Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
27/11/2016 (Nº 58) CONCEPÇÃO DO ALUNO EJA ACERCA DAS TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS OCASIONADAS PELA IMPLANTAÇÃO DA UHE ESTREITO EM BABAÇULÂNDIA-TO
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2582 
  

CONCEPÇÃO DO ALUNO EJA ACERCA DAS TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS OCASIONADAS PELA IMPLANTAÇÃO DA UHE ESTREITO EM BABAÇULÂNDIA-TO

 

 

Mayza Jardim Holanda

Mestranda em Estudos de Cultura e Território –Universidade Federal do Tocantins

Especialista em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educativos Sustentáveis - Universidade Federal do Tocantins

Especialista em Geografia- Faculdade de Tecnologia Antônio Propício Aguiar Franco

Graduada em Geografia - Universidade Federal do Tocantins

Docente na Rede Estadual de Ensino - Tocantins

mayzageo@gmail.com

 

Paulo Henrique Tschoeke

Doutorado em Produção Vegetal- Universidade Federal do Tocantins

Mestrado em Agroecossistemas - Universidade Federal de Santa Catarina

Graduado em Agronomia - Universidade Federal de Santa Catarina

Docente na Universidade Federal do Tocantins - Campus Universitário de Gurupi

pht@mail.uft.edu.br

 

 

Resumo: A gradativa expansão do setor elétrico no Brasil ocasiona amplas alterações físicas e sociais para as populações impactadas. O presente artigo aborda considerações acerca da construção da UHE de Estreito e as transformações socioambientais ocorridas no município de Babaçulândia-TO, após a implantação desse empreendimento.  O estudo tem como objetivo compreender a concepção dos alunos do Terceiro segmento EJA (Educação de Jovens e Adultos) sobre as transformações socioambientais decorrentes da implantação da hidrelétrica. A metodologia aplicada é de abordagem quantitativa, a coleta de dados ocorreu em campo por meio da aplicação de questionário semi estruturado para a verificação do senso critico dos alunos EJA, sua concepção acerca de melhora ou piora das condições de vida e das questões ambientais. Conclui se que a UHE Estreito ocasionou impactos, em sua maioria negativa a população local afetada pelo empreendimento.

Palavras- chave: UHE Estreito; Transformações socioambientais; Educação de Jovens e Adultos.

 

STUDENT CONCEPTION EJA ABOUT THE TRANSFORMATION SOCIOENVIRONMENTAL OCCASIONED FOR DEPLOYMENT OF UHE ESTREITO AT BABAÇULÂNDIA-TO

Abstract: The gradual expansionoftheelectricity sector in Brazil causes extensivephysicaland social changestotheaffectedpopulations. Thisarticlediscussesabouttheconstructionofthe UHE Estreito, thesocioenvironmentaltransformationsthatoccurredatBabaçulândia-TO, countyaftertheexecutionofthisproject. The studyaimstounderstandtheconceptionofthestudentsoftheThird EJA segment (YouthandAdultEducation) onsocioenvironmentalchangesresultingfromtheplant'simplementation. The methodologyis a quantitative approach, data werecollected in thefieldthroughtheapplicationofsemistructuredquestionnairetoverifythesensecriticalof EJA students, theirconceptionofimprovementorworseningof living conditionsandenvironmentalissues. It concludesthatthe UHE Estreito caused negative aspectstothe local peopleaffectedbytheproject.

 

Key words: UHE Estreito; Transformationsocioenvironmental;YouthandAdultEducation.

 

 

 

Introdução

 

As políticas energéticas estão à frente do crescimento econômico do Brasil. Neste contexto, a fonte energética renovável mais utilizada para a geração de eletricidade no país, é a hidráulica, por meio das hidrelétricas (WALISIEWICZ, 2008). O aproveitamento do potencial hidráulico ou usinas hidrelétricas (UHE) é considerado uma alternativa limpa em comparação às usinas termoelétricas e nucleares.

Atualmente a potência energética instalada no país não acompanha o crescimento demográfico da população. De acordo com ANEEL (2016),o Brasil possui 219 hidrelétricas e 450 pequenas centrais elétricas, que produzem cerca de 64,38% da energia do País.

Em Estreito-MA, foi construída a Usina Hidrelétrica de Estreito (UHEE), empreendimento que atingiu diretamente 12 municípios, sendo 10 no estado do Tocantins e apenas 02 no estado do maranhão. O reservatório se estende por cerca de 260 km², inundando terras férteis, áreas urbanas e comunidades ribeirinhas (CESTE, 2016).

Na construção de uma obra de grande porte como é o caso de uma usina hidrelétrica, a preocupação com o reassentamento e deslocamento da população ainda ocupa uma parcela pequena em meio a tantos outros interesses. O reassentamento é um dos temas menos estudados na construção de represas (CASTRO, 2009).

Na construção de usinas hidrelétricas há necessidade da criação de reservatórios, que podem gerar vários impactos negativos:

 

Inundação de áreas agricultáveis; perda de vegetação e de fauna terrestres; interferência na migração de peixes; mudanças hidrológicas à jusante da barragem, alterações da fauna do rio; interferência no transporte de sedimentos; aumento da distribuição geográfica de doenças de veiculação hídrica; perdas de heranças históricas e culturais, alterações em atividades econômicas e usos tradicionais da terra, efeitos sócio-econômicos e culturais da relocação compulsória de populações, saúde da população, entre outros [ ...] ( FRANÇA & SOUZA, 2010. p. 04)

 

A instalação da UHE de Estreito provocou como principal intervenção, o deslocamento forçado da população local para atender aos interesses do consórcio operador da usina. Segundo (ALMEIDA E SOUSA, 2012) “este processo é considerado forçado porque não existe outra opção para moradores que ocupam as áreas que foram destinadas a construção do lago da barragem, ou seja, o deslocamento se processa por motivos ligados diretamente aos interesses do empreendimento”.

Nesta pesquisa é elaborada uma reflexão acerca da construção da UHE de Estreito, as transformações sócio-espaciais e ambientais ocorridas no município de Babaçulândia-TO, após a implantação desse empreendimento.  O estudo tem como objetivo geral compreender a concepção dos alunos do Terceiro segmento EJA (Educação de Jovens e Adultos) sobre as transformações sócio-espaciais e ambientais decorrentes da implantação da UHE de Estreito em Babaçulândia-TO.

 

Contexto hidrelétrico e seus impactos

 

Por um longo período na história da humanidade, a única forma de energia utilizada pelo homem era a sua própria força muscular. O recurso energético mais importante utilizado pelo homem até meados do século XVII foi à madeira, sua utilização era modesta e limitada, quando ficavam escassa os povos eram obrigados a migrar para outra região (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

Até o século XVII, a população humana era relativamente pequena e com consumo modesto, era possível manter o equilíbrio entre as fontes de energia renováveis como madeira, rodas d`água e de vento, força humana e animal. Com os avanços tecnológicos, houve uma aceleração nas atividades industriais, agrícolas e comerciais, já não sendo mais possível suprir todas as necessidades energéticas. A necessidade de encontrar outras fontes de energia foi exigida pelas novas maquinas a vapor e pelo crescimento da população. No inicio de séc. XX o petróleo e a eletricidade foi suprimento mundial de energia, nesse mesmo momento deu se inicio ao uso de usinas hidrelétricas com a utilização de turbinas hidráulicas (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

A geração e o uso de energia constituíram uma das questões mais complicadas e discutidas nos aspectos de problemas ambientais e sociais, pois é impossível negar a importância da energia para todas as atividades do mundo e por sua vez, é impossível omitir os impactos que sua produção e uso acarretam ao meio físico e social (BRANCO, 2004).

O conceito de desenvolvimento cumpre um papel ideológico, estabelecido em uma determinada época. Diante dos diversos impactos socioambientais provocados pelos grandes empreendimentos econômicos, esse conceito tem sido objeto de discussões e muitos questionamentos (NAVAL & TEMIS, 2011. p. 31).

 

A construção de grandes hidrelétricas de acordo com BRASIL (2006, p.42) “não deixa de gerar impactos ambientais e sociais, principalmente em função dos alagamentos de grandes áreas de cobertura vegetal e pela necessidade, muitas vezes, de deslocamento de grande número de pessoas”.

 

No Brasil, as usinas hidrelétricas até hoje construídas resultaram em mais de 34 mil quilômetros quadrados de terras inundadas para a formação dos reservatórios e na expulsão – ou “deslocamento compulsório” – de cerca de 200 mil famílias, todas elas populações ribeirinhas diretamente atingidas (NAVAL, 2011 apud ZITZKE, 2005 p.61).

 

Para Branco (2004) não é somente o custo da terra ou o desconforto trazido a uma área que devem ser levados em conta no caso da inundação. Há também os aspectos culturais, que neste caso não é o custo em dinheiro que tem importância, mas sim o significado da perda de monumentos e objetos arqueológicos que são vestígios pré – históricos.

A construção dessas grandes barragens pode alterar e influenciar o modo de vida dos atingidos e o meio ambiente. Todos os projetos hidrelétricos possuem problemas de intervenção direta na vida dos ribeirinhos (SIEBEN; CLEPS JUNIOR, 2012). Na implantação da UHEE muitas famílias foram deslocadas, causando fortes mudanças nos estilo de vida dos ribeirinhos.

O cotidiano dessas famílias foi transformado pelos impactos sociais sofridos e justificados em nome do crescimento econômico do país (HOLANDA & SILVA, 2015). Muitas famílias residentes em Babaçulândia que possuíam suas casas localizadas as margens do Rio Tocantins tiverem que se deslocar para outras localidades.

Para Santos (2006) “Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. [...] Mas, também, cada lugar, irrecusavelmente imerso numa comunhão com o mundo, torna-se exponencialmente diferente dos demais”. Dessa maneira compreende se o apego das famílias a sua moradia, ao lugar de vivencias e identidades.

 

Metodologia

 

A pesquisa é de abordagem quantitativa, por se tratar de um conjunto de métodos de pesquisa das ciências sociais e análise que permite relacionar evidências sobre o ponto de vista dos alunos do Terceiro segmento EJA acerca das transformações sócio-espaciais e ambientais decorrentes da implantação da UHE de Estreito. Os procedimentos escolhidos foi desenvolvidos em quatro distintas etapas: revisão bibliográfica, coleta de dados, sistematização de dados e redação.

A primeira etapa foi constituída pela revisão bibliográfica e se estenderá até o final da pesquisa, sua presença se faz necessária ao buscar compreender conceitos relevantes, a fim de obter um embasamento teórico sobre o objeto de estudo. A revisão se deu partir de livros, teses e publicações em revistas especializadas, documentos pertinentes a implantação da UHE Estreito a fim de atender aos objetivos de estudos propostos.

A coleta de dados ocorreu em campo por meio da aplicação de questionário semi estruturado, com questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa aqui proposto. Com roteiro previamente elaborado com perguntas que propõem respostas abertas e fechadas, objetivando a verificação do senso critico dos alunos do terceiro segmento EJA e sua concepção acerca de melhora ou piora das condições de vida e das questões ambientais. O uso de registro fotográficos foi necessário para evidenciar as transformações sociais e ambientais ocorridas.

 

Resultados e discussões

 

As questões ambientais e sociais

 

Os grandes empreendimentos hidrelétricos são responsáveis pela matriz energética do país, servindo de apoio principalmente ao setor de indústrias. Entretanto traz consigo consequências ao provocar impactos sociais e ambientais. De acordo com (BERMANN, 2007) os principais problemas ambientais são:

·         alteração do regime hidrológico, comprometendo as atividades a jusante do reservatório;

·         comprometimento da qualidade das águas, em razão do caráter lêntico do reservatório, dificultando a decomposição dos rejeitos e efluentes;

·         assoreamento dos reservatórios, em virtude do descontrole no padrão de ocupação territorial nas cabeceiras dos reservatórios, submetidos a processos de desmatamento e retirada da mata ciliar;

·         emissão de gases de efeito estufa, particularmente o metano, decorrente da decomposição da cobertura vegetal submersa definitivamente nos reservatórios;

·         problemas de saúde pública, pela formação dos remansos nos reservatórios e a decorrente proliferação de vetores transmissores de doenças endêmica.

Ao abordar sobre os impactos sociais, deve se ressaltar a desterritorialização ocasionada pela saída dos moradores do seu lugar vivência, o apego e as memórias coletivas constituídas ao longo dos anos. As famílias atingidas precisam ser reassentadas em outras localidades, seu deslocamento é justificado não pela própria vontade, mas em nome do “desenvolvimento capitalista”.

Em dezembro de 2010 iniciou se o processo de enchimento do reservatório que atingiu cerca de 400 km² nos estados do Maranhão e Tocantins (CESTE, 2016).  Em Babaçulândia-TO nota se que a configuração espacial foi alterada (Figura 1). Em 2009 antes do enchimento do lago as distribuição das moradias partiam do rio em direção ao interior do estado. Todas as habitações localizadas próximas ao leito do rio foram retiradas, a população foi “compensada” através de uma carta de crédito ou uma nova residência no reassentamento coletivo.


Figura 1. – Babaçulândia antes do enchimento do lago da UHEE – 2009

Fonte: Google Earth. 2016

Muitas famílias sofrem com o deslocamento compulsório, sua morada, as memórias afetivas, os vínculos com os vizinhos são consideradas perdas irreversíveis. Parte dos moradores obtinham sua renda a partir do uso do rio, pescadores, barqueiros e barraqueiros que complementavam sua renda durante o período de baixa das águas do rio, geralmente nos períodos entre Junho e Setembro. Dentre esses impactos ambientais, percebe se (Figura 2) a nova organização física da cidade, muitos lugares deixaram de existir para conceder lugar às águas do reservatório.


 

Figura 2 – Babaçulândia após o enchimento do lago da UHEE – 2016

Fonte: Google Earth. 2016

 

 

As transformações sócio-espaciais e ambientais decorrentes da implantação da Usina Hidrelétrica de Estreito são visíveis e os impactos afetaram diretamente e indiretamente toda a população da cidade. Indivíduos realocados, postos de serviços que deixaram de existir, pontos turísticos extintos, perda das áreas de vazantes utilizada por pequenos agricultores ribeirinhos. No ano de 2010 ocorreu uma transformação dramática na paisagem do município (Figura 3), em função da instalação do empreendimento hidrelétrico.


Figura 3 - Vista parcial de Babaçulândia – 2008 e após o enchimento do reservatório - 2015

Fonte: Google Imagens. 2016.

 

 

Alunos EJA: transformações sócio-espaciais e ambientais

 

A pesquisa foi realizada com 20 alunos do segundo segmento EJA da Escola Estadual Henrique Figueiredo de Brito localizada na região de central de Babaçulândia-TO. O uso de questionário semiestruturado objetiva evidenciar o senso crítico dos alunos e suas concepções acerca de melhora ou piora das condições de vida e das questões ambientais. De acordo com o questionário cerca de 50% dos alunos possuem mais de 35 anos de idade. A média de tempo que os entrevistados moram no município é de 17 anos, o que pode ressaltar o apego ao lugar devido aos anos de vivência.

Sobre as expectativas ao saberem da construção UHE Estreito, aproximadamente 70% dos alunos afirmaram que tiveram perspectivas ruins sobre empreendimento e se sentiram impactados. Conforme afirma aluno A[1]Somos nos habitantes que sofremos muito com essa barragem. Os pescadores reclamam da falta de peixes, do calor...”. Entretanto acerca das mudanças físicas ocorridas no município, 65% dos alunos acreditam que as alterações foram positivas. Acreditando que os mesmos fazem referência à orla e alguns prédios públicos que foram construídos de forma compensatória, já que os mesmo foram inundados pelo lago.

Para 90% dos alunos, a vida da população foi alterada em decorrência da Hidrelétrica. Parte dos moradores de Babaçulândia sofreram deslocamento compulsório, precisando ser realocadas em outras localidades dentro do próprio município ou para outras cidades. Os indivíduos que não foram impactados diretamente se sentem de algum modo prejudicados pela Usina.

A implantação de Usinas Hidrelétricas provocam diversos impactos ambientais e os entrevistados possuem essa consciência,cerca de 98% dos alunos compreendem que estes problemas afetam a população. Dessa maneira identificaram os principais problemas ambientais causados pela UHE Estreito (Figura 4). 

concep58.jpg

 

Figura 4. Principais problemas ambientais ocasionados pela implantação da UHE Estreito. UFT, Palmas, 2016.

Outro questionamento traçado ao longo da pesquisa trata sobre as condições de vida dos moradores após a implantação da Usina, de acordo com o alunado EJA, 80% acredita que tais condições de vida não são melhores. Segundo o depoimento do aluno B[2]“Muitas pessoas mudaram para regiões piores onde as terras não são boas. Falta água nessas regiões. As pessoas reclamam bastante”. Outro aluno ressalta que “A zona rural deixou de produzir alimentos, as pessoas deixaram de plantar e tirar seu sustento das terras que hoje estão inundadas pelas aguas do lago”.

Todo empreendimento hidrelétrico realiza uma compensação financeira (Royalties) ao município atingido, conforme (BRASIL, 2007) a Compensação Financeira pela utilização de Recursos Hídricos é o pagamento pela exploração dos recursos hídricos na geração de energia elétrica. É um ressarcimento pela inundação de áreas por usinas hidrelétricas (UHE). A cerca dos Royalties, os entrevistados em sua maioria relatam que não sabem onde estão sendo aplicados.

 

Conclusão

 

As discussões levantadas ao longo da pesquisa surgem de questionamentos constantes desde a implantação da UHE de Estreito. Um empreendimento desse porte de fato trouxe melhores ou piores condições de vida às famílias atingidas pelo enchimento do lago e quais foram às influências negativas ao meio ambiente.

De acordo com as entrevistas realizadas, constatou se que predominam um número maior de sujeitos que evidenciaram modificações em suas vidas em função da UHE de forma negativa. Prevalecem à visão de que os moradores perderam suas terras férteis, causando ausência de alimentos provenientes das “vazantes”. A cidade perdeu importantes locais turísticos como a Praia do Coco e a Beira Rio, locais de encontro antes da implantação da hidrelétrica pela maioria da população que reside na cidade.

Os impactos ambientais negativos ocasionados por um empreendimento energético são incalculáveis, mesmo senda considerada uma fonte de energia limpa e renovável. O seu grande problema está na construção, para que a usina funcione se faz necessária a criação de um reservatório. Grandes áreas precisam ser desmatadas, assim alterando drasticamente o clima, fauna e flora em grandes extensões.

Os alunos EJA possuem a concepção que tanto os problemas ambientais quanto sociais, influenciam a vida de toda a população. Diretamente ou indiretamente, os moradores do município de Babaçulândia sofreram dezenas de impactos negativos. Portanto conclui se que a partir do ponto de vista dos sujeitos aqui presentes, a UHE Estreito ocasionou maior impacto negativo do que positivo na população local afetada pelo empreendimento.

 

Referências bibliográficas

 

ALMEIDA, Fernando Ferreira de. SOUSA, Jailson de Macedo. Efeitos Sócioespaciais de Grandes Projetos na Amazônia Oriental: Uma Reflexão a partir das representações sociais das Populações Atingidas pela UHE/Estreito/MA. In: XXI Encontro de Geografia Agraria. Uberlândia-MG, 2012.

 

ARANHA SILVA, Edima. Transformações Sócio-espaciais e a Problemática Ambiental no Brasil: Caso das Hidrelétricas.Revista Caminhos da Geografia. Uberlandia-MG. v. 8, n. 23 Edição Especial  34 – 40

 

BRANCO, Samuel Murguel. Energia e Meio Ambiente. 2. Ed. reform. – São Paulo: Moderna, 2004.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agência Nacional das Águas – ANA. Caminho das águas: conhecimento, uso e gestão. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em <http://www.caminhoaguas.org.br/internas/caderno_01.pdf> Acesso em 10/06/2016

 

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agencia Nacional de Energia Elétrica.

Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm

Acesso em 15/07/2016

 

BRASIL. Ministério Público Federal. MPF/TO: Reunião em Babaçulândia aponta pendências do Ceste em relação a impactados por Estreito. 25/10/2010 Disponível em http://noticias.pgr.mpf.mp.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_meio-ambiente-e-patrimonio-cultural/reuniao-em-babaculandia-aponta-pendencias-do-ceste-em-relacao-a-impactados-por-estreito Acesso em 20/06/2015.

 

BRASIL. Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A compensação financeira e o seu município. Brasília, 2007. Disponível em <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/cartilha_compensacao_financeira_2.pdf> Acesso em 16/08/2016

 

BERMANN, Célio. Impasses e controvérsias da hidroeletricidade. Revista Estudos Avançados nº 59 vol.21. p.139-153. 2007

 

CASTRO, Bruno Leonardo Gonçalves e. Critérios Socioambientais de Reposição de Perdas e Relocalização para Atingidos por Barragens: um estudo sobre o Povoado Palmatuba/TO. 2009. 145f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

 

CESTE - Consórcio Estreito Energia.  Histórico do empreendimento. Disponível em http://www.uhe-estreito.com.br/Visita em 15/06/2016.

 

FRANÇA, FrancieliMezzomo. SOUZA, Edson Belo Clemente de. Os Impactos Sócio-espaciais com a construção de Hidrelétricas – Um Estudo de Caso da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias – PR. In:XVI Encontro Nacional de Geógrafos – ENG, 2010. Anais. Porto Alegre – RS.

 

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: Como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 8ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

 

REIS, Lineu Belicodos; FADIGAS, Eliane A. Amaral; CARVALHO, Cláudio Elias. Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005.

 

HOLANDA, Jardim Mayza; SILVA, Marivaldo Cavalcante da.Considerações sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito e a inundação do bairro Palmatuba em Babaçulândia/TO. Revista Querubim, Niteroi-RJ. ano 11 n. 25, volume 2 134-140, 2015.Disponível em: http://www.uff.br/feuffrevistaquerubim/images/arquivos/zzquerubim_25_v_2.pdf. Visita em 18/06/2015

 

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades – Tocantins – Babaçulândia. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=170300

Visita em 20/07/2016

 

NAVAL, Liliana Pena; PARENTE, Temis Gomes (orgs.); Impactos socioambientais: o desafio da construção de hidrelétricas. Goiânia: Cânone Editorial, 2011. 130 p.

 

PESSÔA. Vera Lúcia Salazar. GEOGRAFIA E PESQUISA QUALITATIVA: um olhar sobre o processo investigativo. Geo UERJ - Ano 14, nº. 23, v. 1, 2012 p. 4-18 Disponível em <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/viewFile/3682/2554> Vista em 20/06/2015

 

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. 2. reimpr. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

 

SIEBEN, Airton; CLEPS JUNIOR, João.Comunidade Palmatuba (Babaçulândia,TO) e Usina Hidrelétrica de Estreito na Política Energética na Amazônia. XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária- Uberlândia MG. 2012

 

WALISIEWICZ, Marek. Energia Alternativa: solar, eólica, hidrelétrica e de biocombustíveis. Tradução Elvira Serapicos. São Paulo: Publifolha, 2008. – (Série mais ciência / organizador John Gribbin). 72p

 

 



[1] Entrevista concedida através de questionário semiestruturado de maneira anônima.

[2] Entrevista concedida através de questionário semiestruturado de maneira anônima.

Ilustrações: Silvana Santos