Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 55) EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS PARAENSES: PROJETO EACINE
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS PARAENSES: PROJETO EACINE

1 Discente de Oceanografia, Universidade Federal do Pará (UFPA).

Antônia Pamela Yhaohannah de Lima

E-mail:yhaohannah@hotmail.com

2 Discente de Oceanografia, Universidade Federal do Pará (UFPA).

Arthur Souza Ramos

E-mail:arthur_cepc@hotmail.com

3 Discente de Oceanografia, Universidade Federal do Pará (UFPA).

Thiago Monteiro da Silva

E-mail:thiagomonteiro.15@hotmail.com

4 Profa.Dra., Universidade Federal do Pará (UFPA).

Luiza Nakayama

E-mail:lunaka@ufpa.br

5 Profa. Dra., SEDUC - PA

Suzana Carla da Silva Bittencourt

E-mail: suzy_bitt@yahoo.com.br

Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Sala Verde Pororoca – espaço sociambiental Paulo Freire. Av. Augusto Correa, n° 01. Campus do Guamá. CEP: 66.075-900, telefone para contato: (91)3201-8415.

 

Resumo

Exibimos filmes e documentários com o objetivo de oportunizar reflexões relacionadas à Educação Ambiental. A variedade de questionamentos e os argumentos utilizados pelos alunos do ensino básico mostraram que estes instrumentos didáticos de aprendizagem cumpriram as expectativas.

 

Introdução

A Educação Ambiental (EA), na concepção de autores como Marcos Reigota, Michèle Sato, Genebaldo Freire Dias, dentre outros, se constitui como um processo contínuo de construção de conhecimentos e de aprimoramentos para o exercício da cidadania plena. Portanto, a EA pode contribuir, significativamente, para o alcance de compreensões críticas da realidade global, favorecendo atuações conscientes frente às problemáticas ambientais cotidianas.

Neste contexto, destacamos as problemáticas relacionadas à degradação dos recursos naturais, porque além de estas serem facilmente perceptivas, a discussão desses temas pode oportunizar posturas que trazem retornos positivos e duradouros. Contudo, é necessário o uso de meios que busquem uma EA crítica e inovadora, e que sejam difundidos amplamente em toda a sociedade (JACOBI, 2003). Por isso, o uso de audiovisual é importante para a EA, pois é um instrumento pedagógico facilmente assimilado por qualquer faixa etária (RODRIGUES, 2008; SILVEIRA, 2009).

Assim, a EA pode ser trabalhada por meio do lúdico, tornando significativa sua discussão, como um processo de reflexão sobre o conteúdo apresentado (RODRIGUES, 2008; ANDRADE et al., 2009; DANTAS et al., 2012; BAÍA; NAKAYAMA, 2013) e seu uso requer critérios para que não fique apenas a recreação, ou seja, o lúdico pelo lúdico.

 

Outro ponto a ser destacado é a comprovação da efetiva inserção dos conhecimentos internalizados, pelo uso dos documentários/filmes no cotidiano dos alunos, mas Silveira (2009, p. 178) ressalta que: “mesmo que seja difícil comprovar como os filmes produzem opiniões e comportamentos, o fato é que isso acontece de maneira mais ou menos intensa”.

Neste contexto, o Projeto EACINE visa oportunizar uma reflexão sobre temas relacionados à EA, para alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas e privadas, por meio de exibições de vídeos, provenientes da Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente (Ministério do Meio Ambiente - MMA) e de canais da internet.

 

Metodologia

No período de agosto de 2014 a junho de 2015, realizamos exibições para alunos do ensino básico, das três escolas alvo do projeto. Antes da exibição, apresentamos aos participantes os objetivos da Mostra de Filmes.

Partimos da hipótese de que ao assistirem aos filmes, que cuidadosamente selecionamos, de acordo com o tema de EA e com a faixa etária, os alunos pudessem entender e interpretar a presença do ser humano no ambiente, suas formas de interações e impactos; até proporem alternativas para manutenção/preservação da biodiversidade nos ecossistemas do planeta. Por esta razão, também antes da exibição do filme, esclarecemos alguns pontos que julgamos pertinentes sobre EA e lançamos alguns desafios para que os alunos prestassem atenção em alguns momentos da exibição que achamos essenciais.

Após cada sessão, realizamos uma roda de conversa, partindo de perguntas semiestruturadas (apresentadas em PowerPoint com o auxílio de um projetor de multimídia e um notebook) pertinentes aos filmes. Também solicitamos que os alunos levantassem as mãos, para classificar os parâmetros som, imagem e conteúdo do filme, nas categorias: ruim, regular, bom ou excelente, pedindo que explicassem a razão da sua escolha.

Definimos esta pesquisa como qualitativa de acordo com Minayo (2000) e Chizzotti (2005), e, mais especificamente, como sendo uma pesquisa-ação participativa, metodologia de pesquisa que, segundo Tozoni-Reis (2007), "articula a produção de conhecimentos, ação educativa e participação numa perspectiva necessariamente transformadora da realidade" (p. 113).

Em 2014, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Lauro Sodré, exibimos para os alunos do 3º ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA) o documentário “Albatroz: um projeto pela vida”, proveniente do Circuito Tela Verde –5ª. Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2014). Para os alunos do 7° e 8° ano das instituições Dom Mário e Escola Estadual de Ensino Fundamental José Veríssimo, apresentamos os vídeos "Consciente coletivo: Resíduos" e "Sopa Plástica, o Lixão do Oceano Pacífico", ambos retirados do site de vídeos You Tube.

No ano de 2015, para os alunos do Colégio Dom Mario, turmas de 7° e 8° ano, exibimos o vídeo “O uso racional da água – Agência Nacional de Águas” (site de vídeos You Tube).

 

 

 

Resultados e Discussão

Ao analisarmos os resultados obtidos, consideramos mais pertinente discutirmos os filmes separadamente, pois as percepções por escola e por público alvo eram muito semelhantes.

 

Albatroz: um projeto pela vida

A sessão foi exibida na E.E.E.F.M Lauro Sodré, a qual compareceram 33 alunos, na faixa etária de 17 aos 50 anos, a maioria mulheres (73%). Quando levantada a discussão sobre os impactos da pesca de espinhel sobre os albatrozes e os petréis, percebemos três parâmetros principais apresentados pelos alunos:

- A preservação dessas aves: Pelo papel que representam no ecossistema marinho.

- As técnicas mitigatórias utilizadas: Pela eficiência na redução no número de animais capturados e no não prejuízo à atividade pesqueira.

- A importância da ação conjunta entre pescadores e pesquisadores: Pela identificação e solução dos problemas, do cotidiano dos pescadores.

Antes da apresentação do filme, cerca de 90% dos alunos não tinham conhecimento sobre as aves mencionadas, bem como os impactos que a pesca causava sobre esses animais. A exibição do documentário também despertou o interesse dos alunos a respeito de outras problemáticas ambientais como descarte inadequado de lixo, pois, segundo eles:

“Os albatrozes poderiam consumir o material descartado no meio ambiente, o que poderia implicar em sua morte”.

Os alunos consideraram o filme com excelente conteúdo, e imagem e som de boa qualidade (Figura 1).

 

 


 

Consciente coletivo: Resíduos e Sopa Plástica, o Lixão do Oceano Pacífico

Na sessão exibida no ano de 2014, para as turmas do Colégio Dom Mário, compareceram 45 alunos (a maioria mulheres - 65%), na faixa etária de 12 aos 17 anos nas turmas de 7ª ano (antiga sexta série) e 8ª ano (antiga sétima série).

Antes da exibição dos filmes, os alunos foram questionados sobre onde eles achavam que iria parar o lixo, a maioria respondeu: “lixões, ruas, uma parte é queimada e outra reciclada”. Após a exibição dos filmes a mesma pergunta foi feita e obtivemos respostas diferentes: “Rios, praias, oceanos, esgotos, ruas, canais e lixões”, ou seja, consideramos que após a exibição do filme a visão dos alunos em relação ao destino do lixo se tornou mais ampla, uma vez, que identificaram outros destinos finais inadequados, que não em lixões, tão propalados na mídia.

Quando perguntamos: O que vocês consideram como lixo? Obtivemos as seguintes respostas: “Tudo pode ser lixo”, “Tudo que não tem mais utilidade”, “O que é lixo para mim pode não ser para outra pessoa” e “Tudo que se usa e depois não se usa mais”. Nesta pergunta os alunos classificaram o lixo em sua maioria como tudo que aparentemente não teria mais uso ou função.

Na pergunta: Qual o problema de jogar lixo em locais inadequados?, obtivemos as seguintes respostas: Poluição visual, doenças nas pessoas, obstrução de canais e bueiros, e problemas aos animais, pois estes poderiam consumir esse lixo. Um aluno argumentou: “Jogar lixo na rua vai prejudicar nós mesmo, pois esse lixo um dia vai voltar para nós”. Fica claro que os alunos perceberam o problema do descarte inadequado do lixo, para o meio ambiente e para si próprio.

Em relação ao que poderia ser feito para minimizar o problema do descarte inadequado de lixo, os alunos argumentaram que: “Os materiais poderiam ser reutilizados ou reciclados”; consumir somente o necessário” e “o lixo deveria ser jogado nos lugares corretos”. Observamos também que todos os alunos já conheciam a reciclagem e a reutilização, inclusive muitos alegaram fazer coleta seletiva em suas casas. No entanto, cabe destacar que no Projeto Sábado Esperto, desenvolvido no Bosque Rodrigues Alves, ao tratarem da importância da separação de resíduos sólidos, um aluno demonstrou desmotivação (SILVA et al., 2012, p.5): “De que adianta a gente separar o papel em sacos diferentes se quando o carro do lixo passa, ele mistura tudo?”, infelizmente esta é a realidade vivenciada em Belém – PA e talvez, na maioria dos estados brasileiros.

Cabe informar que ao realizar oficinas de reciclagem de papel na Escola Estadual Vilhena Alves, em Belém-PA, com alunos de sexto ano, em 2013, e FERREIRA e colaboradores (2014, p.7) verificaram que os alunos compreenderam que “a reciclagem além de transformar o material velho e inutilizado em um novo”, também é uma maneira de estimular novos hábitos, atitudes e comportamentos que conduzam ao benefício do meio ambiente.

E por último, perguntamos: Como os dois filmes se relacionam? Obtivemos as seguintes respostas: “Os dois filmes mostram como o lixo que jogamos na sala de aula pode percorrer vários quilômetros e poluir praias, rios e oceanos”, “Como o lixo pode prejudicar os animais” e “Como esse lixo jogado na rua pode provocar alagamentos”. Os alunos demonstraram compreender a relação dos dois filmes exibidos, relacionando como o lixo despejado incorretamente pode afetar o meio ambiente, os organismos vivos e a sociedade.

Durante nossa roda de conversa, vários assuntos relacionados à EA foram levantados pelos alunos, como: A diferença entre reciclagem e reutilização; lixo eletrônico; reciclagem orgânica; locais no Pará adequados para despejo de lixo; redução do consumo de produtos desnecessários e o papel da comunidade para melhoria do meio ambiente. Um dos questionamentos dos alunos nos chamou a atenção: “Professor, por que eu devo reciclar se pouca gente faz isso?”. A nossa opção foi: “Preferimos pensar que tem uma pessoa no mundo fazendo a diferença que nenhuma e é por isso que estamos aqui com vocês!”.

Após a análise dos três parâmetros, verificamos que a maioria dos alunos considerou o primeiro filme (Consciente Coletivo - Resíduos) com uma boa imagem e conteúdo, e excelente som. O segundo filme (Sopa Plástica o Lixão do Oceano Pacífico) foi considerado com uma imagem de ruim à regular, som bom e excelente conteúdo (Figura 2). Apesar da baixa qualidade dos parâmetros imagem e som, o grupo optou por apresentar o vídeo “Sopa Plástica o Lixão do Oceano Pacífico” devido à significativa importância do conteúdo.

 

 


Por sua vez, na sessão exibida no ano de 2015, para as turmas da Escola de Ensino Fundamental José Veríssimo, compareceram 18 alunos (a maioria mulheres - 61%), na faixa etária de 12 aos 17 anos nas turmas de 7ª ano (antiga sexta série) e 8ª ano (antiga sétima série). Antes da exibição dos filmes os alunos foram questionados sobre onde eles achavam que iria parar o lixo, a maioria respondeu: lixões, valas, terrenos vazios e esgotos. Após a exibição dos filmes a mesma pergunta foi feita e percebemos uma mudança de opinião: “Rios, praias, oceanos, ilhas e na barriga de animais”, ou seja, consideramos que após a exibição do filme a visão dos alunos em relação ao destino do lixo se tornou mais ampla, uma vez, que identificaram outros destinos finais inadequados, que não em falados anteriormente.

Quando perguntamos: O que vocês consideram como lixo? Obtivemos as seguintes respostas: “Tudo que não se usa mais”, “restos de comida, sacos, papeis, garrafas e embalagens”.  Nesta pergunta os alunos classificaram o lixo em sua maioria como tudo que aparentemente não teria mais uso ou função.

Na pergunta: Qual o problema de jogar lixo em locais inadequados? Obtivemos as seguintes respostas: “Polui o meio ambiente”, “obstrução de canais e bueiros” e “Acaba indo parar em rios”. Observamos que os alunos conseguiram identificar os possíveis problemas de ser jogar lixo em lugares inadequados.

Em relação ao que poderia ser feito para minimizar o problema do descarte inadequado de lixo, os alunos argumentaram: “Não jogar lixo em lugares inadequados, como nas ruas e canais” e Guarda o lixo até encontrar uma lixeira”. Observamos que os alunos não falaram em relação à reciclagem e/ou coleta seletiva. Quando questionados sobre esses dois assuntos os mesmos argumentaram não saber sobre o assunto e não entender como funcionava. Aproveitamos a oportunidade para explicar sobre coleta seletiva, reutilização e reciclagem.

E por fim, perguntamos: Como os dois filmes se relacionam? Obtivemos as seguintes respostas: “Eles mostram como o lixo pode ser prejudicial para o meio ambiente”, “Que os animais podem morrer pelo lixo que jogamos no oceano” e “Que o lixo não vai só para os lixões, mas também para os oceanos”. Os alunos demonstraram compreender a relação dos dois filmes exibidos, relacionando como o lixo despejado incorretamente pode afetar o meio ambiente, os organismos vivos e a sociedade.

Após a análise dos três parâmetros, verificamos que a maioria dos alunos considerou o primeiro filme (Consciente Coletivo - Resíduos) com som regular, boa imagem e excelente conteúdo. O segundo filme (Sopa Plástica o Lixão do Oceano Pacífico) foi considerado com som regular, boa imagem e excelente conteúdo (Figura 3). Alguns fatores externos como o barulho proveniente de uma rua próxima à escola e as paredes sujas (onde era projetada a imagem) podem ter interferido nos parâmetros som e imagem. Porém, ressaltamos que os dois filmes foram classificados pelos alunos com excelente conteúdo.

 


O uso racional da água – Agência Nacional de Águas

A sessão foi exibida no ano de 2015, para os alunos do Colégio Dom Mário, para a qual compareceram 36 alunos (a maioria mulheres - 64%), na faixa etária de 11 aos 16 anos nas turmas de 7ª ano (antiga sexta série) e 8ª ano (antiga sétima série).

Antes da exibição do vídeo, o seguinte questionamento foi submetido aos alunos “A água potável é um recurso finito ou infinito?”, como resposta a maioria afirmou que a água é um recurso finito. Posteriormente à exibição do filme, a mesma pergunta foi feita e obtivemos uma confirmação da resposta dada anteriormente, ou seja, consideramos que o conteúdo exibido no filme corroborou com a visão dos alunos em relação à finitude deste recurso natural, além do possível esgotamento da água potável em algumas regiões do planeta.

Quando perguntamos: Em que atividades a água é utilizada? Como ela é desperdiçada? Obtivemos as seguintes respostas: “Usar mangueiras para lavar pátios e carros”, “Deixar a torneira ligada quando se está escovando os dentes”, “Deixar torneiras pingando e o chuveiro ligado durante todo o banho” e “Em vazamentos de canos nas ruas”. Para esta pergunta os alunos argumentaram que o desperdício de água em sua maioria é resultado do uso impróprio ou do desperdício em algumas atividades cotidianas.

Na pergunta: Existe alguma relação entre a disponibilidade de água e a geração de energia? Os alunos afirmaram que essa relação existe e que exemplos disso são as hidrelétricas implantadas em diversas regiões do país, principalmente na região Amazônica, devido a grande presença de rios e a abundância de água. Além disso, a situação do fornecimento de água na cidade de Belém também foi debatida, sendo que os alunos argumentaram que próximo aos lagos Bolonha e Água Preta, fontes de abastecimento de água para a cidade, encontra-se um lixão (Lixão do Aurá) que estaria contaminando a água destes lagos. Desta forma, notou-se a preocupação dos alunos quanto à qualidade da água utilizada e a importância desta para diversos setores. Cabe informar que o Lixão do Aurá foi desativado em 2015, mas muitas famílias de catadores retornaram ao local.

Lynch et al. (2005), analisando as entrevistas realizadas com moradores do entorno do Parque Ambiental de Belém (PAB), onde estão os lagos Bolonha e Água Preta, e observando diretamente a área, fizeram as seguintes considerações: 1) o maior fator impactante na região da Área de Proteção Ambiental (APA) é a ação antrópica; 2) essa ação vem causando males progressivos e irreparáveis, capazes de comprometer o fornecimento de água potável para toda a região metropolitana de Belém – Pará; 3) a APA/PAB constitui patrimônio ambiental, por esta razão deve ter a sua biodiversidade preservada; 4) programas efetivos de EA para a população residente e as empresas localizadas no entorno precisam ser implementados; 5) planos de manejo precisam ser elaborados e 7) uma fiscalização mais efetiva na área é urgente, para coibir a degradação ambiental.

Em relação ao que poderia ser feito para minimizar o desperdício de água, os alunos argumentaram que: “A água pode ser reutilizada” e “Desligar chuveiros e torneiras quando não estão sendo usados”. Por fim, perguntamos: Como a falta de água poderia afetar a vida deles? As respostas foram: “Pode causar a falta de alimentos, porque é utilizada na agricultura”, “As pessoas podem morrer desidratadas” e “No cotidiano, porque quase todas as atividades usam água”. Os alunos demostraram compreender a importância significativa deste recurso natural para o meio ambiente, os organismos vivos e a sociedade, ademais abordando a composição do corpo humano, sendo esta em sua maioria por água.

Após a análise dos três parâmetros, verificamos que a maioria dos alunos considerou o filme (O uso racional da água – Agência Nacional de Águas) com uma boa imagem, e excelente som e conteúdo (Figura 4).

Pelo nível de interesse demonstrado pelos alunos, o grupo do EACINE se sentiu bastante gratificado e com a sensação de dever cumprido.

 


 

Conclusão

Os documentários/filmes cumpriram as expectativas propostas de sensibilizar os alunos a respeito dos impactos ambientais oriundos do descarte inadequado de lixo, da pesca com espinhel sobre os albatrozes e petréis e do uso impróprio de recursos naturais.

A alta qualidade dos três parâmetros foi importante para despertar maior interesse da plateia. No entanto, confirmamos que quando o filme/documentário possui conteúdo de excelente qualidade, como o “Sopa Plástica o Lixão do Pacífico”, os parâmetros imagem e som, não são considerados tão relevantes na avaliação.

O presente estudo também confirmou a importância de se aplicar metodologias de ensino-aprendizagem diferenciadas em sala de aula, por ser uma ferramenta que auxilia de forma direta, participativa e significativa a troca de conhecimentos entre professores e alunos sobre temáticas ambientais.

Pelo nível de interesse demonstrado pelos alunos, o grupo EACINE se sentiu bastante gratificado e com a sensação de dever cumprido.

Cabe destacar que o grupo EACINE possui o site eacine.webnode.com/sobre-nos/ (com link para o MMA e para a Pró-reitoria de Extensão – PROEX/UFPA) no qual são divulgados todos os filmes/documentários já apresentados nas escolas, bem como outras informações relacionadas à EA. Este artigo também fez parte do trabalho apresentado na XVIII Jornada de Extensão Universitária da UFPA.

 

 

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Ilustrações: Silvana Santos