Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/11/2016 (Nº 58) A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O PAPEL DO EDUCADOR NA CULTURA DA SUSTENTABILIDADE
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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O PAPEL DO EDUCADOR NA CULTURA DA SUSTENTABILIDADE

LUANA FRIGULHA GUISSOlfgd10@hotmail.com

VALDINÉIA RODRIGUES MANTOVANI BAIÔCO, valdineiamantovani@gmail.com

 

1 RESUMO

Este artigo fundamentou-se nos conceitos de Educação Ambiental e Sustentabilidade, buscando despertar a criticidade nos alunos da EMEF “Professora Maria Inês Della Valentina”, levando-os ao desenvolvimento da cultura da sustentabilidade. Para tanto, foi indispensável uma aproximação interdisciplinar, envolvendo a educação ambiental. O referencial teórico tem como base autores da área de Educação Ambiental e Sustentabilidade, com aplicação dos conceitos e seu uso no meio ambiente, e a aquisição de informações no que se refere à realidade da sociedade e às probabilidades de discutir transformação, envolvendo toda comunidade escolar (alunos, professores, demais funcionários, pais e/ ou responsáveis), contribuindo assim, para a implantação da bioconsciência, por meio de um envolvimento educativo, cujo alvo metodológico é criar, reconstruir, agregar, conciliar as intenções e valores das ações cotidianas em relação ao grande interesse de preservação do meio ambiente.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Sustentabilidade; Valores.

 

2 ABSTRACT

This article was based on the concepts of Environmental Education and Sustainability, seeking to awaken the criticality in students EMEF "Professor Maria Ines Della Valentina", leading them to the development of the culture of sustainability, through educational activities directed to the inclusion of culture sustainability and its continued use in school and everyday social life. Therefore, an interdisciplinary approach, involving environmental education was essential. The theoretical framework is based on authors in the field of Environmental Education and Sustainability, with application of the concepts and their use in the environment, and the acquisition of information regarding the reality of society and likely todiscuss transformation, involving the whole school community (students, teachers, other staff, parents and / or guardians), thus contributing to the implementation of bioconsciousness through an educational involvement, whose methodological aim is to create, rebuild, aggregate, reconcile the intentions and values ​​of everyday actions relation to the great interest of preserving the environment.

Keywords: environmental education; Sustainability; Values.

 

3 INTRODUÇÃO

A educação é um processo contínuo e dinâmico, sendo realizado durante o decorrer da vida do indivíduo, exigindo competências que permitam movimentar informações para confrontar uma determinada situação, lançando mão de diferentes recursos, de forma inovadora e responsável. Perrenoud (2000) diz que "uma competência orquestra um conjunto de esquemas. Envolve diversos esquemas de percepção, pensamento, avaliação e ação". Neste mundo globalizado e competitivo, é importante obtermos cada vez mais conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico com responsabilidade e consciência buscando uma melhor qualidade de vida neste planeta.

A educação ambiental tem a função de mostrar e sensibilizar as pessoas de que somos parte do meio ambiente, buscando superar a visão antropocêntrica – onde o homem é visto como centro de tudo – deixando de lado a importância da natureza, da qual somos parte integrante. Consiste numa ação educativa durável, em que a comunidade tenha consciência de suas decisões e da atual realidade do nosso planeta.

Essa prática amplia atitudes que atrela o educando com a comunidade, desenvolve valores e costumes que promovem transformação nos aspectos naturais e sociais para a conservação do meio ambiente, necessário à qualidade de vida e à sua sustentabilidade. Busca despertar a inquietação individual e coletiva, colaborando para o desenvolvimento de uma consciência crítica frente às questões ambientais com mudanças culturais e transformação social, ética e política.

O papel do professor é de vital importância. Através dele, mudanças, práticas, estratégias e didáticas interdisciplinares são traçadas, promovendo um desenvolvimento integral e em equipe, criando métodos para o exercício prático da cidadania, sintetizando as dimensões do processo socioambiental.

Partindo de um processo permanente, a educação ambiental consiste em um planejamento constante, refletindo a prática cotidiana numa aprendizagem significativa que conduzirá a mudanças no comportamento dos educandos e na sociedade, estabelecendo correlação com o meio ambiente, aprendendo a pensar de forma crítica a importância de utilizarmos de forma adequada os recursos existentes na natureza.

O docente precisa estar aberto às mudanças compreendendo que a educação no mundo contemporâneo não pode permanecer no interior da escola, mas ao contrário, deve envolver a comunidade, atendendo às suas necessidades, assumindo a responsabilidade como cidadãos críticos, participativos e inseridos no contexto social.

Simultaneamente, é necessário agregar novos valores e atitudes, desempenhando o papel de cidadão em uma sociedade com inúmeros problemas socioambientais; desmatamento, poluição atmosférica, destruição da camada de ozônio, urbanização, industrialização, aquecimento global, dentre outros que coagiram o mundo, forçando a sociedade a refletir sobre educação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Desenvolver a cultura da sustentabilidade representa utilizar os recursos escassos, disponíveis de forma que não comprometa o futuro das próximas gerações. Não é simples efetivar esse conceito, mas é possível, mesmo em atividades extrativistas de alto impacto ao meio ambiente, através de parâmetros de sustentabilidade.

Suprir as necessidades da sociedade com os recursos naturais, avalizando o prosseguimento da biodiversidade, mantendo e melhorando a qualidade de vida é um desafio constante na atualidade. Extrair e trabalhar os recursos com eficiência, com garantia e possibilidade de recuperação das áreas exploradas é a certeza para que a sustentabilidade seja uma prática utilizada com mais assiduidade, especialmente pelos grandes grupos econômicos.

A preservação ambiental está intrinsecamente ligada à Educação ambiental. O uso contínuo e exagerado dos recursos naturais devido às várias atividades humanas faz com que a sociedade degrade o meio ambiente, sendo necessárias leis de proteção por parte de organizações da sociedade civil e do governo atuando de forma educacional, preventiva e efetiva, em favor da preservação ambiental, visando garantir uma sociedade sustentável.

Para avaliar a sustentabilidade de um determinado lugar, de uma região ou de um projeto, é preciso que estes sejam fiscalizados, tendo garantia de que, mesmo explorada, essa área permanecerá fornecendo recursos para outras gerações. A proteção da natureza não pode levar em consideração as questões econômicas, sem antes avaliar as questões éticas e sustentáveis, já que a vida humana depende do cuidado com o meio ambiente e o equilíbrio da natureza.

Dessa forma, o papel do educador é interagir com diferentes temas atuais sem perder de vista as relações entre os aspectos socioeconômicos, políticos e naturais, tendo a certeza de que, quando se ensina, há sempre alguém que aprende. A definição ampla do ambientalismo demanda maior prudência pela educação, devendo haver diálogo entre teorias e práticas incentivando a participação social.

A relação professor-aluno deve partir do conhecimento das condições sociais, culturais, econômicas dos alunos, suas famílias e seu contexto, sendo permeada pelo gosto permanente que exacerba a curiosidade, que traz a eficácia de estudar com definição, em que o educador ensina e estimula o aluno a investigar, a apreciar com prazer o que lhe é oferecido.

4CONCEITOS E CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação não deve ser celeiro de conteúdo, ela implica em transformação, construção de um ambiente social e ecologicamente agradável a todos. Na educação, construímos conhecimentos e adquirimos informações que são base para a mudança no comportamento do indivíduo em prol do meio ambiente, e a Educação Ambiental é um instrumento diligente de transformação, tendo em vista que, para se ter qualidade de vida, é preciso conservar e preservar o meio ambiente.

Milaré descreve, (2004, p. 612) diz que: “[...] a tarefa de educar não compete somente à família e à escola: cabe a toda sociedade, representada por seus diversos segmentos [...]”. É necessidade de todos os indivíduos, pois o descuido com o meio ambiente só colabora para sua destruição. Desenvolver nas pessoas atitudes e habilidades direcionadas à conservação da natureza e de seus recursos é papel fundamental da Educação Ambiental e esta pode ocorrer em diferentes espaços: escola, empresa, repartições públicas etc. O importante é que a Educação Ambiental esteja presente em todos os níveis educacionais, na busca do desenvolvimento sustentável, preservando o meio ambiente e seus recursos.

A Educação Ambiental é uma área essencial na sociedade. Por meio dela, podemos despertar nas pessoas o cuidado e a conscientização dos malefícios decorrentes dos danos ambientais, tais como: poluição do ar, das águas, uso inadequado dos solos, o aquecimento global, o desmatamento e outros presentes em todos os países que buscam o desenvolvimento tecnológico e industrial.

Vive-se em um sistema capitalista, onde o consumo e a concentração de riquezas necessitam cada vez mais dos recursos naturais. Existe uma necessidade de melhorar a distribuição de renda, devendo esta ser mais justa e equitativa, proporcionando uma vida mais digna às pessoas. Na verdade, precisamos frear o consumo exagerado e o desperdício.

Dessa forma, Reigota diz que o:

Argumento muito presente na educação ambiental nas suas primeiras décadas era a de relacioná-la, prioritariamente, com a proteção e a conservação de espécies animais e vegetais. A educação ambiental estava muito próxima da ecologia biológica, sem que ela tivesse de se preocupar com os problemas sociais e políticos que provocaram esta situação de desaparecimento de espécies (2012, p. 12).

Para Reigota (2012), a Educação Ambiental é definida como educação política, priorizando as relações econômicas, cultural e social entre os seres humanos e a natureza de forma consciente, participativa e democrática. Assim, a Educação Ambiental política expande a cidadania, a liberdade, a autonomia dos cidadãos na procura de recursos e de vicissitudes que permitam a coexistência correta e volvida para o bem social.

A Educação Ambiental necessita ser vista de maneira ampliada, não apenas voltada para o cuidado com os recursos naturais; abrange muito mais do que a conservação da fauna e flora, envolve as questões relacionadas ao favorável convívio e interação do ser humano em sociedade.

A vida é um ato de sucessivas e duradouras experiências de Educação Ambiental. Por meio de atitudes e ações conscientes, o ser humano aprende a interagir de forma correta com o meio ambiente. Dessa forma, não se pode permitir que a cultura da depredação da natureza, das injustiças sociais e do consumo exagerado continue sendo divulgada indiscriminadamente. A necessidade de mudança de valores, comportamentos e atitudes é evidente e aumentam a cada dia.  Assim, por meio da educação ambiental, é possível promover o respeito ao meio ambiente e aos seus recursos através do desenvolvimento sustentável, fortalecendo a relação homem e natureza.

GUIMARÃES (1995; p. 107) conceitua a Educação Ambiental da seguinte forma: “é um processo longo e contínuo de aprendizagem, de uma filosofia de trabalho participativo, em que todos, família, escola e comunidade, devam estar envolvidos”. Para isso, a educação ambiental deve superar as relações existentes entre homem e natureza, estabelecendo uma reflexão consciente da importância do meio ambiente e de sua conservação.

Segundo esse autor, o princípio básico da Educação Ambiental:

É a atenção com o meio natural e artificial, considerando fatores ecológicos, políticos, sociais, culturais e estéticos. A Educação Ambiental deve ser contínua, multidisciplinar, integrada dentro das diferenças regionais, voltada para interesses nacionais e centrada no questionamento sobre o tipo de desenvolvimento. Tem como meta prioritária a formação nos indivíduos de uma consciência coletiva, capaz de discernir a importância ambiental na preservação da espécie humana e, sobretudo, estimular um comportamento cooperativo nas diferentes elações inter e intranações. (GUIMARÃES, 1995; p. 107).

Esse é um princípio que deve ser desejado por todas as nações que procuram desenvolvimento tecnológico, sem esgotar os recursos naturais, criando amostras de crescimento não somente na relação homem e natureza, mas também na relação homem pelo homem, onde existem imensas desigualdades sociais a serem minimizadas.

No que diz respeito à Educação Ambiental, Loureiro afirma que:

Educação ambiental é uma perspectiva que se inscreve e se dinamiza na própria educação, formada nas relações estabelecidas entre as múltiplas tendências pedagógicas e do ambientalismo, que têm no “ambiente” e na “natureza” categorias centrais e identitárias. Neste posicionamento, a adjetivação “ambiental” se justifica tão somente à medida que serve para destacar dimensões “esquecidas” historicamente pelo fazer educativo, no que se refere ao entendimento da vida e da natureza, e para revelar ou denunciar as dicotomias da modernidade capitalista e do paradigma analítico-linear, não-dialético, que separa: atividade econômica, ou outra, da totalidade social; sociedade e natureza; mente e corpo; matéria e espírito, razão e emoção etc. (2004; p.82).

Todo esse preâmbulo surge para demonstrar que, para produzir sentidos, é imprescindível relacionar o meio ambiente com o espaço social, considerando as afinidades implantadas nesse universo e destacando a eficácia do espaço escolar na edificação de uma educação ambiental voltada para a sustentabilidade.

A educação permite informação e transformação na vida social, possibilita relação entre homens e natureza. Nesse sentido, escola e sociedade necessitam ser coligadas criando ambientes de debates e treino de cidadania voltada para a construção efetiva nas decisões políticas, lutando por uma educação acessível a todos, estabelecendo relações de respeito e solidariedade no mundo. A escola se destina à ascensão do indivíduo, a efetivação do ensino-aprendizagem, capaz de desafiar, de fazer pensar de maneira crítica a realidade social e política, na luta por uma sociedade igualitária.

O trabalho de Educação Ambiental deve ser desenvolvido, a fim de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio, para que possam assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria. Para isso, é importante que possam atribuir significado àquilo que aprendem sobre a questão ambiental (PCN’s, 2001; p.47, 48).

 

5SUSTENTABILIDADE:HISTÓRICO E SEUS CONCEITOS

Entende-se por sustentabilidade: “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades." (BRUNDTLAND, 1987).

As ansiedades relacionadas ao meio ambiente iniciaram-se na década de 50 do século passado, mas somente em 1960 houve efetivamente consciência ambiental em escala global, com convenções, documentos, quando foi discutida a possibilidade real do desenvolvimento sustentável. Nesse período, o aumento da demanda por matérias-primas e energia nos países industrializados e a explosão demográfica nos países em desenvolvimento foram destaques e causaram preocupação, pois dessa maneira seria difícil conciliar crescimento econômico com desenvolvimento sustentável. Dessa forma, na conjuntura da globalização, surge a sustentabilidade, marcando o progresso da sociedade, explorando o meio ambiente sem que haja deterioração.

O desenvolvimento sustentável é um processo de transformações onde o uso dos recursos naturais atenda às necessidades da sociedade atual e do futuro, em condição de harmonia, e não no padrão de ampliação adotado pela sociedade fundamentado no consumismo e no egocentrismo.

Em seu ensaio sobre “O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação”, Lima destaca que:

À medida que o debate da sustentabilidade vai se tornando mais complexo e é difundido socialmente, ele vai sendo apropriado por diferentes forças sociais que passam a lhe imprimir o significado que melhor expressa seus valores e interesses particulares (2003, p. 107).

A sustentabilidade surge como uma crítica à ordem econômica, como uma maneira do ser humano sobreviver e como apoio para que haja um crescimento permanente e duradouro do processo de produção.

O desenvolvimento ambiental adere-se ao Desenvolvimento Sustentável, preocupando-se com o respeito às diversas formas de vida, à eficiência econômica e à justiça social. É preciso estar consciente das próprias ações, dos problemas socioambientais e, consequentemente, lutar mais para superá-los.

De acordo com Leff,

[...] O desenvolvimento sustentável é um projeto social e político que aponta para o ordenamento ecológico e descentralização territorial da produção, assim como para a diversificação dos tipos de desenvolvimento e dos modos de vida das populações que habitam o planeta. Neste sentido, oferece novos princípios aos processos de democratização da sociedade que conduzem à participação direta das comunidades na apropriação e transformação de seus recursos ambientais (2005; p. 57).

Desenvolvimento Sustentável corresponde a um procedimento onde o desenvolvimento econômico, social e ambiental são instituídos às políticas comerciais, econômicas, industriais de forma integradas, utilizando os recursos naturais de forma a não comprometer seu esgotamento e onde se desenvolva uma sociedade mais justa e igualitária.     

 

6O PAPEL DO PROFESSOR E O DESAFIO PARA A SUSTENTABILIDADE

Perante as instabilidades ambientais que estão acontecendo pelas desfavoráveis atividades humanas, é de extrema necessidade que os argumentos sobre educação ambiental evoluam de forma a acrescentar em uma melhor educação voltada aos princípios de sustentabilidade. Desse modo, é essencial que as escolas abracem a educação ambiental como disciplina imprescindível, tentando desse modo fazer com que os alunos se transformem em cidadãos com noção de conhecimento no que diz respeito à educação ambiental.

Atualmente, educar para o desenvolvimento sustentável é a única maneira de sensibilizar as pessoas a informação e participação na defesa do meio ambiente e da vida em sociedade. A educação é uma ferramenta indispensável à sustentabilidade, ela é um meio para se conquistar o escopo: o desenvolvimento sustentável em todos os setores de atividades (AGENDA 21, 2001).

O conhecimento de desenvolvimento sustentável busca elucidar as analogias entre o homem e a natureza num desafio às ações humanas e suas consequências para o presente e o futuro de nossa civilização. Dessa forma, o conceito apresentado na educação ambiental reflete em ações de sustentabilidade, assumindo um papel transformador, acarretando um mundo sustentável.

O papel do professor diante de um contexto marcado pela degradação constante da natureza é de uma imensa responsabilidade. A educação ambiental configura-se necessária, é uma ferramenta de transformação, potencializando o envolvimento de todos numa perspectiva interdisciplinar, inovadora e crítica, voltada para a transformação social. Sua abordagem deve ser numa perspectiva de ação holística, relacionando o homem, a natureza e sua responsabilidade de ação no uso dos recursos naturais.

Segura afirma que:

A escola foi um dos primeiros espaços a absorver esse processo de “ambientalização” da sociedade, recebendo a sua cota de responsabilidade para melhorar a qualidade de vida da população, por meio de informação e conscientização. (2001, p. 21)

Para despertar o empenho dos alunos, é preciso que o professor use a “bagagem de conhecimentos trazidos de casa” por estes.  Como dizia Freire (1987), direcionando-o a perceber os problemas ambientais existentes no mundo, que envolve todos e consequentemente lutar por possíveis soluções, para que haja equilíbrio no nosso planeta.

A sociedade atual precisa aprimorar o padrão de desenvolvimento econômico e social, poupando a natureza e o uso dos seus recursos, garantindo a preservação do meio ambiente para as gerações presentes e futuras, assumindo consciência da importância da educação ambiental, permitindo o prosseguimento da vida neste planeta. Para isto, é indispensável a mudança de hábitos de consumo, criando alternativas, novos parâmetros que agenciem o desenvolvimento sustentável, fazendo as escolhas conscientes para que a sociedade contemporânea tenha postura responsável e ética.

Esteartigo tem a função de transmitir a real necessidade da escola, da qual afirma Paulo Freire, que é investir em conhecimento que funciona na prática com mudanças desejáveis na sociedade:

Se o meu compromisso é realmente com o homem concreto, com a causa de sua humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da ciência, nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor lutar por esta causa. (2007, p. 22).

Assim, cabe a escola uma reflexão crítica da realidade, um lugar de constante aprendizagem, um espaço para pensar, superando as barreiras impostas na sociedade.

De acordo com Freire, o “conhecimento emerge apenas através da invenção e reinvenção, através de um questionamento inquieto, impaciente, continuado e esperançoso de homens no mundo, com o mundo e entre si”. Com o conhecimento, podemos transformar as mais adversas realidades.

 

7RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram envolvidos 164 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora “Maria Inês Della Valentina” dos anos finais do Ensino Fundamental (6º. ao 9º. ano, turno matutino), situada no distrito de Jacupemba, município de Aracruz, Espírito Santo.

O desenvolvimento sustentável está interligado à Educação Ambiental como estratégia para analisar as questões que envolvem a relação entre o meio ambiente e o desenvolvimento social através de políticas e ações indispensáveis para manter o equilíbrio planetário.

A maior parte dos alunos encontram-se na faixa etária correspondente à sua seriação, no entanto, temos alguns com distorção idade-série que, por diferentes motivos (reprovação, evasão, mudança de localidade e outros), deparam-se com um certo atraso escolar. Esses alunos (gráfico 1) necessitam que a escola seja capaz de trabalhar um currículo significativo, refletindo a presença da escola na sociedade, compreendendo que ela se destina à ascensão do homem. Assim, é preciso um educador que seja um profundo conhecedor do próprio homem e das questões concernentes ao meio ambiente.

Gráfico 1 - Distribuição amostral segundo idade dos participantes do artigo.

A relação intrínseca do homem com a natureza é muito antiga, pois somos totalmente dependentes dos recursos oferecidos por ela. Assim, as questões que seguem no questionário aplicado aos alunos estão relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade.

Quando questionados sobre “O que é o meio ambiente? ”, 51% dos alunos responderam que “É tudo o que há na natureza”; enquanto 40% disseram “É tudo que existe na Terra” e 9% “São as plantas e os animais”, (gráfico 2).

 

Gráfico 2: Amostra sobre o que é o Meio Ambiente.

Ouve-se muito sobre a necessidade de preservação do meio ambiente, mas não se criou ainda a consciência de que o planeta precisa urgentemente dos nossos cuidados.

Conhecendo a necessidade de trabalhar a relação do homem com a natureza, haja vista que as ações humanas têm interferido e degradado muito o ambiente natural, foi questionado aos alunos se há necessidade de conservar o nosso meio ambiente.

 

Gráfico 3: Amostra sobre a importância do meio ambiente.

Fica evidente que na teoria, os alunos impetram a necessidade de preservar o meio ambiente: 58% dos alunos dizem que precisamos preservar o meio ambiente, pois sem ele morreremos; 29% afirmam que é uma forma de garantir a vida no mundo; e 13% expõem que simplesmente precisamos da natureza (gráfico 3). No entanto, as ações diárias não refletem essa conscientização, ficando evidente a importância de ser trabalhada a Educação Ambiental para a formação de um pensar crítico sobre os problemas ambientais que afetam a humanidade, especialmente no que se refere à concepção moral e à precisão de mudanças nos moldes atuais de nossa sociedade.

Conforme Tristão (2013, p. 847), a educação ambiental deve ser abarcada como filosofia de vida, “como uma orientação para conhecer e compreender em sua complexidade a natureza e a realidade socioambiental”. Vive-se em um contexto que se precisa da Educação Ambiental, contribuindo para a constituição de pessoas mais empenhadas com o social e com o meio ambiente. “A concepção de visão de mundo; a relação de si consigo mesmo; do ser poder e do ser saber – de modo inter-relacionado e simultâneo” (TRISTÃO, 2013, p. 249).

 

Gráfico 4: Amostra sobre o que é Educação Ambiental.

Percebe-se que existe um alheamento dos alunos a respeito da Educação Ambiental. Muitos desconhecem o que é, os que dizem conhecer se restringem apenas à natureza e ao uso dos seus recursos, como constatado no gráfico 4, 46% dizem que Educação Ambiental é o respeito pela natureza, 35% afirmam que é saber usar o que a natureza oferece, enquanto 19% não sabem o que realmente é Educação Ambiental.

Em resumo, a Educação Ambiental é um dos mais importantes requisitos educacionais contemporâneos, explicando que não deve ser empregado como a transferência de conhecimento ambiental, mas procurando ampliar a participação política do cidadão. Assim, tem como desígnio a consolidação da democracia, a minimização de muitos problemas ambientais e a melhora da qualidade de vida, partindo da ética e do diálogo entre gerações e culturas.

Dessa forma, a grandeza da sustentabilidade carece de estar presente nos diversos campos da sociedade, especialmente no ambiente escolar, concretizando e fundamentando a necessidade do desenvolvimento sustentável para garantir a nossa sobrevivência no planeta. Observa-se que esse assunto deve ser melhor exposto e incrementado na sala de aula (Gráfico 5).

Gráfico 5: Amostra sobre o que é Desenvolvimento Sustentável.

A questão da sustentabilidade é algo ainda distante, (gráfico 5), 58% dos alunos entrevistados não sabem conceituar ou explicar o que é Desenvolvimento Sustentável, 23% assimilam ao crescimento econômico sem que seja necessário destruir os recursos naturais, enquanto 19% descrevem que é o desenvolvimento industrial com cautela, cuidado com o meio ambiente.

Quando se fala em Desenvolvimento Sustentável, deve-se relacionar as atitudes da sociedade como um todo, as ações que os governantes realizam, ou não, para obter-se um resultado satisfatório. Nesse contexto, os problemas ambientais existentes afetam de forma direta a garantia das gerações futuras, se não houver equilíbrio e uso racional dos recursos naturais.

Valle (1995, p. 65) define impacto ambiental como:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia e resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetem a segurança, saúde, bem-estar, atividades sócio-econômicas, condições estéticas, sanitárias e qualidade dos recursos ambientais. (Valle, 1995, p. 65).

De qualquer forma, todas as atividades produzidas pelo homem geram algum tipo de dano na natureza. Nesse contexto, muitos desses impactos podem ser minimizados e até mesmo suprimidos. No gráfico 6, identificou-se os problemas ambientais de maior conotação para os alunos da escola pesquisada.

 

Gráfico 6: Amostra dos principais problemas ambientais decorrentes da ação humana apontado pelos alunos.

No que se refere aos problemas ambientais, muitos deles foram enumerados, no entanto 53% dos alunos destacaram o desmatamento, 15% a poluição atmosférica, 28% a poluição dos recursos hídricos e 4% outros, como: a destruição da camada de ozônio, o aumento da temperatura da Terra e o acúmulo de lixo nos grandes centros urbanos.

A sociedade tem um importante papel no espaço natural, mas suas ações marcadas pela racionalização têm se perdido, abusa-se do meio natural, dos seus recursos e contribui-se para a destruição do meio ambiente. Dessa forma, o papel do educador é imprescindível.

A educação Ambiental precisa fazer parte do cotidiano escolar de forma integrada, interdisciplinar e transdisciplinar, ampliando e desenvolvendo nos alunos atitudes de respeito e zelo com a natureza, buscando mudança de comportamento e de valores, levando-os a tomar decisões de forma consciente, participando ativamente da sociedade, enxergando os problemas ambientais e contribuindo para discussões na busca da minimização desses problemas.

Verificou-se através do questionário e dos gráficos que um grande percentual dos alunos não tem dimensão da importância do meio ambiente, isso implica uma necessidade dos professores em explorar essa temática através da Educação Ambiental. E de acordo com Leff (2003), compete ao professor buscar e promover mudanças de caráter teórico-pedagógicas a partir da união e integração dos objetivos da pedagogia crítica e do pensamento da complexidade.

Diante da realidade constatada, foram traçadas ações evidenciadas na Educação Ambiental, desenvolvendo atitudes mais criteriosas e sustentáveis para garantir a continuidade do meio natural.

Para construir uma condição societária e de vivência integrada às diferentes espécies, necessita-se ultrapassar as formas de alheamento que propiciam a divisão sociedade/natureza. Dessa forma, buscou-se propiciar momentos que permitissem a elaboração, formação e a compreensão de conceitos, bem como salientar a importância da Educação Ambiental para a construção da cidadania, tendo como subsídio o espaço local até o global.

Ao assumir de maneira consciente as condições da existência; exercita-se a idoneidade de se decidir os melhores caminhos para o desenvolvimento sustentável do planeta, defendendo a cultura de novos conhecimentos que possibilitem pensar criticamente sobre o que se faz no dia a dia em favor do meio ambiente.

 

8CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos dados coletados neste artigo, conclui-se que a Educação Ambiental é imprescindível e necessária dentro do ambiente escolar. Movimentos educacionais como este, que trabalham a compreensão estimulando a participação, construindo estratégias voltadas para a Educação Ambiental, acrescentam no comportamento social e ambiental mais responsável e mais consciente dos educandos.

Acredita-se que a Educação Ambiental pode mudar hábitos, transformando a situação do planeta Terra e proporcionando uma melhor qualidade de vida para as pessoas. E isso só se fará com uma prática de educação ambiental, onde cada indivíduo sinta-se responsável em fazer algo para conter o avanço da degradação ambiental vivenciada atualmente.

A agressão ao meio ambiente aumenta a cada dia, exigindo maior participação das escolas em trabalhar verdadeiramente a Educação Ambiental, mostrando e sensibilizando os educandos a respeito dos problemas ambientais existentes no planeta.

O artigo teve como objetivo geral desenvolver a criticidade e a sensibilidade nos alunos através de ações pedagógicas direcionadas para a inserção da cultura da sustentabilidade e o seu uso permanente no cotidiano escolar e social. Para que esses atos pedagógicos tivessem uma dimensão prática, foi necessário o envolvimento de todos, possibilitando aos alunos um contato maior com as riquezas ambientais e a necessidade de preservar-se esse patrimônio natural.

O caminho para uma educação transformadora não é fácil, é intenso, mas necessário. É preciso desenvolver uma Educação Ambiental direcionada para a resolução de problemas, colaborando para um envolvimento ativo da juventude na prática consciente das atitudes, estabelecendo uma interdependência entre o ambiente e o ser humano.

Os conhecimentos educativos concernentes ao ambiente ajudam os jovens a compreenderem as relações entre os seres vivos e o ambiente, a acrescentarem o seu nível de consciencialização e de conhecimentos sobre questões e/ou problemas ambientais e a desenvolverem capacidades adequadas à participação nos processos de tomadas de decisão.

 

Concluindo, espera-se que esse trabalho desperte interesse e incentive a realização de novas pesquisas no meio acadêmico, explorando o tema Educação Ambiental e seus subsídios, aproximando a teoria da prática educacional e contribuindo para a formação de uma sociedade mais consciente ambientalmente e socialmente.

REFERÊNCIAS

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Ilustrações: Silvana Santos