Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
27/11/2016 (Nº 58) DIFICULDADES NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE BOTÂNICA E POSSÍVEIS ALTERNATIVAS PELAS ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2574 
  

DIFICULDADES NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE BOTÂNICA E POSSÍVEIS ALTERNATIVAS PELAS ABORDAGENS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

 

Edinalva Alves Vital dos Santos¹; Luiz Sodré Neto²

 

1Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Campina Grande/ ednalva.avs@gmail.com

 

2Doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos, Professor da Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB/ luizsodre@ufcg.edu.br.

 

Resumo: O ensino-aprendizagem de Botânica em nível básicoé marcado por aulas tradicionais e isto tem implicado de forma negativa na formação cientifica e pessoal relacionadas aos problemas que envolvem o estudo das plantas. Oobjetivo deste trabalho foi investigar possíveis causas de dificuldades na aprendizagem do tema eenfatizar a importância do uso de alternativas para promoção da alfabetização científica por meio da abordagem da Educação Ambiental e da Sustentabilidade.Questionários semiestruturados foram utilizados para a obtenção dos dados. Os resultados apontam dificuldades de aprendizagem possivelmente relacionadas às metodologias de ensino que precisam ser melhoradas em termos de contextualização.

Palavras chaves: Ensino, Aprendizagem, Botânica, Contextualização.

 

DIFFICULTIES IN TEACHING AND LEARNING BOTANY, AND POSSIBLE ALTERNATIVES THROUGH ENVIRONMENTAL EDUCATION AND SUSTAINABILITY APPROACHES

Abstract:Teaching and learning botany in basic education have been marked by traditional classes, and this impairs the scientific and personal formation related to the study of plants. This study aimed to investigate possible causes of difficulties in botany learning. It also sought to emphasize the importance of using alternatives to promoting scientific learning in botany classes through the Environmental Education and Sustainability approaches. Semistructured questionnaires were used as a method to obtain the data. The results indicate that the main difficulties of learning on the subject can be related to the teaching methodologies that need to be based in contextualization.

Keywords: Teaching, Learning, Botany, Contextualization.

 

Ensino de Botânica, Educação Ambiental e Sustentabilidade

As diversas áreas do conhecimento abordadas no Ensino de Biologia exigem uma fragmentação na organização dos conteúdos e na formação docente específica. Isto frequentemente faz com que os professores individualizem também os conteúdos trabalhados em sala de aula, deixando uma lacuna no lugar das possíveis associações, contextualizações e aplicações entre os temas trabalhados em momentos diferentes. Consequentemente, este ensino fragmentado tende a escolarizar pessoas que mais tarde não conseguirão associar o que foi estudado na escola aos problemas socioambientais do cotidiano.

Um desafioevidente é a formação do professor interdisciplinar na área das Ciências Naturais, como discute Araújo (2016), na qual deve ser buscada a união dos conhecimentos, não a fragmentação característica de um ensino marcado por metodologias tradicionais que priorizam principalmente o uso de aulas expositivas no ensino básico(GONÇALVES; MORAES, 2011), centradas no uso de conceitos e nomes difíceis (BATISTA; ARAUJO, 2015).

Particularmente no Ensino de Botânica, que abrange uma considerável gama de conteúdos das Ciências Naturais, mais especificamente no Ensino de Ciências e Biologia, há uma consideração de que esta área é uma das mais difíceis de compreender (MELO et al., 2012). A abordagem da botânica no Ensino Médio tem se revelado de forma mais acentuada como sendo tecnicista e tradicional, com concepções de ensino-aprendizagem ainda voltadas para um excesso de teoria, com a necessidade da memorização de conceitos e nomes, não contribuindo para uma considerável apreensão do conhecimento (BATISTA; ARAUJO, 2015, ROMANO; PONTES, 2016).

SegundoTowata, Ursi e Santos (2010), o ensino de botânica ainda é explorado de forma teórica, com ênfase na reprodução das informações, falta de problematização e contextualização, implicando na falta de associação entre conhecimentos prévios e a construção de novos saberes. Silva et al. (2015) relatama importância do trabalho com as informações prévias trazidas pelos alunos afim de mudar ou dar outros significados aos conceitos preexistentes. Neste sentido, vale reforçar a ideia de mudança no desenvolvimento do Ensino de Botânica, para que este seja investigativo, problematizado e contextualizado, para que ele possa favorecer aprendizagem também pela reconstrução do conhecimento dos alunos, envolvendo articulações entre conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, como destacam Coswosk e Giusta (2015) em sua pesquisa sobre práticas investigativas.

O caráter desestimulador do estudo das plantas, pelofato de se manterem distantes no que se refere à interação, mesmo fazendo parte da realidade do aluno (SILVA et al., 2015),é considerado contrário, por exemplo, ao da zoologia, em que os animais proporcionam maior dinamismo,interação e consequente atração da curiosidade dos alunos (ARRAIS; SOUSA E MARSUA, 2014). Além disso, as práticas de ensino da área também são consideradas pouco atrativas ou, até mesmo, engessadas, como citam Romano e Pontes (2016), sobretudo pela falta de equipamentos que auxiliem atividades capazes de motivarem os alunos.

Segundo Arrais, Souza e Masrua (2014), os problemas do Ensino de Botânicatambém são atribuídos à falta de segurança dos professores quantoà abordagem do tema.Silva eGiliard-Lopes (2014) e Batistae Araújo (2015) apresentam também a preocupação compossíveis desfechos negativos doprocesso de ensino-aprendizagem de botânica.Para Melo et al. (2012) as dificuldades podem ser frutos de uma variedade de eventos:

[...], despertar nos alunos o interesse pela Botânica é um desafio em algumas salas de aula, principalmente se a proposta de ensino for baseada em métodos convencionais, restritos aos livros didáticos e aulas expositivas que não atendem a real situação à qual o estudante está inserido. (MELO, et al. 2012, p. 2).

Discutir a respeito das dificuldades dos alunos em aprender botânica e relacioná-la a realidade torna-se relevante em função das frequentes constatações nas pesquisadas sobre a abordagem superficial no ensino da área, concentrado em conceitos e nomenclaturas (SILVA, 2008).

Partindo desta ideia, o papel do professor éfundamental na tentativa de desenvolver um ensino-aprendizagem de qualidade, embora haja o desafio permanente de encontrar atividades atrativas que desperte o interesse dos alunos e a falta de infraestrutura que subsidie o professor na realização de aulas diferenciadas (TOWATA; URSI; SANTOS, 2010; RIVAS, 2012).O professor pode explorar métodos simples e criativos que motivem a participação dos alunos e, por meio depequenas atitudes, pode mudar o rumo do ensino e consequentemente o da aprendizagem.

Uma possibilidade decontextualização no estudo dabiologia vegetalé o trabalho da botânica com enfoque na Educação Ambiental(EA), afim de favorecer a formação cientifica de cidadãos conscientes e responsáveis pelasquestões ambientais, com conhecimentos e habilidades de intervenção (RIVAS, 2012).Para Monteiro (2014), a EA é um campo aberto que deve abordar transversalmente todas as disciplinas, buscando alimentar os saberes científicos e transcendê-los para além sala de aula, para permear os mais diversos ambientes com ações de conscientização e práticas na defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, com enfoque na preservação e conservação da biodiversidade.

Por meio da EA é possível trabalhar a botânica taxonômica,frequentemente aversiva para os alunos, com enfoque nas famílias vegetais ameaçadas de extinção e na conservação das espécies e seus ecossistemas.Apenas memorizar aspectos morfológicos para classificar famílias botânicas contribui pouco para uma aprendizagem com criticidade e percepção para a sua realidade. Silva et al. (2014)complementam a ideia afirmando que:

No ensino dos conteúdos de botânica e de Ciências de um modo geral é importante escolher atividades que exaltem a importância do assunto para o indivíduo e para o ambiente. É importante que haja o envolvimento dos diversos contextos econômico e socioambiental no ensino de ciências, tal como destacando o uso das plantas nesses múltiplos aspectos, permitindo ao estudante compreender as relações entre o ser humano e a natureza mediada pela tecnologia, superando interpretações ingênuas sobre a realidade à sua volta.

Aliada à EA, a sustentabilidadepode favorecer o ensinocontextualizado da botânica por meio da abordagem de espécies vegetais com valor econômico, os aspectos ecológicos, e os demais conhecimentosdo ponto de vista sustentável do uso e manejo destes recursos.

Diante do exposto o presente estudo teve como objetivos investigar causas de dificuldades de aprendizagem de Botânica, apresentadas por alunos da 2ª série do Ensino Médio de uma escola estadual paraibana, e identificar conteúdos de difícil compreensão para que sejam repensadas as atividades docentes voltadas para o tema, sugerindo-se o uso da EA e sustentabilidade como temas transversais nas aulas.

 

Metodologia da Pesquisa

A pesquisa foi realizada em Maio de 2016, tendo como público alvo alunos de duas turmas de Biologia da 2ª série do ensino médio, de uma Escola Estadual localizada na Cidade de Nova Floresta-PB. A escolha da série é justificada pelo fato dos alunos estudarem conteúdos de botânica no respectivo ano. No total, 57 alunos participaram da pesquisa, de cunho exploratório e descritivo, seguindo os critérios de Gil (2008). Estes foram numerados, do 01 ao 57, aleatoriamente, na sequência livre de análises das respostas, para que facilitasse a referência aos estudantes no decorrer da discussão dos resultados.

Para coleta de dados optou-se pela utilização de um questionário por ser um instrumento de fácil aplicação, com baixo custo e acima de tudo por proporcionar facilidade na padronização e compreensão dos dados (LAKATOS; MARCONI, 2003). Lakatos e Marconi (2010) destacam que os gráficos podem evidenciar aspectos visuais dos dados, de forma clara, o que facilita compreensão.

O questionário semiestruturado foi constituído por cinco questões que apresentavam alternativas e pediam a justificativa para a resposta escolhida. As perguntas envolveram dificuldades de compreensão, dificuldades no ensino, interesse pelo estudo das plantas, e trabalho do professor em aulas teóricas e práticas, respectivamente. Após análise, algumas das justificativas apresentadas foram transcritas,exatamente como foram escritas pelos estudantes, e discutidas no texto.

 

Análise e Discussão dos Resultados

Os dados apresentados nos gráficos seguintes correspondem à concepção dos alunos participantes quanto aos aspectos do processo de ensino aprendizagem em botânica.

Figura 1. Número de respostas sim e não relacionadas à dificuldade de compreensão da Botânica no Ensino Médio.

Nesta primeira questão,sobre as dificuldades em compreender os conteúdos de botânica, 35 alunos marcaram a resposta sim, evidenciando, pela expressividade numérica, a existência de possíveis entraves que tem prejudicado a aprendizagem do tema. Os alunos justificam esta dificuldade, relatando que são muitas plantas com nomes complicados de difícil compreensão:

“Devido ser muitas espécies e gêneros, é difícil aprender o nome, espécie gênero de todos”(comentário do aluno 08).

“Existe vários tipos de plantas diferentes ai fica complicado entender os nomes” (comentário do aluno 57)

Tem alguns nomes complexos que acaba dificultando o entendimento do assunto”(comentário do aluno 03)

Foi possível perceber pelas transcrições acimaque os alunos se referem à taxonomia e às nomenclaturas das plantas,normalmente exploradas em sala de aula por meio de modalidades teóricas expositivas, nas quais o aluno se torna um sujeito passivo. Neste ambiente não há interação nem associação da realidade dos estudantes com os conteúdos estudados. Sobre isto, Silva (2008) comenta:

Considerando-se o ensino da botânica desenvolvido nos dias atuais é possível dizer que este é, em sua grande parte, feito por meio de listas de nomes científicos e de palavras totalmente isoladas da realidade, usadas para definir conceitos que possivelmente nem ao menos podem ser compreendidos pelos alunos e pelos professores. Soma-se a isso a confirmação desta especialização impressa nos livros didáticos, com conteúdos teóricos específicos e complexos, cada vez mais distantes da realidade de alunos e professores (Silva, 2008, p.27).

Isso pode ser também o reflexo da incompreensão das partes envolvidas, frente a uma teoria complexa desassociada de uma complementaridade metodológica que subsidie o professor na prática deensino. A dificuldade no ensino, quando se trata de Botânica, foi destacada pelos estudantes na questão 2 (Figura 2).

Figura 2. Número de respostas sim e não relacionadas à dificuldade no ensino de Botânica, percebida pelos estudantes participantes.

Sobre as possíveis dificuldades percebidas, os alunos comentaram nas justificativas:

“Sentia dificuldade sim, pois os assuntos era só na teórica e não na pratica” (comentário do aluno 43).

Dificuldade: pois era um assunto pouco avaliado nas aulas” (comentário do aluno 01).

Refletindo sobre o que relataram os alunos nas suas justificativas, supõe-se que o ensino da botânica continua caracterizado principalmente pela prevalência de aulas expositivas, com ênfase na morfologia, na fisiologia e na classificação das plantas de maneira fragmentada. É emergente, portanto, que o ensino das plantas não seja pontuado, mas que os professores fujam de metodologias tradicionais e usem do livro didático como uma ferramenta de auxílio para a consolidação dos conhecimentos trabalhados de forma integrada com aspectos ecológicos da vegetação local, com a importância e o uso das respectivas plantas, e com as consequências das relações com o meio ambiente e a vida humana.

Ter conhecimento sobre as dificuldades e também os conhecimentos prévios dos alunos frente a um conteúdo em exploração talvez seja a porta de entrada para buscar por novas estratégias que favoreça a construção do conhecimento destes alunos. Nesse aspecto, Silva e Ghilardi-Lopes (2014) destacam que:

Uma vez conhecida toda esta problemática relacionada ao ensino de diversidade vegetal, é importante que o professor proponha atividades práticas ou mude sua forma de abordar o conteúdo. Antes disso, seria interessante se o professor conseguisse identificar entre seus alunos quais são as principais dificuldades por eles apresentadas utilizando a estratégia dos organizadores prévios. (SILVA; GHILARDI-LOPES, 2014).

Quando questionados sobre o interesse pelo estudo das plantas, a grande maioria dos estudantes (48) respondeu que sim,ou seja, que há interesse pelo estudo do tema,enquanto os outros (09) responderam que não tinham interesse em estudar botânica (Figura 3).

Figura 3. Número de respostas sim e não relacionadas ao interesse pelo estudo das plantas.

Os alunos que responderam sim justificam, de modo geral,que gostam do tema por considerar interessantee que o tema faz parte do seu convívio, como pode ser percebido nas transcrições abaixo:

“É interessante você entender como as plantas funcionam, para que serve cada parte da planta, e observar suas características. Acho importante.” (Comentário do aluno 28)

“Pois se trata das coisas que vivo no sitio, pois plantas estão em todos os lugares.” (Comentário do aluno 43).

“Porque é legal você saber de onde aquela planta é, os benefícios que ela traz ao meio ambiente e para nós e também os malefícios algumas apresentam.” (Comentário do aluno 46)

“Porque é algo do nosso mundo convivemos com as plantas é preciso conhece-las e saber como funciona cada espécie para que venhamos cuidar mais”. (Comentário do aluno 53)

“O estudo das plantas nos faz refletir a importância que tem a natureza (Comentário do aluno 55).

 Diante das justificativas dos alunos, é notada a importância da associação da vivência como um a forma de associar a realidade aos temas estudados. Isto pode fazer com que estes alunos gostem do trabalho em sala de aula, independentemente do conteúdo abordado. Além disso, é demonstrada a preocupação com o bem-estar social e ambiental.

No trabalho realizado por Batista e Araújo (2015), também com alunos do Ensino Médio, 68% deles afirmaram gostar dos conteúdos de botânica,corroborando os dados apresentados no presente artigo. Partindo da análise desses resultados, parece que os entraves no ensino-aprendizagem de botânica reportados nos estudosnão sãoconsequentes do desinteresse por esta área, mas possivelmente, como já mencionado, dos conteúdos desassociados da realidade ou pela falta de contextualização com a vivência dos estudantes. Contudo, apesar da expressão numérica das pesquisas, vale ressaltar que os dados apenas indicam uma tendência, pois muitos participantes ao preencherem os questionários não apresentam interesse em contribuir com a pesquisa epodem interferir na interpretação da realidade.

Os estudantes que justificaram o não gostar da botânica referiram-se ao fato de ser um assunto chato e de não conseguirem entender, inclusive biologia, no geral:

“Esse assunto é muito chato não dá pra entender nada” (Comentário do aluno12)

“Porque eu entendo nada sobre plantas e nem de biologia” (Comentário do aluno 39).

            Isso pode estar associado à prática de ensino adotada pelos professores, mais especificamente à falta de contextualização ou de estímulo à associação com situações do cotidiano nas suas aulas. Outro fator que pode ser determinante é a consideração dos conhecimentos prévios dos estudantes como ponto de partida para o desenvolvimento das aulas. Se isto não acontece, há uma probabilidade maior de limitar a participação dos estudantes e consequentemente deixar de estimular o diálogo durante as aulas.

No que diz respeito aos tipos de aulas ministradas pelos professores para abordar os conteúdos de botânica, dos 57 alunos entrevistados, 53 responderam que apenas aulas teóricas são utilizadas enquanto 04 deles mencionaram aula prática (Figura 5).

Figura 5.Respostas dos alunos sobre à modalidade de ensino empregada pelos professores para ministrar os conteúdos de Botânica.

Mesmo com o crescente número de publicações de estudos sobre o ensino-aprendizagem, as evidentes causas de dificuldades e as propostas para melhoria, ainda permanece o uso de aulas teóricasfrequentemente voltadas para a definição de conceitos específicos que não contribui para formação de cidadão críticos e ativos na resolução de problemas do seu entorno.Na tentativa de mudar este cenário, uso de espaços diferenciados pode melhorar o processo de ensino de aprendizagem no ensino básico (BATISTA E ARAÚJO, 2015).

Apesar de a educação escolar brasileira apresentar significativos avanços, ela é tambémacompanhada de vários entraves como a infraestrutura precária de muitas escolas. Mas esta constatação muito presente nas publicações não deve ser justificativa para o professor limitar as suas ações como mediador do conhecimento.Nesse contexto, Silva et al. (2015) revelam que:

 Nas escolas públicas, principalmente, são notórias as dificuldades na realização de atividades práticas de qualidade. Apesar das condições precárias apresentadas pela maioria das escolas com relação a falta de materiais didáticos e espaço para atividades de laboratório, é possível contornar esses problemas ou parte desses, fazendo adaptação de ambientes para aula prática e utilizando materiais de baixo custo. Essas ações proporcionam aprendizado mais eficiente e motivador do que as tradicionais aulas meramente expositivas.

O trabalho em campo também pode ser essencial na aprendizagem do tema, como consideramSchwanteset al. (2013) quando enfatizam a importância dessa modalidade no ensino da Botânica por permitir o contato direto do educando com o fato, fenômeno ou conceito a ser assimilado ou modificado na estrutura de conhecimentos já existente no mesmo.

Considerações Finais

Os estudantes do Ensino Médio, participantes da pesquisa, demonstraram estar cientes das dificuldades encontradas por eles e as possíveis dificuldades encontradas pelos seus professores de Biologia quando a Botânica é trabalhada, apesar de as dificuldades não serem exclusividade desta área do conhecimento.

É presumível que nem toda pesquisa realizada traga uma resposta para a problemática trabalhada, o que eventualmente não colabora muito para a resolução dos problemas identificados. Contudo é importante considerar que as pesquisas realizadas nas escolas brasileiras, a partir dosresultados, podem subsidiar a buscar porestratégias didáticas sugeridas que proponham integração dos alunos e contextualizaçãodos conteúdos ministrados.

      Diante dos resultados conclui-se que as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos em compreender Botânica éreflexo de um ensino marcado prioritariamentepor aulas teóricas e pela exploração subvalorizada e descontextualizada da realidade.

          Por fim, cabe ressaltar que os problemas do ensino-aprendizagem no contexto escolar,mais especificamente os levantados neste artigo, sobre o ensino da Botânica, permanecem em evidência pela continuidade da prática docente tradicional. É preciso, portanto, enfatizar a necessidade de mudanças na formação inicial e continuada dos professores, como também na melhoria de infraestrutura dos espaços escolares, dentre outras particularidades. Quanto aos aspectos das modalidades didáticas possivelmente adotadas pelos professores, sugere-se que, independentemente do tipo de aula usada, o professor seja comprometido em contextualizar, partindo das situações cotidianas que necessariamente exigem atitudes fundamentadas na EA na sustentabilidade.

 

Referências

ARAÚJO, R. R. Concepções, práticas e formação inicial de professores interdisciplinares em ciências da natureza por meio do discurso do sujeito coletivo. Ciências e Ideias, v. 7, n. 2, p. 84-104, 2016.

ARRAIS, M. G. M.; SOUSA, G. M.; MARSUA, M. L. A. O ensino de botânica: Investigando dificuldades na prática docente. Revista da SBEnBio, n.7, p. 5409-5418, 2014.

BATISTA, L.N; ARAÚJO, J.N. A Botânica sob o olhar dos alunos do ensino médio. Revista Areté| Revista Amazônica de Ensino de Ciências, v. 8, n. 15, p.109- 120, 2015.

COSWOSK, É.D.; GIUSTA, A.S. Práticas investigativas no ensino de microbiologia: uma proposta metodológica para iniciação à pesquisa.Investigações em Ensino de Ciências, v. 20, n. 2, p. 12, 2015.

GONÇALVES, H. F.; MORAES, M. G. Atlas De Anatomia Vegetal Como Recurso Didático Para Dinamizar O Ensino De Botânica. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 7, n. 13, p. 1608- 1619, 2011.

LAKATOS, E.M; MARCONI, M.A. Fundamentos da metodologia científica. In: Fundamentos da metodologia científica. Altas, 2010.

MONTEIRO, J. A.V. Programa de Educação Ambiental para conservação da flora Brasileira – A experiência do Jardim Botânico Plantarum entre 2011 e 2014. Educação Ambiental em Ação. n.54, 2015.

MELO, E. A; ABREU, F.F; ANDRADE, A. B; ARAÚJO, M. I. O. A aprendizagem de botânica no ensino fundamental: Dificuldades e desafios. Scientia Plena, v. 8, n. 10, p. 8, 2012.

RIVAS, M.I. E. Botânica no ensino médio:" bicho de sete cabeças" para professores e alunos? 2012. (Monografia)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, p. 44, 2012. Disponível em:http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/72335. Acesso em: 19.08.2016.

ROMANO, C.A; PONTES, U.M.F. A Construção do conhecimento cientifico a partir da intervenção: Uma prática no ensino de Botânica. EBR – Educação Básica Revista,v. 2, n. 1,p.128- 132, 2016.

SILVA, P.G.P. O ensino da botânica no nível fundamental: um enfoque nos procedimentos metodológicos. 2008. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências, Bauru, p. 148, 2008. Disponível em: http://www2.fc.unesp.br/BibliotecaVirtual/ArquivosPDF/TES_DOUT/TES_DOUT20080328_SILVA%20PATRICIA%20GOMES%20PINHEIRO%20DA.pdf Acesso em: 20.09.16

SILVA, J. N; GHILARDI-LOPES, N.P. Botânica no Ensino Fundamental: diagnósticos de dificuldades no ensino e da percepção e representação da biodiversidade vegetal por estudantes. REEC: Revista electrónica de Enseñanza de lasCiencias, v. 13, n. 2, p. 115-136, 2014.

 

SILVA, A. P.M; SILVA, M. F. S; ROCHA, F. M. R; ANDRADE, I. M. Aulas práticas como estratégia para o conhecimento em botânica no ensino fundamental. HOLOS, v. 8, Ano. 31, p. 68-79, 2015.

SILVA, E.; NÓBREGA, M.A; OLIVEIRA, H.M.; SILVA P, M. A Educação Ambiental e Etnobotânica: O resgate da valorização da natureza pelo uso de plantas medicinais. Educação Ambiental em Ação. n.50, Ano. XIII, 2014.

 

SCHWANTES, J.; PUTZKE, M.T. L, PUTZKE J, DAL-FARRA, R A. O trabalho em campo no ensino de botânica: o processo de ensino e aprendizagem e a educação ambiental. Educação Ambiental em Ação.  n. 43, ano. XI, 2013.

TOWATA, N; URSI, S; SANTOS, D.Y.A.C. Análise da percepção dos licenciandos sobre o “ensino de botânica na educação básica”. Revista da SBEnBio, v. 3, p. 1603-1612, 2010.

Ilustrações: Silvana Santos