Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
03/06/2016 (Nº 56) PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO MÉDIO
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2355 
  

PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO MÉDIO

Gleydson Luiz Alves da Silva1

RESUMO

O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo diagnosticar a relação entre a Educação Ambiental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio. Drº Antônio Batista Santiago, no município de Itabaiana/PB. Na instituição de ensino foram entrevistados 3 alunos destaque do Projeto Escolar “Agente Sociais do Meio Ambiente” do 3º ano do Ensino Médio, para obter informações sobre de que forma é tratado o tema Educação Ambiental na sala de aula. Ainda, de fato, tratou-se de estudo exploratório descritivo com a abordagem qualitativa, através de aplicação de instrumento de pesquisa objetivo com questões objetivas e subjetivas referente ao estudo do tema abordado. A partir da análise final, na busca de resultados atributivos, tem-se por base a demonstração a forma de como os alunos entrevistados do 3º ano estão preocupados com o meio ambiente, e que o tema Educação Ambiental necessita ser trabalhado de forma interdisciplinar e contínua na sala de aula e principalmente na escola em geral.

Palavras - chave: Educação Ambiental, Ensino Médio,  Aluno,  Escola.

 

ABSTRACT

This research study aims to diagnose the relationship between Environmental Education at the State School of Basic and Secondary Education. Drº Antonio Batista Santiago, in the municipality of Itabaiana / PB. The educational institution were interviewed three prominent students of the School Project "Social Agent Environment" for the 3rd year of high school, for information on how it is treated the theme environmental education in the classroom. Yet, in fact, this was a descriptive exploratory study with qualitative approach, through objective research tool application with objective and subjective questions regarding the study of the topic discussed. From the final analysis, the search for attributive results, it has been based on demonstrating the way how the students interviewed the 3rd year are concerned about the environment, and the environmental education issue needs to be worked interdisciplinary and continuously in the classroom and especially at school in general.


Key - words: Environmental Education, School, Student, School.

 

 

 

 

___________________________

¹ Especialista em Educação e Gestão Ambiental pela FACISA - PB. Contato: 083 99106-3730 E-mail: xgleydson@hotmail.com

INTRODUÇÃO

 

A Educação Ambiental é um processo de formação e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental (DIAS, 2004, p. 14). O meio ambiente não é apenas o espaço em que vivemos, mas sim o espaço do qual vivemos (PRIMAVESI, 1997, p. 11).

Com isso, a Educação Ambiental é apresentado como tema transversal dentro do contexto educacional, apresentando ao homem como um mecanismo e ferramenta para sensibilizar e conscientizar a sociedade a forma de encarar o papel do ser humano no mundo.Na medida em que parte de reflexões mais aprofundadas, a educação ambiental é considerada como um modelo reflexivo que perpassa os caminhos para que o homem transformar o seu contexto ambiental na qual está inserido.

Na busca de soluções que alteram ou subvertem a ordem vigente, propõe novos modelos e organizações socioeducacionais de relacionamento mais harmônicos com o meio ambiente, novos paradigmas e novos valores éticos. Com uma visão holística e sistêmica, adota posturas de integração e participação, onde cada indivíduo é estimulado a exercitar plenamente sua cidadania.

A Educação Ambiental aparece como um despertar de uma nova consciência solidária a um todo maior. É com a visão global e com um desejo de colaborar para um mundo melhor, que se pode propor um agir local.

Para Reigota (1995), já é senso comum que a “educação ambiental é uma educação política que visa à cidadania, num exercício permanente na busca e prática de uma educação que contribua na construção de possibilidade dialógica de alternativas sociais e ecológicas.”

A escola é o local dentre outros que alcançamos estes objetivos, no espaço oferecido para que os alunos possam expor suas idéias na construção de uma nova ideologia comportamental.

Nesta perspectiva ambiental, dar-se a importância de integrar conhecimentos, valores e capacidades que podem levar a comportamentos condizentes com este novo pensar. Em um mundo mais ético, todas as espécies têm direito à vida e as relações humanas são mais justas. Considerando esses aspectos citados anteriormente objetivou-se com o presente estudo, contribuir para a produção de conhecimentos comprometidos com a melhoria da qualidade de vida e conservação dos recursos naturais do município de Itabaiana/PB.

Em suma, a proposta apresentada nesta pesquisa visa realizar e analisar um diagnóstico sobre a educação ambiental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio.  Drº Antônio Batista Santiago, especificamente com alunos destaques do Projeto Educacional “Agentes Sociais da Educação Ambiental” do 3º ano do Ensino Médio da referida escola, no intuito de colaborar com os pesquisadores, a sociedade e bem como os profissionais da educação a buscar mecanismos relevantes a trabalharem de forma prática (sensibilização e conscientização), preponderante esta temática no meio socioeducacional.

A educação ambiental constitui-se de “ações conscientizadoras num processo de vinculação do homem à natureza, que a civilização moderna vem negando, podendo isto inviabilizar sua própria sobrevivência (REIGOTA, 1995, p. 20)

 

MÉTODOS

 

Para alcançar as metas propostas deste trabalho de pesquisa, foi realizada uma entrevista, com foco característico aos métodos qualitativos acerca da análise sobre a relação harmônica entre a educação ambiental e a prática escolar dentro do contexto escolar. Neste sentido, participaram da entrevista 3 alunos destaques do Projeto Educacional “Agentes Sociais da Educação Ambiental”, onde o roteiro continham 6 perguntas referente ao tema abordado dentro do espaço escolar.

A escola idealizadora do projeto “Agentes Sociais da Educação Ambiental” nomeada como Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio. Drº Antônio Batista Santiago, está localizado na cidade de Itabaiana, na rua Alto Professor Maciel S/N, no centro de Itabaiana/PB. A escola destaca-se por estar bem situada no alto e a mesma é vista em destaque desde a PB 054 ao encontro PB 408 e cortada de fronte pela PB 032, a urbanização ainda está em andamento, pois não existe infra-estrutura (calçamento), possui iluminação pública e coleta de lixo. A mesma pertence à Rede de Ensino Pública Estadual sendo gerenciada pela 12º Região de Ensino.

Atualmente a escola é composta de Ensino Fundamental e Médio; atendendo a uma quantidade de aproximadamente de 1.200 alunos, abrangendo os três turnos. Estes oriundos da zona urbana e rural, das escolas estaduais, municipais e articulares, como também do ensino Supletivos e Jovens e Adultos. Atendendo também alunos de municípios vizinhos.

Os espaços existentes na escola são suficientes para atender à necessidade da escola, a qual possui laboratórios de Biologia, Matemática, Química, Informática, Vídeo, Ginásio Esportivo.

O projeto educacional “Agentes Sociais da Educação Ambiental” é uma ação pedagógica que visa oportunizar o aluno a ser multiplicador de ações da educação ambiental em todos os campos e espaços da escola, ou seja, em todas as salas de aula nos diversos níveis e modalidades de ensino. Os agentes tem a reponsabilidade de acompanhar todas ações pedagógicas realizadas na escola como palestras, oficinas, realização de plantio de mudas, ações que promovam sustentabilidade ambiental.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Foram entrevistados 3 estudantes multiplicadores do projeto educacional “Agentes Sociais da Educação Ambiental” da escola pesquisada. Os três participantes são estudantes do 3º ano do Ensino Médio, onde os mesmos participaram de cursos de formação continuada ofertados pela Secretaria de Educação do Estado.

Mediante o roteiro da entrevista, os participantes foram cumprimentados e iniciou-se com a seguinte pergunta: Em linhas gerais, qual a reflexão sobre como é tratada a Educação Ambiental nas escolas?  

ALUNO A: Ainda de forma muito passiva. Muito falta muito para ser feito dentro das escolas, as leis deram os seus primeiros passos, ainda faltam a comunidade obter um olhar mais específico para a Educação Ambiental.

ALUNO B: As escolas carecem de projetos educativos de Educação Ambiental para que, a comunidade escolar possa sensibilizar e conscientizar a respeito desta temática com mais ênfase.

ALUNO C: Mais atenção especial para esta temática que apresenta grande relevância em nossa sociedade atual, com isso, está um pouco esquecida.

Perguntou-se aos entrevistados: Qual a importância e a relevância da educação Ambiental para a comunidade escolar?  

ALUNO A: Ela visa um novo olhar para a comunidade, ela representa um caminho para alcançarmos as metas dos novos paradigmas sociais referente ao meio ambiente, objetivando garantir um ambiente saudável para todos.

ALUNO B: Uma tomada de atitude com mais responsabilidade, garantindo um ambiente adequado para a comunidade e com efeitos visíveis de educação, já que, a educação ambiental implica mudanças de paradigmas.

ALUNO C: Um ambiente ecologicamente equilibrado e importante para a saúde de todos os indivíduos.

Seguindo o roteiro da entrevista, perguntou-se aos entrevistados: No decorrer dos estudos no Ensino Médio (1º e 2º ano) você já estudou educação ambiental durante o decorrer desses dois anos letivos?  

ALUNO A: Não. Durante os dois anos iniciais do ensino médio não, somente no 3º ano iniciou-se na escola o projeto “Agentes Sociais do Meio Ambiente” que tive a oportunidade de conhecer de fato o que é a educação ambiental.

ALUNO B: Não. Esperava-se dentro da disciplina de biologia tratar assuntos pertinentes a esta temática. Somente agora participando deste projeto educacional do meio ambiente pude conhecer e refletir sobre a maravilha que é estudar e compartilhar educação ambiental na escola.

ALUNO C: Estudar na íntegra não, mas, ouvia-se parcialmente em outros meios de informações, porém, agora no 3º ano do ensino médio pude conhecer de verdade assuntos relevantes a educação ambiental.

Ainda se perguntou às participantes da entrevista: Que reflexos o projeto “Agentes Sociais do Meio Ambiente” tem apresentado para a sua vida e para a escola?  

ALUNO A: O projeto que refletido na mudança de atitudes em minha vida, tem mostrado como tratar a educação ambiental na escola, pois, agir localmente é gerar mudanças e refletir nas futuras gerações.

ALUNO B: O projeto tem tratado cada um de nós como protagonistas de mudanças de atitudes que a escola e os alunos principalmente devem adotas novas posturas para que possam gerar reflexos na comunidade.

ALUNO C: Refletir que, tudo depende de nós. Cada ação que fizermos em nosso meio irá refletir no outro indivíduo.

Em relação à evolução do projeto n escola: Os trabalhos educativos ambientais têm apresentado resultados positivos na evolução da educação dos estudantes?  

ALUNO A: Sim. Muito positivo. Os alunos tem apresentado mudanças de atitudes bem como participam de debates nos diversos setores da comunidade, participam de entrevistas em rádios, realizam caminhas educativas com mais ênfase.

ALUNO B: São inúmeros exemplos de alunos que avançaram e adotaram a educação ambiental como a bandeira importante para a comunidade.

ALUNO C: Os avanços foram muito positivos durante o decorrer do projeto, onde a família tem apresentado interesse sobre o projeto.

Por fim, foram feitos os agradecimentos pela disponibilidade aos entrevistados na pesquisa, ainda perguntou-se as educadoras: Quais as perspectivas do projeto de Educação Ambiental e da escola no fortalecimento de vínculos para a comunidade escolar?  

ALUNO A: A participação da família e a inclusão de todos, não há parceria maior.

ALUNO B: Atender e buscar alternativas que possam promovem e desenvolver os conhecimentos sobre a educação ambiental. O nosso papel é divulgar e continuar trabalhando esta temática em diversas áreas da nossa comunidade.

ALUNO C: Contribuir com o conhecimento e desenvolver ações que prima a participação de todos e assim, construir a cidadania.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados coletados na análise, observa-se que os alunos têm consciência dos problemas ambientais existentes na cidade de Itabaiana/PB. Ainda apontam soluções que amenizam os problemas mencionados, os quais com a conscientização da comunidade podem ser revertidos de forma lenta mais acontecem.

De acordo com a análise podemos apontar que os problemas ambientais parecem progressivamente agravados pelos efeitos da própria forma como a sociedade se encontra organizada. Além do mais, não há consenso sobre os efeitos da tecnologia, do controle da natureza, entre outros aspectos em debate nem mesmo entre os ambientalistas.

A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações, perspectiva sistemática em um contexto social e histórico. É uma educação para mudança.

Portanto, de acordo com os PCN’s ( Parâmetros Curriculares Nacionais)“ a educação ambiental leva mudanças de comportamento pessoal e a atitudes de valores de cidadania”. Assim sendo, supõem que se trabalhe pedagogicamente o comportamento do homem diante do espaço que ocupa, suas necessidades e interesses.

A principal função do trabalho com o tema meio ambiente é contribuir para formação dos cidadãos conscientes, aptos para decidirem em atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global  (PCN’S 2000, p59).

Pode-se analisar que de acordo com os entrevistados, a escola buscou priorizar assuntos pertinentes a educação ambiental por meio do projeto educacional “Agentes Sociais da Educação Ambiental” como meio do exercício da cidadania, portanto, sabe-se que a escola é o local adequado para o desenvolvimento da mesma e para formação de uma consciência ambiental, onde professores e alunos interagindo será rompido o modelo tradicional existente nas escolas da atualidade.

Portanto, a escola é o local dentre outros que alcançamos estes objetivos, no espaço oferecido para que os alunos possam expor suas idéias na construção de uma nova ideologia comportamental. Com isso, educação ambiental referenciada nesta pesquisa vai de encontro à inclusão do sujeito em processos participativos que se utilizam deste e outros instrumentos de participação que proporcionem seu fortalecimento através de relações que promovam o diálogo.

De acordo com a Lei Federal n. 9.795, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, todo têm à educação ambiental, componente essencial e permanente da educação nacional, que deve ser exercida de forma articulada em todos os níveis de modalidade de ensino, sendo de responsabilidade do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Educacional, dos meios de comunicação, do Poder Público e da sociedade em geral.

Nesse contexto, a educação ambiental aponta para a necessidade de elaboração de propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de atitude e práticas sociais, desenvolvimento de conhecimentos de avaliação e participação dos educandos.

Educar para participar criativa e criticamente como forma de reação aos poderes indesejados de decisão sobre nossas vidas, que costumeiramente caminham em direção contrária às nossas necessidades mais íntimas e também coletivas, quando nos ausentamos do poder esclarecido e crítico que podemos deter.

Conclui-se que é preciso que as escolas elaborem planos de estudo de acordo com as necessidades existentes, contando com professores capacitados e atentos e com serviços de apoio adequados, para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra em um ambiente saudável e motivador.

Todos envolvidos dentro do contexto educacional necessitam de muito mais do que intuição para proceder a reflexão sobre a sua prática, ele precisa estar mais preocupado com o aluno do que com o conhecimento a ser transmitido, com suas reações frente a esse conhecimento, com seus propósitos em termos de ensino e aprendizagem e estar consciente de sua responsabilidade.

Ainda o mesmo deve-se colocar em posição de pesquisador, que busca compreender e analisar os fenômenos que observa, com o objetivo de encontrar não só resposta às perguntas que ele se faz e possíveis encaminhamentos, como também solução para as dificuldades constantes.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, R. O. B. Gestão ambiental e ensino superior de administração do Brasil. 2ª Ed. São Paulo: PLND, 2002.

BRANDÃO, C. R. Os caminhos cruzados: formas de pensar e realizar a educação na América Latina, 1ª Ed. Rio de Janeiro: ABRA, 2003.

BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a política nacional de educação ambiental e dá providências. Diário Oficial República Federativa do Brasil. Brasília- DF; 16 de fev. 2010, Seção 1.p.1.

DÉLEAGE, J. P. História da ecologia: uma ciência do homem e da natureza. Rio de Janeiro: D. Quixote, 1993.

DIAS, G. F. Educação ambiental: Princípios e Prática. São Paulo: Gaia, 2004.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Síntese. São Paulo: Didática. 1999.

PENTEADO, H. D.. Meio ambiente e Formação de Professores. 3ª Ed. São Paulo; Voz, 2000.

PHILIPPE, J. A.Editores. Educação ambiental: desenvolvimento de cursos e projetos. 2ª Ed. São Paulo: Signus; 2002.

PRIMAVESI, A. Agroecologia, Ecologia, Tecnosfera e Agricultura. São Paulo: Nobel, 1997.

REIGOTA, M. Educação ambiental: fragmentos de sua história no Brasil. Santa Cruz do Sul: EDUNISC; 1998.

 

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos