Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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27/11/2016 (Nº 58) EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL: O CASO DE UMA ESCOLA EM SURUBIM, PERNAMBUCO
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL: O CASO DE UMA ESCOLA EM SURUBIM, PERNAMBUCO

Jéssica Novaes da Silva. E-mail: jessin-2011@hotmail.com. Faculdade de Ciências Aplicadas de Limoeiro.

Andréa Karla Travassos de Lima. E-mail: andreatravassosk@hotmail.com. Faculdade de Ciências Aplicadas de Limoeiro, Faculdade Joaquim Nabuco, Faculdade Damas da Instrução Cristã.

 

Resumo

A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), instituída pela Lei n° 9. 795/99 veio reforçar o direito à Educação Ambiental (EA) que todo cidadão possui. Segundo a lei referida, a EA tem caráter formal e não-formal e é responsabilidade do poder público disseminá-la à comunidade. No âmbito escolar, os docentes devem possuir uma capacitação à sua formação tendo consciência da sua importância em mostrar aos discentes a relação natureza e ser humano. O objeto de estudo deste artigo é uma escola de ensino infantil e fundamental do município de Surubim, interior de Pernambuco. Foi realizado um levantamento bibliográfico e uma pesquisa de campo abordando a EA formal na construção de uma sociedade sustentável. Tem como objetivo geral fazer um levantamento sobre a prática da EA no ensino fundamental em uma escola no município de Surubim, Pernambuco. Entre os resultados percebe-se que a EA é pouco trabalhada e se restringe apenas a duas disciplinas indo de encontro a sua natureza interdisciplinar abordada na PNEA. Constatou-se também que os próprios educadores reconheceram a necessidade de trabalhar com projetos para que efetivamente a sustentabilidade seja implantada no ambiente escolar em estudo.

 

1 Introdução

            A Educação Ambiental (EA) é tida como um processo que envolve o cidadão e a sociedade para juntos criarem valores que tragam benefícios ao meio ambiente de modo a conservá-lo, um bem comum, necessário para a sustentabilidade da vida (BRASIL, 1999 apud LIMA, 2012 p.39). Com a instituição da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), pela Lei n° 9. 795/99, a EA é tida “como componente essencial e permanente da educação nacional”, qualificando o direito à educação ambiental que toda população possui (MEC, 2007 p.25). Esta referida lei aponta que em todas as modalidades de ensino, a EA deve estar presente, em âmbito formal e não-formal e tem natureza interdisciplinar. A educação é vista como um meio para disseminar a responsabilidade que temos com o meio ambiente. De acordo com Manzo; Diniz (2004 apud ABÍLIO et al, 2010 p. 173), a escola é um local adequado para que projetos de cunho educativo voltados ao meio ambiente sejam desenvolvidos. Portanto, é de suma importância que os educadores possuam formação complementar à sua área. Pois são capazes de mostrar aos discentes a integração que o homem tem com o meio ambiente e que são integrados a natureza, desse modo, são sensibilizados a perderem a noção de dominação do ambiente.

Para Gadotti (1998, p.10)não adianta ler e obter informações sobre a degradação do meio ambiente sem um processo de educação. O mesmo afirma que o Estado tem responsabilidade no que se refere à EA, porém sem a participação da comunidade, a ação do Estado é limitada, sendo assim, a ação das pessoas e das sociedades são decisivas. Portanto, é imprescindível a formação de sociedades conscientes sobre sua participação a favor do meio ambiente. Estas serão construídas por meio da Educação Ambiental disseminada no âmbito formal ou informal.

O presente trabalho tem como objetivo geral fazer um levantamento sobre a prática da EA no ensino fundamental em uma escola no município de Surubim, Pernambuco. Apresenta como objetivos específicos conceituar EA formal e não-formal, apontar a relação da EA e a sustentabilidade e sua contribuição na formação de sociedades sustentáveis. Acredita-se que este artigo pode contribuir para despertar os professores como também a direção da escola para a realização de projetos voltados ao meio ambiente no intuito de gerar benefícios,tais como: a sensibilização dos alunos pela natureza, a construção de novos valores que priorize os recursos naturais, a conscientização das crianças no que tange às suas ações que são impactantes no meio natural. Dessa forma, haverá a construção de uma sociedade justa e ambientalmente correta.

 

2  Referencial Teórico

Neste espaço inicialmente é apresentado o conceito sobre a Educação Ambiental, em seguida destaca-se a Política Nacional de Educação Ambiental voltada à implementação da EA, logo após faz menção sobre o desenvolvimento sustentável e a construção de uma sociedade sustentável. Finaliza com a apresentação dos resultados obtidos da pesquisa realizada em uma escola no município de Surubim.

2.1 Educação Ambiental

Em um contexto, no qual uma catástrofe ecológica preocupa ecologistas e outras partes da sociedade civil, é necessário tomar iniciativas contra a degradação ambiental. A educação é vista como meio de instruir os cidadãos para o cuidado com o meio ambiente (GRIIN, 1996, p. 20). Segundo Lima (1984 apud GUIMARÃES, 2011 p. 18), a Educação Ambiental (EA) surge no intuito de disseminar os problemas relacionados ao meio ambiente em âmbito global, conscientizando a comunidade da realidade global por meio da educação.Sendo assim, é relevante aprimorar uma educação voltada para o desenvolvimento das pessoas, tendo-as como agentes construtores de uma sociedade crítica e participativa, em uma perspectiva ambiental (PEREIRA; GUERRA, 2008 apud ABÍLIO et al 2010 p. 182).

Conforme a Lei n° 9.795/99, a EA possui caráter formal e informal. O artigo 9°da lei referida, afirma que a EA formal é tida como a educação aplicada nos currículos das instituições de ensino privada e pública, “englobando: I – educação básica, II – educação superior, III – educação especial, IV – educação profissional, V – educação de jovens e adultos.” Para se atingir os objetivos e princípios da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) deve-se haver uma formação complementar às áreas de atuação dos professores (REIS et al 2012, p.51).No artigo posterior, é enfatizada a interdisciplinaridade da EA afirmando que esta não pode ser disciplina específica no currículo de ensino, porém abre-se uma exceção no que tange aos cursos de pós-graduação, nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da EA e nos cursos de ensino superior. Por sua vez, a EA informal, de acordo com o artigo 13 desta mesma lei, é definida como “as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.” O poder público federal, estadual ou municipal tem o dever de disseminar sobre a EA por meio de programas que a desenvolvam utilizar os meios de comunicação de massa que informe a população sobre o meio ambiente, obter parcerias com empresas públicas e privadas, escolas, universidades no desenvolvimento de programas que expandam a EA (MEC, 2007 p. 27).

Para Reigota (1994 apud MARINHO, 2005 p.8), a EA é a que prepara cidadãos para reivindicar justiça social, ética e cidadania com a natureza como também nas relações sociais. Portanto, é vista como educação política.

A consolidação da EA ocorreu na Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi, Geórgia no ano de 1977. Neste contexto foram firmados seus princípios norteadores e apresentado seu caráter interdisciplinar, crítico e transformador. Posteriormente, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em 1992, no Brasil. Surge a Agenda 21, um documento oficial, que possui um capítulo dedicado à EA. Este por sua vez analisa proposições como a integração entre equidade social e econômica, desenvolvimento e ambiente e entre ouros (MACHADOS, 2012 p. 49).

 

2.2 Política Nacional de Educação Ambiental

 

            A Política Nacionalde Educação Ambiental (PNEA)foi instituída pela Lei n° 9.795/99, aprovada em 27 de abril de 1999, nesta é destacado em seu artigo2° que aEAé primordial a todos os níveis e modalidades de educação, em caráter formal e não-formal, pois é tida como componente substancial à educação nacional. Éderesponsabilidade do Poder Público integrar a dimensão ambiental em todos os níveis de escolaridade, bem como comprometer a sociedade na melhoria do meio ambiente promovendo assim, a Educação Ambienta (BRASIL, 1999).

            Na implementação de suas ações envolvemorganizações não governamentais, Unidades da Federação e dos municípios, instituições públicas e privadas dos sistemas de educação. A EA inclui a educação básica, educação especial, educação profissional, educação de jovens e adultos e a educação superior (BRASIL, 1999apud MARRA, 2007 p. 34). As atividades vinculadas à PNEA devem ser elaboradas tanto na educação escolar como também na educação em geral, seguindo algumas linhas, tais como: elaboração de pesquisas, experimentações e estudos; capacitação de recursos humanos; divulgação e produção de material educativo; acompanhamento e avaliação (PRONEA).

Para que de fato os objetivos da PNEA sejam atingidos, deve-se, portanto, ocorrer uma formação complementar às áreas dos professores. Os educadores devem integrar o meio ambiente e o ser humano para que este se veja como parte da naturezae não um ser dominante. Assim, haverá um equilíbrio entre ambos (GUIMARÃES, 2011 apud LIMA 2012, p. 40).

 

2.3 Desenvolvimento Sustentável

            Na visão de Sen (2000 apud MARTINS, 2009 p. 3), o desenvolvimento ocorrerá quando algumas privações forem superadas, tais como as ameaças ao meio ambiente e à sustentabilidade da vida social e econômica das pessoas, o desrespeito das liberdades políticas formais básicas, fomes crônicas e coletivas, insistência da pobreza, entre outras. Ele aponta a liberdade como meio principal para o desenvolvimento, pois retirando as privações de liberdade, limitadoras das oportunidades e das escolhas, as pessoas poderão exercer sua condição de agente.

O desenvolvimento, segundo o economista Singer (2004, p.2), é um procedimento que instiga o estabelecimento de novas relações de produção, inovações nas forças produtivas, visando um processo de crescimento econômico sustentável de modo a preservar a natureza e permitir que os resultados do crescimento sejam usufruídos pelos marginalizados da produção. Conforme Veiga e Zatz (2008 apud LIMA, 2012 p.21), o desenvolvimento econômico sempre ocorreu, porém, a princípio, menos degradável ao meio ambiente. Devido à elevação da população e dos meios para se obter alimentos, iniciou-se a degradação ao meio ambiente. Os ecossistemas começaram a sofrer intensas mudanças a partir da Revolução Industrial com o aparecimento das grandes indústrias.

Na perspectiva de Sachs (1990 apud ANDRADE, 2004 p.3), o desenvolvimento sustentável envolve a prudência ecológica, a justiça social e a eficiência econômica. Portanto, não é apenas um problema de ordem econômica, mas envolve várias dimensões. O mesmo autor afirma que só ocorrerá a sustentabilidade se houver o equilíbrio entre essas dimensões. A sustentabilidade social visa diminuir as distâncias sociais por meio da equidade na distribuição de bens e de renda. A sustentabilidade econômica promove a gestão de recursos produtivos eficientes e fluxo de investimento público e privado de forma regular. A sustentabilidade ecológica trata de ações para evitar danos ao meio ambiente causados pelo desenvolvimento, apresentando a substituição de recursos não renováveis por renováveis, preservação da biodiversidade e reduzindo as emissões de gases (SACHS, 2004 p.5-16 apud BARBIERI 2012, p. 65-66). Define-se sustentabilidade como um processo que busca satisfazer as necessidades da presente geração sem comprometer as futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades (BRUNDTLAND, 1987 apud PEREIRA, 2011, p.69).

 

2.4 Sociedade Sustentável

            A aplicação do desenvolvimento sustentável gera transformação na sociedade, pois permite que estas se eduquem, repensem em seus problemas, se organizem e identifiquem suas reais necessidades de modo a obter um futuro segundo a prudência ecológica e justiça social (BREDORIAL; VIEIRA, 1998 apud SILVA, 2012 p.44).

Conforme Robison (1990 apud DIEGUES, 1992 p.28), em uma sociedade sustentável deve-se existir a sustentabilidade política, social e ambiental sendo, portanto, um processo. A conservação dos processos vitais dos ecossistemas, o manejo meticuloso dos recursos naturais, a pluralidade biológica são primordiais às sociedades sustentáveis.

            De acordo com Capra (2003, p.08), é necessário termos uma nova definição de sociedade sustentável, isto é, “nós precisamos é de uma definição operacional de sustentabilidade ecológica.” O autor afirma que não precisamos partir do zero para conscientizar as sociedades, mas devemos seguir os ecossistemas da natureza de modo a ajustá-las. Portanto, para que não haja intervenção na sustentação da vida, é imprescindível um planejamento nas formas de vida, nos negócios, nas tecnologias e na economia.

            Segundo Lampert (2005, apud GOMES, 2006 p. 25), a educação é responsável por preparar o homem para conviver de modo harmônico com todo o cosmo, com o meio ambiente e com os outros indivíduos. Na visão de Canepa (2004 apud GOMES, 2006 p.25), a educação ambiental é uma ferramenta imprescindível para a construção de uma sociedade sustentável. A educação é o caminho adequado para aperfeiçoarmos nossa sociedade (GOMES, 2006 p. 25).

 

5 Caracterização do objeto de Estudo

            Surubim é um município integrante do Agreste Setentrional de Pernambuco. Estende-se por 252,9 km2e limita-se aos municípios de Casinhas, Santa Maria do Cambucá, Vertente do Lério. Está situada a 44 km de Bezerros (norte-leste) (WWW.CIDADE-BRASIL.COM.BR).Conforme a Lei Municipal n.º 47, de 27-10-2000, o distrito do Chéus é anexado ao município de Surubim, sendo, portanto, formado por dois distritos. Permanece a divisão territorial desde 2015. A princípio, Surubim era uma fazenda do senhor Lourenço Ramos da Costa. No decorrer dos anos foram edificadas casas de rancho e descanso para viajantes. Consequência do crescimento foi criado, pela Lei Provincialn° 1.565, de 6 de junho de 1881, a freguesia de São José de Surubim, instalada em 1885. O nome da região originou-se do episódio de uma onça comer um boi pintado conhecido como Surubim. No ano de 2015, a estimativa da população era de 63.166 pessoas (IBGE, 2016).

            A Escola Caminho do Saber, empresa em estudo, está localizada na sede do município de Surubim, na Rua Alonso Soares de Lima, n° 34, no bairro São Sebastião. Atende crianças de ambos os sexos, oferecendo a Educação Infantil e o Ensino Fundamental do 1o ao 5o ano. A equipe gestora é formada por proprietário, diretor, secretário, e supervisor pedagógico. O quadro de funcionários é formado por dez professores, portadores do magistério. Tem como finalidade oferecer um ensino de qualidade aos alunos, formar um cidadão consciente dos seus direitos e deveres para atuar na transformação da sociedade, formar o senso críticodo aluno para atuar na sociedade, entre outras.

 

6 Resultados e Discussão

Neste espaço estão expostos os resultados do questionário aplicado, quando indagados sobre:

1 – A Escola Caminho do Saber trabalha a educação ambiental? De que forma?

Entrevistado 1 - Por meio das aulas de Geografia e Ciências

Entrevistado2 – A Escola Caminho do Saber trabalha de maneira consciente destacando a importância do meio ambiente, tratando questões ambientais coletivamente nas aulas de ciências.

Entrevistado 3 - Sim, levando os alunos a ter hábitos sustentáveis, conscientizando sobre o uso de materiais reciclados, fazer a separação dos lixos nos lugares adequados, apesar de que poderia trabalhar de forma mais abrangente.

Entrevistado 4 - Sim. Nas aulas de Ciências com atitudes voltadas para conservação do meio ambiente e melhor condição de saúde para toda população.

Entrevistado5 – A escola não possui um projeto coletivo sobre Educação Ambiental. No entanto, fica a critério de cada professor desenvolver suas aulas da forma que achar mais pertinente de acordo com os conteúdos abordados, desta forma, se Educação Ambiental for um dos conteúdos programáticos para uma dada série, ele será desenvolvido seguindo os critérios adotados pelo professor da turma.

            Diante do exposto, pode-se perceber que a Educação Ambiental é pouco trabalhada, apenas nas aulas de ciências e geografia. Por lei, os professores devem ser capacitados para desenvolverem atividades que culmine nos objetivos da PNEA. Foi analisado o Regime escolar interno e não constatamos projetos ou trabalhos voltados para o meio ambiente. Portanto, é imprescindível que os professores possuam apoio e capacitação para desenvolverem a temática nas suas aulas não se restringindo às aulas de ciências e geografia.

2- Como a Sr.(a) definiria uma sociedade sustentável?

Entrevistado 1 - Como uma sociedade que usa os recursos ambientais economicamente de forma consciente

Entrevistado 2 - Definira como uma sociedade que busca preservar o meio ambiente. Seja economizando água, não jogando lixo nas cidades, incentivando a repor aquilo que se tirou da natureza, reciclando o que se pode ser útil evitando retirar mais recursos naturais.

Entrevistado 3 - É a sociedade que consegue ter suas necessidades satisfeitas respeitando o meio ambiente. Podemos dizer que sociedade sustentável é aquela que recicla, não polui, procura fazer coletas de lixo adequadas e incentiva outro a respeitar o planeta.

Entrevistado 4 - Uma sociedade sustentável é aquela que utiliza os recursos naturais para se sustentar, porém sem prejudicá-los e utilizando apenas o que ela pode restituir.

Entrevistado 5 - Na minha concepção uma sociedade sustentável é uma sociedade que se preocupa com questões ambientais desde as mais simples que podem ser executadas por todos os cidadãos, até as de caráter mais complexo que é responsabilidade da liderança da comunidade.

            Dessa forma, acredita-se que os professores possuem certo conhecimento sobre uma sociedade sustentável, porém os mesmos afirmaram que raramente mencionaram a EA nas aulas. Os entrevistados -1, 3 e 4 sentiram dificuldades em definir sociedade sustentável, pois é um tema pouco visto e discutido pelos mesmos. Necessita-se de um conhecimento aprofundado sobre o assunto para os alunos se sensibilizarem da importância que eles têm como agentes formadores de sociedades sustentáveis.

3- Em sua percepção os trabalhos de Educação Ambiental contribuem para uma sociedade crítica, justa socialmente e ambientalmente equilibrada?

Entrevistado 1 - Sim, pois dessa forma é possível que, as pessoas conheçam ou desenvolvam hábitos ambientalistas de forma mais consciente, o que certamente colabora para a formação de um cidadão crítico e preocupado socialmente com o desenvolvimento sustentável de sua cidade, estado ou país (planeta).

Entrevistado 2 - Sim, pois a educação sempre esteve presente na vida de cada ser que habita na sociedade.

Entrevistado 3 - Os trabalhos de educação ambiental estão presentes na vida dos seres humanos desde o início de sua existência na terra, pois, para sua sobrevivência era necessário o homem saber relacionar-se com o meio ambiente. Portanto, é muito importante que a sociedade esteja mais ligada a cuidar do meio ambiente para que a população se conscientize e critique os problemas que estamos enfrentando.

Entrevistado 4 - Sim. (não soube explicar)

Entrevistado 5 - Qualquer que seja o conteúdo, só será possível trazer contribuição para o desenvolvimento crítico se ele for trabalhado de forma crítica. Creio que, se os trabalhos, especificamente aqui, sobre Educação Ambiental, forem trabalhados de forma a levar o aluno a pensar sobre suas ações presentes, levando-os a refletir sobre os impactos de suas ações para que comportamentos sejam mudados, contribuirá para o objetivo esperado.

Assim, percebe-se que embora a escola não trabalhe frequentemente coma EA existe uma conscientização por parte dos professores da importância da mesma para o desenvolvimento de ações que colaborem para uma sociedade equilibrada, onde há cidadãos capazes de criticar, repensar e refletir sobre os impactos causados ao meio ambiente. Através desta pesquisa os entrevistados-1 e 5 disseram sentir-se despertados para a aplicabilidade do tema na sala de aula, de modo a instigar os alunos a reconhecerem a importância da preservação do planeta e seus respectivos recursos.

4 - Em sua opinião, qual a relação entre a Educação Ambiental e a Sustentabilidade.

Entrevistado 1 - Ambas relacionam-se de forma direta, porque permitem o conhecer e desenvolver ações que permitem a manutenção de vida no planeta sem agredir o meio ambiente, como, por exemplo, a exploração de recursos minerais e preservação de áreas verdes e etc.

Entrevistado 2 - As duas estão entrelaçadas contribuindo para a preservação do meio ambiente. São bastante importantes para termos uma sociedade sustentável, pois é por meio da educação que a sustentabilidade é disseminada.

Entrevistado 3 - Em mente, a educação ambiental é voltada para a sustentabilidade que prever diminuir os danos ao meio ambiente. Com a Educação Ambiental pode se tornar possível o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, visando à melhoria da qualidade ambiental e, efetivamente, a elevação da qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

Entrevistado 4 - Elas estão interligadas, pois para se ter uma educação ambiental é necessária que se utilize e adote práticas que se direcione para a sustentabilidade.

Entrevistado 5 - Eu acredito que uma das vertentes da Educação Ambiental é a que visa o desenvolvimento de atitudes sustentáveis. Assim sendo, a Educação Ambiental potencializa uma sociedade que adota práticas de Sustentabilidade em seu dia a dia.

            Diante do contexto, percebe-se que os professores acreditam que a sustentabilidade e a EA estão correlacionadas e juntas colaboram para um meio ambiente com qualidade. No ponto de vista de cada um é possível perceber, em unanimidade, a confiança na interdependência de ambas para que de fato haja atitudes sustentáveis e consequentemente forme-se uma sociedade sustentável.

5 No seu ponto de vista, é necessário algum projeto para que haja a implementação da sustentabilidade na escola? Quais?

Entrevistado1 - Sim, projetos de sequência didática trabalhadas de forma interdisciplinar ou ainda projetos pedagógicos e, a inclusão do tema de forma mais abrangente, dentro das aulas das disciplinas curriculares.

Entrevistado 2 - Sim. Projetos que abranja os diversos conteúdos relacionados à preservação do meio ambiente, trabalhando temas que envolva a sociedade em um bem comum.

Entrevistado 3 - Sim, com certeza. A forma como nos relacionamos com o meio ambiente à nossa volta está diretamente ligada à qualidade de vida que nós temos. Dessa forma, é função da escola usar intensamente o tema “meio ambiente” através de ações reflexivas, práticas ou teóricas, para que o aluno possa aprender a amar e respeitar tudo que está a sua volta tendo, desde a mais tenra idade, a responsabilidade e respeito para com a natureza.

Entrevistado 4 - Sim. Projetos como a prática sustentável que se pode utilizar na escola de modo coletivo ou individual, campanhas de reciclagem e o uso consciente da água.

Entrevistado 5 - Sim, primeiro é preciso que os professores tenham a devida formação para tal. Caso não haja essa formação, é necessário que a coordenação promova alguma capacitação para que os professores estejam aptos para desenvolver o projeto a fim de cumprir o objetivo esperado. Só posteriormente estender esse projeto a toda comunidade escolar.

Diante da realidade exposta, entende-se que a escola em estudo não trabalha a EA por meio de projetos, porém os professores reconhecem a necessidade dos mesmos para implantar a sustentabilidade. É citada a precisão da capacitação para os educadores desenvolverem os projetos, campanhas de reciclagem e o uso consciente da água, trabalhar o tema de forma teórica ou prática.

 

 

7 Metodologia

 

Para a construção deste artigo foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo. Para Manzo (1971, p. 32 apud LAKATOS; MARCONI 2003, p. 183), a pesquisa bibliográfica oferece meios para realizar e explorar novas áreas onde os problemas ainda não se efetivaram, além de resolver os que já são conhecidos. Permite ao pesquisador reforçar a manipulação de suas pesquisas.Conforme Xavier (2012 p.48) a pesquisa bibliográfica realiza um estudo sobre temas já realizados visando criticar, reinterpretar, revisando os temas considerados obsoletos pelo autor. A pesquisa de campo é um estudo mais aprofundado e completo, no qual envolverá conhecimentos detalhados e abrangentes sobre o tema trabalhado (GIL, 1999 p. 73 apud Raupp; Beuren, 2002 p. 84). Por meio da observação ou montagem de situações, sejam físicas ou materiais, coletam-se dados exigindo uma carga extra de trabalho para a escolha de processos que interessam ao pesquisador (SANTOS, 2006 p. 90).

            A pesquisa de campo teve como objeto de estudo a Escola Caminho do Saber, localizada no município de Surubim em Pernambuco. A coleta de dados foi realizada através de um questionário semiestruturado com cinco questões abertas: 1 – A Escola Caminho do Saber trabalha a educação ambiental? De que forma?; 2- Como a Sr.(a) definiria uma sociedade sustentável?; 3- Em sua percepção os trabalhos de Educação Ambiental contribuem para uma sociedade crítica, justa socialmente e ambientalmente equilibrada?; 4 - Em sua opinião, qual a relação entre a Educação Ambiental e a Sustentabilidade e 5 No seu ponto de vista, é necessário algum projeto para que haja a implementação da sustentabilidade na escola? Quais?

            Tais questões foram aplicadas a um grupo de cinco professores que expuseram a maneira que trabalham a EA na escola.

 

8 Conclusão

 

            A PNEA foi instituída pela Lei 9.795/99 no intuito de disseminar a educação ambiental em todas as modalidades de ensino seja em caráter formal ou informal. A EA é um processo pelo qual a coletividade e o cidadão erigem conhecimentos, atitudes, valores sociais no intuito de conservar o meio ambiente. A própria lei afirma que os professores devem possuir uma capacitação complementar à sua área de formação para que os objetivos da PNEA sejam alcançados como também é pertinente a elaboração de pesquisas e produção de material educativo. A escola é de fato um meio propulsor para a disseminação da EA, pois nela é possível conscientizar e sensibilizar os alunos, que são os futuros agentes na sociedade a modificarem seu posicionamento no que tange ao meio ambiente. Os docentes são responsáveis por ensinar a integração do homem e meio ambiente, permitindo que os educando se vejam como natureza e não como parte integrante desta. Assim, gerará atitudes harmoniosas com o meio ambiente e não um sentimento de dominação.

            No contexto do objeto em estudo, percebeu-se a ausência da EA no seu Regimento Escolar consequentemente existe o desprovimento de capacitação dos educadores como também dos materiais educativos exigidos por lei. Embora os professores entrevistados afirmassem trabalhá-la em disciplinas específicas, ciências e geografia, é pouco mencionadae vai de encontro à Lei 9.795/99 que preza a interdisciplinaridade no currículo de ensino. Foi constatadonos resultados dificuldades na argumentação do assunto, pois é uma temática que raramente é abordada pelos profissionais. Outro ponto a considerar é que todos os professores entrevistados consideram necessário a implementação de projetos na escola que dissemine a sustentabilidade em suas aulas. O entrevistado 5 reconheceu a necessidade de formação para estarem aptos a desenvolverem projetos.

Diante do exposto, foi possível conceituara EA e como esta colabora para o desenvolvimento de sociedades sustentáveis, percebeu-se que embora esteja na lei, a EA é pouco trabalhada na escola em estudo, se restringindo apenas às duas disciplinas e foi identificada a necessidade de projetos para a aplicação da sustentabilidade na mesma. Este trabalho apresenta como proposição a realização de trabalhos em grupos com os professores cada um apontando didáticas específicas no intuito de desenvolver a temática ambiental em suas aulas, propor projetos que apliquem a transversalidade permitindo que os alunos repensem nos impactos de suas escolhas. A gestora pode efetuar cursos com um profissional da área para os docentes tornarem-se aptos na explanação do tema em suas aulas. Desse modo, a escola estará ajustada à legislação vigente e contribuirá para as futuras gerações se desenvolverem sustentavelmente.

 

Referências

 

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Ilustrações: Silvana Santos