Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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03/06/2016 (Nº 56) DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA EXPOSIÇÃO DE INSETOS AQUÁTICOS NO MUSEU DO INSTITUTO BIOLÓGICO
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DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA EXPOSIÇÃO DE INSETOS AQUÁTICOS NO MUSEU DO INSTITUTO BIOLÓGICO

 

SCIENCE DISSEMINATION AND ENVIRONMENTAL EDUCATION THROUGH EXHIBITION OF AQUATIC INSECTS AT INSTITUTO BIOLÓGICO MUSEUM

 

Caroline Alves dos Santos,  Mestre em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio, Pós Graduação do  Instituto Biológico,

caroline_5203@hotmail.com

 

Gisele dos Santos Souza, Licenciada em Química, Instituto Biológico, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria da Agricultura  e Abastecimento do Estado de São Paulo,

gisa_vedder@hotmail.com

 

Regina Cristina Batista Ferreira, Química,  Instituto Biológico, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria da Agricultura  e Abastecimento do Estado de São Paulo,

reginacbf@ig.com.br

 

Luiz Carlos Luchini, Doutor em Química, Instituto Biológico, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria da Agricultura  e Abastecimento do Estado de São Paulo,

luchini@biologico.sp.gov.br

 

Harumi Hojo, Engenheira Agrônoma, Instituto Biológico, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria da Agricultura  e Abastecimento do Estado de São Paulo,

 hojo@biologico.sp.gov.br

 

Eliane Vieira,  Doutora em Agronomia, Instituto Biológico, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria da Agricultura  e Abastecimento do Estado de São Paulo,

vieiraeliane@biologico.sp.gov.br 

 

Autor para correspondência

Eliane Vieira,  vieiraeliane@biologico.sp.gov.br 

Instituto Biológico

Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Vila Mariana, São Paulo-SP,  CEP 04014-002

 

 

RESUMO

 

A divulgação da ciência e a educação ambiental deveriam estar fortemente inseridas no currículo escolar, entretanto ambos os tópicos ainda são um desafio para professores e escolas. Espaços não formais de educação como os museus de ciência e tecnologia já atuam divulgando a ciência. A utilização destes espaços para ampliar o acesso da ciência a população e ao mesmo tempo promover projetos de educação ambiental é uma alternativa a deficiência destas informações no ambiente escolar. Uma exposição de insetos bioindicadores da qualidade da água foi feita para ser exposta no Museu do Instituto Biológico com o objetivo de desenvolver uma atividade de educação ambiental e divulgar a ciência. A mostra foi exposta na semana da água de 2014 e mostrou a importância da qualidade da água para a biodiversidade dos rios e córregos.

 

Palavras-chave: biomonitoramento, bioindicadores, educação não formal.

 

ABSTRACT

 

The dissemination of science and environmental education should be strongly inserted in schools curriculums, although both topics are still a challenge for teachers and schools. Non-formal spaces of education such as science and technology museums already work disseminating science. The use of these spaces to expand access of science to the population while promoting environmental education projects is an alternative to this deficiency in the school space. An exposition of bioindicators insects of quality water was made at Instituto Biológico Museum in order to develop an environmental education activity and disseminate science. The exhibition was made during the water week of 2014 and it showed the importance of water quality for the biodiversity of rivers and streams.

 

Key-words: biomonitoring, biomarkers, non-formal education.

  

 

1. INTRODUÇÃO

 

Aumentar o interesse pela ciência entre crianças e adolescentes deve ser um dos objetivos da educação, pois é o meio mais fácil e eficaz de popularização da ciência. Nas escolas públicas existe uma carência de práticas em educação científica. A comunidade científica também tem um papel importante neste tema, e deve procurar diminuir o distanciamento entre a pesquisa e a sociedade.

Espaços formais e não formais de educação devem tornar a ciência acessível a todos. Museus de Ciência e Tecnologia já tem uma importante atuação neste tema, visto que tem como missão a divulgação da ciência. Segundo Germano e Kulesza (2007) a criação do Sistema Brasileiro de Museus foi uma iniciativa voltada para a concretização de ações no campo da popularização da ciência e tecnologia. O Plano Nacional Setorial de Museus (2010) tem como objetivo fomentar o desenvolvimento de ações educativas para que estas atuem como instrumentos de transformação e inclusão social, e ainda promover os conteúdos dos museus como ferramentas educativas.

A educação ambiental é um tema que ainda não está rotineiramente inserido no ambiente de crianças e adolescentes, e mesmo nas escolas quando presente está relegado a temas como lixo, reciclagem e consumo exagerado. A recente crise hídrica pela qual vem passando o país levou este assunto a ser discutido em sala de aula, porém muito mais na forma de disponibilidade do que de qualidade da água. A lei Federal 9795 de 1999 define educação ambiental como os “processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente”. Segundo esta mesma lei a educação ambiental deve estar presente em todos os níveis do processo educativo, em caráter formal e não formal e um dos objetivos fundamentais da educação ambiental é a garantia de democratização das informações ambientais.

Para Ferreira (2013) a educação ambiental quando praticada no ambiente escolar pode permitir a ocorrência de novos métodos de aprendizagens para a construção de uma cultura que favoreça a formação de atitudes ecológicas, em direção à responsabilidade ética e social. A verdadeira mudança educacional é um processo que exige um empenho por parte dos professores para superar as limitações que são impostas pela realidade profissional destes trabalhadores.

Este trabalho uniu dois temas, a divulgação da ciência e a educação ambiental utilizando como foco a qualidade da água. Insetos aquáticos são utilizados como bioindicadores da qualidade da água porque vivem toda ou parte de seu ciclo de vida dentro dos ambientes aquáticos, podem ser vistos sem auxilio de um microscópio, possuem um tempo de vida longo o suficiente para verificarem-se mudanças no ecossistema e possuem diferentes tolerâncias a contaminações (SPRINGER, 2010). Nos ambientes aquáticos os insetos são o grupo mais numeroso, sendo representados por besouros, libélulas, moscas, entre outros organismos.

O objetivo deste trabalho foi montar uma exposição de insetos aquáticos indicadores da qualidade da água para exibição no Museu do Instituto Biológico em São Paulo e assim criar uma atividade de educação ambiental e divulgar a ciência. O Museu do Instituto Biológico foi criado em 2004 e está no cadastro do Portal do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM, 2014) e desde 2010 abriga em seu interior a temática “Planeta Inseto” com o objetivo de divulgar de forma lúdica e interativa os diversos aspectos e a importância dos insetos para o ecossistema e o quanto estes estão presentes no cotidiano das pessoas. Possuí desde 2011 a certificação ISO 9001 para a divulgação científica e cultural em entomologia. É considerado o único zoológico de insetos do Brasil, cadastrado no IBAMA e Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (INSTITUTO BIOLÓGICO, 2015).

 

 

2. Material e Métodos

 

Trinta e seis insetos aquáticos coletados na Bacia Hidrográfica do  rio Jacaré Pepira Mirim em Brotas (SP) foram triados e identificados até o nível de família (Tabela 1), conservados em álcool 100% e caracterizados com placas de identificação (Figura 1). A exposição foi apresentada entre os dias 24 a 28 de março de 2014 para 178 estudantes de escolas da cidade de São Paulo com idades entre 3 a 8 anos e 47 professores da rede pública de ensino do interior do estado de São Paulo que visitaram o Museu do Instituto Biológico.

Um pôster ilustrativo foi confeccionado qualificando os insetos de acordo com a tolerância a contaminações: insetos de águas de qualidade excelente, boa, regular e ruim (Figura 2). A qualificação do nível de tolerância dos insetos foi adaptada da pontuação atribuída por Junqueira et al. (2000) a cada um dos organismos. Durante a apresentação da exposição os visitantes receberam explicações sobre a importância dos ecossistemas aquáticos para sobrevivência dos seres vivos, além de informações sobre o uso de insetos como indicadores da qualidade dos ecossistemas aquáticos. Foi explicado que todos os insetos podem viver em água de qualidade excelente e que nestas condições a diversidade das espécies é maior, e que a contaminação dos recursos hídricos leva ao desaparecimento de muitas espécies.

 

Tabela 1. Insetos aquáticos expostos no Museu do Instituto Biológico.

Ordem

Família

Coleoptera

Curculionidae,Dryopidae,Dytiscidae,Elmidae,Gyrinidae, Haliplidae,Hydraenidae,Hydrochidae,Hydrophlidae, Psephenidae, Scirtidae, Staphylinidae

Ephemeroptera

Baetidae, Leptophlebiidae

Diptera

Chironomidae, Culicidae, Simuliidae, Tipulidae

Hemiptera

Belostomatidae, Corixidae, Gerridae, Naucoridae, Nepidae, Veliidae

Megaloptera

Corydalidae

Odonata

Aeshnidae, Calopterygidae, Coenagrionidae, Gomphidae Libellulidae

Plecoptera

Gripopterygidae, Perlidae

Trichoptera

Calamoceratidae,Hydropsychidae, Leptoceridae, Odontoceridae

 

 

3. Resultados e Discussão

 

O público do Museu do Instituto Biológico são alunos da pré-escola, ensino fundamental e médio. No período da apresentação desse projeto, foram atendidos alunos da pré-escola e a abordagem de qualquer tema com alunos nesta fase se da de forma simplificada, visto que a utilização da lógica é mais complexa (NAAEE, 2010). A discussão sobre a exposição baseou-se principalmente sobre a quantidade de insetos que vivem nos rios, o papel destes organismos dentro dos ecossistemas aquáticos, porém com a utilização de termos compreensíveis para esta fase.

 

Figura 1. Exemplar exposto no museu

 

Os alunos, apesar da pouca idade, demonstraram um grande interesse no trabalho apresentado. Entretanto, foi observado que talvez uma exposição mais interativa com ilustrações e jogos com associações ou atividades diferentes manteria o interesse da criança por mais tempo e poderia ajudar na fixação de conceitos. Crianças nesta idade são ativas e questionadoras e é importante incentivar a consciência para questões ambientais já que, a maioria das atitudes é formada nas primeiras fases da vida e por isso a necessidade de introduzir a educação ambiental no dia a dia deste grupo (NAAEE, 2010). 

As atitudes e conexões com a natureza começam a se estabelecer na pré-escola e apesar de não ser possível introduzir temas complexos, o respeito pela natureza e seres vivos deve ser discutido. A palavra biodiversidade não foi utilizada no decorrer da explicação, entretanto frisou-se a importância de não jogarmos lixo no chão para que este lixo não vá parar nos rios e córregos e assim matar os diferentes organismos vivos que lá habitam. Além disso, falou-se um pouco sobre o papel que os insetos desempenham no planeta e da sua importância na cadeia alimentar.

Foi observado que não só os alunos tiveram dificuldades em estabelecer a importância dos insetos para os ecossistemas aquáticos, mas também os professores, uma vez que as questões levantadas no decorrer da exposição não foram completamente respondidas. O desconhecimento por parte dos alunos e professores reforça o distanciamento que há entre a ciência e a sociedade, além disso, pode ser atribuída ao conteúdo do currículo escolar que não prioriza o tema.

O Museu do Instituto Biológico não cobra ingresso dos visitantes, mesmo assim não houve visitação ao museu de escolas públicas no período da exposição.  O acesso à educação de qualidade deve ser garantido a todas as crianças e adolescentes em idade escolar, tanto no ensino privado quanto no público. A abordagem de questões referentes ao ambiente deve ser abordada no ensino básico tendo como objetivo estimular o interesse nestes estudantes por este tema a fim de desenvolver cidadãos conscientes.

A jornalista Miriam Duailibi (2006) no prefácio à edição brasileira do livro Alfabetização Ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável, diz que é importante refletirmos sobre a estreita relação entre exclusão social e degradação ambiental no contexto dos lugares onde as populações mais pobres vivem. É importante enfatizar que além dos mais pobres muitas vezes viverem em áreas degradadas e de risco, ainda existe a falta de acesso de crianças e adolescentes a uma educação de qualidade, agravando ainda mais o fator de exclusão social.

 

Figura 2. Pôster confeccionado para o museu com insetos bioindicadores da qualidade

 

O uso de insetos aquáticos na educação ambiental tem sido utilizado por outros pesquisadores em atividades formais e não formais de educação (SPRINGER, 2010; OLIVEIRA et. al., 2011). O tema é fácil de ser discutido já que todos convivem com os insetos rotineiramente. Oliveira e colaboradores (2011) em um trabalho com alunos de uma escola rural de Minas Gerais entre sete e treze anos observaram que os alunos foram capazes de identificar estes organismos até o nível de Ordem. Este tipo de programa é inserido mais facilmente em ambientes rurais do que em urbanos, já que a distância das cidades a rios e córregos de qualidade dificulta a aplicação deste tido de atividade.

A exposição do tema no Museu do Instituto Biológico teve como objetivo levar um pouco de conhecimento aos estudantes que vivem em área urbana da importância dos organismos aquáticos como indicadores da qualidade da água. A educação ambiental em espaço urbano ainda é um desafio para os educadores. Alunos da rede particular de ensino têm mais oportunidades de aprendizado, como foi possível observar neste trabalho. Não só a escola, mas também os meios de educação não formais exercem um importante papel na construção de valores ambientais, uma vez que muitos alunos não tem uma educação sobre o tema dentro de suas casas e muitas vezes o papel da escola é deficiente nesta questão.

A linguagem de apresentação para os professores foi diferente já que é possível falar sobre comunidades, populações e interações espaciais com este público. A exposição montada é mais adequada a um público a partir do ensino fundamental II, uma vez que estes têm noções de ecologia e classificam organismos vivos na disciplina de ciências. Os autores desconhecem a existência de treinamento dos professores especificamente para o tema educação ambiental. Sabe-se que as diferentes licenciaturas devem ter este tópico em seus currículos, visto que a educação ambiental é considerada um tema transdisciplinar. Entretanto observa-se que apesar do conhecimento básico ainda existe uma grande dificuldade em utilizar este tipo de atividade em atividades de educação ambiental.

Programas de educação ambiental como parte do treinamento dos professores pode facilitar a inclusão deste tema no ambiente escolar. A educação ambiental pode complementar a abordagem disciplinar obrigatória de várias disciplinas. Questões sobre a importância e extinção das espécies, regiões que mais perdem espécies, relação do aumento populacional com a degradação do ambiente podem envolver facilmente as disciplinas de ciências, geografia, matemática e artes.

A educação ambiental exige que o aluno seja um participante ativo do aprendizado (MARCATTO, 2002; DEREVENSKAIA, 2014; MINGAZOVA, 2014), já que “o objetivo da educação ambiental é desenvolver uma população que é consciente e preocupada com o ambiente e os problemas a ele associados e que tem o conhecimento, habilidades, atitudes, motivação e comprometimento para trabalhar individual e coletivamente para buscar soluções dos problemas atuais e prevenir novos problemas (UNESCO/PNUMA, 1975). Para este objetivo ser alcançado o primeiro passo é que toda população tenha acesso à informação.

A educação ambiental ainda é um tema novo em nossa sociedade, somente após a Convenção de Estocolmo em 1972 (ONU, 1972) o tema foi disseminado, principalmente para os educadores.  No Brasil, este processo foi ainda mais lento, já que somente após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992 no Rio de Janeiro é que a população não científica e não engajada nos movimentos populares começou a discutir sobre o assunto.

Mesmo países desenvolvidos como os Estados Unidos tiveram que criar estratégias para disseminação da educação ambiental (EPA, 2015). Em 2010 a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) criou uma parceria com a Universidade de Cornell com o objetivo de criar treinamentos em educação ambiental para os educadores dos Estados Unidos, Canadá e México, este tipo de parcerias são formadas desde 1992.

Espaços não formais de educação podem ser mais utilizados para atividades de popularização da ciência e educação ambiental. Museus e zoológicos, apesar de não serem espaços formais de educação são ambientes que muitas vezes por sua natureza proporcionam este tipo de atividade mesmo que não seja o objetivo principal de sua existência, e são ambientes que podem ser utilizados por educadores ambientais com o intuito de propagar a atividade. Segundo Hass (2006), professores estão tentando descobrir como educar crianças e adolescentes de maneiras mais criativas, entretanto isto já ocorre fora dos espaços formais de educação, nos programas de educação de parques e museus.

A exposição dos insetos aquáticos no museu do Instituto Biológico surgiu de uma dissertação de mestrado, cujo objetivo foi  avaliar a qualidade da água na Bacia do Rio Jacaré Pepira Mirim em Brotas, SP (SANTOS, 2015). A exposição foi montada com macroinvertebrados aquáticos coletados nesta bacia. A partir dos resultados foi possível montar uma exposição de insetos para uma população não cientifica de modo a discutir a importância destes organismos como indicadores da qualidade da água. O programa foi utilizado não só para criar cidadãos ambientalmente conscientes, mas também para tirar a ciência do laboratório e levar até o cidadão. Muitas dissertações de mestrado e teses de doutorado também poderiam chegar à população de uma forma menos cientifica e mais acessível, e espaços não formais como museus poderiam ser usados para estas atividades.

Programas de educação ambiental em espaços não formais são difíceis de serem medidos, uma vez que a transmissão do conteúdo aos visitantes é feita de forma pontual não havendo um convívio continuo semelhante ao dia a dia escolar. Esta situação impossibilita uma avaliação por parte dos autores da eficácia do conteúdo aplicado neste programa entretanto, não minimiza a importância do emprego deste tipo de iniciativa.

A ciência e a tecnologia, como qualquer outra produção cultural, é patrimônio da humanidade (GERMANO E KULESZA, 2007), logo todos devem ter acesso garantido. A educação ambiental é tema obrigatório no currículo escolar dos brasileiros (BRASIL, 1999). A temática deste trabalho permitiu que fosse possível unir duas atividades em conjunto, divulgação da ciência e educação ambiental, mas ainda é necessário avançarmos muito nesta questão para que a ciência seja popularizada, tornando-se acessível a toda a sociedade.

A educação ambiental não vai apagar  o prejuízo de anos de práticas abusivas causadas ao meio ambiente, entretanto ela pode servir para criar cidadãos mais conscientes e por isso exige o comprometimento de todos, para que assim as crianças e jovens de hoje possam ter no futuro um planeta menos degradado.  O ambiente escolar é muito importante neste processo, mas enquanto as escolas não forem capazes de transmitir o conhecimento igualmente a todos os alunos, e os museus forem frequentados somente por uma parcela da população não poderemos dizer que a ciência está sendo popularizada.

 

 

4. CONCLUSÕES

Espaços não formais de educação como museus podem ser facilmente utilizados para programas de educação ambiental e divulgação da ciência. Estes espaços podem servir de ferramenta para o ensino levando aos estudantes questões importantes relacionadas ao meio em que vivem, além de proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecer a área científica.

 

 

5. AGRADECIMENTOS

 

Os autores agradecem ao Museu do Instituto Biológico de São Paulo por ter permitido a exposição. Ao CNPq Pc 406304/2013-0 pelo financiamento do projeto e a Agência Internacional de Energia Atômica Projeto RLA 7019  pelos treinamentos em biomonitoramento.

 

 

6. REFERÊNCIAS

 

BRASIL. LEI No 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, DF, 27 abr. 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 03 Mai. 2015.

 

DEREVENSKAIA, O. Active Learning Methods In Environmental Education Of Students, 2014. Procedia Social and Behavioral Sciences, 131, p.101-104, 2014.

 

DUAILIBI, M. Prefácio à Edição Brasileira. In STONE, M. K.; BARLOW Z. (org) Alfabetização Ecológica – A educação das crianças para um mundo sustentável. 1º Ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2006, p.17-22.

 

EPA - Environmental Protection Agency of United States. National Environmental Education Training Program. Disponível em: http://www2.epa.gov/education/national-environmental-education-training-program. Acesso em: 03 Mai. 2015.

 

FERREIRA, C. E. A. O meio ambiente na prática de escolas públicas da rede estadual de São Paulo: intenções e possibilidades. Ambiente & Educação, São Paulo, v. 18, n.1, p.185-209, 2013.

 

GERMANO, M.G.; KULESZA, W.A. Popularização da ciência: uma revisão Conceitual. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 24, n. 1, p. 7-25, 2007.

 

HASS R. Aprendendo a conhecer uma bacia fluvial. In STONE, M. K.; BARLOW Z. (org) Alfabetização Ecológica – A educação das crianças para um mundo sustentável. 1º Ed. São Paulo: Editora Cultrix; 2006, p. 139-142.

 

IBRAM- Portal do Instituto Brasileiro de Museus. Disponível em: http://www.museus.gov.br/. Acesso em: 22 Abr. 2014.

 

INSTITUTO BIOLÓGICO. Museu do Instituto Biológico.  Disponível em: http://www.biologico.sp.gov.br/museu.php. Acesso em: 03 Mai. 2015.

 

JUNQUEIRA, M.V.; AMARANTE, M.C.; DIAS, C.F.S.; FRANÇA, E.S. Biomonitoramento da qualidade das águas da Bacia do Alto Rio das Velhas (MG/Brasil) através de macroinvertebrados. Acta Limnologica Brasiliensia, 12:73-87, 2000.

 

MARCATTO,C. Educação Ambiental: conceitos e princípios. 1º Ed. Belo Horizonte: FEAM; 2002, 64p.

 

MINGAZOVA, N.M. Modification of the active learning methods in environmental education in Russian Universities. Procedia Social and Behavioral Sciences, 131, p.85-89, 2014.

 

NAAEE- North American Association for Environmental Education.  Early childhood environmental education programs: Guidelines for excellence, 2010, 70p. Disponível em: http://resources.spaces3.com/c518d93d-d91c-4358-ae5e-b09d493af3f4.pdf. Acesso em: 02 Mai. 2015.

 

OLIVEIRA, L. H. M.; ANDRADE, M. Â.; PAPROCKI, H. Biomonitoramento participativo, com insetos aquáticos como bioindicadores de qualidade da água, realizado com alunos da escola Municipal José Pedro Gonçalves, comunidade do Parauninha, Conceição do Mato Dentro, MG. Ambiente & Educação, vol. 16 (2), 2011.

 

ONU- Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente humano: Estocolmo 5-16 de junho, 1972.  Declaração de Estocolmo sobre o ambiente humano. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Meio-Ambiente/declaracao-de-estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html.  Acesso em: 01 Jun. 2015.

 

Plano Nacional Setorial de Museus 2010/20120. Brasília DF, 2010, 135 p. Disponível em: http://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/PSNM-Versao-Web.pdf. Acesso em: 06 Jan. 2015.

 

SANTOS, C.A. Diagnóstico participativo da qualidade da água em área de produção de cana-de-açúcar em Brotas (SP) por meio de parâmetros físicos, químicos e biológicos. 2015. Dissertação (Mestrado em Sanidade e Segurança Alimentar no Agronegócio) – Instituto Biológico, São Paulo, 2015.

 

SPRINGER, M. Biomonitoreo acuático. Cap. 3. In: SPRINGER, M.; RAMÍREZ, A.; HANSON. Macroinvertebrados de Agua Dulce de Costa Rica I. Revista de Biología Tropical, Universidade de Costa Rica, v. 58, Supl. 4, p. 53-59, 2010.

 

UNESCO/PNUMA. Documento sobre el estado actual de la educación ambiental. Seminário Internacional de Educación Ambiental: Belgrado, Yuguslávia, 13-22 de outubro, 1975. Disponível em:

http://unesdoc.unesco.org/images/0001/000162/016217SB.pdf.   Acesso em: 03 Jun. 2015.

Ilustrações: Silvana Santos