Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/11/2016 (Nº 58) AVALIAÇÃO DO CORPO DOCENTE SOBRE O USO DA ENERGIA ELÉTRICA NO INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ – CAMPUS TERESINA CENTRAL
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AVALIAÇÃO DO CORPO DOCENTE SOBRE O USO DA ENERGIA ELÉTRICA NO INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ – CAMPUS TERESINA CENTRAL

 

Jefferson Lucas Matias Sousa-Mestrando de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente da Universidade Federal do Piauí, e-mail:lucas.bio2014@live.com

Sádia Gonçalves de Castro-Doutora em Educação pela universidade Federal do Ceará.

Darlane Freitas Morais da Silva-Mestranda de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente da Universidade Federal do Piauí.

Ana Paula Soares e Silva-mestranda de Pós-graduação em Genética e Melhoramento da Universidade Federal do Piauí.

 

RESUMO

No Brasil, a matriz energética é composta principalmente por hidrelétricas, devido a esse fato, baixos índices pluviométricos prejudicam muito a produção de energia. Desse modo, sabemos que a dependência de chuvas e a falta de investimento na matriz energética são problemas, mas os altos índices de consumo devem ser considerados, sendo assim, a educação ambiental é peça indispensável no combate ao desperdício e por isso é relevante investigar o posicionamento de educadores em relação ao consumo de energia visto que os sujeitos dessa pesquisa, ainda que não atuem na educação básica, são responsáveis pela formação de docentes que atuarão neste setor. Neste intuito, buscou-se investigar os professores de licenciatura acerca de sua postura em relação ao consumo de energia. Para isso, foram utilizados questionários estruturados, onde foi revelado que os docentes em sua maioria economizam energia elétrica bem como acreditam que atitudes conscientes sejam um dos meios de se evitar uma crise de fornecimento.

PALARAS-CHAVE: Crise energética; consumo de energia; desenvolvimento sustentável; professores.

 

ABSTRACT

In Brazil, the energy matrix is ​​composed mainly by hydroelectric plants, due to this fact, very low rainfall impair energy production. Thus, we know that dependence on rainfall and the lack of investment in the energy matrix are problems, but the high levels of consumption should be considered, therefore, environmental education is an indispensable part in the fight against waste and so it is relevant to investigate the positioning educators in relation to energy consumption as the subjects of this research, although not operate in basic education, they are responsible for the training of teachers who will work in this sector. To this end, we sought to investigate the degree of teachers about their attitude towards energy consumption. For this structured questionnaires were used, where it was revealed that teachers mostly save electricity and believe that conscious attitudes are one of the ways to avoid a supply crisis.

PALARAS-KEY: The energy crisis; energy consumption; sustainable development; teachers.

 

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, o aumento na demanda de eletricidade somado à falta de investimento no setor elétrico durante uma década culminou em uma crise de fornecimento no ano de 2001, vulgarmente chamada de “apagão”. Este episódio ocorreu devido a matriz energética da época ser 80% constituída por hidrelétricas, que sofreram com um baixo valor pluviométrico, prejudicando sua capacidade de geração (SILVA, 2006). Os prejuízos foram enormes e depois do apagão, a preocupação com o fornecimento de energia elétrica passou a ser maior, sendo assim o Governo começou a investir em novas fontes de energia, como as usinas termoelétricas, para que funcionem como válvula de escape em futuras crises provocadas por longas estiagens. O problema é que estas possuem um custo de produção maior, elevando o preço da conta de luz para o cidadão brasileiro, além de poluírem o ar com a emissão do dióxido de carbono.

Para amenizar a situação, poderiam serconstruídas mais usinas hidrelétricas, porém, os custos tanto de origem econômica quanto ambiental são altos, além dos resultados serem alcançados em longo prazo. Uma alternativa com baixo custo e de resultado rápido seria a conscientização da população, que serviria de alternativa natural como solução de parte do problema de fornecimento (SILVA, 2006), vale lembrar que foram as residências brasileiras que mais contribuíram para a superação da crise de 2001, ao diminuírem seu consumo (BERDELINE, 2004).

Outras campanhas já foram propagadas nos meios de comunicação com o objetivo de mobilizar a população a adotar medidas que evitem o desperdício de energia elétrica, um exemplo foi a Campanha de Uso Consciente de Energia - Família Luz (PORTAL BRASIL, 2015).

Sobre a carência no abastecimento, sabe-se que a falta de volume pluviométrico, especialmente em alguns períodos do ano é um dos agravantes, porém, não se pode negar que a má administração e a falta de bom senso para com o uso deste recurso também devem ser levadas em consideração. Fato esse que se confirma quando a presidente Dilma Rouseff, no dia 23 de janeiro de 2013, veio a público confirmar uma redução na conta de luz, com um corte tarifário de 18% para residências e 32% para indústria (MENDES, 2013), somado a isso, houve um acréscimo significativo na aquisição de eletrodomésticos (ANDRADE; PINHEIRO, 2014), elevando assim o consumo das indústrias que os produzem, e das residências que vão utilizá-los. Com a conta de energia mais barata e o crescimento na aquisição de eletrodomésticos, o nível de consumo aumentou consideravelmente e podemos acompanhar nos noticiários o recorde de consumo sendo quebrado constantemente.

Medidas precisam ser tomadas imediatamente para se evitar um eminente apagão, para isso a utilização de novas fontes de energia limpas, aquelas que segundo Pacheco (2006) produzem pouco impacto ambiental, seriam possíveis alternativas, tais como energia eólica, nuclear, de marés, solar e geotérmica, pois essas não seriam tão afetadas por estiagens como as hidrelétricas.

Outra medida que pode ser tomada trata-se da conscientização da população, visto que é uma ferramenta importante para se evitar uma crise energética. Nesse contexto não se pode negar que a escola tem o deverde fazer parte dessa frente quando esta atinge um número significativo de pessoas (SILVA, 2006), colaborando com o desenvolvimento sustentável que Brundtland afirmou ser aquele que satisfaz as necessidades atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades (CMMAD, 1988).

Assim, a educação ambiental é peça fundamental quando se pensa em um mundo mais sustentável onde deve-se levar em consideração cada vez mais a necessidade de se refletir sobre os desafios de mudar as formas de agir e pensar em torno das questões ambientais. Leff (2001) fala sobre a impossibilidade de resolver os crescentes e complexos problemas ambientais e reverter suas causas semque ocorra uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos valores e doscomportamentos gerados pela dinâmica de racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento. Nesse caminho, em virtude de todos os problemas, trabalhar o meio ambiente como tema transversal e especificamente através da educação ambiental é uma das principais tarefas que as instituições de ensino devem se responsabilizar, fazendo isso de maneira interdisciplinar.A principal função do trabalho com o tema meio ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global (PCN’s, 2000).

Pensando dessa forma, a escola tem papel importante na formação cidadã do homem, portanto, faz-se necessário que a mesma interfira e incentive práticas conscientes, alertando a comunidade escolar sobre os problemas enfrentados pela natureza e seus agravantes, de maneira a tomar para si a responsabilidade de debater e ensinar seus alunos a serem reflexivos e críticos no que diz respeito à consciência ambiental. Ainda de acordo com os PCN’s(2000), a educação ambiental deve ser um processo permanente em que os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente, adquirindo conhecimentos, valores e habilidades a fim de se tornarem aptos a agir individualmente e coletivamente na resolução dos problemas ambientais presentes e futuros.

O professor nesse processo, como um formador de opinião, é uma figura importante haja visto seu grau de influência sobre seus educandos. Dessa forma, uma tarefa importante para o docente associada ao tema meio ambiente, é a de favorecer ao aluno o conhecimento de fatores que produzam real bem-estar, ajudá-lo a desenvolver um espírito de crítica às induções ao consumismo e o senso de responsabilidade e solidariedade no uso dos bens comuns e recursos naturais, de modo a respeitar o ambiente e as pessoas de sua comunidade. (LARANJEIRA, 1997).

Levando em consideração as informações acima, este estudo procurou fazer uma análise do comportamento dos professores do Departamento de Formação de Professores, Letras e Ciências (DFPLC) do Instituto Federal do Piauí, Campus Teresina Central (IFPI-CTC) em relação ao consumo de energia, o nível de informação que estes possuíam sobre o atual estado de produção da matriz energética e se isso influenciava em suas atitudes como sendo um dos meios de amenizar o problema da crise neste setor, pois muito embora estes não atuem diretamente na educação básica, são responsáveis pela formação de professores que atuarão diretamente neste segmento, além disso, sabe-se também que professores têm um papel decisivo na construção de um posicionamento crítico em seus alunos frente à crise socioambiental, sendo um agente na transformação de hábitos e práticas sociais no que se refere a questão da sustentabilidade no seu significado mais abrangente (JACOBI, 2005), daí a importância desta pesquisa.  Palma (2005) e Battistella et. al (2012) já fizeram trabalhos semelhantes e seus resultados apontaram que os participantes possuíam práticas sustentáveis.

 

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 PERFIL DO CAMPO DE PESQUISA

O IFPI-CTC está localizado na Praça da Liberdade, número 1597 no centro de Teresina, é uma instituição centenária de educação superior, básica e profissional, pluricurricular, multicampi e descentralizada, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com sua prática pedagógica. A instituição foi criada em 2008 eé vinculada ao Ministério da Educação.O IFPI atua no desenvolvimento de programas e projetos de ensino, nos níveis básicos, por meio dos cursos de nível médio integrado e técnico subsequente, no nível superior, através dos cursos de tecnologia, licenciatura e bacharelado, e no nível de pós-graduação, com cursos de especialização e mestrado. Atua ainda na pesquisa e na extensão, sob a forma de atividades presenciais e a distância, em todas as áreas do conhecimento (PORTAL IFPI, 201-?).

A pesquisa foi realizada no DFPLC do CTC, situado no primeiro andar do prédio B onde atuam professores dos cursos de licenciatura em biologia, química, física e matemática, sendo distinguidos entre aqueles que ministram disciplinas específicas de cada curso, ou pedagógicas.

 

2.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS    

            A pesquisa foi de natureza descritiva, pois teve como objetivo levantar as atitudes de determinado grupo de pessoas e exploratória por que visou levantar questões para futuros estudos. A investigação também foi caracterizada como um estudo de caso, levando em consideração que foram estudadas as atitudes de um grupo específico de pessoas que tem algo em comum, todos os participantes eram professores das quatro licenciaturas no IFPI-CTC. (GIL, 2002; BATTISTELLA et al., 2012).

            Para se atingir o objetivo já descrito foi aplicado um questionário (apêndice A), constituído por 15 questões fechadas e de múltipla escolha,caracterizando uma pesquisa quantitativa, aquela que busca a coleta de variáveis predeterminadas e tem os meios estatísticos como forma de análise de dados (APPOLINÁRIO, 2009). A investigação foi realizada no primeiro semestre de 2015.

            A amostra estudada foi de 41 participantes, abrangendo 79% da população de 52 professores que atuavam nas quatro licenciaturas. Após a coleta das informações, estas foram contabilizadas e posteriormente organizadas no programa Microsoft Excel em forma de planilhas para se obter dados quantitativos (percentuais) e assim verificar a maneira como o corpo docente do departamento de formação de professores do IFPI-CTC fazia usodos equipamentos elétricos investigados na pesquisa (lâmpadas, condicionadores de ar e computadores).

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tendo em vista os altos custos e os danos causados ao meio ambiente, devido à implantação de hidrelétricas, que geram sérios desequilíbrios nos ecossistemas e que hoje é são uma das principais fontes de obtenção de energia, destacamos a importância de se poupar este recurso. Dessa forma, tendo o professor um potencial de influência na formação de muitas pessoas, vale a pena verificar seu comportamento dentro da sua instituição de trabalho bem como sua visão no que se refere ao uso da energia elétrica, levando em consideração todas as vantagens no contexto do uso moderado deste bem comum. Assim, um dado importante levantado nesta pesquisa mostrou que 44% dos professores disseram sempre se preocupar quando estes são os últimos a deixarem a sala de aula, 39% às vezes, 15% quase nunca e apenas 2% nunca tinham essa percepção. Esse dado é significativo quando tal atitude é fundamental para a diminuição do gasto energético da instituição a medida que possibilita a atitude posterior de desativar ou não os aparelhos a fim de evitar o desperdício.

Na segunda questão, foi indagado se os docentes desligavam as luzes da sala quando são os últimos a deixá-la, as respostas podem ser verificadas no gráfico 1.É importante ressaltar a alta porcentagem dos professores que sempre desligavam as luzes, pois isso pode ser relacionado com o que diz Tuan (1980), ele afirma que se tratando do ser humano, a visão se sobressai em relaçãoaos outros sentidos, como o tato por exemplo, assim considerando que uma lâmpada ligada é um estimilante da visão, fica claro a alta porcentagem dos que a percebem e posteriormente a desligam.

Na terceira questão, os professores responderam se desligavam os condicionadores de ar ao serem os últimos a deixarem a sala, as respostas podem ser verificadas no gráfico 2. Esses dados, se comparados aos do gráfico 1, indicam uma semelhança entre o número de professores que sempre desligavam os condicionadores de ar e as lâmpadas porém, a energia utilizada por condicionadores de ar é muito maior do que a energia utilizada por lâmpadas, em dados obtidos junto a coordenação de manutenção de equipamentos do do campus, pôde-se constatar que as salas do bloco 1, onde funcionam os cursos de licenciatura, possuem 20 lâmpadas de 40w e condicionadores de ar de 21.000 e 60.000 BTU’s. sendo assim, uma quantidade maior de energia será poupada desligando os condicionadores de ar. Segundo Rocha (2012), há mais consumo de energia em prédios públicos que é gasta principalmente com iluminação e climatização.

A quarta questão tratou de investigar se os professores desligavam os condicionadores de ar quando o ambiente já estava muito frio, 22% responderam que sempre, 49% às vezes, 22% quase nunca e 7% nunca. Quando perguntados se deixavam a porta aberta quando o condicionador de ar estava ligado, nenhum professor respondeu sempre, 7% as vezes, 25% quase nunca e 68% nunca. A falta de respostas “sempre” e a grande maioria de respostas “nunca” demonstra novamente atitudes corretas dos professores, porém é uma questão de senso comum não deixar a porta aberta quando o condicionador de ar está ligado, além disso, não é uma atitude regular ministrar aulas com a porta da sala aberta.

Acerca de que atitude tomar sobre salas vazias com luzes acesas, 49% dos docentes disseram que sempre apagavam as luzes, 34% às vezes, 12% quase nunca e 5% nunca.

 

Gráfico 1 – Respostas dos professores sobre desligarem as luzes ao deixarem a sala.


Gráfico 2 – Respostas dos professores sobre desligarem os condicionadores de ar ao deixarem a sala.

 

 

Já sobre as salas vazias e com o condicionador de ar ligado, 54% dos entrevistados sempre o desligavam, 27% às vezes, 14% quase nunca e 5% nunca. Novamente a maioria dos educadores demonstrou atitude consciente. Também foiquestionado se ao terminarem de usar os micro-computadores do instituto, os deixam em standy-by, 17% responderam que sempre, 44% às vezes, 12% quase nunca e 27% nunca. A nona questão buscou verificar se os professores desligavam os micro-computadores do instituto ao terminarem de utilizá-los, as respostas podem ser vistas no gráfico 3. Nota-se com esses dados que entre deixar o computador em standy-by e desligar, existe uma preferência pela última prática, o que garante uma maior economia de energia, visto que o computador na primeira situação ainda continua consumindo energia, mesmo que pouca. Trabalhos como de Weise e Hornburg (2007) e Prado (2005) sugerem que ao sair da frente do computador, se desligue o monitor manualmente, já que esse é o componente que mais consome energia de todo o conjunto.

 

Gráfico 3 – Respostas dos professores sobre deligarem os micro-computadores ao terminarem de usá-los.

 

 

Outro dado importante levantado na pesquisa foi sobre o atual estado de produção energética no Brasil. Dessa maneira, procurou-se saber se os entrevistados tinham esse conhecimento, 85% responderam que sim, enquanto 15% não, desses 85% que responderam sim, foi perguntado - na décima primeira questão - de onde eles obtiveram tais informações, as respostas podem ser vistas no gráfico 4.

É importante ressaltar que internet e TV foram as grandes fontes de informações dos educadores que responderam o questionário, número muito superior à mídia impressa e rádio, issodemonstra uma forte tendência para os novos meios de comunicação do futuro, trabalhos como o de Deuze (2006) e Canavilhas e Seixas (2014) confirmam a internet como um dos meio de difusão de conteúdo noticioso mais emergente nos dias atuais, devido ao cresimento da Wolrd Wide Web e à digitalização.

 

Gráfico 4 – respostas dos professores sobre a fonte de informações que eles têm sobre o atual estado de produção da matriz energética brasileira.

 

 

Ainda relacionado aos professores que responderam “sim” na questão dez, foi investigado se as informações que eles tinha sobre a produção de energia elétrica no Brasil os influenciava quanto ao consumo, 82% responderam que sim, enquanto 18% não. Araújo e Pedroda (2014), constataram em sua pesquisa que grande parte das pessoas acreditam que políticas públicas são as principais ações para se atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, tansferem para outrem uma responsabilidade que também é deles. Esse tipo de pensamento pode justificar os 18% dos professores que disseram que as informações sobre o atual estado de produção de energia no Brasil não influenciam em seu comportamento quanto a utilização de energia.

Examinou-se ainda se os professores consideravam ou não que o país estava em crise energética, 93% responderam que sim, enquanto 7% não. É necessário conhecer o problema, assumir que ele existe, para depois combatê-lo, sendo assim grande parte dos entrevistados estão aptos a amenizar o desperdício de energia.

Outro dado levantado mostrou que 80% dos entrevistados faziam uso de energia na instituição tal como fazem em suas residências, enquando 20% não. É nítido que se consome menos em casa, tendo em vista que o bolso do consumidor pode ser atingido, porém a mesma prática deve ser seguida quando se fala de utilizar energia elétrica em outros lugares, pois não se pode pensar que  por estar em prédios públicos pode-se consumir de maneira não consciente por se tratar de um recurso disponível de “graça”.

Com base nos questionamentos feitos anteriormente, foi perguntado se os professores acreditavam que sua mudança de comportamento quanto à utilização de energia elétrica é importante para se evitar um colapso energético no país, 98% responderam que sim, enquanto 2% não. Esse resultado é excelente, pois Araújo e Pedrosa (2014) afirmam que pequenos esforços pessoais, quando somados, resultam em grandes avanços para a redução do desperdício, inclusive o de energia.

Analisando os resultados em sua totalidade, alguns professores, ainda que poucos, demonstraram que desperdiçavam energia, não se podia esperar um resultado cem por cento positivo haja visto que a percepção  de cada indivíduo é condicionada por seus próprios interesses, conhecimentos, cultura e ética (PALMA, 2005).

A internet, ao lado de TV, foram indicadas como as principais fontes de notícias utilizada e levando em consideração as respostas em geral, estes utilizam energia de forma econômica, logo pode concluir-se que há relação direta entre esses meios de informação e a utilização consciente de recursos elétricos. Porém, Alves (2013) ao realizar um trabalho semelhante com alunos do Instituto Federal do Rio Grande do Sulobteve resultados que apontaram que pessoas que usam mais a internet tendem a ter atitude menos sustentáveis. Fatores como a idade ou formação acadêmica mais avançada podem explicar tal dispendiosidade.

 

4.CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho servem como base para futuros trabalhos ou possíveis intervenções, pois um campus universitário é visto como um laboratório para práticas sustentáveis que poderão ser replicadas primeiro na formação de professores, que é o foco desta pesquisa, e posteriormente na sociedade através das instruções que as pessoas aprendem na escola e levam para seu cotidiano. Dessa forma, os resultados obtidos foram animadores, pois demonstrou práticas conscientes no uso da energia constatado pela aplicação dos questiários, o que é importante quando os sujeitos desta pesquisa são responsáveis por formar professores que atuarão na educação básica e têm um papel crucial na construção de um pensamento crítico em seus discentes em relação à crise ambiental, sendo também agentes na mudança de hábitos e práticas sociais no tocante a questão da sustentabilidade.

Hoje o mundo inteiro tem a sustentabilidadecomo preocupação em comum, e a educação ambiental, que inclusive está nos parâmetros curriculares nacionais, é importante para que avancemos nesse sentido. Sendo assim, as práticas educacionais voltadas para esse fim poderão abranger toda a comunidade de uma instituição de ensino, onde alunos, professores e funcionários podem ser educados de forma a conservar a energia elétrica disponível, pois o meio ambiente já deu sinais suficientes de que precisamos de uma mudança radical sobre o consumo desenfreado, sendo assim é imprescindível que as Univrsidades também assumam esssa causa em prol de uma mudança de paradigma visto que são órgãos públicos que pretendem resolver os problemas sociais.

 

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Ilustrações: Silvana Santos