Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
27/11/2016 (Nº 58) COLETA SELETIVA COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA MARIA MENINA EM ALAGOA GRANDE - PB
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A COLETA SELETIVA COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA MARIA MENINA EM ALAGOA GRANDE - PB

¹Maria do Carmo Marques dos Santos

¹Graduada em licenciatura em pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Pós-graduada em educação infantil e ensino fundamental pelaFaculdade de Ciências de Wenceslau Braz - FACIBRA, (carmomarques2009@hotmail.com).

²Alex Gabriel Marques dos Santos

² Graduado em Pedagogia pela Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz – FACIBRA. Pós-graduado em Educação ambiental pela Faculdade Integradas de Patos – FIP, (alexgabrielmarques@gmail.com).

 

RESUMO

Esta pesquisa insere-se nos estudos de educação ambiental e tem por objetivo desenvolver práticas ambientalmente corretas por meio da coleta seletiva de resíduos sólidos. Para esta pesquisa optou-se por utilizar a pesquisa qualitativa como metodologia para investigar as questões que norteiam este estudo. O cenário escolhido para o desenvolvimento do estudo foi uma comunidade da zona rural do município de Alagoa Grande – PB. A pesquisa envolveu 30 alunos da Escola Maria Menina, situada nesta comunidade, onde foram desenvolvidas algumas ações de educação ambiental com estes alunos,que participaram de atividades teóricas e práticas de coleta de resíduos sólidos recicláveis com a finalidade de sensibiliza-los a cuidarem melhor do meio ambiente onde estão situados. Os resultados mais relevantes apontaram que a escola é um espaço ideal para dar início as ações que sensibilizem os alunos e moradores locais da comunidade. Por fim, conclui-se que no ambiente rural as ações de educação ambiental devem ser mais intensificadas afim de evitar que este ambiente não se torne poluído pelos resíduos sólidos domésticos descartados pelos moradores. Assim, fica evidente a importância de se criar meios para intervir com ações voltadas para orientação adequada das populações que residem nessas localidades, pois estas carecem de apoio quanto ao tratamento dado aos resíduos sólidos sendo a escola o espaço ideal para contribuircom ações de educação ambiental. 

Palavras chave – Ensino, coleta seletiva e educação ambiental.

ABSTRACT

This research is part of the studies of environmental education and aims to develop some environmentally friendly practices through the selective collection of solid waste. For this study we chose to use qualitative research as a methodology to investigate the issues that guide this study. The scenario chosen for the development of the study was a rural community in the city of Alagoa Grande - PB. The research involved 30 students of School Mary Girl, located in this community, which were developed some environmental education to these students who participated in theoretical activities and collection of recyclable solid waste practices in order to sensitize them to take better care of the environment environment where they are located. The most relevant results indicate that the school is an ideal place to start actions to sensitize the students and local community residents. Finally, it is concluded that in the rural environment of the environmental education should be intensified in order to prevent this environment does not become polluted by domestic waste discarded by residents. Thus, it is evident the importance of creating means to intervene with actions for proper orientation of the people living in these locations because they lack support on the treatment of waste the school is the ideal place to contribute to environmental education.

Keyworlds– Education, selective waste collection and environmental education.


1.    INTRODUÇÃO

Diversos estudos têm demonstrado a importância da educação ambiental na aprendizagem dos alunos (BORGES; OLIVEIRA, 2011); (SILVA, et al, 2004); (FONSECA, 2013). Entretanto, eles ainda são escassos e não devem se prender apenas ao conceito de reciclagem. Para isso, é preciso utilizar o máximo possível de recursos para cultivar nos alunos o sentimento e desejo de contribuir com atitudes e ações ambientalmente corretas. Dentro da sala de aula, é um pouco mais complexo desenvolve-las, mas não é impossível. Sendo assim, uma das

Hoje um dos maiores problemas do meio ambiente é a produção do lixo, e anualmente são produzidos milhões de toneladas de lixo, contendo vários materiais recicláveis como vidros, papéis, latas, dentre outros. Para Fadini et al (2001), o modo como é descartado o lixo é uma questão de proporções socioambientais e como grande parte da população carece de orientações apropriadas para a dispersão do lixo que produz faz-se necessário que se desenvolva ações que diminuam este problema.

Na verdade, com a melhoria na qualidade de vida as comunidades rurais estão cada vez mais consumindo e ao mesmo tempo dispersando resíduos na natureza. Um dos problemas ocasionados pelo consumismo no espaço rural é a poluição gerada pela dispersão dos resíduos sólidos provenientes das residências que acabam se acumulando e prejudicando tanto a natureza quanto as famílias que residem neste local. 

         A grande preocupação é que no espaço rural não há coleta regular do lixo sendo os moradores deste espaço responsáveis pela dispersão dos resíduos gerados em suas casas. Sobre tais aspectos é preciso que se coloque em práticas ações que tentem minimizar os impactos gerados pela comunidade.Torna-se então necessária a sensibilização sobre os problemas causados com o lixo produzidos nas comunidades rurais, além de se buscar alternativas para recuperar o que já foi prejudicado, para que estas áreas não sofram os problemas que existem na zona urbana com a degradação ambiental (LIMA et al, 2005).

Enquanto educadores sente-se a necessidade de investigar como está sendo feito o descarte do lixo no espaço rural e o que a escola tem feito para sensibilizar a comunidade sobre os problemas gerados pelo lixo. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo geral investigar se no espaço rural de Alagoa Grande-PB o lixo está sendo descartado de maneira correta. Como objetivos específicos o estudo pretende demonstrar a importância que as ações de educação ambiental têm para a sociedade, sensibilizar os alunos quanto a necessidade de manejo adequado dos resíduos sólidos e contribuir para uma educação mais comprometida com o meio ambiente.

2.      REVISÃO DE LITERATURA

2.1  A educação Ambiental no contexto educacional

A educação ambiental “É um ramo da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar na preservação e utilização sustentável dos seus recursos. É uma metodologia de análise que surge a partir do crescente interesse do homem em assuntos como o ambiente devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas” (PINHEIRO et al, acesso em 24/06/2014).

A preocupação com a natureza vem construindo novas formas de pensar e agir, além disso, o estudo da educação ambiental para modelar esta nova abordagem do pensamento vem se mostrando de grande importância para a humanidade, seus benefícios são notáveis aos olhos de nossa geração. Com tudo, há uma enorme dificuldade em desenvolver esta forma de pensar e agir do ser humano.

A educação ambiental tem por objetivo sensibilizar as pessoas sobre os problemas presentes no ambiente, buscando transformá-las em indivíduos críticos que participem das decisões sobre seus futuros, exercendo desse modo o direito à cidadania, instrumento indispensável no processo de sustentabilidade socioambiental (SANTOS, 2011, p. 32).

Temos vivenciado uma época de consumismo sem precedentes que aparentemente surgiu como um período em que todos têm acesso aos benefícios gerados pelo avanço na economia e na tecnologia, mas como tudo tem um preço herdaremos as consequências desse “avanço” em nossa geração por diante.

Diante da necessidade de formação de cidadãos conscientes sobre a conservação do ambiente, é necessária a implementação de projetos de Educação Ambiental, com uma visão crítica e inovadora diferenciada do pensamento ideológico alienante que tem dominado a Educação Ambiental tradicional (GUIMARÃES, 2007 Apud SANTOS e PARDO, 2011, p. 25). Contudo, cabe aos sistemas educacionais a valorização da Educação Ambiental como um componente teórico-prático que deve ser amplamente disseminado dentro do contexto educacional de forma coletiva.

Mas o que vem acontecendo é que “apesar de ultimamente presenciarmos a publicação de uma série de obras relevantes acerca de Educação Ambiental no Brasil, ainda há certa carência metodológica entre seus praticantes e nos projetos que se desenvolvem” (RODRIGUES, COLESANTI, 2008, p. 53). É preciso apresentar meios que capacitem os educadores a trabalharem a forma correta desta temática, pois para obter êxito com o desafio de se trabalhar com a EA é preciso conhecer a fundo seus aspectos práticos, teóricos e metodológicos.

Segundo Borges e Oliveira (2011), “embora a Educação Ambiental sozinha não seja suficiente para resolver os problemas ambientais, é peça fundamental, pois contribui para a conscientização do cidadão quanto ao seu papel na preservação do meio ambiente”. Por isso, a EA é tão importante na escola, pois para que haja a possibilidade de mudança no comportamento de nossa geração a escola deverá ter participação vital como orientadora de uma educação crítica e comprometida com a natureza.

Percebe-se então a complexidade de se desenvolver a educação ambiental de forma eficaz para que possa mudar o nosso padrão de consumo no que se refere aos recursos oferecidos pela natureza, pois eles são esgotáveis. Isto é, “o papel da escola é construir valores e estratégias que possibilitem aos estudantes determinarem o que é melhor conservar em sua herança cultural, natural e econômica para se alcançar um nível de sustentabilidade na comunidade local que contribui, ao mesmo tempo, com os objetivos em escala nacional e global” (TRISTÃO, 2008, p. 66).

2.2  A coleta correta para o lixo rural: fator determinante de saúde e educação para a sociedade.

Estamos vivendo momentos cruciais, os noticiários denunciam a possível falta de água potável, crise energética, desmatamento desordenado, poluição do ar, dos rios, além de doenças degenerativas, causadas pela falta do conhecimento de causa. Conscientes, visto que segundo pesquisas, estima-se que cerca da metade das florestas do planeta já foram devastadas e que nos últimos trinta anos, o lixo do mundo multiplicou-se por três (SILVA et al, 2004, p.01).

É no espaço urbano que se gera a maior parte dos resíduos que causam impacto a natureza. Contudo, houve um crescimento preocupante dos impactos causados pelo lixo gerado nas áreas rurais. Isto vem acontecendo devido ao aumento na melhoria da qualidade de vida dos moradores dessas comunidades que estão consumindo cada vez mais produtos industrializados.

Afirma Soares et al (2013), há tempos atrás os tipos de lixos encontrados nesses ambientes eram facilmente destruídos ou decompostos na natureza, nos dias atuais o lixo produzido nas residências da zona rural é bastante diversificado onde podemos encontrar de tudo: vidros, latas, plásticos, alumínios, papelão etc., tornando-se uma ameaça a natureza por ocasionar sérios problemas de poluição dos solos e das águas, devido à inexistência de políticas públicas direcionadas a gestão de resíduos sólidos nas comunidades rurais desses municípios.

Como não há coleta de resíduos sólidos no espaço rural os moradores dessas áreas são responsáveis pelo destino dado ao lixo que produzem. Geralmente o lixo quando não é descartado de maneira imprópria em alguma área próxima à comunidade, ele é queimado pelos residentes em seus próprios quintais. É uma prática bastante comum nas comunidades em geral devido ao fato de que a queima incinera o lixo evitando que ele se acumule nos arredores da comunidade.

“O processo de queima do lixo não é um tratamento adequado, já que essa prática pode provocar incêndios, emissão de gases poluentes e perda das propriedades nutricionais do solo, podendo acarretar uma cascata de malefícios ao meio ambiente em questão” (SOARES et al, 2013).Conforme o autor essa prática, apesar de parecer mais viável para esses moradores, é perigosa tanto para a saúde quanto para o meio ambiente, já que o risco de haver incêndios e contaminação pode ser alto.

Toda via faz-se necessários criar políticas públicas voltadas especialmente para essas comunidades a fim de orientá-las e mostrando a responsabilidade que elas têm com a dispersão dos resíduos gerados em suas residências.

Segundo Barbosa (2005), o meio rural não é mais um espaço onde são desenvolvidas atividades exclusivamente agrícolas. Esse meio tem passado por intensas mudanças, que induzem a pluralidade, fazendo com que o espaço seja tido como uma continuação da zona urbana.Nos últimos anos a vida no meio rural tem se modificado quase que por complemente, antes havia mais harmonia entre seres humanos e a natureza, mas com o avanço tecnológico essa harmonia acabou perdendo espaço para os benefícios que a modernidade pode trazer ao homem, e com ele seus males que tem como principal prejudicado o meio ambiente.

Segundo Cabana et al (2010), no espaço rural, determinados hábitos e práticas culturais estão em constante transição, como por exemplo, o consumo de produtos industrializados, que hoje se apresenta muito mais significativo do que há algumas décadas.O lado positivo das transformações ocorridas no espaço rural foi que a vida passou a ser melhor. Isto é, antes os moradores dessa comunidade não tinham acesso à televisão, som, celular, geladeira, computador e veículos, e hoje já é possível identificar a maioria desses aparelhos em algumas dessas comunidades.

Entretanto essas pessoas ainda não estão preparadas para lidar com o lixo que estão produzindo, muitos se quer sabem que à medida que consomem mais produtos industrializados eles estão poluindo cada vez mais e a um nível bastante preocupante.Os vários impactos ambientais decorrentes das diferentes formas de disposição de resíduos sólidos oferecem também riscos importantes à saúde humana. Sua disposição no solo, em lixões ou aterros, por exemplo, constitui uma importante fonte de exposição humana a várias substâncias tóxicas (Gouveia, 2012).

3.    MATÉRIAIS E MÉTODOS

A metodologia empregada neste estudo foi a pesquisa qualitativa. Conforme Chiapetti (2010), uma característica importante das pesquisas qualitativas é que são exploratórias, ou seja, incentivam os sujeitos a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Esse tipo de abordagem é importante em pesquisas que envolvam instituições educacionais e a comunidade em questão, pois elas permitem investigar os fenômenos sociais, culturais e a sua relação com o meio ambiente.

Este estudo foirealizado apartir de um projetodesenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Menina, localizada no assentamento Alagoa Nova,  no Município de Alagoa Grande – PB, que se localiza “na mesorregião do Agreste mais especificamente na microrregião do Brejo paraibano” (MOREIRA, 2011).De acordo com dados do IBGE (2015), este município possui uma população estimada de 28.646 habitantes.

 Participaram da referida pesquisa cerca de30 alunos, selecionados por conveniência com faixa etária entre 8 e 13 anos de idade matriculadas no ensino fundamental da referida escola, em comum acordo com a escola, com os pais ou responsáveis pelas mesmas.Inicialmente, foram realizadas atividades teóricas sobre a importância da coleta seletiva como ferramenta para a disseminação da educação ambiental.

Essas atividades tiveram como objetivo sensibilizar os alunos quanto a importância e necessidade de contribuir para a preservação do meio ambiente. Em seguida, os alunos foram convidados a desenvolverem atividades práticas relacionadas com as aulas teóricas de educação ambiental com ênfase para a coleta seletiva de resíduos sólidos. Para isso, eles foram agrupados em quatro grupos distintos responsáveis por coletar um tipo especifico de resíduo:O grupo azul seria responsável pela coleta dos resíduos de papel e papelão, o grupo vermelho dos resíduos de plástico, o grupo verde dos resíduos de vidro e o grupo amarelo dos resíduos de metais. Os resíduos coletados foram destinados para locais adequados de descarte e reaproveitamento.

A coleta de dados foi realizada a partir da observação e relatório da participação bem como do interesse dos alunos com as atividades desenvolvidas e os efeitos delas na formação do pensamento socioambiental. 

 

4.    RESULTADOS E DISCUSSÕES

Participaram deste estudo cerca de 30 alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental sendo 76,7% do gênero feminino e 23,3% do gênero masculino com idade média de 8,6 anos. Nas atividades os alunos tiveram a oportunidade de aprender formas de cuidar e separar corretamente os resíduos de suas casas por meio de atividades apoiadas na nas metodologias de coleta e separação corretas dos resíduos sólidos, que também consiste na prática de aprender a reduzir o consumo, reutilizar materiais e reciclar objetos e materiais, pois os resíduos sólidos coletados nessas atividades podem ser reaproveitados, reciclados ou transformados em outros materiais que antes seriam destinados ao lixo e assim reduzindo o consumo e desperdício de recursos naturais (Figura 1).

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Figura 1 Professora orientando os alunos.

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


        

Com a orientação do professor os alunos aprenderam a identificar os tipos de resíduos recicláveis e como separar esses resíduos de acordo com a sua natureza. Além disso, todos os alunos participantes receberam equipamentos de proteção individual como luvas, máscaras e aventais (figura 2).

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Figura 2 Alunos se preparando para as atividades

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Os alunos também foram orientados a usarem esses equipamentos para protegê-los e evitar riscos de acidente no decorrer das atividades desenvolvidas. Mesmo em atividades simples de coleta e separação dos resíduos recicláveis é preciso que se tenha alguns cuidados de higiene, proteção e segurança, principalmente por se tratar de crianças.

         Em um outro momento os alunos foram convidados a praticarem ações de educação ambiental.Essas ações foram desenvolvidas na comunidade onde eles residem onde foram coletados resíduos sólidos descartadospelos próprios moradores no meio ambiente de maneira inadequada.

Para desenvolver as ações de forma dinâmica e prática os alunos foram divididos em grupos sendo que cada grupo recebeu um colete de identificação das cores que representam os materiais que foram voluntariamente designados para fazer a coleta.

         O grupo azul ficou responsável por coletar os resíduos recicláveis de papel e papelão. Para as atividades todos os alunos participantes foram orientados quanto a forma correta para coletar estes tipos de resíduos a fim de evitar riscos a sua saúde, eles também foram orientados a pedir ajuda ao professor sempre que tivessem alguma dúvida.

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Figura 3 Alunos preparados para sair a campo.

 
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Figura 4 Alunos do grupo azul coletando resíduos.

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Como demonstra a figura 3 e 4, para cada tipo de resíduo solido havia um recipiente identificado pela cor que o representa, que no caso do grupo azul foram os resíduos de papel e papelão. Os resíduos coletados pelos alunos eram em sua maioria de caixas de papelão descartadas em meio a vegetação nas proximidades da comunidade.

Os resíduos que foram coletados ao final das atividades foram inseridos em sacos plásticos e os podiam ser reciclados, após a higienização, foram transformados em material didático e os que não eram aproveitáveis foram acumulados nos recipientes para a posterior destinação adequada desses materiais até o aterro sanitário do município. Ainda, foi possível observar que houve bastante entusiasmo e cooperação entre os alunos que participaram percebeu-se que a todo momento eles demonstravam interesse mutuo e responsabilidade ao fazer os trabalhos de coleta dos resíduos de papel.

         O grupo vermelho ficou responsável pela coleta dos resíduos de plásticos. Este tipo de resíduo é um dos mais abundantes por causa da sua vantagem econômica a maioria das embalagens de produtos alimentícios, entre outros, é feita com este tipo de material o que tem aumentado drasticamente os níveis de poluição na comunidade já que com a melhoria da renda dos moradores eles estão passando a consumir cada vez mais produtos industrializados. Na figura 5 é possível observar os alunos do grupo vermelho saindo para coletar os resíduos de plástico de forma organizada.

Figura 5Grupo vermelho saindo para fazer a coleta.

 
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Figura 6Professora ajudando na coleta.

 
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Os alunos do grupo vermelho mostraram-se bem motivados e interessados em participar das atividades.Constatou-se também que o plástico foi encontrado em maior quantidade em relação aos demais resíduos coletados (figura 6).

Nesse momento foi explanado para os alunos que essa maior quantidade de resíduos de plásticos é consequência do alto consumo de produtos industrializados. Além disso, por ser mais resistente esses resíduos demoram para serem decompostos no meio ambiente.Conforme Oliveira (2012, p. 05) como bens duradouros, os plásticos tendem a permanecer por muito tempo onde forem depositados. Ainda de acordo com a autora supracitadapor seu alto poder calorífico, versatilidade e resistência, os plásticos devem ser tratados como matéria-prima pós-consumo e não como lixo.

         Todos os resíduos de plásticos encontrados, em geral garrafas pets, foram acumulados nos recipientes e posteriormente foram doados a alguns catadores de resíduos que sobrevivem dessa atividade no município. Nesse contexto, Eigenheer (2008) ressalta que essas atividades de coleta seletiva são fundamentais e contribuem para sensibilizar o cidadão a adotar tais atitudes mostrando-lhes a importância do acondicionamento adequado dos resíduos domésticos e o hábito de não descartar esses resíduos no meio ambiente.

O terceiro grupo a participar com as ações propostas de educação ambiental foi o grupo verde que ficou responsável pela coleta dos resíduos de vidro. Para a coleta desses resíduos optou-se por escolher os alunos das turmas maiores.Devido à natureza desses materiais é necessário que se tenha um pouco de cuidado para que não ocorram acidentes em seu manuseio. Felizmente os alunos demonstraram ter prestado bastante atenção nas aulas teóricas e orientações dos professores e como já era esperado tudo ocorreu de forma tranquila.

Figura 7Grupo verde se preparando para a coleta.

 
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Figura 8Grupo verde coletando resíduos de vidro.

 
        

 

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Nesse momento os alunos foram a campo com um professor que orientou e supervisionou a coleta desses resíduos. Ainda se observou que a cooperação mutua entre os alunos foi bastante notável e produtiva, percebeu-se também que os conteúdos disseminados em sala de aula foram muito bem desenvolvidos na prática com a coleta dos resíduos de vidro (figura 7 e 9).

Os resíduos de vidros foram separados e armazenados nos recipientes e ao final das atividades eles foram destinados para o aterro sanitário do município, pois por ser de difícil transporte estes resíduos não são aproveitados pelos catadores locais. Dentre os resíduos foram coletadas garrafas de bebidas e produtos industrializados que estevam jogadas a céu aberto em meio a vegetação. Esse tipo de resíduo pode ser perigoso, pois pode causar acidentes e incêndios.

Os resíduos de vidro demoram mais de 1000 anos para se decompor e podem provocar acidentes tanto nas pessoas quanto ao meio ambiente. Além de serem cortantes estes resíduos podem provocar incêndios florestais, pois quando os raios solares passam por lentes de vidros aumentam o calor. De acordo om Nascentes (2011) esses raios, quando se refletem em elementos, como folhas secas, podem iniciar possíveis focos de queimadas.

         O quarto grupo foi o amarelo que foi designado para fazer a coleta dos resíduos de metais sendo esses resíduos em sua maioria latinhas de alumínios (figura 9). Os resíduos de metais como alumínio são altamente recicláveis e bastante usados em embalagens de refrigerante entre outros.  Conforme Fonseca (2013) os metais são materiais de elevada durabilidade, resistência mecânica e facilidade de conformação, sendo muito utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens em geral.

Entre os materiais encontrados pelos alunos do grupo amarelo observou-se a predominância de latinhas de embalagens de refrigerante feitas com material de alumínio (figura 10). Metais como este se descartados na natureza podem levar anos para serem decompostos e seus resíduos podem contaminar o meio ambiente.

Figura 9Grupo amarelo coletando metais.

 

Figura 10Equipe amarela finalizando a coleta.

 
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         A seguir é possível observar nas imagens como estava o local onde foram desenvolvidas as ações que era bastante poluído por resíduos de lixo doméstico (figura 11 e 12). Como mostram as imagens os resíduos domésticos foram descartados de maneira incorreta no meio ambiente local prejudicando o solo, plantas, água, os animais e os próprios moradores que residem próximo a essas áreas.

 

 

Figura 11Resíduos expostos no meio ambiente

 
Título: Figura 01
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Figura 12Resíduos expostos no meio ambiente

 

 

 

 

 

 


           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         Os autores Abdala, Rodrigues e Andrade (2008) comentam que“o lixo e o tratamento dado a ele têm que deixar de ser um problema oculto aos olhos da população e requer providências urgentes por se tratar de qualidade de vida das pessoas e do planeta”. As atividades desenvolvidas nesse projeto serviram de ponto de partida para o desenvolvimento da educação ambiental continua nessa comunidade.

Os resultados alcançados com as ações desenvolvidas com os alunos da Escola Maria Menina foram bastante satisfatórios, pois houve empenho, dedicação e compromisso dos alunos que demonstraram a todo momento estarem comprometidos com a preservação do ambiente em que vivem. 

 

Figura 13Local após as ações de EA.

 

Figura 14Ambiente limpo sem resíduos de lixo.

 

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Nas figuras 13 e 14 é possível observar que houve efeitos positivos das ações desenvolvidas no local. Ao analisar a dimensão dos benefícios que essas ações trouxeram para o meio ambiente e moradores da comunidade percebeu-se que ações simples de educação ambiental fazem a diferença na luta pela preservação da natureza. Nas palavras de Medeiros et a (2011),a educação ambiental nas escolas contribui para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade”.

5.      CONCLUSÕES

O lixo por muito tempo foi considerado um problema característico do meio urbano mais com a industrialização e o avanço tecnológico associado a melhorias das condições financeiras as populações que residem em comunidades rurais vem ao longo do tempo, cada vez mais, consumindo produtos industrializados e isso tem gerado um problema, que antes era tido como exclusivamente do meio urbano, que é a poluição gerada pelo descarte incorreto do lixo nessas comunidades.

No espaço rural não existe coleta regular de resíduos sendo os moradores locais responsáveis pelo destino dado ao lixo. A falta de orientação quanto a forma correta para tratar dos resíduos associada as dificuldades de locomoção até locais adequados para efetuar o descarte tem contribuído drasticamente para aumento da poluição provocada por esses resíduos. Para reduzir os efeitos negativos causados ao meio ambiente local das comunidades rurais é preciso desenvolver ações de educação ambiental que sensibilizem a população destas localidades para que cuidem melhor do meio ambiente onde vivem.

Uma alternativa viável para se desenvolver ações de educação ambiental que visem sensibilizar as pessoas a não descartarem os resíduos de lixo diretamente na natureza é inserir a escola como colaboradora nas iniciativas de ações que visem preservar este espaço onde encontra-se inserida.

Por fim, conclui-se que no ambiente rural as ações de educação ambiental devem ser mais intensificadas afim de evitar que este ambiente não se torne poluído pelos rejeitos domésticos dos moradores locais como tem acontecido em algumas localidades urbanas. Assim, é necessário criar meios para intervir com ações voltadas para orientação adequada das populações que residem nessas localidades, pois estas carecem de apoio quanto ao tratamento dado aos resíduos sólidos sendo a escola um espaço adequado para dar início as ações de educação ambiental nessas comunidades. 

6.      REFERÊNCIAS

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Ilustrações: Silvana Santos