Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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26/01/2018 (Nº 62) UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E QUÍMICA
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UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E QUÍMICA

Zilmar Timoteo Soares, zilmarsoares@bol.com.br.¹- Imperatriz – MA.

Emily Ferreira Soares. Emili.and7@hotmail.com², Imperatriz – MA.

Ray Sousa Alves Miranda, raybiolólogo@hotmail.com³, Imperatriz – MA.

Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão-UEMASUL.

1-Professor Doutor do Curso de Ciências Biológicas, Licenciatura-UEMASUL.

2,3 – Acadêmicos de Ciências Biológicas licenciaturas-UEMASUL, professores.

Categoria: Produção de Materiais Didáticos e Ações Práticas em Sala de Aula.

A visão da Biologia e da Química do cotidiano implica em entender como o ambiente em que vive o aluno aparece na sua vida diária, para que o conteúdo a ser ensinado seja mais próximo de sua realidade. Com isso, o objetivo do projeto é aprimorar tanto ao ensino de Biologia quanto de Química no conhecimento científico sustentável de alunos que possuem dificuldade nessas disciplinas, devido à carência de materiais e a ausência de laboratórios na escola. O presente trabalho foi desenvolvido no Centro de Ensino Edison Lobão, localizado no município de Imperatriz, Maranhão – Brasil, o método para a solução do problema foi aplicação de atividades diferenciadas no processo ensino-aprendizagem, concatenando a teoria com a prática e apoiando-se em materiais recicláveis do cotidiano dos alunos. O uso da criatividade e a audácia de persistir ensinando biologia e química através desta metodologia aproximaram o aluno destas tão relevantes ciências. Assim, considera-se este projeto uma alternativa viável, podendo ser aplicado em todas as instituições que não possua laboratório, seja ela no município de Imperatriz, em outras regiões do Brasil ou em qualquer parte do mundo. Proporcionando ao aluno aplicação de experimentos utilizando recursos do seu dia-a-dia, vivenciando assim, a biologia e química como parte de sua vida.

Palavras-chave: Materiais didáticos - Ensino-aprendizagem – Sustentabilidade.

1- INTRODUÇÃO

Ensinar não é simplesmente jogar conhecimentos sobre os alunos, colocar conteúdo e esperar que eles, em um passe de mágica, passem a dominar a matéria. Freire (1998) ressalta que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Segundo Libâneo (1990) a aprendizagem escolar é um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no processo de ensino.

Sabendo que a biologia e química são disciplinas experimentais, relacionar aulas teóricas com aulas práticas, possibilita uma maior compreensão dos temas, aguçando a atenção do aluno para a disciplina, motivando e incentivando a participação dos sujeitos do conhecimento, o que, por sua vez, permite que as aulas sejam mais dinâmicas e que os alunos apresentem um maior desempenho em todas as disciplinas de biologia e química. Dados do MEC/INEP (2016) mostram que, no Brasil, apenas 20% das escolas públicas e 47% das escolas privadas dispõem de um espaço físico para a realização de aulas práticas e na situação da região Nordeste e Centro-Oeste a situação anda mais crítica, o que dificulta a atuação do profissional da educação nos exercícios de aulas experimentais, (fotos 01 e 02).

Foto 01: Laboratório em uma escola privada. Foto 02: Aula de química improvisada.

Fotos: Zilmar Soares, 2016.

Diante dessas informações o tema desta pesquisa é a abordagem alternativa de incentivo aos professores de biologia e química do ensino médio das escolas públicas de imperatriz, a fim de se trabalhar as aulas práticas utilizando materiais alternativos e recicláveis como instrumento de ensino e aprendizagem, na construção de experiências formativas.

O ensino tradicional de biologia e química, não tem sido muito eficaz no preparo do aluno para ingressar em cursos superiores e no mercado de trabalho. Falta capacitar o aluno para avaliar alternativas, agir criticamente ou trabalhar em grupos.

Neste contexto, buscou-se analisar o ensino de biologia e química nas escolas públicas de imperatriz, Maranhão, Brasil. É uma cidade de grande porte com vários estabelecimentos de ensino, apresentando grandes dificuldades para se ensinar química por falta de laboratórios e de uma estrutura adequada para atividades práticas.

As aulas de biologia e química que são ministradas nas escolas públicas de Imperatriz, são aulas sem atrativos, sem experimentos e sem dinamismo. Isso ocorre, porque as instituições não possuem laboratórios para o ensino dessas ciências.

Com essa reflexão encontramos o ponto de partida para o seguinte questionamento. O que fazer para dinamizar as aulas de biologia e química, diante da falta de laboratórios nas escolas pública de Imperatriz - Maranhão?

É possível que através da capacitação dos professores da disciplina de biologia e química focando a produção de materiais pedagógico alternativos como instrumento de ensino aprendizagem nos experimentos práticos facilitando a compreensão dos alunos.

Realizando atividades práticas pedagógicas que venham dinamizar o ensino de biologia e química, com experimentos produzidos em sala de aula pelos próprios alunos.

Praticando as atividades através de oficinas experimentais utilizando materiais recicláveis (sucatas) recolhidos pelos alunos.

Desenvolvendo uma aprendizagem significativa, em que os alunos consigam relacionar a biologia e química com seu cotidiano, despertando curiosidades e simpatia dentro do âmbito do encantamento da educação em ciência.

1.3 Justificativa

As atividades práticas de biologia e química no ensino médio são de extrema importância, já que essas disciplinas são ciências experimentais, e como o próprio nome já indica, fica mais bem exposta no laboratório.

A própria essência da biologia e da química revela o objetivo de introduzir esse tipo de atividade ao aluno, relacionando com a natureza, sendo assim, os experimentos propiciam ao estudante uma compreensão mais científica das transformações que nela ocorrem.

As pesquisas têm mostrado que o cérebro consegue acumular informação com mais rapidez quando o ser humano ver, toca, sente e constrói.

Assim, espera-se com este trabalho construir positivamente no processo de aprendizagem em biologia e química, utilizando materiais alternativos como instrumentos de ensino numa abordagem construtivista na experiência formativa do acadêmico de ensino médio.

1.3.1 Relevância acadêmica da pesquisa

Contribuir com material teórico baseado na utilização de experimentos alternativos para o ensino de biologia e química, que possibilite a novos acadêmicos e ao mundo científico informações adicionais para o estudo do tema: Uma abordagem alternativa de incentivo aos professores de biologia e química do ensino médio das escolas públicas de imperatriz, a fim de se trabalhar as aulas práticas utilizando materiais recicláveis como instrumento pedagógico de ensino e aprendizagem, na construção de experiências formativas.

1.3.2- Relevância socioambiental da pesquisa.

Desenvolver experimentos de baixo custo onde o próprio aluno possa construir o seu conhecimento de forma sustentável, através de atividades simples, mas, que possa trazer uma formação acadêmica sólida no processo curricular através do ensino de biologia e química.

1.4 Objetivos

Considerando a importância da temática, materiais recicláveis como instrumento de ensino e aprendizagem, na construção de experiências formativas, tanto no tempo quanto no espaço, permitem ao aluno e professores a construção do conhecimento através de atividades práticas e experimento com elementos encontrados no cotidiano dos autores do processo.

Para tanto, se propõe com esta pesquisa contribuir com a melhoria da qualidade do ensino de biologia e química no ensino médio, utilizando recursos didáticos recicláveis de baixo custo e/ou de fácil acesso por meio de trabalho instrumental de coleta, preparação e adaptação, utilização e avaliação de materiais alternativos como instrumentos didáticos numa abordagem de ensino construtivista e desta forma, proporcionar uma aprendizagem destas alternativas e abordagem metodológica de ensino, em ações dirigidas a alunos do ensino médio nas escolas públicas de Imperatriz e a professores das cadeiras de biologia e química.

Objetivou-se ainda, Identificar os desafios enfrentados pelos professores e alunos no dia-a-dia nas aulas de biologia e químicas das escolas públicas de Imperatriz; Promover a criatividade para a produção e uso de materiais didáticos alternativos para o Ensino de Biologia e Química; Auxiliar os professores na construção de experimentos utilizando materiais alternativos (recicláveis) como instrumento de ensino e aprendizagem, facilitando o conhecimento dos alunos na prática científica; Aplicar experimentos alternativos evidenciados no cotidiano do aluno, como instrumento de ensino e aprendizagem; Apontar as possibilidades de se trabalhar a biologia e a química no ensino médio a partir da construção de práticas pedagógicos com materiais alternativos sustentáveis, que possa ser conduzidos pelos professores e alunos nas atividades científicas.

2- ASPECTOS METODOLÓGICOS

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2008), o Ensino Médio deve envolver, de forma combinada, o desenvolvimento de conhecimentos práticos, contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea, e o desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos, que correspondam a uma cultura geral e a uma visão de mundo.

Na área de Ciências da Natureza e Tecnologias, como nas outras áreas, precisamos construir coletivamente o aprendizado, que deve ser contínuo, possibilitando o exercício de reflexões, intervenções e julgamentos práticos.

Assim, no desejo de realizar este trabalho buscando formalizar e interpretar as relações que se estabelecem no meio e no cotidiano escolhendo desenvolver atividades de conhecimento prático utilizando materiais alternativos sustentáveis.

Diante do tema proposto o projeto teve inicio em fevereiro de 2015 e encerrando em março de 2017, Com a delimitação do tema, montagem do cronograma, conhecimento dos problemas relacionado às dificuldades em aprender biologia e química nas escolas públicas de Imperatriz, Maranhão – Brasil e atividades práticas (oficinas) ensinando as metodologias alternativas tanto para os docentes quanto para os discentes.

2. 1 Local da pesquisa

A pesquisa aconteceu na zona urbana de Imperatriz, Maranhão – Brasil analisando o ensino de química nas escolas públicas estadual de ensino médio.

Imperatriz é um município do Estado do Maranhão, sendo o segundo mais populoso deste Estado, com uma população de 277.553 habitantes, possuindo uma área de 1.367,901 km², dos quais 15. 480 km² estão em zona urbana.

Sede da Região Metropolitana do Sudoeste Maranhense, a cidade se estende pela margem direita do Rio Tocantins, e é atravessada pela Rodovia Belém-Brasília, situando-se na divisa com o Estado do Tocantins, possuem 40 instituições públicas de ensino médio e 35 mil alunos matriculados, 200 professores para o ensino de química e biologia e dois laboratórios, (IBGE 2015).

2.2 Delineamentos da pesquisa

A pesquisa foi planejada de acordo com o foco dos problemas e possíveis soluções (hipóteses), onde as variáveis buscaram diferenciar o sexo, série de ensino dentro de cada curso, problemas enfrentados pelos alunos nos três anos de ensino médio, problemas de aprendizagem, materiais de laboratórios e o ensino de biologia e química no município.

Os métodos e técnicas utilizadas na pesquisa basearam-se em bibliografias, documentos, observações, experimentos, análise de casos, filmagem e fotografias que serviram como base para fundamentar as amostras. Já os métodos e técnicas de observações foram delineados em pesquisa ação e participação de alunos e professores.

2.3 Procedimentos:

É um projeto de caráter prático pedagógico, que sugere a construção da experiência formativa do aluno de ensino médio, utilizando materiais alternativos nos experimentos de biologia e química. O trabalho foi dividido em dois momentos, realização da pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica e embasamento científico do projeto. O segundo momento a aplicação da proposta para professores e alunos do ensino médio de escolas publicas de imperatriz- Maranhão. Após o lançamento do projeto foi promovido à utilização de materiais alternativos produzidos pelos próprios alunos nas aulas práticas, melhorando assim, o rendimento escolar na disciplina de química.

Nas atividades práticas foi promovida a abordagem construtivista como elemento estrutural na construção da experiência formativa. Para isso, os materiais utilizados tanto na construção dos experimentos, quanto na produção dos reagentes, foram todos provenientes de objetos que para muitos parece lixo, no entanto, foram de fundamental importância para a realização desta proposta.

Os alunos foram os elementos fundamentais do projeto, eles que providenciarão as sucatas utilizadas para substituir os utensílios do laboratório tradicional e construíram cada experimento acompanhado pelos professores das disciplinas de acordo com o conteúdo programático.

Todo o processo foi acompanhado pelo professor orientador e nós pesquisadores, avaliando o desempenho da proposta e analisando os resultados. Para isso, foi confeccionada uma ficha modelo onde cada etapa dos experimentos foram anotados e avaliados, onde os resultados transformados em estatística e transferidos para relatório final.

Os riscos apresentados pelas atividades foram mínimos, os professores e alunos envolvidos no projeto foram acompanhados por especialistas da área pedagógica da UEMA e UEMASUL e pelo professor orientador do projeto. Após os experimentos foram avaliadas pelos Comitês de Regras Científica (CRC). Institucional (CI) e ética (CE).

2.4 Análises de Dados

Após os trabalhos educacionais e práticos foram utilizados questionários para os alunos e professores do ensino médio, para adquirir informação sobre a satisfação do novo modelo de se aprender biologia e química. Ainda utilizamos cálculos para a transformação em percentual e outra unidade, para exibição em praticas com as respectivas interpretações em cada um deles.

Os experimentos foram aplicados nas aulas de biologia e química e validados de acordo com o cronograma de cada professor.

Os questionários aplicados tanto no inicio de cada atividade quanto no final, foram transformados em dados estatísticos, estes dados em gráficos. Após as análises de cada gráfico houve uma discussão detalhada que foi comparada com outros estudos publicados referente a este tema. Essa discussão foi transformada em subsídios para a construção da abordagem construtivista na experiência formativa do acadêmico de ensino médio nas disciplinas de biologia e química.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS

A biologia é extremamente importante para a humanidade uma vez que ela estuda a vida. A biologia vem descobrindo novas bactérias, vírus, espécies de animais, o que pode gerar o desenvolvimento de novas vacinas, o descobrimento de cura para muitas doenças e o aumento de conhecimentos de nossa fauna. Sendo assim a biologia desempenha um papel muito importante na sociedade que depende dela para essas novas descobertas e desenvolvimentos de diferentes estudos. Já a química está na base do desenvolvimento econômico e tecnológico. Da siderurgia à indústria da informática, das artes à construção civil, da agricultura à indústria aeroespacial, não há área ou setor que não utilize em seus processos ou produtos algum insumo de origem química.

3.1 Desafios enfrentados pelos professores e alunos no dia-a-dia nas aulas de biologia e química das escolas públicas de Imperatriz, como elemento do cotidiano dos discentes.

A biologia e a química influenciam a nossa vida sendo, contudo, um assunto difícil de aprender devido aos conceitos de que necessita e ao rápido crescimento do conjunto de conhecimento que envolve.

A fim de que a aprendizagem de biologia e química seja tão eficiente quanto possível, são necessárias modificações nos conteúdos dos currículos existentes e nos métodos de ensino, sendo que tais modificações devem ser baseadas em pesquisas.

Hoje estamos enfrentando uma revolução em termos de ensino/aprendizagem em ciências biológicas e química, alguns querendo mudar outros tentando acompanhar e outros não querendo sair do lugar; mas sabemos que a capacidade do aluno está nas mãos do professor.

Diante dessa realidade resolvemos questionar os alunos do terceiro ano do ensino médio sobre o seu desempenho em biologia e química nas duas séries anteriores.

Procuramos saber dos alunos se nas primeiras séries iniciais tiveram aula de laboratório. 100% do alunos disseram que não tiveram acesso a nehuma aula prática em laboratório. Assim fica claro que, os conceitos dessas ciências é praticamente inexistente. Não há conceito de conteúdos em biologia e química sem atividades experimentais. Segundo Perrenoud 2002, “é necessário conceitos adequados para assuntos afins”. A biologia e a química por serem disciplinas experimentais são de extrema necessidade aulas em laboratórios para o entendimento dos conceitos teóricos.

Por falta desse recurso para o aprendizado, os alunos não tiveram bom desepenho no seu rendimento escolar nas primeiras séries do ensino médio. De acordo com os discentes pesquisados 33,3% acharam seu desempenho ruim. 27, 7% Muito bom, 22,2% regular e 16, 8% bom. Se analisarmos o resultado, a maioria dos alunos considera ruim o seu aprendizado em biologia e química. Para melhor entender essa situação veja o gráfico 01.

Desempenho dos alunos no ensino de biologia e química nas duas primeiras séries iniciais do ensino médio

Fonte: autores 2017.

Quanto a dificuldade em aprender biologia e química por falta de laboratório tivemos os eguintes resultados. 55,5% disseram que não aprenderam nada, já 44,5% responderam que não tiveram dificuldades em aprender os conteúdos aplicados. Veja o gráfico 02 para melhor entender esta estrutura.

Demonstrativo do nível de aprendizagem em Biologia e Química dos alunos da 3a série do ensino médio nas duas primeiras séries iniciais

Fonte: Autores 2017

Diante dessas afirmações, percebemos que a dificuldade dos alunos estão relacionadas a falta de laboratório nas escolas públicas do municipio de Imperatriz, Maranhão – Brasil. Assim, é necessário uma nova proposta para que haja mudanças neste quadro. É preciso repensar o ensino de química utilizando novas metodologias com práticas alternativas, construidas pelos próprios alunos.

Com essas informações, perguntamos aos alunos se eles conseguem relacionar o que aprendem em biologia e química em sala de aula com as atividades do dia-a-dia. Tivemos a seguinte resposta, 70% dos alunos da 1ª série do ensino médio disseram que não conseguem ver relação com o contidiano, 68% da 2ª série não relacionam e 50% dos alunos da 3ª série do ensino médio não veêm relação. Já 25% dos alunos da primeira série do ensino médio disseram que conseguem relacionar com as atividades do dia-a-dia, 28% da 2ª série disseram que sim e 44% da 3ª série disseram que relacionam com seu dia-a-dia. Não souberam responder 5% da 1ª série, 4% da 2ª série e 6% da 3ª série. Veja o gráfico 03 para melhor compreensão dessa realidade.

Como os alunos relacionam o que aprenderam em biologia e química em sala de aula com seu cotidiano

Fonte: Autores 2017

Observamos que, a maioria dos alunos não consegue relacionar a biologia e a química como parte de sua vida, isso prova a necessidade de mudanças nos conceitos e nas práticas das atividades experimentais dos conteúdos de química.

Durante os questionamentos com os alunos, ficou claro por parte deles que é necessário mais dinamismo nas aulas, que os professores ministrem suas aulas colocando mais atividades práticas, mesmo que na escola não tenha laboratório. Que seja mais criativo buscando identificar novos materiais alternativos, que venham substituir os tradicionais materiais e reagentes utilizados nos experimentos.

As aulas práticas podem ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos (LUNETTA, 1991).

Quanto aos professores, eles apontaram algumas dificuldades em ministrar as aulas de biologia e química nas escolas públicas de Imperatriz, segundo eles, um dos maiores problemas está relacionado à falta de laboratório nas escolas. Já para 69% dos entrevistados a qualidade do material didático é ruim e não está de acordo com a realidade das escolas públicas. 19% identificaram como dificuldade o grande número de conteúdos a ser aplicado para uma carga horária pequena, 12% atribuíram como dificuldade, a falta de tempo para preparar materiais adequados aos conteúdos propostos.

Os conceitos de química, como elemento básico, e sua expressão verbal, o termo ou palavra, permitem a manipulação mental dos fatos experimentais e a sua comunicação inteligente. Sucessivamente, a relação entre conteúdo teórico e prático é uma necesidade, para que o aluno aprenda biologia e química (SOARES 2010).

Por falta de uma formação completa para os docentes licenciados em química, causa angústia entre eles, e os mesmos não conseguem entender os conceitos reais para o ensino de química, deixando dúvidas e não entendendo a qualidade dos materiais didáticos colocados pelos autores. O gráfico 04 expressa claramente esta situação.

Problemas apresentados pelos professores para ministrar biologia e química no município de Imperatriz, Maranhão - Brasil

Fonte: Autores, 2017

Como a aprendizagem depende, em boa parte, da formação do docente ou compreensão dos conteúdos, é necessário cuidar de sua perfeição. Esta exige que práticas adequados, claras e distintas.

Outro fator que contribui para as dificuldades em aplicar bioloigia e química nas escolas públicas de Imperatriz, está relacionado com curso de Licenciatura em Biologia e Química que é ministrado pela Universidade Estadual da Região Tocantina Problemas apresentados pelos professores para ministrar biologia e química no município de Imperatriz, Maranhão – Brasil

Fonte: Autores, 2017

do Maranhão-UEMASUL. Os alunos tem acesso a bons laboratórios para experimentos em biologia e química, no entanto, não há na instituição um laboratório experimental para educação em biologia e química, onde acadêmico tenha contado com sos conteúdos para que o mesmo possa criar metodologias adequadas a realidade local.

Perguntamos aos alunos se eles fariam algum curso diretamente ligado a biologia e química. 38,9% respoderam que jamais fariam, 27, 9% fariam química ambiental. Já 33,2% não souberam responder. O gráfico 05 representa melhor esta situação.

Opinião dos alunos sobre fazer algum curso relacionado a Biologia e Química

Fonte: Autores, 2017

3.2 Aplicações de Experimentos Alternativos Vivenciados na Biologia e Química no Cotidiano do Aluno, Como Instrumento de Ensino e Aprendizagem.

O uso de atividades experimentais consiste numa prática docente que mostra a relação entre teoria e resultados experimentais, o que a torna muito produtiva, já que fornecem aos alunos modelos de observação, raciocínio e interpretação.

Para Souza et. al (2015), A opção pelo ensino prático em grupo permitem que as pessoas envolvidas passem por um processo de ensino e aprendizagem em que o trabalho coletivo é colocado como um caminho para se interferir na realidade, transformando os conhecimentos que seriam empregados em aulas teóricas em aulas criativas e com alto índice de aproveitamento. Isso porque a experiência do trabalho com dinâmica promove aos alunos as habilidades para seu desenvolvimento e seu conhecimento científico e prático.

3.2.1 Criatividade na aula de química.

Uma das primeiras atividades desenvolvidas com os alunos foi baseada em solução do cotidiano. Nesta atividade preparou-se um questionário para os alunos onde eles responderam sobre o conhecimento de solução e misturas homogêneas e heterogêneas. Apresentamos para os alunos inúmeras soluções químicas que encontramos no nosso dia-a-dia, utilizando os rótulos das embalagens trazidas pelos discentes.

No questionário perguntamos se eles sabiam o que é substâncias químicas e onde elas são utilizadas. 78% dos alunos não conhecem o que é substâncias químicas e 69% não souberam responder onde pode ser utilizadas.

Após as respostas dos alunos pedimos que eles retirassem os rótulos das embalagens e identificassem as substâncias e onde eles poderiam utilizá-las. Eles colaram no seu caderno e em seguida identificaram a composição química de cada substância.

Nessa atividade os alunos identificaram o nome comum das substâncias, os elementos químico encontrados, a utilização da substância e construíram uma tabela com os elementos encontrados.

Após essa atividade voltamos a perguntar aos alunos sobre o que são substâncias químicas e sua utilização. Surpreendente houve mudanças no quadro de resposta, 100% dos alunos foram capazes de identificar as substâncias e como utilizá-las.

3.2.2 Tabela periódica, brincando com ela.

A tabela periódica é a base para o aluno aprender química, no entanto, tem sido um problema para os alunos, eles não conseguem entender tantos símbolos, tantos números e a importância de cada um.

Para que os alunos do primeiro ano do ensino médio pudessem compreender a funcionalidade e importância da tabela periódica, iniciamos as atividades pedindo a eles que criasse revistas em quadrinha onde os personagens fossem os elementos químicos. Nessa atividade os alunos puderam colocar em prática sua criatividade artística e desenvolver a aprendizagem em química de forma alternativa.

Foram produzidas 20 revistas com diferentes temas, sendo protagonistas os elementos químicos. Após a atividade observamos que 60% dos alunos tinham uma nova visão do que era um elemento químico, 25% conseguiram diferenciar a formação da tabela periódica e 15% foram capazes de assimilar os diferentes elementos.

Observamos que a participação dos alunos nesta atividade facilitou o conhecimento dos elementos químicos, provando que é possível aprender química quando se utiliza atividades alternativas com materiais recicláveis, mesmo que a escola não disponha de um laboratório de química. Cabe ao professor ser criativo e deixar o aluno trabalhar, neste caso, ele é o instrumento de orientação para indicar o caminho a ser seguido.

3.2.3 Aprendendo Biologia de forma sustentável.

Para as aulas com tema biologia humana, utilizou-se o pecíolo do buriti (talo) para produção do material didático aplicado na sala de aula. Foi possível produzir celulose e com essa produziu-se papel artesanal, que foi utilizado na montagem das células. Nos trabalhos de sala de aula com os professores de biologia foi produzindo um modelo anatômico de esqueleto humano, outros órgãos e um modelo de lupa que servirá para estudo e análise de pequenos seres. Após desenvolvimento das aulas ficou claro que a teoria conectada com a prática possibilita ao aluno maior conhecimento dos conteúdos, figuras 03 e 02.

Foto 03 Pecíolo do buriti sendo preparado. Foto 04: Esqueleto construído com pecíolo de buriti

Foto: Emily Ferreira Soares, 2016 Foto: Emily Ferreira Soares, 2016.

Da folha foi retirado o extrato e utilizado como reagentes em alguns experimentos tanto de biologia quanto de química. Aproveitou-se para retirar o linho que pode ser aplicado na produção de outros materiais didáticos para o ensino de biologia. Nas aulas os alunos construíram o seu próprio material didático, tanto foi o entusiasmo dos mesmos, que, eles querem agora transformar a área dos buritizais em um local de conservação.

Foto 05 e 06 Os alunos construindo materiais didáticos para as aulas de biologia.

Fotos: Emily Ferreira Soares, 2016.

Foto 07: Fibra retirada da palha do buriti Foto 08: Celulose, linho e óleo de buriti.

Foto: Emily Ferreira Soares, 2016 Foto: Emily Ferreira Soares, 2016.

3.3 Avaliações do Nível de Aprendizagem em Biologia e Química em Relação ao Comportamento Diário do Aluno.

A humanidade é a espécie mais evoluída dentre os animais. Portanto, necessita mais da aprendizagem para adaptar-se e sobreviver ao meio em que vive. Como há uma dependência em aprender comportamentos sociais, então o ato de aprender pode ser considerado uma obrigação, pois quando não existe adaptação comportamental de um indivíduo, presume-se que ele será excluído socialmente.

De acordo com Libânio (2000) o termo educação significa condução de um estado para o outro, ou seja, a adaptação do comportamento de um indivíduo em acordo com as exigências de uma sociedade.

O homem nasce propenso a aprender, e para que o aprendizado ocorra é preciso que haja incitação. Além disso, existem formas de aprender que necessitam passar por uma sucessão de estados até chegar à maturidade física, como aprender andar e falar. Muitas vezes o ato de aprender se dá também em meio ao tempo e sociedade em que vivem, como por exemplo, a maneira dos pais educarem seus filhos é de suma importância para promover comportamentos considerados adequados pela sociedade, no entanto, frequentemente as famílias estimulam inconscientemente ou não, comportamentos inadequados, ao utilizarem disciplina sem fundamentos. A interação dos progenitores com os menores é decisiva para o impulso de condutas adequadas ou inadequadas à sociedade, portanto se a interatividade e o comportamento de quem educam forem impróprios e excedidos pode prejudicar as relações de seus subordinados com as pessoas que convivem.

3.4 Resultados do aprendizado em biologia e química relacionado ao comportamento diário do aluno.

Para avaliar o resultado acadêmico dos alunos do terceiro ano do ensino médio da Escola Edison Lobão. Iniciamos observando o comportamento diário dos mesmos. Nessa observação foram considerados o tempo que eles gastam diariamente utilizando a televisão e o computador, tipo de alimentação e tempo gasto estudando os conteúdos das disciplinas. Também observamos o comportamento durante os momentos de sala de aula.

Nessa atividade criamos uma ficha com o nome dos alunos onde observamos durante o primeiro semestre de 2015 o seu desempenho. O próprio aluno preenchia sobre sua alimentação, hora de estudo e sua atração pelas aulas de biologia e química.

No final do semestre utilizamos um questionário para sabermos dos alunos quantas horas eles gastam utilizando a televisão vendo novelas, programas de auditórios e outros programas similares. Obtivemos os seguintes resultados: 33,4% responderam que utilizam menos de duas horas diárias. Já 29,4% utilizam 2 horas, 11,2¨% 4 horas, 11,2% 7 horas, 7,4% 3 horas e 7,4% 5 horas, o gráfico 08 mostra o comparativo desses resultados.

Perguntamos quanto tempo eles utilizam o computador, bate papo e outros programas similares. Surpreendentes foram os resultados, 11 alunos disseram que utilizam menos de duas horas diárias, que corresponde 11,7%. Já 10 alunos utilizam entre duas e três horas, correspondendo 37,06%. Três alunos utilizam quatro horas, 11,12%. De cinco a sete horas 11,12% utilizam o computador diariamente.

De acordo com o acompanhamento em relação ao aspecto alimentar, os alunos que tem o hábito de comer frutas somam 33,3%, os que alimentam de massas 33,3%. Já os que responderam sobre o alimento carne somam 14,8%, comida gordurosa 7,40% e os que têm hábitos de comerem doces somaram 3,8%.

Os alunos ainda foram questionados sobre o uso de refrigerantes no seu contexto alimentar. Duas vezes por semana 29,9% inclui alguma marca de refrigerante no seu hábito alimentar. Enquanto, 18,5% tomam uma vez por semana, 14,5 quatro vezes, 14, 8% sete vezes, 11,11% quatro vezes e 14,89 responderam que não ingerem refrigerantes.

Analisando os resultados apresentados pelos alunos através dos questionários e das fichas de observação, notamos que, os alunos que ficam mais tempo vendo televisão ou diante do computador coincidiram com que mais ingerem refrigerantes e não tem o hábito de incluir na sua dieta frutas e verduras.

Fazendo um comparativo com o aproveitamento nas disciplinas de biologia e química, observamos que esses alunos são os que apresentaram rendimentos abaixo de cinco (5,0), já os alunos com aproveitamento acima de sete (7,0), foram aqueles que responderam nos questionários, que ficam menos de duas horas em frente da televisão e do computador, utilizam frutas e verduras no seu programa alimentar e não tomam refrigerantes. Esses resultados foram levados para sala de aula aplicado na prática com os temas nutrição química dos alimentos e a relação desses com as células neurológicas, fazendo com que, os alunos tivessem conhecimento desses conteúdos com seu dia-a-dia.

3.5 Aprendendo Química de Forma Lúdica, Criativa e Alternativa.

Algumas disciplinas ensinadas nas escolas não despertam tanto interesse entre a maioria dos alunos, a biologia e química é uma delas. Para mudar esse cenário resolvemos promover atividades alternativas e criativas utilizando elemento químico “Aprendendo Química Brincando de Amarelinha”.

Os elementos e reações químicas estão presentes na vida de todos, mesmo sem que se preste atenção a isso. Ao escovar os dentes, andar de carro, utilizar algum medicamento ou usar produtos de limpeza a química está presente. Mas, ela não desperta interesse em boa parte dos jovens durante a vida escolar.  A química, para alguns, figura entre os “bichos de sete cabeças” da escola.

A disciplina de química, assim, como todas as demais disciplinas que compõe a grade curricular da educação básica, possui grande importância na formação intelectual do estudante de Ensino Médio.

Considerando que esta afirmação é relevante para toda e qualquer instituição de ensino que oferta o nível médio, se fez uma análise no desempenho de alunos da Escola Estadual Edison Lobão, localizada no município de Imperatriz, Maranhão - Brasil, onde foi constatada uma série de problemas acerca da construção do conhecimento científico.

3.6 Atividades desenvolvidas pelos alunos da 1ª e 3ª séries, uma abordagem construtivista na experiência formativa do acadêmico de ensino médio.

Com o intuito de aproximar os alunos da Escola Edison Lobão da Biologia e da Química, foram desenvolvidas as seguintes atividades: 1ª série – Estudo dos fenômenos físicos e químicos Processo de combustão de papéis, da vela e da lenha; Compactação do papel e da lata de alumínio; Técnica de preparação da água sólida, líquida e gasosa; corrosão de esponja de aço. Materiais: papéis quaisquer, vela, fósforos, esponja de aço, sabão, água, panela, geladeira, fogareiro, lata de alumínio, madeira. Avaliação: classificação de fenômenos em físico ou químico seguido de justificativa da escolha. Para o conteúdo de célula utilizou-se massa de modelar, algodão, garrafa pet, sementes e cola.

1ª série – Processo de separação de misturas homogêneas e heterogêneas Filtração, decantação, dissolução fracionada e cromatografia. Materiais: álcool, tinta de caneta, papel filtro, areia, óleo, sal, serragem, pires, vidro de extrato de tomate, garrafas PET, água e argila. Avaliação: Escolha do melhor método para a separação de determinadas misturas e explicação acerca do processo que ocorre em cada um. Para o conteúdo de tecido (histologia) utilizou-se de semente, folhas secas. Saco plástico cola de isopor, amido de milho e massa de trigo. Avaliação: Analisou o desempenho dos alunos na construção dos tecidos epitelial e adiposo

3ª série - Estudo das propriedades dos polímeros Identificação do PVC, sete classificação dos plásticos por ordem de densidade, derretimento do poliestireno (isopor). Material: água, álcool, cloreto de sódio, plásticos diversos, acetona, fio de cobre, tesoura e fogareiro. Avaliação: Questionário sobre polímeros. Discussão sobre a “era dos plásticos”.

Após esta atividade avaliamos os alunos para um comparativo com as turmas que não participaram das atividades prática utilizando materiais alternativos.

Ao passo que as atividades foram sendo desenvolvidas, percebeu-se que os alunos interagiam mais facilmente com colegas e professor, fato que antes da aplicação do projeto não acontecia. Todos os alunos contribuíram muito, trazendo de suas residências diversos materiais, que foram destinados à aplicação das aulas práticas e produção dos materiais didáticos. Na primeira série do ensino médio, os alunos fizeram atividades que diferenciaram os processos físicos e químicos e célula de tecido.

Foi possível notar a partir de análise das avaliações que houve a compreensão deste assunto, pois a maioria dos alunos conseguiu descrever e diferenciar muito bem os fenômenos físicos e químicos. Em termos de notas, em comparação com uma atividade análoga realizada pelos alunos no bimestre anterior, verificou-se que os mesmos obtiveram resultados significativamente bons neste trabalho, que realizado no segundo bimestre e contou com a elucidação de práticas com materiais da vida diária.

A primeira série “A” teve rendimentos similares aos da primeira série “B”. Foram desenvolvidos nesta série aparatos para a filtração, decantação e dissolução fracionada utilizando garrafas PET cortada ao meio, filtro de café, e substâncias comuns no cotidiano dos alunos. Para melhor assimilação do conteúdo, fatos decorrentes no dia-a-dia dos alunos foram associados com os processos de separação de misturas, como por exemplo, o preparo do café que envolve a filtração simples e também a catação, que ocorre quando se cozinha o feijão. Desta forma, os alunos começaram a apreciar mais a química, pois perceberam que o mundo está inteiramente envolto em sistemas que envolvem esta ciência. Já para o tema citologia e histologia eles concluíram a importância do sistema celular e do sistema tegumentar para a vida humana, a partir da construção do próprio conteúdo com mateias alternativos.

No conteúdo de biologia da 3ª série foi trabalhado teia alimentar, cadeia alimentar e fluxo de energia, os materiais utilizados foram papelão, barbante, cartolina, papel filme, cola, pedras, pedaços de madeiras e garrafa pet. Com essas matérias os alunos construíram diferentes cadeias alimentares e uma teia, mostrando assim, a pirâmide do fluxo de energia. Percebeu-se a facilidade dos alunos em aprender os conteúdos, de acordo com os professores esse conteúdo seria necessários seis aulas. Nesse caso, foi possível utilizar apenas duas aulas, onde o rendimento (aprendizado) foi em torno de 98%.

Constatou-se que a realização de experimentos com materiais recicláveis alternativos, principalmente quando relacionados com a teoria, foi o instrumento mais favorável para estimular os alunos a estudar com obstinação os conteúdos da disciplina. Considerando os rendimentos, assevera-se que o trabalho validou-se e que, o objetivo de aproximar os alunos da biologia e da química ensinando-os com a utilização dos meios disponíveis foram cumpridos integralmente.

Para maior constatação e aprovação do projeto, conferimos as notas das turmas que participaram das atividades em relação às turmas que não participaram dos experimentos alternativos, foram surpreendentes os resultados, gráfico 06.

Comparação de aprovação das turmas que participaram do projeto com as turmas que não participaram

Analisando os resultados notamos que os alunos que estiveram acompanhando o projeto nas aulas práticas, tiveram um bom rendimento escolar (nota alta). Já os alunos das turmas que não participaram das atividades tiveram rendimentos médios entre quatro e seis, (nota). Diante da realidade constatada, fica claro que atividades onde o aluno constrói o seu conhecimento manipulando, testando, criando e produzindo resultados o nível de conhecimento testado ficou acima de 90%, comprovando assim, que, o cérebro humano consegue absorver o conhecimento com mais rapidez quando pessoa constrói, cria, associa, e analisa os seus experimentos.

Imagem: http://sandralage.blogspot.com.br

  1. CONCLUSÃO

O desenvolvimento desde tema – Ensino da Biologia e Química utilizando materiais alternativos – faz parte de uma proposta para utilização de experimentos alternativos nas escolas públicas de Imperatriz, Maranhão - Brasil, que não possuem laboratórios para as aulas práticas nas disciplinas de ciências, utilizando materiais recicláveis do dia-a-dia do aluno.

Foram encontrados muitos alunos apáticos à biologia e a química por não entenderem fenômenos simples do cotidiano. É angustiante deparar com esta situação sabendo que o fato é comum no decorrer dos dias e que a biologia e a química estão inseridas nas atividades mais simples.

Com relação aos materiais envolvidos nas atividades práticas, há de se considerar que não há escola que não disponha de meios para a efetivação de trabalhos como este, onde os materiais de uso no dia-a-dia foram aplicados nas aulas. Ainda que não haja em casa estes produtos, é possível consegui-los em farmácias, na natureza, mercados ou casas agropecuárias. Portanto, a desculpa de não se realizar atividades em escolas que não têm laboratórios, não mais se aceita.

Na escola Edison Lobão, atividades desenvolvidas com materiais alternativos acabaram enriquecendo ainda mais o conteúdo, pois os alunos já tinham certos conhecimentos e aperfeiçoaram aquilo que já tinham por conhecimento empírico. Toda e qualquer atividade deve estar adaptada à realidade do aluno, este é o segredo de um bom desempenho escolar.

A aplicação deste trabalho proporcionou aos discentes uma maior aproximação da biologia e da química com o dia-a-dia e a visão destas como disciplinas de difícil compreensão foi superada.

O projeto foi finalizado com a criação de um laboratório multidisciplinar para as aulas práticas das disciplinas de Biologia, Química, Matemática e Física. O local onde foi criado o laboratório era apenas um depósito de coisas velhas (sucatas), que se tornaram materiais pedagógicos. Assim, as aulas se tornaram dinâmicas com resultados positivos, os rendimentos dos alunos que participaram chegaram a 98%, já os alunos que não participaram tiveram rendimentos nesses mesmo período em tono de 68% a 72%. Diante desses resultados, as hipóteses foram respondidas e os objetivos alcançados.

Neste contexto, o projeto pode ser aplicado em todas as instituições que não possua laboratório, seja ela no município de Imperatriz, em outras regiões do Brasil ou em qualquer parte do mundo. Proporcionando ao aluno aplicação de experimentos utilizando recursos do seu cotidiano, vivenciando assim, a biologia e a química como parte de sua vida.

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Ilustrações: Silvana Santos