Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 52) LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DA FAMÍLIA EUPHORBIACEAE OCORRENTE NA UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO, CAMPUS REALENGO – RJ
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Levantamento das espécies da Família Euphorbiaceae ocorrente na Universidade Castelo Branco, Campus Realengo – RJ

 

AZEVEDO, V. M.;

[1] Acadêmico. Curso de Ciências Biológicas – Universidade Castelo Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

 CORREIA, T. S.1;

 LOPES, E. M. 1;

LELIS, T. B. S. 1;

GUEDES, C.A. 1;

JORDÃO, J. F. 1;

 PANTOJA, S. C. S.

Professor/Pesquisador. Botânica aplicada - Universidade Castelo Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

 

Resumo: Levantamento das espécies da Família Euphorbiaceae no Campus Realengo da Universidade Castelo Branco foi realizado entre os meses de Agosto e Setembro de 2014. Foram encontradas e devidamente identificadas e registradas fotograficamente as espécies Euphorbia mili,, Euphorbia hirta e Acalypha hispida.

Palavras-chave: Euphorbiaceae, Sistemática, Universidade Castelo Branco.

 

Introdução

A família Euphorbiaceae é encontrada nas regiões tropicais e temperadas de todo o planeta por um total de 8.000 espécies, distribuídas em 317 gêneros (OLIVERIA et al., 2007). 

Levantamentos florísticos para o Brasil confirmam cerca de 1.000 espécies distribuídas em cerca de 80 gêneros, sendo uma das famílias mais comuns no país (LORENZI, 2012). São plantas de hábito bastante variado, desde ervas, subarbustos, árvores, até trepadeiras latescentes ou não, monóicas ou dióicas. Possuem folhas alternas, podendo ser opostas, simples, raramente compostas, inteiras a serreadas; estípulas presentes ou não. Inflorescências racemosas ou cimosas, às vezes altamente modificadas, formando pseudantos, terminais ou axilares. Flores diclinas, actinomorfas, aclamídeas, monoclamídeas ou diclamídeas, pétalas e sépalas unidas ou livres; disco nectarífero frequentemente presente, segmentado ou inteiro. Androceu com 1 a muitos estames, livres ou unidos de diversas formas; anteras bitecas, rimosas, filetes curtos ou longos, livres ou variadamente concrescidos; pistilódio às vezes presente nas flores masculinas. Gineceu sincárpico, geralmente 3-carpelar, 3-locular, 1-2 óvulos por lóculo; ovário súpero, placentação axilar; estiletes geralmente 3, livres ou variadamente concrescidos. Fruto cápsula tricoca, raramente drupa, baga ou sâmara. Sementes com endosperma, carunculadas ou não (SÁTIRO, 2008).

 

 Objetivo

 

O presente estudo tem como objetivo identificar e descrever as espécies da Família Euphorbiaceae encontradas na Universidade Castelo Branco, Campus Realengo, RJ.

 

 Metodologia

 

Esta pesquisa foi realizada no período de agosto a setembro de 2014 na Universidade Castelo Branco, Campus Realengo, RJ e foram identificadas através de levantamento bibliográfico os quais descreviam as características morfológicas da família Euphorbiaceae três espécies e registradas através de fotografias.

 

 Resultados e Discussão

 

Três espécies da família Euphorbiaceae foram identificadas e registradas por meio de fotografias no Campus da Universidade Castelo Branco em Realengo, RJ. São estas Euphorbia milii, Euphorbia hirta e Acalypha hispida.

As áreas de ocorrência das espécies foram aos arredores do campo de futebol da universidade onde encontram-se indivíduos de E. milii beirando a margem do rio catarino  e E. hirta em torno de todo o campo. E. mill também foi encontrada em torno da maior parte do perímetro do clube de natação da universidade para fins ornamentais. Já E. hirta ocorre em outras duas áreas, sendo uma no corredor de acesso a garagem dos ônibus de transportes da universidade, próximo ao almoxarifado, nesta área há grande parte de vegetação beirando as margens do rio catarino. A área seguinte onde há outros indivíduos de E. hirta é o estacionamento, possuindo um corredor relativamente longo que caracteriza-se por uma discreta vegetação onde foi encontrada também A. hispida que ocorre somente neste ultimo espaço descrito.

 

Descrição das espécies encontradas

 

Nome popular: Coroa-de-cristo

Nome científico: Euphorbia milii Des Moul.

Arbusto perene, latescente, com cerca de 1,5m de altura, muito ramificado, armado de numerosos espinhos. Folhas alternas, simples, inteiras, obovadas ou espatuladas, glabras, membranosas, curto pecioladas. Flores unissexuais, reunidas em inflorescências tipo ciátio, longo-pedunculadas com brácteas vermelhas e invólucro campanulado com cinco glândulas apicais. Fruto cápsula tricoca. Possui substâncias tóxicas que se concentram no látex, as quais agem sobre os tecidos causando uma reação inflamatória (OLIVEIRA et al., 2007).

 

Figura 1: A - Euphorbia milii Des Moul. (Coroa de cristo), B - Inflorescência focalizada ao centro. Fonte: Acervo pessoal

 

Nome popular: Erva-de-Santa-Luzia, erva-andorinha, quebra-pedra

Nome científico: Euphorbia hirta L.

Erva pubscente, com cerca de 20-50cm de altura, caule avermelhado, ligeiramente sulcado e entrenós de 1-4cm; folhas simples oblongo-lanceoladas, estípulas lanceoladas, soldadas aos pares, fendidas quase até a base em 3-4 lacínias, dorso e bordo ciliado; invólucro caliciforme, na margem com 4 lóbulos de bordos fimbriados e alternados com quatro glândulas transverso-orbiculares côncavas e longo-estipitadas. Fruto Esquizocarpo cocóide globoso, esverdeado, com esparsa pubescência alvotranslücida cerca de (1-) 1,2 (-1,5) mm de diâmetro e cocas carenadas. Semente tetragonal, ovada-oblonga (GROTH, 1983).

 

 

 

 

Figura 2: A - Euphorbia hirta L. (Quebra pedra), B - Inflorescência focalizada ao centro.

 

Nome popular: Rabo-de-macaco

Nome científico: Acalypha hispida Burm.

Arbusto ou subarbusto, até 4 m de altura, monóicas; ramos jovens tomentose e hispidulosas, glabrascente. Estipulas até 1 centímetro de comprimento por cerca dois milímetros de largura na base, triangular-lanceoladas, apresso-pubecentes. Pecíolos (2-) 4-11cm de comprimento, com indumento semelhante de ramos jovens. Folhas Folha (8-) 10-17 (-19) x (5,5) 7-10 (-13) cm, ovadas a elíptico-lanceoladas, às vezes sumbróbicas, menbranáceas; base de subcordate subcuneada um geralmente arredondada; ápice agudo a acuminado; nervação palmada. Inflorescência espiciforme, axilares, unissexuais. As inflorescências masculinas (imaturos) de 3 cm de comprimento; pendúnculo 3 mm de comprimento, raque densamente pubscentes ; elíptico-lanceoladas, brácteas ciliadas e hispidulosas. Inflorescência feminina de até 40 centímetros de comprimento e cerca de 1 centímetro de largura, desinfloras, pendentes; pedúnculo longo 1,5-3cm; púberes raque fina, flores 3-8 (-12) por brácteas; pequenas brácteas em antese, lanceoladas ovais (CARDIEL, 1999).

 

 

 

 

 

 

Figura 3: A - Acalypha hispida Burm, B - Inflorescência focalizada ao centro.

Fonte: Acervo pessoal

 

 

OLIVEIRA et al., 2007 afirma que muitas espécies da família Euphorbiaceae são tóxicas e em um de seus estudos sobre toxicidade de espécies de Euphorbiaceae são relatados casos de intoxicações em crianças que tiveram contato com o látex de E. milli, causando danos a pele e as mucosas das crianças durante brincadeiras ao retirar o látex da planta para simular de “comidinha”. Talvez esse seja o motivo para o relato de que as intoxicações ocorreram em sua maioria com meninas.

 

Conclusão

 

Conclui-se que, na Universidade Castelo Branco, Campus Realengo, RJ foram encontradas 3 espécies da Família Euphorbiaceae das quais algumas podem ser utilizadas como ornamentais, podendo ser toxicas ou não. É necessário que haja uma disseminação de informações e alertas no Campus sobre esta família devido a sua toxicidade.

 

Referências Bibliográficas

 

CARDIEL, J. M. Contribuciones a la flora de Venezuela: revision del genero Acalypha L. (Euphorbiaceae). Acta bot. ven. 22(2): 255-324. 1999.

 

GROTH, D. Caracterização morfológica das unidades de dispersão de cinco espécies invasoras em algumas culturas brasileiras. Revista Brasileira de Sementes, Paraná, v. 5, p. 81-110, 1983.

 

SOUZA, V. C. & LORENZI, H. Botânica Sistemática, Guia Ilustrado para Identificação das Famílias de Fanerógamas Nativas e Exóticas no Brasil, Baseado em APG III. Ed: Instituto Plantarum de Estudos da Flora. 3ª Edição. São Paulo, 2012

 

OLIVEIRA, R. B.; GIMENEZ, V. M. M.; GODOY, S. A. P. Intoxicações com Espécies da Família Euphorbiaceae. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, p. 69-71, 2007

 

SÁTIRO, L. M.; ROQUE, N. A família Euphorbiaceae nas caatingas arenosas do médio rio São Francisco, BA, Brasil. Acta bot. bras. 22(1): 99-118. 2008

Ilustrações: Silvana Santos