espaço para o plantio e começaram a pesquisa, a fim de, identificar quais ervas medicinais iriam cultivar, escolheram plantar boldo, losna, carqueja, confrei, camomila, alecrim, hortelã, infalivina e capim cidró.

2º momento- realizaram uma pesquisa e elaboraram uma ficha técnica de cada uma das ervas medicinais escolhidas, contendo informações sobre a planta tipo de folha, nome científico e nome popular, e indicações, a pesquisa realizada por eles também concluiu que alguma ervas medicinais podem ser usadas como tempero, como é o caso do manjericão e da salsa.

3º momento- trabalharam a terra e fizeram o plantio (figura 5A) organizaram um cronograma diário para a manutenção e o cuidado com as mudas e sementes plantadas.

4º momento- divulgaram para os colegas e para as outras três turmas envolvidas no trabalho o resultado da pesquisa, esclarecendo sobre as indicações de cada erva medicinal cultivada no viveiro.

Todas as ações do grupo eram registradas em um diário de bordo, o que facilitou o planejamento e a previsão de recursos e materiais que seriam utilizados no próximo dia de trabalho no viveiro.

Figura 5: Alunos realizando a preparação da terra e o plantio

Fonte: Produzida pelos autores

3 Conclusão

Nesse trabalho buscou a valorização dos espaços escolares com implantação de um viveiro envolvendo o plantio e o cultivo de folhagens e flores ornamentais, ervas medicinais, temperos, hortaliças e de árvores frutíferas, a preparação e o manejo do solo. Segundo Cribb (2007) “a educação ambiental representa uma ferramenta fundamental para estabelecer uma ligação mais estreita entre o ser humano e a natureza.”. Essa abordagem teve como resultado esperado a revitalização de espaços abandonados na escola, oportunizando a toda a comunidade escolar o contato com um ambiente sustentável e humanizado, tendo por culminância principal alterar a paisagem de um dos espaços externos da escola, adicionando cor e trazendo novas alternativas de diversidade vegetal e paisagismo, desenvolvendo nos alunos o senso de cuidado e preservação necessária. Em um período de 6 meses, 50 alunos, de duas turmas do ensino fundamental séries iniciais e 35 alunos do ensino fundamental séries finais da Escola Estadual Hermeto José Pinto Bermudez, participaram das ações de cultivo e manutenção do viveiro, realizando o plantio de temperos, ervas medicinais, árvores frutíferas, flores e folhagens. Essas foram importantes ações no sentido de sensibilizar os educandos da necessidade do cuidado, oportunizando a toda a comunidade escolar o contato com um ambiente sustentável e humanizado. Para Silveira (2006), o espaço escolar é privilegiado em quanto espaço fundamental de formação de sujeitos responsáveis e capazes de colaborar e decidir sobre questões sociais, qualificando assim suas relações com o meio onde está inserido. Corroborando MORIN (1999) a implantação desse viveiro tornou os educandos protagonistas de suas aprendizagens com uma formação de uma nova perspectiva e valores a cerca do ambiente escolar em que estão inseridos, atingindo assim o objetivo maior do processo de Educação Ambiental.



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Ilustrações: Silvana Santos