Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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03/06/2016 (Nº 56) MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE TRÊS ESCOLAS NA CIDADE DE MANAUS.
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MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE TRÊS ESCOLAS NA CIDADE DE MANAUS

Simone Almeida de Oliveira 1,Amanda Karen Silva de Souza 2, Daniel Brito Porto 2

1 Bióloga, Fundação de Vigilância Sanitária - FVS

2Biólogos e alunos de Pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

 

RESUMO

Este trabalho teve como objetivoconhecer as concepções que os alunos do terceiro ano de três escolas públicas na cidade de Manaus têm sobre mudanças climáticas. Para tanto, foi utilizado como instrumento de pesquisa a aplicação de questionário com questões de múltipla escolha e, posteriormente análise dos dados coletados. Participaram da pesquisa 60 alunos, 24 estudantes do sexo masculino e 36 do sexo feminino.A faixa etária dos estudantes estava entre 16 a 19 anos no momento da pesquisa. Também houve estudantes que optaram por não informar a idade, tendo em vista não ser item obrigatório no questionário. Os dados obtidos e analisados por este estudo demonstram que os alunos apresentam ideias confusas e atribuem conceitos errôneos sobre as mudanças climáticas. Os alunos que participaram desta pesquisa mostraram por meio das respostas do questionário não entender como acontece o fenômeno do efeito estufa e quais os gases envolvidos no processo de mudanças climáticas.

Palavras – chave: Estudantes, Terceiro ano, Mudanças Climáticas.

 

ABSTRACT

This study aimed to identify the concepts that the third-year students from three public schools in the city of Manaus have on climate change. Thus, it was used as a research tool to a questionnaire with multiple choice questions and then analysis of the collected data. The participants were 60 students, 24 male students and 36 female. The age range of students was between 16-19 years at the time of the survey. There were also students who chose not to tell the age, in order not mandatory item in the questionnaire. The data obtained and analyzed by this study show that students have confused ideas and give misconceptions about climate change. Students who participated in this research showed through the answers of the questionnaire as it does not understand the phenomenon of global warming and what the gases involved in the climate change process.

Key - words: Students, Third Year, Climate Change.

 


INTRODUÇÃO

No atual cenário de discussões sobre as mudanças climáticas, a sociedade tem sido massificada por inúmeras informações intermediadas por reportagens, documentários, relatórios e pesquisas sobre o tema em questão, mas a grande maioria não apresenta de maneira clara os conteúdos que envolvem a problemática ambiental das mudanças do clima. Se por um lado, existe a necessidade de contextualização das informações divulgadas, por outro, os estudantes carecem de uma formação que os habilitem compreender a magnitude das informações que são lançadas a respeito das mudanças climáticas.

A preocupação com as mudanças do clima fazem parte do cotidiano de pesquisadores, políticos, professores e de toda sociedade, sendo considerado um grande problema ambiental com magnitude expansiva para diversos segmentos da sociedade. Contudo, existem professores com dificuldades em abordar questões relativas às mudanças climáticas na sala de aula e alunos confusos diante de muitas informações que são veiculadas pela mídia, jornais, internet e livros didáticos, isso interfere na formação critica e no desenvolvimento da interpretação dos conhecimentos científicos dos alunos.

Considerando que a temática que envolve o processo das mudanças climáticas é tratado durante o terceiro ano do ensino médio, tornou-se indispensável conhecer as concepções que os alunos têm sobre mudanças climáticas. Para tanto, foi utilizado como instrumento de pesquisa a aplicação de questionário objetivo visando verificar qual aideiaque os alunos têm sobre mudanças climáticas, se existe diferença de concepção dos alunos de três escolas de ensino médio da rede pública da cidade de Manaus.

Neste panorama de discussões sobre as mudanças climáticas, inúmeras reportagens, relatórios e pesquisas sobre a temática são lançados pela mídia, mas a grande maioria não apresenta de maneira clara e acessível às possíveis causas e soluções para as transformações ou impactos que a sociedade enfrenta ou pode vir a enfrentar com as mudanças do clima. Se por um lado, há uma falta de contextualização das informações divulgadas, por outro, os alunos e a população em geral carecem de uma formação que os habilitem a compreender as complexas informações sobre a temática das mudanças climáticas (LIBANORE et al 2009).

Muitas vezes, são veiculadas informações que ressaltam aspectos catastróficos relacionados ao aquecimento global, dando ênfase ao caráter insolúvel do problema, Outras fontes preferem enfocar o papel negativo do ser humano (VIEIRA, 2007). Segundo MUNIZ (2010) pelo fato de o aquecimento global estar tão inserido na mídia, ele se torna um tema bastante tratado também na escola.

Conforme KRASILCHICK (2005) há no Brasil uma preocupação por parte da educação em formar o estudante-trabalhador-cidadão que necessita estar em constante aprimoramento, para dar conta da massa de informações cientificas que está ao seu alcance, e efetivamente, compreender e atuar sobre a realidade em que vive numa perspectiva do exercício pleno da cidadania.

De acordo com os princípios e objetivos da Educação contidos na Lei 9.394, de 20/12/1996 (LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que, em seu Artigo 35, assevera que o Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, tem como finalidade o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e desenvolvimento da autonomia intelectual do pensamento crítico e a compreensão dos fundamentos científico-tecnologicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática no ensino de cada disciplina. Assim os educandos do ensino médio devem ser preparados para o desenvolvimento de sua formação crítica e cidadã.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa foi realizada em três Escolas da Rede Estadual de Ensino. A primeira escola fica localizada na zona Sul de Manaus bairro centro, atende um público de vários locais da cidade e funciona nos três turnos, a segunda escola localizada no Bairro Educandos zona Centro Sul funciona nos três turnos e a terceira escola fica localizada na zona leste de Manaus. A pesquisa deu-se no período de fevereiro a abril de 2011.

Para o desenvolvimento da pesquisa foi realizado levantamento bibliográfico nos livros, revistas científicas, publicações e sites o que possibilitou a elaboração e estruturação do questionário composto por dez perguntas abrangendo as definições sobre aquecimento global, efeito estufa, função da floresta na manutenção do clima e quais os principais gases que causam o aumento da temperatura.

A investigação deu-se por meio de aplicação de questionário de múltipla escolha em três turmas do terceiro ano, sendo uma turma de cada escola. Os alunos não receberam nenhuma intervenção, a investigação possibilitou analisar o conhecimento dos alunos adquiridos no âmbito da sala de aula, no dia-a-dia por meio da mídia, internet e outras fontes de informação.

Para facilitar a identificação das escolas denominou-se de Escola A, B e C. A Escola A situada no Centro de Manaus atende nos três turnos, a turma escolhida para a aplicação do questionário foi a noturna do 3º ano totalizando 22 alunos, a escola B situada no Bairro Educandos foi aplicado o questionário com 18 alunos do 3º ano e a Escola C situada no bairro Nova Cidadefoi aplicado com turma de tempo integral totalizando 20 alunos. No geral,  60 alunos participaram desta pesquisa.

De acordo com a natureza desse trabalho e características a pesquisa pode ser classificada como quantitativa.

A primeira razão para se conduzir uma Pesquisa Quantitativa é descobrir quantas pessoas de uma determinada população compartilham uma característica ou um grupo de características. Ela é especialmente projetada para gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística. Uma análise quantitativa apresenta os dados em percentuais.

Para analisar a concepção dos alunos em relação às mudanças climáticas foi utilizado o pacote estatístico Bioestat 5.0 (AYRES,2007).

Um dos testes mais freqüentes em bioestatística consiste na avaliação da diferença entre duas amostras independentes, que devem representar as respectivas populações, em que os dados de uma não estão relacionados com os escores de outra. Desta forma, o teste t e o Anova possibilitaram o tratamento estatístico dos dados (AYRES,2007).

Segundo AYRES (2007) o teste t de student é um teste de largo uso, sobretudo quando o tamanho das amostras é igual ou inferior a 30 unidades e as variações paramétricas são desconhecidas. Os dados devem ser mensurados a nível intervalar ou de razões e as amostras podem ser de igual tamanho ou desiguais.

O teste Anova tem as mesmas características do teste t de student para amostras pareadas, mas ao invés de utilizar a média das diferenças entre os pares, emprega a análise da variância entre os blocos (AYRES,2007).

 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Participaram da pesquisa 60 alunos formandos do 3ª ano do ensino médio de três Escolas da Rede Estadual de Manaus. Dentre os estudantes pesquisados 22 eram da Escola A, sendo 9 do sexo masculino e 13 do sexo feminino, 18 alunos eram da Escola B, sendo 8 do sexo masculino e 10 do sexo feminino e 20 alunos eram da Escola C, sendo 7 do sexo masculino e 13 do sexo feminino . Totalizando 24 estudantes do sexo masculino e 36 do sexo feminino (Tabela 1).


Tabela 1: Determinação do Sexo dos alunos do 3º ano das três escolas

Escola A

Escola B

Escola C

 

Total

Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

Masculino

Feminino

9

13

8

10

7

13

24

36

 Fonte: Oliveira, 2011.


 

Quanto ao sexo observou-se que 40% eram masculinos e 60% do sexo feminino.

A faixa etária dos estudantes que responderam estava entre 16 a 19 anos no momento da pesquisa (conforme tabela 2). Também houve estudantes que optaram por não informar a idade, tendo em vista não ser item obrigatório do questionário.


 

Tabela 2: Faixa etária dos estudantes pesquisados


 


Escola A

Escola B

Escola C

Idade

Quantidade de alunos

Quantidade de alunos

Quantidade de alunos

16 anos

1

3

3

17 anos

3

6

4

18 anos

8

2

8

19 anos

4

0

2

não responderam

6

7

3

TOTAL:

22

18

20


Fonte: Oliveira, 2011.


 

Observou-se que apesar das três turmas pesquisadas serem de turnos diferentes, a faixa etária apresentou pouca variância (gráfico 2), sendo maior a diferença nos alunos de 16 anos da Escola A dos estudantes do turno noturno que teve apenas 1 (um) aluno presente em relação a Escola B e C que tiveram 3 (três) alunos respectivamente. Quanto aos alunos de 17 anos prevaleceu a maioria sendo da Escola B do turno vespertino, enquanto os alunos de 18 e 19 anos estavam na sua maioria na Escola A e C.

 

 

 

 

 

 

Gráfico 2: Faixa etária dos estudantes.

Fonte: Oliveira, 2011.

 

Segundo a concepção dos estudantes sobre a definição do aquecimento global 52% entendem que se trata de um fenômeno climático de grande proporção que provoca o aumento da temperatura da superfície terrestre, enquanto os 48% dos outros estudantes não souberam definir com exatidão o que é o aquecimento global.

Outros trabalhos relacionados como de LIBANORE (2009) com alunos de 8 º série do ensino fundamental que demonstraram por meio de suas respostas confundirem os conceitos de efeito estufa e aquecimento global de acordo com o trecho abaixo:

Conforme FEARSINDE (2002) o aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão um aumento da temperatura média superficial global.

Quanto à definição sobre mudanças climáticas 80% dos alunos mostraram entender que consiste de uma alteração nas condições do clima da terra, enquanto os outros 20% não souberam responder corretamente, demonstrando desconhecer o conceito de mudanças climáticas.

Em relação aos gases causadores do efeito estufa os alunos demonstraram ter dificuldades na identificação destes, sendo que 20% souberam responder enquanto 80% dos estudantes não conseguiram identificar com exatidão quais os gases que contribuem para o fenômeno do efeito estufa.

Conforme NOBRE et al (2007) as atividades humanas e seu modo de vida têm produzido alterações que refletem no equilíbrio global do planeta e têm contribuído enormemente para o aumento das concentrações de gás carbônico (CO2) na atmosfera. O desmatamento emite gás carbônico (CO2) e outros gases de efeito estufa. Uma parte do CO2 é reabsorvido depois através do recrescimento de florestas secundárias nas áreas desmatadas, mas os outros gases de efeito estufa, tais como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), não são.

Oitenta e oito por cento (88%) dos estudantes não conseguiram relacionar o papel da floresta em relação ao clima, uma vez que muitos pensam que a floresta com sua vegetação são responsáveis somente por captar gás carbônico e liberar oxigênio através do processo denominado fotossíntese e que a floresta não exerce influência na manutenção do clima.

Assim sendo o extermínio das florestas para MACÊDO (2002) afeta diretamente o clima da terra, pois são elas que regulam a temperatura e os regimes de vento e de chuva. A redução da camada vegetal e a diminuição da chuva contribuem para o aquecimento da atmosfera terrestre, aumentando o efeito estufa.

Considerando as emissões de gases de efeito estufa 70% dos alunos tiveram a concepção correta que a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento são atividades que emitem grande parte destes gases.

De acordo com o trabalho de MAFRA (2005), muitos gases são gerados pela atividade humana através da queima de combustíveis fósseis. O CO2 tem sua vida muito longa na atmosfera o que é a causa direta ou indireta de cerca de 80% de todo o aquecimento global.

Para FEARSINDE (2002) uma parte significativa dasquantidades de gases de efeito estufa liberadas pelo desmatamento são tanto em termos do impacto presente quanto do potencial para contribuição a longo prazo com a continuação do desmatamento da vasta área de florestas restante no Brasil.

Sessenta e três por cento (63%) dos alunos identificaram corretamente algumas consequências das alterações climáticas presentes na questão, em contraste os 37% dos estudantes não obtiveram êxito na questão.

Para FEARSINDE (2002) muitas alterações regionais, principalmente a elevação da temperatura, já têm efeitos sobre sistema físicos e biológicos. Assim;

Sabe-se que na Amazônia em 2005 um aquecimento fora do normal nas águas do Atlântico Norte turbinou furacões em 2005 e causou uma seca, deixando comunidades sem água e sem comida. A navegação foi suspensa em diversas áreas. Houve um aumento de 300% nas queimadas no mês de setembro. As chuvas só retornaram em outubro. Meses depois, a Amazônia foi exposta a outro extremo. Chuvas muito intensas no começo de 2006 provocaram uma forte enchente que invadiu as casas de milhares de ribeirinhos. Moradores mais antigos afirmam que nunca tinham visto uma seca tão grande seguida de um dilúvio.

As mudanças climáticas já ameaçam o regime dos rios amazônicos, que sobem na época da cheia e descem na época seca. Há um círculo vicioso na região. Desmatamentos e queimadas geram das emissões de gases de efeito estufa do Brasil e nos colocam na triste posição de quarto maior poluidor mundial, lançando entre 200 e 300 milhões de toneladas de carbono na atmosfera por ano. Isto intensifica o aquecimento global, que torna o clima mais seco na Amazônia. A floresta fica mais vulnerável ao fogo e à destruição. O ciclo destrutivo se intensifica.

Somente 38% dos estudantes souberam definir o que é o efeito estufa, em contrapartida 68% não conseguiram, este baixo índice pode estar relacionado à ausência de conhecimento sobre o efeito estufa ser um fenômeno natural, porém, acelerado pela ação antrópica, ou uma concepção errônea adquirida ao longo dos anos por meio de fontes de informações que tratam a temática de forma simplicista. Como mostra o trabalho abaixo.

LIBANORE (2009) em sua pesquisa com alunos de 8º série do ensino fundamental, mostrou que muitos dos estudantes foram categóricos ao afirmarem que efeito estufa e aquecimento global são sinônimos, alguns alunos afirmaram com grande convicção que o efeito estufa causa câncer de pele nos seres humanos, demonstrando a concepção de que o efeito é provocado pelos raios ultravioletas do sol. Conforme trecho abaixo:

Segundo MANO (2005) o efeito estufa é o mecanismo de aquecimento natural do planeta, com elevação da temperatura da atmosfera, no qual os gases de efeito estufa agem como isolantes, porque absorvem uma parte da energia irradiada pela terra. Então as moléculas desses gases, agora mais rica em energia, re-irradiam em todas as direções. Uma parte retorna para a terra novamente, sendo o efeito final a retenção parcial da energia pela atmosfera.  Na ausência dessa ação isolante, a terra iria se resfriar muito.

Para SOARES et al (2006) o efeito estufa decorre da presença de determinados gases na atmosfera que retêm o calor em torno do globo regulando a temperatura.

Oitenta e sete por cento (87%) dos alunos não souberam identificar como agem os gases de efeito estufa, ou seja, não conseguiram explicar o processo do efeito estufa causado pela emissão de gases que ocorre na atmosfera terrestre. Somente 13% dos estudantes apresentaram conhecer como funciona este processo.

Setenta e três por cento (73%) dos alunos demonstraram desconhecer a existência de medidas adotadas pelo Governo para combater as mudanças climáticas. Em contrapartida, a falta de conhecimento sobre as medidas adotadas pelo Governo o mesmo percentual de alunos (73%) sabem quais as formas que a humanidade pode contribuir para diminuir os efeitos causados pelas mudanças climáticas.

A relação das respostas obtidas dos estudantes por meio do questionário pode ser encontrada na tabela 3.

Assim sendo, com auxílio do programa estatístico Bioestat 5.0 foi possível, por meio das hipóteses de que os alunos do 3º ano do ensino médio têm a mesma concepção sobre às mudanças climáticas, ou se existe diferentes concepções em relação ao tema proposto, ficou evidente que não existe diferença significativa entre as três turmas analisadas de  escolas distintas da rede estadual de ensino (t= 06216; p=0,5455).

Para os alunos da mesma classe observou-se haver significativa diferença em relação a concepção. Para os estudantes da Escola A (t= -1,7379; p= 0,0496), o mesmo aconteceu com os alunos da escola B (t=-1,8544; p=0,0400), não sendo observado na escola C que constatou-se não haver contradições quanto a concepção sobre as mudanças climáticas (t=9879; p= 1681).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados obtidos e analisados por este estudo demonstram que os alunos apresentam ideias confusas e atribuem conceitos errôneos sobre as mudanças climáticas. Os alunos que participaram desta pesquisa mostraram por meio das respostas do questionário não entender como acontece o fenômeno do efeito estufa e quais os gases envolvidos no processo de mudanças climáticas.

As dificuldades apresentadas pelos estudantes em suas respostas podem estar relacionadas em parte pela fragilidade com que o tema é tratado em sala de aula, por sua vez, a escola pode não está exercendo com sucesso a sua função de formar uma cultura cientifica adequada, capaz de transformar a mentalidade crítica dos seus alunos.

Os alunos que participaram desta pesquisa contribuíram significativamente no sentido de atribuir a necessidade de repensar novas metodologias didáticas na prática de ensino e nas atividades escolares que possam somar na aprendizagem dos alunos. Isto reflete a necessidade de investir esforços para que os temas transversais sejam tratados de forma eficaz na sala de aula, e que seja realizado por um processo permanente e continuo no ambiente escolar e nas práticas desenvolvidas pela sociedade, uma vez que as informações veiculadas pelo meio científico, pela própria escola, e pelos meios de comunicação como internet e jornais têm sido inadequadamente interpretados.

Esse quadro descrito mostra a necessidade urgente de repensar as práticas de ensino e de adotar novas metodologias na sala de aula, procurando construir uma formação cientifica nos alunos, preparando-os para o desenvolvimento crítico e cidadão para a interpretação adequada dos processos que envolvem as mudanças climáticas e posteriormente outros fenômenos relacionados.

É preciso considerar que somente com investimentos na educação científica, formando cidadãos preparados em atuar, viver e participar deste novo século, cujos dilemas e problemas ambientais estão cada vez mais presentes é que alunos, professores e a sociedade poderão obter padrões dignos de existência.

REFERÊNCIAS

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Ilustrações: Silvana Santos