Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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26/01/2018 (Nº 62) UM MODELO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO PROPOSTA DE APLICAÇÃO PARA UM PARQUE AQUÁTICO NO MUNICÍPIO DE PAÇO DO LUMIAR – MA
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UM MODELO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO PROPOSTA DE APLICAÇÃO PARA UM PARQUE AQUÁTICO NO MUNICÍPIO DE PAÇO DO LUMIAR – MA

ISMAEL DOS SANTOS JÚNIOR¹; THOMAS CHENG PAN WANG²; AYLA KELLY SOARES ASSUNÇÃO³; RAWLISSON SILVA GONÇALVES4; ADRYELLE ANCHIETA SOUSA5; EDUARDO MENDONÇA PINHEIRO6.

¹Engenheiro de Produção, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, São Luís - MA, e-mail: ismaelsantos88@hotmail.com

²Engenheiro de Produção, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, São Luís - MA, e-mail: thomas_wang08@hotmail.com

3Engenheira Agrônoma, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, São Luís - MA, e-mail: ayla_kelly1@hotmail.com;

4Graduando em Engenharia Agronômica, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, São Luís - MA, e-mail: rawlissongoncalvess@gmail.com;

5Engenheira Agrônoma, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, São Luís - MA, e-mail: adryelle_anchieta@hotmail.com;

6Mestre em Agroecologia, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, São Luís - MA, e-mail: eduardomp1979@gmail.com;

RESUMO

A geração de resíduos sólidos é quase inevitável devido ser umas das saídas de processos produtivos e, desta forma, cabe às organizações a adoção de medidas de redução, controle e gestão de seus resíduos. Nesse contexto, os objetivos deste trabalho tratam da elaboração de um modelo de gestão de resíduos sólidos aplicável na realidade de um parque aquático existente em Paço do Lumiar - MA. O estudo de caso abrange a análise da situação atual do parque quanto aos resíduos sólidos gerados, bem como quanto às operações de manejo e destinação desses resíduos. Com isso, o modelo forma-se por propostas de medidas elaboradas com base na realidade do parque aquático e nas alternativas disponíveis. Essas propostas envolvem a atuação da direção e dos funcionários, instalação de centro de triagem, sistemas estruturantes de coleta seletiva, logística reversa e parcerias externas, além da compostagem dos resíduos orgânicos e disposição final ambientalmente adequada. Também são apresentados os resultados esperados quanto à aplicação do modelo proposto e, dentre eles, há a redução na geração de resíduos sólidos, redução da destinação de resíduos para aterro e a melhoria da imagem do parque aquático no mercado. Dentre as conclusões do trabalho, destaca-se a comprovação de que é realmente possível as organizações se adequarem quanto à correta gestão de resíduos sólidos e que se o parque aquático do estudo juntamente com outras organizações adotarem medidas referentes à gestão dos resíduos sólidos, pode-se ter um passo efetivo na atuação pelo desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Diagnóstico. Gestão de Resíduos Sólidos. Propostas de Melhorias.

A SOLID WASTE MANAGEMENT MODEL AS A PROPOSAL FOR APPLICATION TO AN AQUATIC PARK IN THE MUNICIPALITY OF PAUMO DO LUMIAR – MA

ABSTRACT

The generation of solid waste is almost inevitable because it is one of the outputs of productive processes and, therefore, it is up to the organizations to adopt measures of reduction, control and management of their waste. In this context, the objectives of this work are the elaboration of a model of solid waste management applicable in the reality of an existing water park in Paço do Lumiar - MA. The case study covers the analysis of the current situation of the park regarding the solid waste generated, as well as the operations of handling and destination of this waste. With this, the model is formed by proposals of measures elaborated based on the reality of the aquatic park and the available alternatives. These proposals involve the actions of management and employees, installation of a sorting center, structural systems of selective collection, reverse logistics and external partnerships, as well as the composting of organic waste and final disposition environmentally adequate. The expected results regarding the application of the proposed model are also presented, among them, there is a reduction in the solid waste generation, reduction of the destination of waste to landfill and the improvement of the image of the aquatic park in the market. Among the conclusions of the study, we highlight the fact that it is really possible for organizations to adapt to the correct management of solid waste and that if the water park of the study together with other organizations adopt measures related to solid waste management, an effective step towards sustainable development.

Keywords: Diagnosis. Solid waste management. Improvement Proposals.

1 INTRODUÇÃO

Nos mais variados contextos, as atividades humanas tendem a gerar sobras de materiais pós-consumidos, ou até mesmo produtos não processados que não foram aproveitados, que são descartados se transformando em lixo, como são popularmente denominados os resíduos sólidos.

O processo da geração de resíduos sólidos é rotineiro e histórico, tendo como princípio as atividades humanas na antiguidade, principalmente quando o homem deixou de ser nômade e foi se tornando complexo ao passo em que novas formas de exploração dos recursos naturais foram descobertas e aprimoradas em prol da sobrevivência e desenvolvimento das sociedades. Toneto Júnior et al. (2014), afirma que a própria definição de resíduos sólidos deixa explícita a relação entre a ação humana e a geração de resíduos, tornando a temática como possível objeto de estudo em todos os contextos do saber que tratam de pessoas, suas ações e os efeitos destas sobre o meio ambiente.

Atualmente a geração de resíduos sólidos se reflete no perceptível alto consumo pelas sociedades, o que faz com que os produtos tenham seus ciclos de vida encurtados, propiciando o descarte precoce. A tendência é que, juntamente com a criação de novos produtos, haja a utilização de mais recursos naturais em processamentos, fabricação de novas embalagens, entre outros aspectos da logística de lançamento, consumo, retirada desses produtos do mercado e descarte, que estão ligados a geração de resíduos sólidos.

Vale ressaltar que, as principais problemáticas relacionadas à geração e crescimento de resíduos sólidos são a destinação incorreta de resíduos que poderiam ser reaproveitados ou reciclados, mas que estão em aterros; a existência de “lixões a céu aberto” como se fossem aterros sanitários; materiais pós-consumidos, como embalagens, que vão parar em corpos d’água ou áreas ambientais, entre outras.

Devido a legislação ambiental vigente no Brasil e acordos internacionais, há uma série de pressões externas que as organizações recebem quanto aos impactos diretos e indiretos de suas operações nos contextos econômico, ambiental e social. Uma das respostas que as organizações podem fornecer à sociedade, no que tange seus impactos, é a adequada gestão de seus resíduos sólidos com ações de minimização, manejo e destinação correta de materiais pós-consumidos. Desta forma, a correta gestão de resíduos sólidos pode ser considerada como um desafio para muitas empresas, mas antes de tudo é uma das necessidades para o desenvolvimento sustentável.

O presente trabalho trata-se de um estudo de caso realizado em um parque aquático localizado no município de Paço do Lumiar no Estado do Maranhão. O estudo se relaciona com a gestão de resíduos sólidos realizada no referido parque, que foi analisada e pela qual foi elaborado um modelo de gestão desses resíduos para ser proposto à organização estudada.

  1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Sabe-se que ao longo dos anos, houve o entendimento de que os progressos da humanidade elevaram a qualidade e a duração da vida, mas que por outro lado havia um padrão de consumo que demandava matérias-primas de forma que a projeção era o comprometimento da qualidade de vida das próximas gerações (PHILIPPI JÚNIOR et al., 2014). A produção de resíduos a partir das atividades humanas aumentou drasticamente.

Moraes (2012) afirma que a geração de lixo possui uma relação diretamente proporcional com o aumento da população humana e suas necessidades, sendo que na antiguidade os resíduos de atividades dos seres humanos eram constituídos de material orgânico, porém, na atualidade, a maior parcela dos artefatos que terminam como resíduos se constitui de materiais inorgânicos e metálicos, muitas das vezes artificiais. Toneto Júnior et al. (2014) expõe que a questão do lixo se tornou um dos grandes desafios ambientais contemporâneos devido são só ao aumento da população e urbanização, mas também do intenso uso de materiais não recicláveis em processos produtivos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT por meio de sua Norma Brasileira Regulamentadora - NBR nº 10.004/2004, define resíduos sólidos como resultados sólidos e semissólidos de atividades humanas originárias da indústria, de residências domésticas, de hospitais, do comércio, das atividades agrícolas, de serviços e de varrição (ABNT, 2004). Mano et al. (2010) aponta uma classificação de resíduos sólidos conforme a origem, em que podem ser domiciliares, comerciais e públicos, sob responsabilidade municipal, desde que não ultrapassem o peso de 50kg/dia por domicilio ou estabelecimento (PREFEITURA DE PAÇO DO LUMIAR, 2014); ou hospitalares, industriais, agrícolas e entulho, sob responsabilidade do gerador.

A Lei nº 12.305 em 02 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, 2010). Segundo abordagens de Toneto Júnior et al. (2014), os objetivos formalmente estabelecidos pela PNRS são: proteger a saúde da população e a qualidade do meio ambiente; a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos materiais pós-consumidos; e a destinação e a disposição ambientalmente adequadas dos resíduos e rejeitos.

O estado do Maranhão possui um Plano Estadual de Gestão dos Resíduos Sólidos do Maranhão – PGRS, apresentado em junho de 2012, formalizado a partir de uma versão preliminar contendo o diagnóstico dos resíduos gerados no estado submetida à consulta pública e apresentada em cinco audiências públicas realizadas nos municípios de Imperatriz, Pedreiras, Codó, Presidente Dutra, Santa Inês, além da capital São Luís, com a finalidade de coletar sugestões para elaboração de diretrizes e estratégias estaduais em atendimento à legislação nacional (GOVERNO DO MARANHÃO, 2012a).

Moraes (2012) aborda que a denominação tradicional de gestão de resíduos sólidos engloba os processos e cuidados que formam um sistema simplificado a partir da geração de materiais pós-consumidos de uma comunidade. Este autor expõe que nessa gestão de resíduos sólidos tradicional estão as atividades de coleta, transporte e disposição final, sendo que a sua natureza simplista propicia a terceirização desses serviços. Em contrapartida, a evolução da gravidade da situação dos resíduos sólidos em escala global tende a exigir métodos mais complexos para sua gestão.

De acordo com Toneto Júnior et al. (2014), embasados pela PNRS, as pessoas físicas ou jurídicas não ficam isentas da responsabilidade por danos decorridos do gerenciamento inadequado de seus resíduos, mesmo com a contratação de serviços de coleta, transporte, armazenamento, transbordo, tratamento, destinação ou disposição final. E compilando abordagens de Abrelpe (2015), Mano et al. (2010), Moraes (2012) e Toneto Júnior et al. (2014), além dos aspectos contidos na PNRS por meio da Lei 12.305 (BRASIL, 2010), a correta gestão de resíduos sólidos abrange os meios de destinação final ambientalmente adequada incluindo procedimentos específicos de tratamento e aproveitamento dos resíduos sólidos, a disposição final de rejeitos e os sistemas estruturantes coleta seletiva e logística reversa.

  1. METODOLOGIA

O parque aquático deste trabalho está situado na Estrada de Ribamar da Ilha de São Luís, mais especificamente no município de Paço do Lumiar, ocupando uma extensão total de 32 hectares, incluindo uma extensa área verde preservada. Trata-se de um estudo de caso que se refere a um estudo exaustivo, profundo e extenso cuja a unidade-caso é o parque aquático, fonte de dados para o estudo. É uma pesquisa exploratória, na qual o problema que se busca explorar é a forma como pode ocorrer a adequada gestão de resíduos sólidos em um parque aquático localizado em Paço do Lumiar - MA. Quanto à sua natureza, este trabalho é uma pesquisa aplicada por se tratar da elaboração de um modelo de gestão de resíduos sólidos; e também é uma pesquisa qualitativa, pois foram coletados dados in loco, através de entrevistas com colaboradores e observações diretas no período compreendido entre o final de agosto e início de outubro de 2016, onde os autores são os instrumentos-chave no processo de interpretação (PRODANOV E FREITAS, 2013).

Vale ressaltar que as entrevistas ocorreram informalmente, caracterizando as chamadas entrevistas não-estruturadas, as quais Turrioni e Melo (2012, p. 85) definem como aquelas em que o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversação informal.

Quanto ao delineamento de resultados, o estudo foi dividido em três fases, sendo nesta ordem: análise da situação atual, elaboração de propostas de melhorias e projeção de resultados quanto às propostas. Contudo, antes de explorar a gestão de resíduos sólidos no local, foram coletadas informações para uma breve apresentação do parque aquático estudado.

No início da coleta de dados, houve as observações em campo e entrevistas, com a finalidade de auxiliar na compreensão do fluxo de operações e geração de resíduos sólidos dentro do parque aquático, tanto em período de abertura ao público, quanto em funcionamento apenas interno.

Buscou-se quantificar os resíduos sólidos gerados no período de coleta de dados em função dos tipos de materiais. Em paralelo, foi buscada a descrição de como ocorre todo o processo atual quanto à forma como esses resíduos sólidos são coletados e destinados finalizando a coleta de informações para a fase de diagnóstico.

Basicamente as propostas de melhorias envolveram a redução da geração e a gestão dos resíduos sólidos, sendo elaboradas com base nas abordagens contidas no referencial teórico, abrangendo orientações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, resoluções, entre outros aspectos. Essas propostas foram entregues à administração do parque aquático por meio do plano de ação.

E, como forma de justificar a necessidade, bem como demonstrar os benefícios que podem advir da implementação das ações propostas, são apresentados os resultados esperados. Essa projeção de resultados também foi desenvolvida com base em aspectos teóricos, da mesma forma quanto à elaboração das propostas.

  1. resultados e discussões

    1. Inventário de resíduos sólidos

Nas atividades de manejo de resíduos sólidos do parque aquático do estudo, não ocorrem a separação e quantificação de resíduos gerados comumente. Portanto, a quantificação apresentada logo mais é resultante da realização de separação e pesagem contando com a colaboração da equipe de limpeza na etapa de coleta de dados durante o período de 29 de agosto a 02 de outubro de 2016, totalizando 35 (trinta e cinco) dias seguidos.

Os dados coletados foram registrados pelos operadores da equipe de limpeza por meio de anotações e entregues aos autores para alimentar uma planilha do Microsoft Excel, pela qual houve a obtenção de peso total de resíduos sólidos registrados no período em 916,767 Kg e o peso para cada tipo de resíduo sólido. Vale destacar que os resíduos foram pesados com o auxílio de uma balança digital e, para cada fonte de geração de resíduos sólidos, também foram consideradas as lixeiras mais próximas nas áreas de circulação de pessoas.

Durante a coleta de dados foi notado que apenas os resíduos sólidos de papel higiênico e papel toalha dos sanitários, juntamente com os resíduos orgânicos da cozinha advindos de restos de alimentos, eram gerados todos os dias. Nos demais resíduos havia tipos que eram gerados somente enquanto o parque estava em funcionamento para o público (descartáveis, latinhas de refrigerante, palitos de picolé, entre outros), enquanto outros tipos não possuíam uma regularidade de geração (material de escritório e vidro).

Nos valores de pesos dos resíduos quantificados incluem os pesos de sacolas e sacos plásticos, pois eram necessários para depositar os resíduos durante transporte e pesagem. Outro inconveniente que interferiu na precisão dos valores é que muitos resíduos sólidos do parque aquático eram descartados misturados ou contaminados com outros materiais, por exemplo, guardanapos descartados com pequenas quantidades de resíduos orgânicos e cuja separação era inviável.

Então, desconsiderando possíveis interferências na precisão dos valores, as informações detalhadas acerca dos resíduos sólidos gerados no parque aquático do estudo, durante o período de coleta de dados, podem ser visualizadas pela Tabela 1, em que os resíduos foram classificados por tipo de material.

Tabela 1 – Resíduos sólidos gerados no parque durante a coleta de dados

Material

Resíduos Sólidos

Fonte

Total (kg)

Destino*

Plástico

Descartáveis (copos, talheres e pratos)

Restaurante

20,78

A



Lanchonete

16,04

A



Pesque-pague

18,59

A


Embalagens (alimentícios e limpeza)

Restaurante

26,00

A



Lanchonete

20,41

A



Cozinha

33,90

A


Embalagens (limpeza)

Área das piscinas

11,17

A



Pesque-pague

11,62

A



Sede Administrativa

2,93

A



Enfermaria

2,08

A


Boias e brinquedos desgastados

Área das piscinas

0,87

A

Papel/papelão

Guardanapos

Restaurante

16,18

A



Lanchonete

19,23

A



Cozinha

4,60

A


Papel-toalha

Sanitários

30,05

A



Cozinha

11,68

A


Papel-higiênico

Sanitários

96,77

A

Material de escritório

Sede administrativa

5,56

A



Enfermaria

1,02

A

Madeira

Resíduos de árvores

Área arbórea

3,62

A


Palitos de picolé

Lanchonete

23,39

A


Varas de bambu

Pesque-pague

8,94

A

Metal

Latinhas de refrigerante e cerveja

Restaurante

70,55

A ou V



Lanchonete

73,73

A ou V



Pesque-pague

59,83

A ou V


Embalagens/ enlatados

Cozinha

23,17

A

Orgânicos

Restos de alimentos

Restaurante

115,19

A ou AE



Lanchonete

56,85

A ou AE



Cozinha

68,54

A ou AE



Pesque-pague

56,75

A ou AE


Folhas não contaminadas

Área arbórea

3,78

AP


Folhas contaminadas

Área arbórea

1,44

A

Vidro

Copos e embalagens

Cozinha

1,35

A



Total

916,76


* A (aterro); V (venda); AP (área preservada); AE (Aproveitamento externo em criação de suínos)

Fonte: Os autores

Analisando as informações da Tabela 1, nota-se que quase todos os resíduos são destinados ao aterro, pois alguns resíduos sólidos orgânicos podem ser aproveitados em criação particular e externa de suínos, latinhas de refrigerante podem ser destinadas para venda e as folhas não contaminadas são transportadas para a área preservada do parque, embora essas folhas nem sejam consideradas como resíduos tecnicamente.

Com base nas informações da Tabela 1, há o Gráfico 1, que apresenta as parcelas dos resíduos sólidos gerados de acordo com o tipo de material, sendo os resíduos orgânicos que compõem a maior parcela. Em seguida, há o Gráfico 2, que apresenta a participação das fontes de geração de resíduos sólidos, em que se observa o restaurante como o maior gerador de resíduos sólidos no parque aquático.

Gráfico 1 - Parcelas de resíduos sólidos por tipo de material

Fonte: Os autores

Gráfico 2 - Parcelas das fontes de geração de resíduos sólidos

Fonte: os autores

Conforme observações de processos e relatos, além dos tipos de resíduos sólidos apresentados, apesar de não terem sido detectados durante a coleta de dados, é importante acrescentar que existem outros tipos de resíduos que podem ser gerados situacionalmente, como os seguintes: o vidro, advindo de pratos de uso interno dos funcionários que podem quebrar e ser descartados; lâmpadas com vida útil finalizadas ou quebradas, que não são destinadas sob logística reversa; a cerâmica, decorrente de pratos que podem quebrar acidentalmente; o plástico, por meio de pastas de arquivos gastas; utensílios plásticos gastos, cartuchos de tinta de impressora vazios; cadeiras e mesas plásticas quebradas; resíduos de manutenção hidráulico-sanitária; lixeiras de plástico quebradas, etc.; os resíduos orgânicos, através de alimentos que estragam devido ao não consumo em tempo hábil; os metais, de grampos e clips (material de escritório); ferramentas e utensílios gastos; resíduos de manutenção elétrica; talheres gastos ou quebrados; utensílios de pescaria gastos, pilhas (de controle de aparelhos de ar-condicionado, controles de aparelhos de som e de lanternas), entre outros itens descartados devido a substituição por novos; a madeira, resultante de cadeiras e mesas ou outros móveis quebrados; vassouras gastas ou quebradas, entre outros produtos de madeira que são descartados após a substituição por produtos novos; os resíduos da enfermaria, produtos ou embalagens de medicações (envolvendo plástico e papel) e resíduos de curativos utilizados durante atendimento de funcionários ou clientes que se machucam ou passam mal no parque.

Com base em observações e relatos dos funcionários do parque aquático, o sistema de manejo de resíduos sólidos no local se restringe às atividades de limpeza e recolhimento de resíduos das lixeiras para armazenamento temporário em uma área próxima à saída de serviço, porém com algumas ressalvas. O destino final da maioria dos resíduos é um aterro no município de Paço do Lumiar, desconhecido pela administração do parque, e cujo deslocamento é realizado por um prestador de serviço de frete.

As atividades da atual forma de manejo dos resíduos sólidos no parque aquático são realizadas por uma equipe formada por um encarregado de limpeza e mais dois funcionários operacionais, coordenados por uma gerente administrativa que faz parte da direção do parque e que também gerencia outros setores. Essa equipe operacional é responsável por atividades de manutenção envolvendo pequenos reparos, limpeza e manejo de resíduos sólidos no estabelecimento e a referida gestora tem como uma de suas responsabilidades o registro dos gastos com sacos de lixo, mão de obra, aquisição de materiais para limpeza e o frete do transporte dos resíduos para aterro, gerando dados para demonstrações de despesas.

Quanto às lixeiras presentes no parque aquático, apesar de existirem em grande quantidade, tanto as fixas para descarte de materiais pelos clientes, quanto as de plástico e transportável para uso operacional, não obedecem à resolução Conama que estabelece um padrão de cores para cada material. Deste modo, os resíduos não são descartados de forma separada por material e, assim, até mesmo clientes com consciência ambiental de que a prática é inadequada são obrigados a descartar os resíduos misturados nas lixeiras presentes.

Fora do horário de funcionamento do parque para o público, há carros de mão e um trator que auxiliam no recolhimento de todos os resíduos das lixeiras e os transporta para a área de armazenamento de resíduos antes de saírem do local. Nessa operação, os sacos das lixeiras são apenas retirados e vedados juntamente com os resíduos de lixeiras sem sacolas para deslocamento para área de armazenamento antes da saída. E vale o destaque de que a própria utilização de um trator configura a atividade como não adequada ambientalmente, por emitir ruído e fumaça pelo escapamento do trator.

Segundo relatos, há o ponto positivo de, esporadicamente, alguns funcionários separarem as latinhas de alumínio para venda em sucatas, sob autorização da administração do parque. Folhas soltas, quando não contaminadas por resíduos ou produtos de limpeza, são recolhidas e transportadas para a área preservada. E alguns resíduos orgânicos são separados para aproveitamento em criação externa de suínos, mas essa prática não pode ser considerada como positiva, pois não se tem conhecimento de regulamentação sanitária quanto a ela.

Outro ponto negativo está na forma como os resíduos sólidos são estocados de modo amontoado para aguardar saída para o aterro. Os resíduos ficam protegidos apenas pelas sacolas e sacos plásticos que os revestem, sendo que, muitas das vezes, essa proteção é insuficiente contra a chuva e proliferação de insetos.

A partir das explanações no inventário dos resíduos sólidos gerados, pode-se perceber que o parque aquático não possui cultura dos 3R’s (reduzir, reutilizar e reciclar), sendo que a maioria dos resíduos é destinada para aterro e não há postura de redução de resíduos sólidos, nem economia e reaproveitamento de utensílios e embalagens de produtos em outras utilidades, sendo quase que imediato o descarte após uso, o que também pode refletir em desperdícios de materiais.

Em suma, pode-se caracterizar o modelo de sistema de manejo de resíduos sólidos no parque aquático estudado como insustentável, pois, além de não seguir muitos pontos da PNRS, requer gastos que não agregam valor. Desses gastos, os mais expressivos se referem ao despendido em utensílios de limpeza, frete para deslocamento dos resíduos para aterro e o grande volume de sacos plásticos para acomodar e descartar os resíduos, apesar de que são aproveitadas algumas sacolas de compras de materiais para substituir os sacos de lixo.

Portanto, com base nas considerações apresentadas, as atividades de manejo de resíduos sólidos da forma como ocorre atualmente podem ser representadas pelo fluxograma das atividades atuais da Figura 1.

Figura 11 - Atividades atuais de manejo de resíduos sólidos no parque aquático

Fonte: Os autores

E vale mencionar que, durante as entrevistas, foi percebido que a preocupação dos funcionários, principalmente os operacionais, quanto aos resíduos sólidos tende a se restringir às ações quanto à manutenção e higiene do local, de modo que o lixo gerado não emita odor e nem incomode os clientes. Alguns colaboradores que fazem parte da administração do parque aquático até apontaram a importância ambiental relacionada à necessidade de gerir os resíduos sólidos, mas sem justificar detalhadamente essa importância.

    1. Propostas de Melhorias

Buscou-se a elaboração de medidas que possam se adaptar à realidade do parque aquático do estudo embora algumas requeiram estudos de viabilidade profundos. As propostas detalhadas a seguir, e agrupadas em quatro tópicos, serão apresentadas à administração do parque aquático por meio do Plano de Ação.

      1. Atuação da gestão e funcionários do parque aquático

Antes de tudo é importante a existência de um trabalho de conscientização da direção do parque aquático para que ocorra o reconhecimento da importância e necessidade da correta gestão de resíduos sólidos, de modo que seja promovido o desenvolvimento de uma cultura organizacional alinhada com as medidas relacionadas à gestão de resíduos sólidos. Para isso, sugere-se como primeiro passo uma reunião com a direção do parque aquático para explicação da importância e benefícios da gestão de resíduos sólidos e apresentação das propostas elaboradas.

Em seguida, deve ser promovida uma palestra ou treinamento de como pode ser aplicada a filosofia dos “3R’s” (reduzir, reutilizar, reciclar) no parque aquático com todos os funcionários, que inclusive pode contar com sugestões destes, mas, de antemão, são sugeridas as seguintes medidas como alguns exemplos: programar as necessidades de materiais, principalmente os relacionados à alimentação, para evitar que estraguem ou sobrem; gestão da demanda para preparo de alimentos para os dias de funcionamento para o público; programação puxada do preparo de alimentos nos dias de funcionamento para o público, ou seja, as refeições só devem ser preparadas novamente à medida que for reduzindo a quantidade disponível e se ainda houver demanda considerável no local e horário; padronização de operações com política de economia na utilização de materiais para evitar desperdícios, principalmente quanto aos itens de limpeza; aquisição de materiais que dispensem embalagens, ou em refil, ou com embalagens de volume reduzido, sempre que possível; instituição do “adote um copo”; utilização como rascunho de folhas de papel usadas; e o aproveitamento de embalagens para guardar outros produtos.

Seria um bom investimento da direção do parque aquático a aquisição de copos e pratos descartáveis biodegradáveis, pois, apesar do custo tender a ser o dobro dos descartáveis convencionais, este seria compensado pela redução de custos por meio de outras medidas. No mesmo sentido, sugere-se a utilização de sacos de lixo biodegradáveis que são pertinentes em um sistema de gestão de resíduos sólidos.

Vale destacar que a separação dos resíduos ainda na fonte durante o período de coleta de dados, com a colaboração dos funcionários para este trabalho, indica que é possível sim que essa prática seja efetivada na rotina do local e fica como proposta para a administração do parque a formalização dessa operação. Nesse contexto, também é sugerida a abolição da utilização do trator para as atividades de manejo de resíduos sólidos, devido ao seu caráter inadequado ambientalmente, deixando, portanto, o uso do referido veículo para atividades mais necessárias ligadas à transporte de pesos elevados e que não sejam tão recorrentes.

E, para a participação dos clientes, é de grande valia a instalação de cartazes orientando sobre o consumo consciente de forma a evitar desperdícios de alimentos, além da colaboração com a coleta seletiva e manutenção do parque.

      1. Instalação e adequação de sistemas estruturantes

Considerando o grande espaço livre disponível no parque aquático, é sugerida a construção de um pequeno centro de triagem para centralizar as operações relacionadas à separação de resíduos de acordo com a destinação, além de proteger os resíduos contra chuva e umidade e propiciar o controle de impactos e odor em relação ao restante do parque.

Mesmo que sejam tomadas outras medidas relacionadas ao descarte de resíduos de forma separada por materiais ainda na fonte, e como o parque aquático tem como público-alvo pessoas com diferentes idades e níveis de conscientização ambiental, no centro de triagem seriam separados os resíduos ainda descartados de forma misturada para terem suas destinações adequadas.

Para a construção desse centro de triagem, sugere-se a própria área já utilizada para acomodação de resíduos aguardando saída atualmente no parque aquático, pois além de não ficar visível pelos clientes, tem fácil acesso para a saída dos resíduos com destinações externas.

Uma outra medida que revela uma necessidade latente no parque aquático estudado é a instalação de lixeiras coloridas de acordo com a Resolução Conama nº 275, de 25 de abril de 2001 para coleta seletiva (BRASIL, 2001). Além de propiciarem a forma adequada de descarte dos resíduos de forma separada por material, os modelos comerciais dessas lixeiras são de plástico resistente, leves, de fácil mobilidade em deslocamentos e de fácil limpeza.

Nas lixeiras podem ser utilizados sacos plásticos biodegradáveis, que são adequados ambientalmente por permitirem rápida decomposição em aterros. E como o parque aquático passa mais tempo fechado e com funcionamento apenas interno, a forma constante de limpeza e manutenção das lixeiras coloridas propiciaria maior durabilidade delas. Portanto, considerando a estrutura atual do parque aquático, sugere-se a aquisição inicial das quantidades de conjuntos de lixeiras coloridas de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2 - Quantidade de conjuntos de lixeiras coloridas no parque aquático

Local

No local

Circulações próximas

Total

Entrada/ estacionamento

0

1

1

Restaurante

2

0

2

Lanchonete

1

0

1

Pesque-pague

2

2

4

Sala de Jogos

1

1

2

Área das 03 piscinas

4

0

4

Área da piscina maior

2

1

3

Área coberta

1

0

1

Área dos banheiros

2

0

2

Sede administrativa

1

0

1

Torre

0

1

1

Quadra de esportes

0

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Açude de Pescaria

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Enfermaria

1

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Total

17

8

25

Fonte: Os autores

Com a aquisição das lixeiras coloridas, que pode ocorrer de forma gradual, fica como sugestão o aproveitamento das estruturas das lixeiras atuais como sinalização sobre a proximidade de lixeiras para os visitantes, além de suporte para mensagens educativas sobre meio ambiente e manutenção do local. Desta forma, seria evitado o custo elevado com a retirada das estruturas que formam as lixeiras atuais, sendo os tonéis de plástico, que são usados atualmente, aproveitados para as atividades no centro de triagem.

    1. Logística reversa

Como durante a coleta de dados não houve a identificação formal de itens passíveis de logística reversa na quantificação dos resíduos gerados, é importante que haja o levantamento de embalagens de produtos cujos fabricantes aceitem o retorno delas, da mesma forma com lâmpadas, pilhas, baterias, produtos eletroeletrônicos, entre outros.

Além da identificação dos produtos para logística reversa, devem ser identificados os postos de entrega desses produtos, que podem envolver comerciantes e ou indústrias, para ser estabelecida e mantida parceria em prol da efetivação da logística reversa do máximo possível de produtos do parque aquático.

      1. Parcerias externas

Além das parcerias relacionadas à logística reversa, a adequada gestão de resíduos sólidos no parque aquático requer a adoção de um sistema de parcerias maior, abrangendo aquelas com catadores (como sugestão há a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Paço do Lumiar - COOPCARE), instituições ou projetos voltados para reciclagem de papel, com organizações não-governamentais ou projetos que lidam com artesanato ecológico, entre outras formas.

Na ilha de São Luís existe um Centro de Tratamento de Resíduos do Maranhão - CTR, que fica localizado na BR 135, e que pode ser um dos parceiros do parque aquático quanto à destinação de resíduos para incineração e outras destinações para materiais como vidro e cerâmica. Contudo, valem estudos posteriores a respeito da viabilidade de manter parceria com o referido centro devido à sua localização relativamente desfavorável em relação ao parque.

Também é importante que se torne efetiva a venda ou doação das latinhas de refrigerante para sucatas, catadores ou instituições filantrópicas. Se optado pela permissão da venda das latinhas pelos funcionários, a remuneração pela venda seria um estímulo para que a prática seja constante e o transporte das latinhas ficaria a cargo destes funcionários.

    1. Compostagem dos resíduos orgânicos e biodegradáveis

Já que o parque aquático do estudo oferece grande espaço livre, sugere-se a instalação de pequenas composteiras no local, que pode ocorrer por meio da abertura do espaço do parque para projetos externos ligados à compostagem, realizados por organizações ou universidades. Desta forma, as operações ficariam a cargo das pessoas participantes desses projetos, sendo realizados apenas pequenos treinamentos dos funcionários da limpeza para suporte quando necessário.

Caso não seja aprovada a proposta da instalação das composteiras, outra alternativa, que também pode ser uma alternativa complementar, é a destinação dos resíduos orgânicos para organizações externas que lidam com compostagem, como a já citada COOPCARE de Paço do Lumiar ou o CTR. Ambas as formas promoveriam a redução do volume dos resíduos orgânicos para aterro, que compõem a maior parcela dos resíduos gerados no parque aquático, bem como os descartáveis biodegradáveis que também podem ser destinados para compostagem.

    1. Disposição final ambientalmente adequada

É importante que a direção do parque aquático busque informações a respeito da legalidade do aterro para onde são destinados os resíduos sólidos atualmente, pois a única informação passada é que sua localização fica no próprio município de Paço do Lumiar. De antemão, sugere-se o contato com a prefeitura do município de Paço do Lumiar para identificação do local para onde devem ser destinados os rejeitos do parque aquático.

Como a prefeitura do município de Paço do Lumiar ainda não tem sistema de coleta seletiva, é importante que a destinação dos resíduos sólidos para aterro seja apenas a última alternativa, como a destinação de resíduos contaminados, como papel dos sanitários, e rejeitos. Mas, para isso, é importante que as demais propostas apresentadas sejam aplicadas.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os benefícios da proposta de modelo de gestão de resíduos sólidos no parque são quantitativos e qualitativos, pois além de reduzir os volumes de resíduos gerados e destinados para aterro, também pode existir o reflexo na competitividade do parque, ao utilizar esse modelo como diferencial competitivo, além de referência de iniciativa ambiental e para a sustentabilidade.

No contexto dos resultados esperados, vale acrescentar que, sob a ótica dos processos internos do parque, as medidas relacionadas à filosofia dos “3R’s” podem reduzir despesas pela diminuição da aquisição de novos produtos e da diminuição do volume de resíduos a ser manejado. Nesse sentido, as medidas referentes ao controle da utilização de materiais e produção puxada quanto aos itens de alimentação, por exemplo, também podem demonstrar a implementação indireta de preceitos da produção enxuta devido à redução de desperdícios e de operações que não agregam valor.

Com base nas considerações sobre as propostas e seus resultados esperados, fica evidente a multidisciplinaridade inerente à gestão de resíduos sólidos, pois além de abranger os contextos ambiental, de custos, de marketing, da gestão da produção e prestação de serviços, podem ser acrescentados os da logística, legislação e gestão de pessoas com enfoque em treinamentos. Essa multidisciplinaridade na gestão de resíduos sólidos faz analogia à grande área da Engenharia de Produção e, portanto, o estudo realizado no âmbito dessa grande área pode ser dado como pertinente.

Por este trabalho, notou-se a complexidade da temática dos resíduos sólidos, pois envolve uma série de classificação para os resíduos, tecnologias de tratamento, legislação, entre outros fatores que requerem visão sistêmica na gestão desses resíduos. Desta forma, é importante que as organizações atentem para esse aspecto, pois, como notado no parque aquático do estudo, pode existir uma percepção errônea de que a atenção para os resíduos sólidos se limita ao cuidado com a limpeza e a destinação para aterro, sendo que muitas organizações talvez desconheçam o real impacto negativo desta destinação e a existência de outras alternativas.

A partir da realização deste trabalho, demonstra-se que é possível sim a implementação de gestão correta de resíduos sólidos, pois as medidas propostas foram embasadas na realidade da infraestrutura do parque aquático e consideradas as alternativas disponíveis. Se a direção do parque aquático adotar as medidas propostas, espera-se que essa postura incentive outras organizações a fazerem o mesmo, ou seja, a realizarem diagnósticos e agirem na adequação e implementação de medidas corretas de gestão de seus resíduos sólidos.

E, com várias organizações se adequando quanto à gestão de resíduos sólidos, pode-se obter um passo significativo para a resolução, ou pelo menos controle, da problemática dos resíduos sólidos, que atualmente apresenta projeções futuras negativas e requer atuação efetiva para a mudança dessas perspectivas no âmbito da necessidade do desenvolvimento sustentável.

No aspecto das sugestões de trabalhos futuros, é válido destacar que existem várias possibilidades de continuar este trabalho ou realizar outros em outras organizações seguindo a metodologia deste. Quanto aos trabalhos complementares a este estudo, seria de grande valia o desenvolvimento de um planejamento estratégico para a direção do parque aquático estudado incluir as medidas do modelo proposto nos meios de atingir seus objetivos de crescimento. Também, vale destacar a necessidade de estudos de viabilidade para algumas medidas que poderão requerer um investimento relativamente alto ou custo de manutenção, como a parceria com o Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos do Maranhão - CTR e a instalação de composteiras no parque.

referências

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Ilustrações: Silvana Santos