SALA DO PROFESSOR – TOM DA MATA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Os
problemas ambientais na escola
A escola não está isenta de problemas
ambientais. O que, em geral, acontece é que as pessoas não se dão conta dos
problemas que estão a sua volta. O dia-a-dia e a acomodação fazem com que se
deixe de perceber fatos e situações que afetam a qualidade do ambiente de
trabalho e, por tabela, nossa qualidade de vida. Exemplo:
Barulho
Um barulho contínuo pode, por exemplo, a
princípio, irritar as pessoas, mas acaba por ser incorporado ao cotidiano e se
torna praticamente imperceptível.
Botando a mão na massa
Para criar uma consciência sobre o barulho,
podemos desenvolver uma atividade simples para identificar, isolar e analisar
ruídos do ambiente:
Pedir para que os alunos façam o máximo de
silêncio durante 1 minuto e que estejam atentos para os ruídos que ouvem. Após
esse tempo, relatem os sons que puderam identificar.
- na cidade certamente listarão barulhos
provocados por carros, sirenes, aviões...
- na área rural, além de pássaros, insetos,
também se pode ouvir máquinas da lavoura, serras cortando árvores, carros nas
estradas...
Em seguida, para que a observação tenha um
sentido social efetivo:
Listar as fontes de poluição sonora que afetam
a escola e levantar formas de amenizá-las ou solucioná-las. Os alunos deverão
ter acesso à legislação ambiental sobre o assunto.
Outros problemas ambientais
Além do barulho, outros fatores podem
perturbar o ambiente escolar e, certamente, cada escola saberá listar seus
problemas e, dentre eles, priorizará aqueles que necessitam de solução urgente.
- qualidade do ar (poeira, cigarro, pó de giz)
- áreas cimentadas
- poucas áreas verdes
- ventilação e iluminação inadequadas
- poluição visual
- espaço individual restrito
- má qualidade da água
- más condições de higiene
- má qualidade do recreio
- problemas de relações humanas
Projeto escolar para o
lazer
Novo recreio
O objetivo do Projeto Recreio era fazer com
que os alunos aproveitassem esse horário de uma maneira mais agradável, com
menos riscos de acidentes e que descobrissem novas brincadeiras e atividades.
A primeira etapa para a implantação do projeto
foi o levantamento de dados utilizando-se um questionário básico.
1. O que você tem achado do recreio?
2. De que você costuma brincar na hora do
recreio?
3. Você tem brincado com colegas de outras
turmas? Por quê?
4. Que brincadeiras ou jogos você gostaria que
tivesse no recreio?
5. Você gostaria de aprender outras
brincadeiras e jogos para a hora do recreio?
A etapa seguinte foi procurar enriquecer o
projeto, ampliando a pesquisa com algumas atividades bem simples.
1. Entrevista com pais ou avós levantando
brincadeiras e jogos de outras épocas.
2. Levantamento (construção de tabelas) das
brincadeiras mais conhecidas de outras épocas.
3. Aprendendo a brincar com as brincadeiras
levantadas pela pesquisa. Convidar pais ou avós que possam estar presentes na
hora do recreio para ensinar como se faz (confecção) ou como se brinca
(regras).
4. Organizando o novo recreio - distribuição
de tarefas para melhor organização das sugestões levantadas.
5. Registro oral e escrito de cantigas e
refrões que por acaso façam parte das brincadeiras resgatadas (fitas cassete
e/ou fitas de vídeo).
6. Feira de brincadeiras.
Projeto escolar para o
lixo
Combatendo o desperdício
A coleta seletiva de lixo é fundamental para o
trabalho de reciclagem, promovendo economia de dinheiro e diminuindo a pressão
sobre os recursos ambientais.
Compreensão
Já é comum encontrarmos escolas públicas e
particulares que promovem, com a ajuda de empresas privadas, uma coleta
racional de lixo. Essas empresas, em troca do lixo inorgânico - latas de
cervejas, refrigerantes, papel - fornecem computadores ou outros materiais que
ajudam a melhorar a qualidade do ensino.
Classificação
O primeiro passo para um trabalho sobre o lixo
produzido na escola é descrever suas categorias, isto é, que tipo de lixo é
encontrado, ao final de um período de aula, dentro de uma lata de lixo. Os
grupos ficam encarregados de separar o lixo orgânico (sobras de alimentos, por
exemplo) do lixo inorgânico (papel, vidro, metais), relacionar o conteúdo
encontrado e determinar a sua quantidade.
Análise
Identificar o montante do desperdício e de
resíduos produzidos. Os dados obtidos ajudam a formular propostas de redução da
quantidade de lixo produzido. Por exemplo, que se use as duas faces das folhas
de papel ofício ou transforme o lixo orgânico da merenda em adubo para a horta,
vasos ou jardim. Vale lembrar que os resíduos sólidos permanentes, como os
plásticos e o isopor, são capazes de permanecer por até 400 anos poluindo o
ambiente, e assim por diante.
Projeto escolar sobre
energia
Compreensão
Se as diferentes formas de energia não forem
usadas de maneira sustentada, utilizando-se os recursos ambientais de que dispomos,
viveremos momentos críticos de crise de energia, que poderão levar ao caos
social. Exemplo do que poderá ocorrer em proporções maiores ainda é quando, por
algum motivo, o fornecimento de energia elétrica é interrompido nas grandes
cidades: trânsito caótico, hospitais afetados, pessoas presas em elevadores,
praticamente todas as atividades suspensas.
Diagnóstico
Pedir que os alunos verifiquem os aparelhos
domésticos de suas casas e façam duas listas: uma com os aparelhos que utilizam
eletricidade para funcionar e outra daqueles que não precisam.
Objetivo: identificar o nível de dependência em relação à
energia elétrica.
Outro diagnóstico que os alunos podem fazer em
casa é identificar as formas de consumo e as atitudes que revertem em economia
de eletricidade em suas residências.
Objetivo: elaborar propostas de ampliação das formas
econômicas do uso de energia. O diagnóstico pode ser enriquecido
verificando-se, na escola ou em casa, mês a mês, lendo os dados da conta de
luz: consumo em KWH e o preço pago no total e por unidade de energia.
Aplicação
Fazer um diagnóstico já é interessante em si
mesmo, pois coloca os alunos em contato com dados concretos da realidade que,
no cotidiano, passam despercebidos. Mas esse tipo de exercício escolar pode
crescer para um interessante exercício de cidadania se, a partir dos dados,
eles puderem elaborar propostas de mudanças em procedimentos, na sala de aula
ou na escola como um todo, visando à economia de energia. Por exemplo, eles
podem propor que se apaguem as lâmpadas das salas de aula quando não estiverem
sendo usadas.
Projeto escolar sobre a
água
Compreensão
O hábito de deixar a torneira aberta quando
não estamos utilizando a água, por exemplo no banho, ensaboando roupa ou louça
ou escovando os dentes, causa um aumento razoável de consumo. Um banho demorado
pode consumir (e desperdiçar) de 95 a 180 litros de água potável.
Experimentação
Pedir que os alunos deixem uma torneira
pingando - na escola ou em casa - e determinem o tempo gasto para encher um
litro d'água (ou o volume ocupado depois de uma hora de goteira pingando). A
partir daí pode-se extrapolar o desperdício que ocorre com uma goteira durante
um dia ou um mês.
O papel do elemento lúdico
nas atividades de Educação Ambiental
A Educação Ambiental busca a construção da
consciência de que precisamos viver em um mundo diferente, transformador,
harmônico, eqüitativo. As informações, os dados, as análises são importantes,
mas na prática de sala de aula, o trabalho não deve se limitar ao puro
raciocínio lógico formal, nem à transmissão dos conteúdos programáticos.
Experiências, observações, pesquisas, todos
esses instrumentos podem ser - sem perder o rigor - muito melhor recebidos
pelos alunos, se estiverem mergulhados em um clima lúdico. O trabalho não
precisa ser feito de forma sisuda e normativa para ser levado a sério. Todas as
qualidades que se agrupam ao redor da seriedade - trabalho, zelo, esforço,
aplicação - podem ser encontradas no lúdico.
"A seriedade procura excluir o jogo,
ao passo que o jogo pode muito bem incluir a seriedade." (Huizinga)
A brincadeira
Alguns teóricos vêm se dedicando ao estudo da
atividade lúdica e é consenso afirmar que não só a criança, mas também o
adulto, precisam da brincadeira e de alguma forma de jogo para viver. No
adulto, criatividade e humor expressam a forma lúdica de lidar com seus
próprios pensamentos; na criança, a brincadeira expressa a forma como ela
interage com o mundo que a cerca, organizando, destruindo e reconstruindo,
buscando compreender o mundo dos adultos e construindo seus conhecimentos a
partir das experiências que vive. Também pelo jogo é capaz de expressar suas
fantasias, desejos, sentimentos e medos. Geralmente se relaciona o brincar
apenas à obtenção de prazer; mas as atividades lúdicas não se restringem a
isso. Brincar pressupõe imaginação e regras. A imaginação é uma atividade
mental que propicia a interação entre a realidade e os interesses e as
necessidades da criança. Nenhuma brincadeira prescinde de regras e elas são
levadas muito a sério. As regras desempenham o papel de determinar aquilo que
vale no faz-de-conta. Brincando a criança representa o que lhe é externo e
interioriza, construindo seu próprio pensamento.
O estético
Assim como o lúdico, o estético também merece
ser incorporado às atividades. A música, por exemplo, possui as mesmas
características formais do jogo propriamente dito: é uma atividade que se
inicia e termina dentro dos limites estipulados de tempo e de lugar; é passível
de repetição, possui regras próprias (ordem, ritmo e alternância); transporta
tanto o público como os intérpretes para fora da vida cotidiana, para uma
região de alegria, serenidade e prazer. (Huizinga)
As sugestões
As sugestões apresentadas no projeto Tom da
Mata procuram associar a leveza do lúdico a informações corretas, evitando
tanto a superficialidade como o excesso de informações.
Nos capítulos seguintes, são apresentados os
temas centrais sobre o meio ambiente e, em cada um deles, há sugestões de
atividades que, tanto sensibilizam a turma para o tema, como dão oportunidade
de construir os conceitos e definir as atitudes que se quer consolidar com a
Educação Ambiental.
Algumas dessas atividades exigem materiais
concretos para que possam ser realizadas. Mas as possibilidades de trabalho com
Educação Ambiental, na escola, são inúmeras e a matéria-prima essencial a todas
elas é a criatividade e o espírito empreendedor. Em seguida, indicamos algumas
atividades lúdicas que podem ser adaptadas a cada projeto específico. E,
depois, apresentamos algumas atividades-modelo em detalhes:
- exposições
- maquetes
- júris simulados
- jogos
- dramatizações
- oficinas experimentais
- fabricação de instrumentos musicais com materiais
da natureza
- gravação de sons do ambiente
- criação de uma bandinha com sucatas
- concurso culinário com aproveitamento de sobras
- concurso de músicas
- concurso de poesias com o tema meio ambiente
Atividades-modelo
Melhorando a escola
Propor a construção de uma maquete da escola.
Através dela será diagnosticada a qualidade ambiental, constatando-se o que
existe e o que falta: áreas verdes, horta escolar, espaço físico individual,
quadra esportiva, poluição visual, o ar...
Espaço físico individual
Numa determinada escola, o refeitório não
comportava o número de alunos na hora da merenda. Com auxílio do professor de
matemática, os alunos determinaram a área do refeitório, dividiram pelo número
de alunos e determinaram o espaço físico individual.
Foi constatado que 30 centímetros eram insuficientes
e levantaram soluções para a questão. Uma das soluções propostas - a que foi
adotada - foi o rodízio no horário de utilização do refeitório.
Poluição visual
Os murais escolares, muitas vezes, pecam pela
falta ou excesso. Se um mural vazio nada acrescenta, um mural entupido de
gravuras, pesquisas, mapas, calendários e tudo o mais que o professor insiste
em colocar, acreditando no benefício pelo acúmulo de informações, pode estar
sendo desperdiçado. Nosso aparato perceptivo é limitado. Temos de estar
convencidos disto, propondo atividades que levantem a questão da limitação da
nossa capacidade perceptiva.
Para tanto, pedir - por exemplo - que cada
aluno recorte de revistas ou jornais três gravuras de objetos.
No mural é afixada uma folha grande e é feita
uma montagem com tudo que foi recortado. Depois de pronto o material, solicitar
que se encontre, por exemplo, três relógios que estavam no meio dos recortes.
Eles certamente terão dificuldade em achá-los.
O entorno escolar
Mobilização da escola e comunidade para a
criação de uma área de proteção ambiental.
Proposta de projeto
- Sugerir uma excursão ao local que gostariam de
ver protegido.
- Fazer, em grupos, um levantamento de dados sobre
a área: sua história, animais que lá vivem, variedades da flora, se existe
alguma nascente e em que condições ela se encontra.
- Na escola, divulgar as informações obtidas.
- Promover, com a comunidade, visitas guiadas ao
local - os alunos servindo de guias e divulgando as informações
levantadas.
- Organizar todo o material e anexar as assinaturas
de todas as pessoas da comunidade que tenham se envolvido com o projeto.
Encaminhar o material às autoridades competentes, (vírgula) solicitando a
proteção da área.
Outras
atividades relacionadas:
- Mutirão de limpeza da área selecionada.
- Estabelecer parceria com a prefeitura para manter
os alunos como guias do local.
Visita
a indústrias limpas
- Identificar as indústrias e empresas que
apresentam, em sua linha de produção, cuidados com o meio ambiente.
- Agendar visitas com os proprietários (não
restringir a atividade aos alunos da escola, ampliá-la à comunidade).
- Propor atividades que registrem o que foi visto
(relatórios, fotos, desenhos, jornalzinho...).
- Divulgar amplamente as soluções adotadas, em
atendimento à legislação ambiental, para que outras empresas da comunidade
possam seguir o exemplo.
Convocando
e informando os poluidores
- Identificar na localidade as fontes poluidoras da
natureza: indústrias, matadouros, extração de minerais com uso de
mercúrio, agricultura com uso abusivo de agrotóxicos;
- Promover na escola debates e pesquisas sobre
formas alternativas que poderiam evitar a poluição dos rios, do ar ou do
solo;
- Convidar os proprietários ou responsáveis pelos
setores de produção que estão agredindo o ambiente, juntamente com
representantes do governo, para participarem dos debates e conhecerem as
sugestões da comunidade.
Fonte: http://www.tomdamata.org.br/salaprofessor/educ_ambiental.asp