Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 55) CONCEPÇÃO DO ENFERMEIRO DOCENTE SOBRE MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA INTERFACE COM AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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CONCEPÇÃO DO ENFERMEIRO DOCENTE SOBRE MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA INTERFACE COM AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

¹Maria Emília dos S. Gonçalves

²Damian Sánchez Sánchez

 

¹Mestranda  do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu - Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional. Faculdade vale do Cricaré, São Mateus.

 

²Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

 

RESUMO

A Educação Ambiental com vistas à construção de conhecimentos e valores para a tomada de consciência frente às questões ambientais é imprescindível para modificar a relação entre homem-natureza. A Enfermagem tem muito a contribuir para reverter o ciclo de degradação ambiental e adoecimento das pessoas. O Enfermeiro é responsável por ações educativas para a promoção da saúde da comunidade, e pela formação de Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem que poderão atuar na Promoção da Saúde Ambiental, instrumentalizando a comunidade com vistas à modificação de atitudes e valores frente aos problemas ambientais. Torna-se importante a formação do Enfermeiro para atuar como educador ambiental tanto no espaço formal como no informal. Este estudo objetivou detectar a concepção dos Enfermeiros Docentes do Curso Técnico de Enfermagem de um campus do Instituto Federal da Bahia (IFBA) sobre meio ambiente e Educação Ambiental e sua interface com as práticas pedagógicas em Educação Ambiental. Esperamos contribuir na construção de conhecimento com vistas à melhor atuação do Técnico de Enfermagem diante da problemática socioambiental e melhoria da qualidade de vida das pessoas.  Trata-se de um estudo desenvolvido com abordagem qualitativa na qual envolveu Enfermeiros Docentes (ED) do Curso. Foram convidados 12 (doze) Docentes que compõem o quadro funcional, porém só 09 (nove) participaram. A coleta de dados foi realizada entre os dias 09 e 26 de Março de 2015 através de questionário semiestruturado. Para a análise dos dados foi utilizado elementos da Análise de Conteúdo de Bardin (2009), através de leitura minuciosa das respostas e o agrupamento do conteúdo em categorias a partir das perguntas contidas no questionário semi estrutrado. Como resultados, evidenciamos que as falas dos Enfermeiros Docentes apontam para a concepção de meio ambiente como uma totalidade, envolvido pelos componentes naturais, sociais, históricos e culturais, na qual há uma relação dinâmica entre os seres vivos. A concepção sobre Educação Ambiental que sobressaiu na fala dos Docentes está relacionada à conservação do meio ambiente. Quanto às práticas pedagógicas, estas estão permeadas por práticas educativas que possibilitam ao estudante o conhecimento e reflexão sobre a realidade local, tendo como ponto de partida a intercessão meio ambiente-saúde.  A maioria afirmou não ter tido formação em Educação Ambiental durante a graduação, como também a falta de educação permanente em Educação Ambiental realizada no IFBA. Por outro lado, afirmaram se sentirem preparados para tratar a temática ambiental em sala de aula, mas evidenciaram as dificuldades, que passam principalmente pela falta ou deficiência da formação na área. Os Docentes se dividem quanto ao preparo do egresso para atuar como educador ambiental, o que a nosso ver está relacionado à própria concepção do Docente sobre Educação Ambiental, a falta de clareza da Educação Ambiental como campo de atuação do Técnico de Enfermagem e a falta de efetivação de práticas pedagógicas interdisciplinares com busca à integralidade da assistência à saúde, considerando os problemas socioambientais como fatores que interferem no processo saúde-doença. É preciso aprofundar os estudos sobre a atuação do Enfermeiro Docente em Educação Ambiental  na formação do Técnico de Enfermagem para também ser educador ambiental.

Palavras-chaves: Enfermagem; Prática pedagógica; Educação Ambiental.

 

Introdução

 

O equilíbrio entre homem e natureza foi aos poucos, e, em alguns momentos a passos largos, se modificando, desencadeando crescente degradação ambiental e afetando a qualidade de vida das pessoas.

Nos primórdios o homem retirava da natureza os meios para sua sobrevivência e mantinha por ela uma relação de respeito, admiração e medo. À medida que vai se desenvolvendo e com melhor arcabouço físico e intelectual dominou as técnicas que lhe permitiram intensificar o uso dos recursos naturais e a domesticação dos animais. Passando então a produzir muito mais do que precisava para a sobrevivência, gerando dessa forma o excedente, transformando sua relação não só com a natureza, mas também com os seus pares.

Cortez (2011) analisa que o aprimoramento da tecnologia, da técnica e o desenvolvimento da ciência, possibilitaram ao homem a apropriação da natureza a fim de atender suas necessidades. No entanto, é na sociedade contemporânea que o hiato se torna cada vez maior tendo como marco a Revolução Industrial, que iniciou no Século XVIII e se consolidou no Século XX proporcionando intensas mudanças na sociedade.

A mecanização do processo produtivo em detrimento ao manual/artesanal modificou não só o modo de produção, mas também as relações sociais e de trabalho intensificando a degradação ambiental. Neste processo o aumento da produtividade requereu mais mão de obra para trabalhar nas fábricas, desencadeando o êxodo rural, a urbanização desenfreada, habitações precárias e falta de saneamento básico. O maior consumo de bens requeria maior produção, que por sua vez dependia da matéria prima oriunda dos recursos naturais impactando o meio ambiente, através da devastação de florestas, poluição do ar e da água refletindo na qualidade de vida das pessoas.

Diante da intensa e contínua agressão ao meio ambiente as consequências se traduzem em mudanças climáticas que desencadeiam a seca em algumas regiões e o excesso de chuvas em outras, o efeito do uso excessivo de agrotóxicos, a grande produção de resíduos e a poluição do ar, do solo e da água. Atrelados a este cenário estão as desigualdades sociais que determinam  à camada mais pobre da população a ocupação de áreas de riscos sujeitas à deslizamento de terra, enchentes, com falta de saneamento básico e disposição adequada do lixo afetando assim a qualidade de vida. Neste sentido, Vaninni et al (2011) ressaltam que as mudanças climáticas são responsáveis por doenças que afetam principalmente a população mais pobre que é a mais vulnerável. Destacam a importância da realização de estudos sobre a relação entre esses eventos e as doenças que possam surgir, e ao mesmo tempo, estabelecer medidas preventivas.

No enfrentamento da degradação ambiental e do seu impacto na qualidade de vida humana e do meio ambiente, políticas públicas foram formuladas com vistas à reverter os problemas socioambientais. Dentro deste contexto, a Educação Ambiental tornou-se estratégia para a tomada de consciência frente às questões ambientais. Neste sentido, a Política Nacional de Educação Ambiental (1999) ao definir Educação Ambiental, destaca-a como um processo de construção de conhecimentos para a conservação do meio ambiente. Aponta também que ela deve ser um componente da educação nacional e estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo.

No entanto, é importante pensar numa Educação Ambiental não simplesmente para a mudança de comportamento em relação ao meio ambiente, na qual cada um faz a sua parte para a preservação e conservação dos recursos naturais com vistas às gerações futuras. É preciso considerar o meio ambiente em sua totalidade na qual estão inseridos os fatores sociais, econômicos e culturais. Tendo claro que a degradação ambiental é decorrente de um modo de produção econômico que vem se reconfigurando ao longo do tempo e perpetuando as desigualdades sociais.

Bright et al (2003) no Relatório Estado do Mundo apontam que existe uma estreita relação entre o desequilíbrio econômico social, degradação ambiental e o comportamento do mercado, aumentando ainda mais as diferenças entre os países ricos e pobres. Destacam ainda a existência de bilhões de pessoas que vivem na pobreza buscando meios de sobrevivência e sem a oportunidade para se importarem com a questão ambiental.

[...] pessoas com fome e sem alternativas não podem se dedicar ou concentrar esforços para proteger recursos naturais sem obterem benefícios deles. Incrementar perspectivas econômicas e dar oportunidades educacionais –, ou seja, capacitando comunidades para superar a pobreza permitirão às populações locais enfocarem a salvação de aves e outros recursos naturais para o futuro. Muitas partes do mundo ainda carecem dessas condições, entretanto esforços cada vez maiores acentuam o potencial de medidas conservacionistas e de combate à pobreza a serem adotadas em conjunto (BRIGHT et al, 2003,p.38).

 

Desse modo, considerando que a saúde é um campo na qual estão envolvidos não só os fatores biológicos, mas o modo como a sociedade está estruturada, é fundamental estabelecer uma relação entre os pressupostos da Educação Ambiental e as práticas de Enfermagem.  

Para Lopes e Ximenes (2011), a Enfermagem pode contribuir muito na Promoção da Saúde Ambiental trazendo os princípios da Promoção da Saúde, como a concepção holística de saúde, os múltiplos fatores que envolvem o processo saúde-doença, a equidade e a participação social. Além de incorporar outros princípios que se relacionam com a Promoção da Saúde, como a abordagem ecossistêmica, que rompe com o modelo de dominação humana sobre a natureza e aprofunda na consciência ambiental para ecossistemas mais saudáveis. Acrescentam ainda que,

 

A promoção da saúde está representando não apenas o poder de ação para problemas biossociais e ambientais, mas, sobretudo, o poder de transformação social, contribuindo com a minimização das diferenças entre os diversos grupos sociais, e entendendo a saúde nesse processo como condição e condicionante de realidades concretas de vida, para a qual a ciência da enfermagem pode ser um aliado na construção de ambientes saudáveis e sustentáveis (LOPES e XIMENES, 2011, p. 76).

 

Peres et al (2015) analisam que a área de saúde tem tão próximo a si os problemas de saúde decorrentes à crescente e intensa degradação ambiental. Sendo que a Enfermagem, cujas práticas têm uma relação secular com o meio ambiente, teve Florence Nightngale como fundadora da Enfermagem moderna e estabeleceu a interface entre o meio ambiente e o cuidado à saúde. Apontam que apesar de a Enfermagem estar retomando o interesse nos estudos sobre as questões ambientais, estes se dão ainda “através da avaliação de exposição a toxinas, educação na comunidade e preocupação com os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), motivado por algumas políticas governamentais relacionadas ao tema” (PERES et al, 2015,p.86). Alertam para o fato de serem poucos os estudos que tomam as questões ambientais com aprofundamento das reflexões considerando a concepção ampliada de meio ambiente para além da relação causa-efeito do meio ambiente e a saúde humana.

Em estudo realizado em 2013 pelos autores com o objetivo de descrever as contribuições das pesquisas sobre a temática ambiental e meio ambiente, foram selecionados 139 artigos e após análise criteriosa, foram selecionados 14 artigos para a investigação. Evidenciaram que as produções científicas que fizeram parte do estudo estavam estruturadas em três eixos temáticos: concepção de ambiente e saúde mental; resíduos dos serviços de saúde e seu gerenciamento; e formação profissional em enfermagem: ampliando possibilidades. Como síntese de resultados demonstraram que as produções científicas revelaram uma concepção muito frágil do Enfermeiro sobre ambiente e saúde ambiental; a preocupação com os resíduos de saúde e a dificuldade de trabalho com uma equipe multiprofissional; e a fragilidade na formação dos profissionais para a abordagem da temática ambiental.

Ao problematizar a formação de professores que fazem Educação Ambiental, Neves e Tozoni-Reis (2014) apontam a carência formativa do professor que passa pela

 

[...] incompreensão do significado e o objetivo das práticas educativas ambientais á dificuldade em trata-la de maneira dialógica e interdisciplinar, superando eventos pontuais ou projetos de EA paralelos ao currículo “central” da disciplina que ministram (NEVES e TONZONI-REIS, 2014, p. 63).

 

As autoras apontaram ainda, resultado de pesquisa realizada entre os anos de 2008 e 2010 com professores de escolas municipais na cidade de Bauru (São Paulo), na qual evidenciaram a insuficiência na formação tanto inicial como continuada dos docentes para atuarem em Educação Ambiental, de forma crítica e transformadora. Ao se pensar no meio ambiente em sua totalidade é preciso uma Educação Ambiental que proporcione a reflexão crítica sobre a construção histórica e social não só da degradação ambiental, mas também das desigualdades sociais, econômicas e ambientais.   Exigindo assim a formação de “professores conscientes da totalidade e complexidade que compõem a realidade, com saberes e práxis que vão além dos conteúdos disciplinares de sua disciplina específica” (IDEM).

Dentro deste contexto, ao considerarmos o Enfermeiro Docente como responsável pela formação de futuros Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem que atuarão como cidadãos e profissionais com agentes de transformação tanto na relação do homem com a natureza, quanto nas relações sociais desiguais, buscamos contribuir na construção de conhecimento com vistas à melhor atuação do Técnico de Enfermagem diante da problemática socioambiental e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Este estudo objetivou detectar a concepção dos Enfermeiros Docentes do Curso Técnico de Enfermagem de um campus do Instituto Federal da Bahia (IFBA) sobre meio ambiente e Educação Ambiental e sua interface com as práticas pedagógicas em Educação Ambiental.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA, 2012)  reafirma  a Educação Ambiental como componente integrante da Educação Nacional, devendo estar presente  nos Projetos de Planos de Cursos (PPC) e Projetos Políticos Institucionais (PPI) em todas as modalidades de ensino. Destacando que deve ser desenvolvida de forma interdisciplinar e contínua. Sendo que nos cursos de especialização técnica e profissional deve incorporar os conteúdos que abordem a temática relacionada à ética socioambiental.  A Educação Ambiental é uma dimensão da Educação, e como tal, traz em si as tensões e conflitos sociais de uma sociedade com interesses antagônicos. Assim, as práticas pedagógicas em Educação Ambiental.

 

 

Metodologia

 

Trata-se de um estudo desenvolvido com abordagem qualitativa de caráter descritivo exploratório que foi realizado no Curso Técnico em Enfermagem em um campus do Instituto Federal da Bahia (IFBA). O referido curso está pautado em um currículo integrado por competências que devem ser desenvolvidas ao longo de quatro módulos. Propõe a formação do profissional não apenas na dimensão técnica, mas também ética e política para atuar como agente de mudança. Desse modo, traz entre os parâmetros pedagógicos a prática educativa significativa considerando as experiências prévias do estudante, além de propor a Metodologia de Projetos com vistas à interdisciplinaridade possibilitando o conhecimento, a reflexão crítica e a intervenção sobre a realidade local, e a participação do estudante em projeto de pesquisa na comunidade objetivando o desenvolvimento do senso crítico-reflexivo e da interdisciplinaridade a partir da sua vivência prática.

Entre as competências e habilidades a serem desenvolvidas pelo estudante, destacamos aquelas que estão explicitamente relacionadas ao meio ambiente.

 

Conhecer princípios de higiene e saneamento, visando promover ações de saúde entre clientes/comunidades.

Identificar a importância da defesa da natureza para a sobrevivência do ser humano e da Terra

Identificar fatores do meio ambiente que interfira no processo saúde-doença do indivíduo e comunidade.

Atuar como agente mobilizador em defesa da natureza e da vida (PPC/IFBA)

 

O estudo envolveu Enfermeiros Docentes (ED) do Curso, sendo que foram convidados 12 (doze) Docentes que compõem o quadro funcional do referido campus, porém, só 09 (nove) participaram da pesquisa. Os sujeitos que participaram do estudo são caracterizados como: 66,66% do sexo feminino; 44,44% têm entre 26 e 35 anos; 66,66%  são servidores efetivos; 55,55% tem entre 05 a 10 anos de atuação na docência; 66,66% tem entre 01 e 05 anos  de atuação no IFBA; 55,55% tem entre 05 a 10 anos de formado; o quadro de Docentes pesquisados é composto por especialistas, mestres e doutorandos, sendo que nenhum tem formação na área de Educação Ambiental.  A coleta de dados foi realizada entre os dias 09 e 26 de Março de 2015 através de questionário semiestruturado, na qual foi construído com questões a partir das categorias: concepção de meio ambiente; concepção de Educação Ambiental; formação em Educação Ambiental e práticas pedagógicas em Educação Ambiental. Os sujeitos foram identificados com as letras ED (Enfermeiro Docente) e a sequência de número de acordo com a ordem de recebimento dos questionários. Para a análise dos dados foram utilizados elementos da Análise de Conteúdo de Bardin (2009), na qual foi realizada a leitura minuciosa das respostas e logo após o conteúdo foi agrupado em categorias a partir das perguntas contidas no questionário semiestrutrado. Para a análise da concepção dos Enfermeiros Docentes sobre meio ambiente e Educação Ambiental tomamos  como referência a Tipologia de concepções proposta por Sauvé (1997; 2008). 

 

 

 

Análise e discussão dos dados

 

 

Categoria: Concepção do Enfermeiro Docente sobre Meio ambiente

 

Detectar como os Enfermeiros Docentes concebem o meio ambiente e a Educação Ambiental é importante para que possamos analisar suas práticas pedagógicas em Educação Ambiental. Assim, foi utilizada a Tipologia das concepções sobre ambiente proposta por Sauvé (1997), na qual a autora aponta seis correntes de concepção: Ambiente como a natureza; Ambiente como um recurso; Ambiente como um problema; Ambiente como um lugar para se viver; Ambiente como a biosfera; e, Ambiente como projeto comunitário. Destaca ainda que essas correntes se complementam e podem ser combinadas, estando embutidas tanto na abordagem pedagógica, quanto nas estratégias de ensino propostas por autores ou educadores. O fazer Docente em Educação Ambiental é permeado por suas concepções, crenças, valores e atitudes.

Assim, a partir da definição pessoal do Docente sobre meio ambiente as falas foram separadas de acordo com as subcategorias representadas no quadro 01.

Subcategorias

N.

%

Meio ambiente como local para se viver

04

44,44%

Meio ambiente como biosfera

03

33,33%

Meio ambiente como problema

01

11,11%

Meio ambiente como recurso e como biosfera

01

11,11%

Quadro 01. Subcategorias da concepção de meio ambiente relatas pelos Docentes.

 

            Na subcategoria “ambiente como local para se viver”, Sauvé aponta que o meio ambiente é visto como aquele do nosso cotidiano como a escola, trabalho, campo ou local de lazer. Devemos aprender a respeitar e ter senso de pertencimento a ele. A característica desta concepção está relacionada à natureza com os seus componentes sociais, históricos e tecnológicos. Como é demonstrado na fala do Docente

 

Lugar onde as relações acontecem, entre as pessoas e entre os elementos da natureza. É o lugar da existência e da produção da vida. Desde a nossa casa até as dimensões espaciais maiores. (ED 07)

 

Meio que nos abriga e permite toda e qualquer forma de vida. Influenciado por muitos fatores físicos, químicos, biológicos mas, principalmente pela manipulação humana. (ED 08)

 

Na subcategoria “meio ambiente como a biosfera” se estabelece uma interdependência entre os seres vivos e inanimados, que clama pela solidariedade humana. A Terra é vista como a grande mãe onde acontece a interdependência entre os seres.

São todas as coisas vivas da Terra e em relação à Terra onde se desenvolve a vida de um organismo (vegetação/animais/solo/rochas/atmosfera). (ED 03)

 

É o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais que podem causar efeitos diretos ou indiretos sobre os seres vivos e nas atividades humanas. (ED 02)

 

A subcategoria “meio ambiente como problema”, aponta o meio ambiente como um problema a ser resolvido.  É caracterizada pelo ambiente biofísico que  dá suporte da vida  e  está sendo ameaçado  pela degradação ao mesmo tempo pode afetar nossas vidas e por isso precisa ser preservado. 

 

Espaço desenvolvedor de riquezas naturais, bem como desenvolvedor de doença quando não preservado. (ED 01)

 

Houve uma conjunção da subcategoria “meio ambiente como 1recurso” e “meio ambiente como 2biosfera”. Isso nos remete à Sauvé (1997) quando a autora nos aponta que existem modos diferentes de se conceber meio ambiente e que estas formas são complementares entre si.

 

Meio ambiente, seria na minha concepção, 1todo espaço geográfico que responde no provimento de recursos naturais que permita a sobrevivência humana, seria também, 2o ambiente onde há interrelação entre as diversas espécies que habitam o local. (ED 04)

 

O meio ambiente como recurso é visto como uma herança coletiva, que sustenta a qualidade de vida no planeta e por isso deve ser gerenciado, pois é um recurso que pode ser deteriorado e degradado. Há uma preocupação com o fim dos recursos naturais. Esta concepção está tem relações estreitas com a concepção de desenvolvimento sustentável que estabelece a necessidade de gerir melhor estes recursos para o bem da humanidade.

  Reigota (1998) ressalta a importância de se conhecer as representações sociais sobre meio ambiente daqueles que praticam Educação Ambiental, pois suas práticas pedagógicas serão permeadas por suas concepções. Após analisar vários conceitos de meio ambiente concluiu que não há um consenso na comunidade científica acerca de sua definição. Sendo assim tomando por base Moscovici (1976), o autor aponta que o conceito de meio ambiente é uma representação social, ou seja, está relacionado ao senso comum, às experiências do indivíduo, suas crenças, ideologias, cultura e preconceitos. Dessa forma, considerando que as definições de meio ambiente são muito restritivas, o autor define meio ambiente como sendo:

 

O lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essa relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído (REIGOTA,1998, p.14)

 

Neste conceito ampliado, o meio ambiente tem uma conotação para além de um conjunto de seres bióticos e abióticos. Torna-se um espaço para a relação do Homem com o Homem e com a natureza. Uma relação dinâmica, que se modifica ao longo da história permitindo ao Homem transformar o meio onde vive e ao mesmo tempo ser transformado e transformar sua concepção de natureza.

           

Categoria: Concepção do enfermeiro Docente sobre Educação Ambiental

 

Da mesma forma que meio ambiente, o conceito de Educação Ambiental é permeado pela falta de clareza, o que implicará numa incompreensão do significado da prática da Educação Ambiental.  Assim, a partir do questionamento sobre o que o Docente entende por Educação Ambiental, as falas foram separadas de acordo com as subcategorias representadas no quadro 02, utilizando a Tipologia de concepção proposta por Sauvé (2008) na qual ela aponta 15 correntes, que são formas de conceber e ao mesmo tempo praticar a Educação Ambiental. Para isso, a autora sistematizou essas correntes em dois grupos: as de longa tradição que foram dominantes entre as décadas de 1970 e 1980 representadas por: Corrente naturalista; conservacionista/recursista; resolutiva; sistêmica; científica; humanista; e, moral/ética. E as correntes mais recentes apresentadas como: corrente holística; biorregonalista; práxica; crítica; feminista; etnográfica; eco-educação; e, da sustentabilidade.

Subcategorias

N.

%

Educação Ambiental conservacionista,

04

44,44%

Educação Ambiental sistêmica

03

33,33%

Conjugação de  Educação Ambiental sistêmica com a e a Educação  ambiental resolutiva

01

11,11%

Conjunção da Educação Ambiental  da sustentabilidade e Educação Ambiental Moral/Ética.

01

11,11%

Quadro 02. Subcategorias de concepções de Educação Ambiental relatadas pelos Docentes

 

A subcategoria “Educação Ambiental conservacionista/recursistaestá centrada na conservação do meio ambiente e dos recursos naturais, na qual o meio ambiente é visto como um recurso que poderá se esgotar.

Método ou forma de preservação do espaço no qual estamos inseridos. (ED01)

                                           

É o processo por meio dos quais o indivíduo e a sociedade constroem valores, conhecimentos, habilidade, atitude para conservação do meio ambiente e dos recursos naturais. (ED 02)

 

A Educação Ambiental tem como propósito educar para conservar e preservar na qual o conhecimento é transmitido a partir dos aspectos que constituem o meio ambiente, relacionados à fauna, flora e recursos minerais.

 

Na subcategoria “Educação Ambiental sistêmica”, o enfoque possibilita o conhecimento e a compreensão da realidade e da problemática ambiental. Permitindo “identificar os diferentes componentes de um sistema ambiental e salienta as relações entre seus componentes, como as relações entre os elementos biofísicos e os elementos sociais de uma situação ambiental” (SAUVÉ, 2008, p. 22). Nesta corrente busca-se a integração entre os seres como demonstrado na fala do Docente.

 

O processo de conscientização sobre essa interrelação entre natureza, meio e exploradores possam se dar de forma onde haja respeito, sustentabilidade e minimização de impactos. (ED 04)

 

Na fala de um Docente identificamos a conjunção de duas subcategorias:

1 Educação Ambiental  sistêmica” e “2Educação Ambiental resolutiva

 

1É um espaço de construção de conhecimento acerca do bem viver no ambiente onde o ser humano habita e vivencia as relações de poder. 2É também um espaço para a compreensão de como preservar, identificar problemas no meio ambiente e desenvolver ações para reverter quadros de problemas ambientais. (ED 07)

 

A “Educação Ambiental resolutiva” está relacionada ao meio ambiente como um problema, na qual a Educação Ambiental passa pelo desenvolvimento de conhecimentos e habilidades para resolver as problemáticas ambientais. A Educação Ambiental deve ser direcionada para estudar essas problemáticas e seus componentes sociais e biofísicos.

Outro Docente também faz outra conjunção da “1Educação Ambiental da sustentabilidade” e a “2Educação Ambiental  Moral/Ética”.

 

1Penso que é um processo onde se busca despertar uma preocupação individual quanto coletiva sobre a questão ambiental, onde as informações sobre tai sejam mais acessíveis a toda a população e que todas se identifiquem como parte do meio e que tem uma parcela de responsabilidade sobre o meio ambiente que estamos vivendo como deixaremos para as gerações futuras. 2Focando não só na mudança cultural, mas também a transformação social porque tem uma crise ambiente ética e política. (ED 06)

 

A Educação Ambiental da sustentabilidade gira em torno da ideologia do desenvolvimento econômico atrelado ao desenvolvimento humano e a conservação dos recursos naturais com vistas à geração atual e futura. O objetivo da Educação Ambiental é “Promover um desenvolvimento econômico respeitoso dos aspectos sociais e do meio ambiente” (SAUVÉ, 2008, p.37).  Na Educação Ambiental Moral/Ética “o fundamento da relação com o meio ambiente é de ordem ética: é, pois, neste nível que se deve intervir de maneira prioritária” (Idem, p.26).  A Educação Ambiental está relacionada ao ecocivismo e ao desenvolvimento de um sistema ético. A autora ao apontar as várias maneiras de conceber Educação Ambiental, destaca a pluralidade e divergência de proposições contidas em uma corrente, sendo que uma proposição pode corresponder a mais de uma corrente a depender de como ela será analisada.

            Para Layrargues e Lima (2011) a Educação Ambiental é um campo em construção na qual coexistem diferentes tendências de concepções que estão relacionadas ao projeto de sociedade e que influenciam as práticas pedagógicas e as pesquisas. Nesse sentido, analisam que,

Observando a Educação Ambiental a partir da noção de Campo Social pode-se dizer que ela é composta por uma diversidade de atores, grupos e instituições sociais que compartilham um núcleo de valores e normas comuns. Contudo, tais atores também se diferenciam em suas concepções sobre meio ambiente e questão ambiental, e nas suas propostas políticas, pedagógicas e epistemológicas que defendem para abordar os problemas ambientais. Esses diferentes grupos e forças sociais disputam a hegemonia do campo e a possibilidade de orientá-lo de acordo com sua interpretação da realidade e seus interesses que oscilam entre tendências à conservação ou à transformação das relações sociais e das relações que a sociedade mantém com o seu ambiente. (LAYRARGUES e LIMA, 2011, p.3).

 

De acordo com as reflexões anteriores, levamos para a sala de aula e para as pesquisas, as nossas ideologias e concepções acerca do conceito de meio ambiente e do significado de Educação Ambiental, que permearão nossas práticas pedagógicas. Assim, o processo formativo daquele que se tornará educador ambiental é de suma importância para uma educação que possibilite ao sujeito a visão crítica da sociedade e permita a participação nos espaços de discussão e debate e a mobilização frente aos problemas ambientais. Buscamos deste modo, analisar a formação dos Enfermeiros Docentes.

 

Categoria: Formação em Educação Ambiental

 

As Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação Ambiental de 2012 em consonância com a Política Nacional de Educação Ambiental  em consonância com a Política Nacional em Educação Ambiental de 1999, reafirma que a Educação ambiental deve ser componente da Educação Nacional devendo estar presente de forma integrada nos Projetos institucionais e pedagógicos  tanto na Educação básica como na Educação Superior. Aponta ainda que deve ser tratada como prática educativa integrada e interdisciplinar. No entanto, para os cursos de graduação e pós-graduação é facultada a criação de componente curricular específico, como disciplina.

Bursztyn (2001) analisa que o tema meio ambiente na Universidade aparece inicialmente associado a determinados departamentos como biologia e engenharia sanitária e aos poucos “[...] o adjetivo ambiental começa a aparecer aclopado a várias disciplinas: engenharia ambiental, direito ambiental, educação ambiental, geologia, [...]” (BURSZTYN, 2001, p.14), destacando também o crescimento do tema meio ambiente nas Universidades tanto no ensino quanto na pesquisa, sendo porém, importante superar a compartimentação do tema em disciplinas para práticas acadêmicas interdisciplinares.

Com essas reflexões analisamos a formação dos Enfermeiros Docentes em Educação Ambiental, para isso utilizamos elementos quantitativos. Assim tomando como base as subcategorias contidas no questionário semiestruturado, destacamos que 06 (66,66%) dos Enfermeiros Docentes afirmaram que não tiveram formação em Educação ambiental na graduação; 06 (66,66%) relataram ter tido formação em Educação ambiental em outros espaços; 07 (77,77% ) afirmaram não ter tido formação em Educação Ambiental no IFBA; e, 05 (55,55%) se consideram preparados para tratar do tema Educação Ambiental.

Esses dados demonstram a necessidade de fomentar a formação do Docente para a Educação Ambiental, não só na graduação como também nos programas de educação permanente, possibilitando-o desenvolver e potencializar suas habilidades e ao mesmo tempo, o desenvolvimento do senso crítico sobre o mundo à sua volta e o estímulo para realizar pesquisas em busca de soluções para os problemas ambientais. Camponagara et al (2012) ao estabelecer a relação saúde e meio ambiente e a formação do profissional de saúde, destacam a importância das estratégias  para a garantia da saúde humana. Neste contexto está inserida a Educação Ambiental para o despertar da consciência ambiental na população. Porém, chama a atenção que alguns profissionais da área de saúde ainda se mantêm distanciados das práticas de proteção do meio ambiente e a diminuição dos impactos de sua degradação. Alerta para emergência de tratar o tema de forma sistemática e integrada no processo formativo e na importância dos estudos que contribuem para a estruturação do conhecimento nesta área. Propondo a inclusão do tema de forma transversal nos currículos para incorporar a interface saúde e meio ambiente.

Associado à formação Docente em Educação Ambiental, questionamos se ele se sente preparado para tratar a temática em sala de aula e foi evidenciado um equilíbrio entre as falas dos Docentes. Isto nos chama a atenção, pois, embora a maioria tenha afirmado anteriormente que não teve formação em Educação Ambiental durante a graduação e nem em outros espaços, incluindo no IFBA, ainda assim, se sentem preparados. Contudo, apontam as dificuldades que passam principalmente pela falta ou pela deficiência de formação na área, como demonstrado nas falas.

 

“Por ser um assunto muito amplo de constantes atualizações que tenta despertar consciência, reconhecer valores e compreender o meio ambiente, acredito que teria tal competência após um processo de reciclagem pedagógica” (ED 09)

 

“É preciso conhecer mais sobre o tema” (ED 06)

 

“A principal dificuldade que vejo, talvez fosse a fragilidade na formação enquanto profissional da área de saúde sobre a temática” (ED 04)

 

Demanda-se de fortalecimento de práticas educativas interdisciplinares, transversais, investigativas que dialoguem com metodologias problematizadoras e transformadoras(ED 05).

 

 

A fala do Docente identificado como ED (05) ao afirmar se sentir preparado para trabalhar a temática Educação Ambiental em sala de aula e apontar a necessidade de fortalecer as práticas pedagógicas ativas, nos remete mais uma vez para a importância da formação inicial e continuada dos Docentes possibilitando mudança de valores e atitudes frente às questões socioambientais.

A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA, 1999) aponta no Art.9º que a Educação Ambiental formal deve englobar todas as modalidades de educação, incluindo a educação superior. Sendo que no 3º inciso deste artigo, define que “nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas”. Além disso, no Art. 11º “a dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação dos professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas”, devendo os professores em atividade também receber a formação complementar.

Soares et al (2012) analisam que a Enfermagem como uma profissão educadora, deve desenvolver “estratégias direcionadas a um comportamento comprometido com a saúde ambiental” , devendo através das ações de promoção da saúde se inserir no campo da Educação Ambiental instrumentalizando o indivíduo e a coletividade para a mudança de comportamento frente às questões ambientais, mesmo que seja uma tarefa árdua diante de um desenvolvimento econômico cada vez estimulado, almejado e com pouca preocupação com a sustentabilidade. Assim,  imprescindível a formação do Enfermeiro voltada para a Educação Ambiental, pois além de atuar na atenção à saúde e na gestão do sistema e serviços de saúde, ele é o principal responsável na formação de Técnicos e Auxiliares de enfermagem e de Agentes Comunitários de saúde.

 

 

Categoria: Práticas pedagógicas em Educação Ambiental.

 

 

A prática pedagógica como ação do professor na sala de aula pode assumir diferentes significados a depender da perspectiva teórica que é adotada. Pode passar apenas pela educação bancária com a transmissão de conhecimentos, muitas vezes distanciados da realidade ou na perspectiva de formação de sujeitos críticos reflexivos que conheçam a realidade em sua totalidade para a transformação social.  Nesse sentido, a prática pedagógica adotada pelo Docente é o reflexo da sua formação como pessoa e como profissional e da sua visão de mundo, influenciando também a prática em Educação Ambiental. Assim, nesta categoria puxamos três fios que em algum momento se cruzam: as práticas pedagógicas no IFBA e em outras instituições, a relação entre a Enfermagem e Educação Ambiental, e, se eles acreditam que o egresso do Curso Técnico em enfermagem do IFBA está preparado para atuar também como educador ambiental.

Dessa forma, ao serem questionados se já desenvolveram práticas pedagógicas em Educação Ambiental em outras instituições e no IFBA, evidenciamos o cenário mostrado no quadro 03.

Subcategorias

Sim

Não

Práticas em Educação Ambiental em outras instituições

05

55,55%

04

44,44%

Práticas em Educação Ambiental no IFBA

07

77,77%

02

22,22%

Quadro 03. Práticas pedagógicas em Educação Ambiental

 

Analisando as respostas observamos que estas práticas estabelecem uma interface entre saúde e meio ambiente, como demonstrado nas falas.

Participando do projeto do curso: saúde como condição de cidadania. E no dia a dia de sala de aula, campo de estágio propondo ações de promoção e prevenção em educação em saúde.  (ED 02)

 

[...] Nada específico ou focado na Educação Ambiental, mas quando levamos o aluno a identificar problemas e necessidades dos serviços de saúde e do território geográfico, como lixo a céu aberto, esgoto, águas contaminadas, descarte de perfurortantes, isso já é uma ação em Educação Ambiental.

 (ED 07)

 

Em conteúdo programático a exemplo de programa de integração saúde comunidade com problematização do modo como as pessoas vivem e se organizam e seus determinantes sobre a saúde. (ED 05)

                       

            Associado à prática pedagógica, questionamos qual a relação que os Docentes fazem entre a Enfermagem e a Educação Ambiental, evidenciamos que 06 (66,66%) das falas dos Docentes também estabelecem a intercessão meio ambiente – saúde assim como relatado nas práticas pedagógicas.

 

Ambos estabelecem relação intrínseca fundamental para estabelecer formas de adoecimento de uma população ou comunidade. (ED01)

 

[...] A enfermagem acontece nos territórios, nas relações, nos espaços onde as pessoas coexistem nos espaços geográficos, assim a produção da vida dos usuários dos serviços de saúde também dependem da qualidade de vida dos locais onde habitam. (ED 07)

 

Ainda muito frágil, em virtude da pouca intervenção que a enfermagem poderia fazer e não faz no sentido de aproveitar os momentos com sua clientela para fomentar o processo de educação e respeito ao meio. Mas há momentos que essa relação também é muito forte, por exemplo, quando existe a necessidade de fazer educação em saúde nas doenças transmissíveis por vetores (ex: dengue, parasitoses, etc...).   (ED 04)

 

Ribeiro (2004), ao fazer um recorte histórico sobre a influência da relação homem-meio e o seu efeito sobre a saúde humana, destaca como marco inicial, os escritos de Hipócrates “Dos Ares, das Águas e dos Lugares” que trás os aspectos ambientais e a determinação das doenças. Passando pela Idade Média, a Revolução Industrial até a atualidade a autora aponta que embora essa preocupação venha de longa data, só nos meados do Século XX, é que foi estruturada a Saúde ambiental como uma área da Saúde Pública a fim de tratar das questões relativas às condições ambientais e a saúde, ampliando assim o campo de estudos sobre a temática e envolvendo outras áreas de conhecimento.

No Brasil, a estruturação da Vigilância Ambiental em Saúde (VAS) foi um marco muito importante com vistas a identificar as “situações de risco ou perigos no ambiente que possam causar doenças, incapacidades e mortes com o objetivo de se adotar ou recomendar medidas para a remoção ou redução da exposição a essas situações de risco” (BRASIL, 2007, p.170). A preocupação com a relação meio ambiente-saúde não diz respeito apenas aos agravos decorrentes de vetores e microorganismos, mas também com os impactos ambientais que desencadeiam o desmatamento, a poluição do ar, a contaminação do solo por agrotóxicos, os locais de habitação das pessoas, a falta de saneamento básico e as áreas de risco para deslizamento de terra e o impacto destes problemas ambientais na qualidade de vida dos indivíduos.  Sendo a população mais pobre a que está mais exposta aos riscos e se tornando a maior vítima da desigualdade ambiental.

A estreita relação meio ambiente e saúde e as práticas pedagógicas narradas pelos Docentes demonstram a preocupação para a formação dos estudantes para a intervenção nos agravos à saúde que se relacionam com o meio ambiente.   Contudo, é preciso se pensar em Educação Ambiental com práticas problematizadoras que possibilitem a formação de sujeitos para o exercício da cidadania e da transformação da realidade e ao mesmo tempo, educadores para a construção de uma sociedade socialmente e ambientalmente mais justa.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental no seu  Art. 8º determina que a prática educativa em Educação Ambiental deve ser, integrada, interdisciplinar, contínua e permanente, sendo que não deve ser implantada como disciplina. Neste aspecto, o Plano de Curso Técnico em Enfermagem estudado sai na frente em relação aos outros, pois tem um currículo integrado pautado em competências e que privilegia a transversalidade, a interdisciplinaridade e as metodologias problematizadoras. No entanto, este currículo precisa ser efetivado e demanda que o Docente tenha conhecimento dele, que esteja aberto para a interdisciplinaridade e tenha formação. Caso contrário, ele manterá a postura tradicional e as competências que deveriam ser trabalhadas de forma integrada, acabam se tornando uma “disciplina” e a temática ambiental fica fragmentada e isolada.

Para encerrar a  análise questionamos aos Docentes se eles acreditam se o egresso do Curso Técnico em Enfermagem está preparado para também ser educador ambiental. Dessa forma, evidenciamos que há um equilíbrio nas falas dos Docentes, na qual 04 (44,44%) expressaram que o egresso está preparado para também ser educador ambiental como demonstrado abaixo:

 

Do momento que ele tenha compreendido o objetivo do curso em suas respectivas etapas na promoção, prevenção, tratamento e recuperação (ED02).

 

Porque o curso não é apenas tecnicista, mas, forma o aluno para além dessa técnica, com um olhar sociocultural, sócio histórico de um sujeito ativo e transformador. (ED 07)

 

Por outro lado, 04 (44,44%) dos Docentes afirmaram que o egresso não está preparado para ser educador ambiental conforme observado nas falas abaixo:

 

Porque nos fundamentos da própria profissão do Técnico de enfermagem, a prioridade é dada para a intervenção no processo de saúde voltado a agravos biológicos de média e alta complexidade. Isso acaba restringindo esse profissional considerando a realidade da região onde o curso existe há ambiente de saúde com normas bem definidas. (ED 04)

 

Ainda que propõe em seu projeto pedagógico sua prática/conhecimento estas ainda se dão de modo fragmentado. (ED 05)

 

É interessante observar a resposta do Docente que afirmou que o egresso está e ao mesmo tempo não está preparado para ser educador ambiental.

 

Educação Ambiental em potencial todos podemos. Porém, querer contribuir principalmente orientando, mas também praticando não é atitude tão fácil.(ED 08)

 

A Educação Ambiental deve proporcionar a transformação do sujeito através de práticas que estimulem o senso crítico em relação aos próprios valores e atitudes frente às questões socioambientais, sensibilizando e despertando a consciência ambiental.  Como exposto por Guimarães (2013).

 

[...] conscientizar não é simplesmente transmitir valores “verdes” do educador para o educando; essa é a lógica da educação “tradicional”; é na verdade, possibilitar ao educando questionar criticamente os valores estabelecidos pela sociedade, assim como os valores do próprio educador que está trabalhando em sua conscientização. É permitir que o educando construa o conhecimento e critique valores com base em sua realidade, o que não significa um papel neutro do educador que negue os seus próprios valores em sua prática, mas que propicie ao educando confrontar criticamente diferentes valores em busca de uma síntese pessoal que refletirá em novas atitudes. (GUIMARÃES, p.31,2013)

 

 

Além disso, no nosso dia a dia precisamos acionar um estímulo motivador interno  despertando a vontade de fazer diferente, de modificar hábitos, atitudes e de ser um educador ambiental.

            De acordo com o Decreto no 94.406, de 08 de junho de 1987 no Art. 10º, o Técnico de Enfermagem é um profissional de nível médio técnico que executa atividades com o intuito de assistir ao Enfermeiro nas atividades inerentes à Enfermagem. Assim, ele tem participação do planejamento e orientação das atividades de assistência de enfermagem, na execução dos cuidados de enfermagem, na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológica, além do exposto no Art. 8º nos itens i e o do item II, “participar dos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco e a participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e doenças profissionais e do trabalho” (BRASIL, 1987, s/p).

No Sistema Único de Saúde (SUS), o cuidado de saúde é organizado em níveis de atenção: básica, de média e alta complexidade. A formação do Técnico de enfermagem deve lhe conferir a competência e habilidade para atuar nos três níveis, tanto na promoção, prevenção reabilitação e tratamento das doenças. Dessa forma, mesmo atuando em uma instituição hospitalar, é possível superar o modelo biomédico de cuidado à saúde, centrado na doença.

Considerando as competências do Técnico de Enfermagem e a estreita relação entre degradação ambiental e a saúde humana, este profissional pode intervir junto à comunidade nos determinantes ambientais que interferem no processo saúde-doença, através de práticas educativas emancipatórias não somente para a conservação do ambiente, mas também para visão crítica sobre a tríade desigualdade social, degradação ambiental e saúde.

 

Considerações

 

A degradação ambiental é fruto de uma construção histórica e social estando atrelada a um sistema econômico onde até a natureza virou mercadoria. O modo como ainda hoje produzimos meios para suprir nossa necessidade e o excedente, tem aprofundado o hiato entre o homem e a natureza. Em decorrência disso, os problemas ambientais influenciam a qualidade de vida afetando a saúde humana, sendo a camada mais pobre da população a mais vulnerável frente aos riscos ambientais. Na busca de superação destes problemas se faz necessário o enfrentamento através de políticas públicas voltados para o meio ambiente, saúde, educação, habitação e saneamento básico, por meio de ações intersetoriais e interdisciplinares. Por outro lado, é preciso sensibilizar para o despertar da consciência ambiental e concretizar com a transformação de valores e atitudes, não só para a preservação do meio ambiente como também para a diminuição das desigualdades sociais.  Dentro deste contexto se encontra a Enfermeiro Docente como formador de profissionais da Enfermagem que atuarão no cuidado à saúde nos três níveis de atenção, considerando que o processo saúde- doença envolve vários fatores e entre eles, os problemas ambientais.

Ao buscarmos detectar a concepção dos Enfermeiros Docentes do Curso Técnico de Enfermagem de um campus do Instituto Federal da Bahia (IFBA) sobre Educação Ambiental e sua interface com as práticas pedagógicas em Educação Ambiental, consideramos que o futuro Técnico de Enfermagem poderá ser elemento agregador para o desenvolvimento de práticas educativas com vistas à transformação da relação desigual entre homem-natureza que determina o adoecimento da população.

Dessa forma, evidenciamos que ao conceber meio ambiente, as falas dos Enfermeiros Docentes apontaram para o meio ambiente como uma totalidade, envolvido pelos componentes naturais, sociais, históricos e culturais, na qual há uma relação dinâmica entre os seres vivos.  Por outro lado, a concepção sobre Educação Ambiental que sobressaiu na fala dos Docentes está relacionada à conservação do meio ambiente, o que também vai de encontro à concepção que eles têm de meio ambiente.  Assim, ao buscarmos a interface entre as concepções dos Docentes sobre meio ambiente e Educação Ambiental com suas práticas pedagógicas em Educação Ambiental, foi possível evidenciar que estas estão permeadas por práticas educativas que possibilitam ao estudante o conhecimento e reflexão sobre a realidade local, tendo como ponto de partida a intercessão meio ambiente-saúde. Estando claro que o processo saúde- doença está intrinsicamente atrelado ao desenvolvimento social e econômico, bem como na forma como o homem se relaciona com a natureza para a produção da sua existência material e social.

Assim, a Educação Ambiental como prática social deve possibilitar ao indivíduo e a coletividade uma reflexão crítica sobre a problemática socioambiental e da relação homem-natureza. Desse modo, ao considerarmos que o Enfermeiro é responsável pela formação inicial e permanente dos Técnicos de Enfermagem é fundamental a inserção da Educação Ambiental como componente curricular nos cursos de graduação em Enfermagem.  Uma formação com enfoque interdisciplinar considerando a “[...] a

interface entre a natureza, a sociocultura, a produção, o trabalho, o consumo, superando a visão despolitizada, acrítica, ingênua e naturalista ainda muito presente na prática pedagógica” como exposto no Art.6º da DCNEA (2012). Evidenciamos que a maioria dos enfermeiros Docentes afirma não ter tido formação em Educação Ambiental durante a graduação, como também a falta de educação permanente em Educação Ambiental realizada no IFBA. Por outro lado, os sujeitos pesquisados afirmam se sentirem preparados para tratar a temática ambiental em sala de aula, mas evidenciam as dificuldades que passam principalmente pela falta ou deficiência da formação na área. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Cursos de Graduação de Enfermagem propõem uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva do Enfermeiro de forma que ele conheça e faça intervenções nos problemas de saúde-doença com base nas dimensões biopsicossociais dos determinantes. Esta proposta de formação confere ao Enfermeiro a competência para tratar sobre as questões socioambientais tanto na sala de aula como na comunidade. O egresso da  Graduação em Enfermagem está habilitado a atuar na Promoção da Saúde com práticas educativas que possibilitem o desenvolvimento da consciência ambiental, de forma que a comunidade local também se torne agente de transformação participando da formulação de políticas públicas voltadas para as questões socioambientais. Por outro lado, é importante que a escola como instituição de formação propicie ao Docente a competência para tratar em sala de aula sobre a temática ambiental  sob o os aspectos, sociais, econômicos, políticos, culturais e legais.

Sendo o Técnico de Enfermagem o profissional que atua sob a supervisão do Enfermeiro, evidenciamos neste estudo que os Docentes se dividem quanto ao preparo do egresso para atuar também como educador ambiental. O que a nosso ver está relacionado à própria concepção do Docente sobre Educação Ambiental, sobre a falta de clareza da Educação Ambiental como campo de atuação do Técnico de Enfermagem e pela falta ainda, de efetivação de práticas pedagógicas integradoras e interdisciplinares com busca à integralidade da assistência à saúde, considerando os problemas socioambientais como fatores que interferem no processo saúde-doença.

Destacamos assim, a emergência de criação de espaços para o debate em torno da formação do Enfermeiro, a revisão dos currículos no que tange às questões ambientais e as dimensões de atuação do profissional Enfermeiro que passam pela a assistência, a docência e a pesquisa. Assim como a importância do IFBA promover a formação permanente do Docente para atuar como educador ambiental e estimular a revisão do Projeto de Plano de Curso com vistas à inserção das questões socioambientais e da Educação Ambiental de forma crítica e reflexiva. No que tange à pesquisa, é relevante a necessidade de intensificar as investigações científicas relacionadas às questões ambientais, Educação Ambiental e saúde com ênfase à atuação da Enfermagem.

 

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Ilustrações: Silvana Santos