Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 61) CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA A SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO SUPERIOR
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CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA A SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO SUPERIOR

 

PSYCHOLOGY CONTRIBUITIONS FOR ENVIRONMENTAL SENSIBILIZATION IN THE SUPERIOR EDUCATION LEARNING PROCESS

 

Eduardo Chierrito de Arruda

Título acadêmico: Graduado em Psicologia Centro Universitário Cesumar.

Referência profissional: Discente no Programa de Mestrado em Tecnologias Limpas do Centro Universitário de Maringá – Unicesumar.Fundador e mediador do Projeto de ensino em Psicologia Analítica do Unicesumar. Membro do Instituto Psicologia em Foco. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em psicologia clínica de orientação analítica e psicologia ambiental.

 

Laura Christofoletti da Silva Gabriel

Título acadêmico: Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário Cesumar.

Referência profissional: É bolsista pelo PIBIC financiado pela Fundação Araucária. Membro do Instituto Psicologia em Foco.

 

Bruna Mayara de Lima Cibotto

Título acadêmico: Graduada em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário Cesumar.

Referência profissional: Discente no Programa de Mestrado em Tecnologias Limpas do Centro Universitário de Maringá – Unicesumar.Tem experiência na área de Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: saúde pública e ativismo ambiental.

 

Marcia Aparecida Andreazzi

Título acadêmico: Doutora emProdução Animal pela Universidade Estadual de Maringá.

Referência profissional: Docente do Programa de Mestrado em Tecnologias Limpas do Centro Universitário de Maringá – Unicesumar.

 

Rute Grossi Milani

Título acadêmico: Doutora em Medicina (Saúde Mental) pela Universidade de São Paulo.

Referência profissional: Docente dos Programas de Mestrado em Promoção da Saúde e em Tecnologias Limpas do Centro Universitário de Maringá - Unicesumar, Bolsista do Programa Produtividade em Pesquisa do ICETI – Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação.

 

 

 

RESUMO:Considerando os impactos ambientais causados pelos processos de urbanização e crescimento populacional das cidades, ações de educação ambiental são necessárias para a promoção da sustentabilidade. Este estudo buscou abordar técnicas de sensibilização ambiental, por meio de uma revisão narrativa da literatura, com o objetivo de apontar as variáveis psicológicas relevantes e sistematizar propostas para serem utilizadas no ensino superior. Foram levantados artigos empíricos dos últimos cinco anos em três bases de dados: PsycINFO; Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). A partir da leitura e análise dos artigos foram sistematizados nove estudos no total.Conclui-se que a aplicação da educação ambiental no ensino superior promove a formação de cidadãos e futuros profissionais críticos, participativos, reflexivos em relação a uma economia sustentável, e capazes de identificar as necessidades regionais, todavia é possível identificar projetos acríticos e distantes da proposta emancipatória da educação ambiental.

 

Palavras-chave: educação ambiental; meio ambiente; psicologia ambiental; sustentabilidade; metodologias ativas.

 

ABSTRACT:Considering the environmental impacts caused by the urbanization and population growth processes in the cities, environmental education actions are necessary for the promotion of sustainability. This study aimed to approach environmental awareness techniques through a literature review with the objective of pointing out the relevant psychological variables and to systematize proposals for use in higher education. Empirical articles of the last five years have been collected in three databases: PsycINFO; Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) and in the Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS). From the reading and analysis of the articles, nine studies were systematized in total. It is concluded that the application of environmental education in higher education promotes the formation of citizens and future professionals that are critical, participatory, reflective of a sustainable economy, and able to identify regional needs, however it is possible to identify uncritical and distant projects of the proposal Emancipatory approach to environmental education.

 

Keywords: environmental education; environment; environmental psychology; sustainability; active methodologies.

 

 

1.    INTRODUÇÃO

Os hábitos e costumes cotidianos praticados pelo morador urbano, muitas vezes, acabam contribuindo para que o indivíduo, mesmo assistindo casos de agressões ao ambiente e detendo informações a respeito, não reflita sobre as consequências de seus próprios comportamentos sobre o meio. Desta forma, é importante que as práticas comportamentais sustentáveis sejam estimuladas, visando a diminuição do impacto ambiental e a construção de um ambiente que favoreça o desenvolvimento humano e a continuidade da vida.

A fim de promover comportamentos pró-ambientais, estratégias educacionais foram estabelecidas. Segundo Loureiro, Layrargues, Castro et al. (2003), a Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Portanto, a Educação Ambiental deve desempenhar o importante papel de promover e estimular a aderência das pessoas e da sociedade ao novo paradigma ambiental (DIAS, 2003).

Inicialmente a estrutura interventiva da educação ambiental era pautada no modelo tradicional de ensino, com ênfase na transmissão de conteúdo.  Em crítica a esse modelo uma nova matriz é organizada com foco na participação política, pautada na ética, no desenvolvimento social, na cultura, e no contexto político e econômico dos cidadãos (RODRIGUES, 2015). Este novo conceito pode ser definido como um conjunto de processos educativos que incentiva a prática cidadã, por meio da crítica e do posicionamento ativo dos alunos, considerando-se as dinâmicas ambientais contemporâneas, constituído de um formato interdisciplinar e dialógico (TEIXEIRA et al., 2013).

No ensino superior, práticas de educação ambiental são fundamentais, uma vez que neste nível de formação existe a mediação entre academia e mercado de trabalho, ou seja, considera-se que as dinâmicas vivenciadas podem possibilitar novas atitudes no dia-a-dia destes profissionais, com o intuito de promover a sustentabilidade.Estas ações pedagógicas estão sob a ótica de três dimensões específicas: a ética, a estética e a política.Tal embasamento revela a necessidade de técnicas de sensibilização ambiental no contexto educacional em diferentes níveis de ensino, entre elas promover o contato com a natureza, possibilitar experiências cognitivas, afetivas e sociais, pois consistem na experiência de integração entre conteúdo a ser apreendido e vivências coletivas ou individuais, com o objetivo de instrumentalizar práticas educativas transformadoras (TRISTÃO, 2005; TRONCON, 2014).

A partir do aforismo de Nietzsche, a questão ambiental, deve estar além do bem e do mal, pautada não em perspectivas morais ou regulatórias, mas sim em vínculos de relacionamentos profundos, críticos e emancipatórios. A proposta da Educação Ambiental possui por fundamento o rompimento da visão antropocêntrica para uma nova experiência de humanidade. Entre as disciplinas que podem contribuir para este processo, a psicologia ambiental possibilita a compreensão das relações do humanocom anatureza, em seu processo dialético, ou seja, o humano que atua no ambiente, também é constituído por este, em vínculos interdependentes e transacionais. Um dos principais temas da psicologia ambiental é o comportamento pró-ambiental, considerado como atitudes sustentáveis, que têm por características o altruísmo, a coletividade, as crenças ambientais e a percepção ambiental (PATO; CAMPOS, 2011; AGUILAR-LUZÓN, et al., 2014).

Este estudo buscou abordar técnicas de sensibilização ambiental, a partir de uma revisão narrativa da literatura, com o objetivo de apontar as variáveis psicológicas relevantes e sistematizar propostas para serem utilizadas no ensino superior. Os resultados foram apresentados em categorias: projetos de extensão e pesquisa; metodologias ativas de ensino e técnicas humanistas; mídias e imagens para a promoção da sensibilização ambiental.

2.    METODOLOGIA

O estudo foi realizado por meio de uma revisão narrativa do tema “Técnicas de sensibilização ambiental”. A revisão narrativa é uma ferramenta útil para descrever processos e facilitar a reflexão sobre temas específicos, em que a análise qualitativa dos materiais levantados permite a exposição dos resultados,enfatizando a dimensão crítica e a discussão teórica (ROTHER, 2007).

Foram levantados artigos empíricos dos últimos cinco anos em três bases de dados: PsycINFO; Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). O descritor utilizado foi: environmental education sob a filtragem de áreas temáticas em educação ambiental e estudos ambientais. Incialmente foram encontrados 217 artigos. Excluíram-se artigos incompletos, no formato de anais de congresso ou pesquisas que não continham em seus objetivos o estudo de uma técnica de sensibilização ambiental. A terminologia escolhida para a busca teve por base a Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia Brasil (BVS-PSI) e a American Psychological Association (APA).

3.    RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da leitura e análise dos artigos foram sistematizados noveestudos no total. As análises dos resultados foram realizadas em três categorias: Projetos de extensão, pesquisa e sensibilização ambiental; metodologias ativas de ensino e técnicas lúdicas e fenomenológicas; mídias e imagens como recursos para a sensibilização ambiental.

3.1 Projetos de extensão, pesquisa e sensibilização ambiental

A Educação Ambiental possui por intuito a mudança comportamental dos indivíduos, através da sensibilização das pessoas com ênfase na aprendizagem a respeito daconservação e damitigação dos impactos ambientais. Trata-se da busca de uma transformação no modo de pensar e agir social, visando à tomada de consciência crítica no entendimento e compreensão da realidade que se apresenta, e a complexidade que a envolve (SOUZA, 2014).

A extensão e a pesquisa são meios que possibilitam não apenas a experiência, mas a replicação e constatação da sensibilização ambiental como ferramenta de ensino. Um exemplo de ação diretiva foi o desenvolvimento de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços da Saúde, em que Gonçalves (et al., 2011) destacam a implantação do laboratório clínico da universidade, relatando a necessidade de um estudo preliminar sobre os resíduos sólidos e a qualificação da equipe em educação ambiental. A conjuntura proposta entre o desenvolvimento científico e a sensibilização ambiental expõe as dimensões políticas apresentadas por Tristão (2005), a autora estabelece e revisanormativas específicas que conduzem à prática profissional.A sensibilização ambiental atua no estreitamento da política e estética, quando eles destacam que a prática laboratorial não está excludente no ambiente entre quatro paredes. Ao estreitar a percepção dos alunos diante da proposta da elaboração de um plano de gerenciamento, estes podem desenvolver habilidades específicas, como a identificação das necessidades regionais,a reflexão de uma economia sustentável e a preservação ambiental (GONÇALVES, et al., 2011).

Em um projeto de extensão realizado na comunidade, Albuquerque (et al., 2015) incentivaram atividades em contato com a natureza. Na programaçãodestacou-se o plantio de árvores e placas com suas nomenclaturas populares e científicas; as dinâmicas de grupo com o objetivo de aproximação com a natureza; as apresentações de conteúdos científicos específicos no “júri simulado”.Nesse júri os grupos foram organizados de acordo com o apoio ou a desaprovação da construção de uma barragem com base nos impactos ambientais eminentes, a simulação trouxe contribuições positivas sobre a percepção crítica dos conteúdos apresentados. Outro estudo apresenta uma proposta de oficinas práticas e teóricas na construção de um roteiro de conhecimento ambiental, originada após a avaliação de necessidades regionais específicas (SANTOS, etal., 2013).

O estreitamento das intervenções com as necessidades regionais favorece constructos importantes para os acadêmicos e para a comunidade, como a apropriação e identidade de lugar, que incidem sobre a maneira de se comportar e agir em um determinado ambiente, visto que este se transfigura na continuidade de si, por meio de apropriações simbólicas (CAVALCANTE; ELIAS, 2011).

É possível descrever a importância de alinhar projetos científicos e de extensão na vida universitária. Tal prática permite um nicho de ampla exploração e utilização de técnicas para promover a sensibilização ambiental. Articular o ensino superior com o ensino médio ou fundamental permite a troca de conhecimentos ao promover a capacidade de transmitir conteúdos e de aprender experiências. Atividades como “bosque da ciência” e “pequenos guias” ilustram a interação acadêmica com a comunidade (VALENTI, et al., 2015; SILVA, et al., 2015). Todavia, é importante ressaltar que o comportamento ecológico não depende apenas da opinião sobre determinado assunto, uma vez que a sensibilização ambiental é um processo contínuo que preconiza a aplicabilidade técnica em função da mudança comportamental dos indivíduos em sua vida cotidiana.

3.2 Metodologia ativa de ensino

As metodologias ativas têm o potencial de despertar a curiosidade à medida que os alunos se inserem na teorização e originam elementos novos, ainda não considerados nas aulas ou na própria perspectiva do professor, pois estes assumem um papel dinâmico na continuidade da aula, trazem em seu repertório temas particulares, que visualizaram em suas casas, entre colegas ou em pesquisas (BERBEL, 2011).Na educação ambiental transformadora, os temas ambientais não podem ser conteúdos curriculares, no sentido que a pedagogia tradicional trata os conteúdos de ensino, não são conhecimentos pré-estabelecidos que devem ser transmitidos de quem sabe (o educador) para quem não sabe (o educando), a construção pedagógica é feita na dialogicidade, facilitando a manifestação afetiva dos acadêmicos no próprio processo de ensino (TOZONI-REIS, 2006).

A educação crítica e transformadora exige um tratamento mais vivo e dinâmico dos conhecimentos, que não podem ser transmitidos de um pólo a outro do processo, mas apropriados, construídos, de forma dinâmica, coletiva, cooperativa, contínua, interdisciplinar, democrática e participativa, pois somente assim pode contribuir para o processo de conscientização dos indivíduos para uma prática social emancipatória, condição para a construção de sociedades sustentáveis (TOZOZNI- REIS, p.97, 2006).

A metodologia denominada de Action-OrientedActivities, foi utilizada pelos autores Moyer-Horner (et al., 2010), ao articularem tarefas específicas na temática ambiental, como por exemplo, a permanência de quatro horas semanais em contato com a natureza com práticas contemplativas de atenção plena (mindfulness). Os estudantes também foram motivados a diminuírem o consumo e a disseminarem informações sobre o consumismo e a extinção de espécies. A transmissão de conteúdo neste caso consiste na própria experiência obtida nas tarefas e revela a integração entre o saber adquirido e a conduta ambiental.

O mindfulness é uma técnica meditativa que pode propiciar uma reflexão sobre a natureza e a conduta individual, entrelaçando a teoria com as emoções, crenças e pensamentos. O projeto de extensão trouxe aos estudantes uma perspectiva nova sobre os debates ambientais, uma vez que permitiu a exposição e troca de vivências. Ao incentivar a meditação evidencia-se o papel da regulação emocional no comportamento ecológico, variável apontada em pesquisas internacionais como mediadora de atitudes ambientais positivas (AGUILAR-LUZÓN, et al., 2014; MOYER-HORNER, et al., 2010; BARATA; CASTRO, 2010).

Os autores Dantas (et al., 2012) apresentam o lúdico como uma proposta para a sensibilização ambiental. Consideram os jogos atrativos no que se refere aos processos pedagógicos. O jogo é um dos elementos culturais encontrados em diversas culturas e possibilita a interação e integração de grupos.No estudo em questão, o uso de fantoches em uma formação para professores trouxe um ambiente descontraído favorecendo a reflexão sobre a temática ambiental. É importante ressaltar que o lúdico propicia experiências que integram dinâmicas educativas e pode preencher lacunas no processo de ensino e aprendizagem (MIRANDA,et al., 2016). Todavia é necessário articular, de acordo com a premissa transformadora de educação ambiental, a postura crítica e política através dos jogos, visto que toda estrutura pedagógica possui uma finalidade e interage com múltiplas inteligências, redimensionando estas potencialidades em responsabilidade socioambiental.

A abordagem fenomenológica como ferramenta de ensino e vivência também foi utilizada. O tempo de ócio criativo, amplamente discutido nas comunidades gregas com objetivos filosóficos e de criaçãofora incentivado.Os autores estimularam o abandono de aparelhos eletrônicos e demais dispositivos para incentivar a vivência perceptiva e a reflexão sobre os próprios comportamentos (RODRIGUES, 2015).Na era de vivências digitais, a ousadia desta proposta trouxe resultados singulares. Inicialmente os estudantes relataram um estranhamento ao eu diante do ambiente, em que a dimensão sensitiva contribui para a apropriação do espaço e processos criativos (RODRIGUES, 2015).

O contato entre homem e natureza é estimulado em várias práticas de educação ambiental (ALBUQUERQUE et al., 2015; FONSECA; OLIVEIRA, 2011; MOYER-HORNER, et al., 2010). Esse contato contribui para a curiosidade e contemplação estética daquilo que a natureza representa. Todavia, a proposta exige a flexibilidade do professor ao mediar tais experiências, que apresentam um potencial para a coletividade, o compartilhamento e as relações interpessoais (KUNREUTHER; FERRAZ, 2012). É importante destacar que as atividades ao ar livre tendem a trazer aspectos cruciais para a apreensão e o desenvolvimento de um comportamento ecológico, visto que a ampliação da percepção ambiental e o fortalecimento de ambientes positivos tendem a gerar sensação de bem-estar subjetivo e a reestruturação psicológica em prol da saúde mental (CORRAL-VERDUGO, et al., 2014).

3.3 Mídias e imagens como recursos para a sensibilização ambiental

O uso de tecnologias digitais representaum potencial de açãoimportante para a Educação Ambiental. Por exemplo, em locais em que o contato com a natureza é inviabilizado, a contemplação de imagens revela a possibilidade de mediar o conhecimento por elementos visuais, considerando cenas de habitats naturais e ambientes degradados próximos dos indivíduos (BORGES, et al., 2010). Um modelo interessante sobre o uso de imagens como elementos potencializadores de afetos foi abordado por Franco-Mariscal (2014), nessa intervenção houve a construção de um mural, na entrada da universidade, com imagens sobre o aquecimento global e o impacto ambiental. Porém, asimagens eram da cidade dos alunos, modificadas com uma ferramenta de edição fotográfica, para gerar a impressão de devastação ambiental e promover o impacto sobre as questões ambientais. Além de fotografias, os alunos foram encorajados a pintar paredes e enfatizar aspectos ambientais em suas obras. A proposta trouxe como resultado a participação ativa dos estudantes na construção de um conhecimento compartilhado.

As mídias podem viabilizar a transmissão de informação, além de influenciar por meio das redes sociais o comportamento dos indivíduos. Ao analisar estas mensagens, além de propiciar uma percepção ampliada sobre elementos do cotidiano, também se faz a construção de formadores de opinião com habilidade reflexiva (SILVA, 2010).

4.    CONCLUSÕES

Nota-se que a aplicação da educação ambiental no ensino superior pode contribuir para a formação crítica dos cidadãos e futuros profissionais, participativos, reflexivos em relação a uma economia sustentável, e capazes de identificar as necessidades regionais. Observa-se que a sensibilização ambiental pode ser inserida em vários contextos e de diferentes formas, promovendo vivências transformadoras, que permitem ao aluno uma percepção mais ampla sobre o assunto. Todavia, a acriticidade ainda permanece em alguns discursos e práticas e é necessário (re)pensar a complexidade da relação dialética pessoa-ambiente, considerada área de estudo da psicologia ambiental, o que possibilita trabalhos interdisciplinares, como capacitações para docentes e discentes. Conclui-se que por meio dasensibilização ambiental no ensino superior é possível favorecer a formação de profissionais mais conscientes em relação ao meio ambiente, ressalta-se que essas práticas devem ser aplicadas ao longo de todo o processo educacional, formando cidadãos mais críticos e responsáveis em prol da preservação ambiental.

 

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Ilustrações: Silvana Santos