Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 52) EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO LÚDICO
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO LÚDICO

Amanda Rodrigues, Barbara Cordeiro, Juliana Miranda, Karolyne de Sá, Michele Brito, Mariana Espinossi e Genoilson de Brito Alves.

 

A quantidade de lixo produzida e o descarte incorreto desses materiais é uma das principais formas de degradação do meio ambiente. A sensibilização sobre a separação de materiais recicláveis é de grande relevância para minimizar os impactos já causados. Neste projeto desenvolvemos junto a crianças de 7 a 12 anos atitudes iniciais para contribuir com a minimização desses impactos, envolvendo a coleta seletiva e a reutilização dos objetos, de forma formativa e lúdica, com oficinas e gincanas. Avaliamos as crianças antes e depois das atividades e averiguamos que o aprendizado ambiental de forma lúdica favorece mudanças diretas. O projeto foi desenvolvido na Obra Social – Dona Chantal (Centro de Crianças e Adolescentes), localizada em São Mateus – São Paulo.

 

Palavras-chave: Educação ambiental, reciclagem, reutilização, crianças, brinquedos.

 

 

1. Introdução

 

A educação ambiental surgiu com o objetivo de gerar uma percepção ecológica no ser humano. Esta prática está envolvida com o conhecimento que permite mudar o comportamento ligado a proteção da natureza. O capitulo 36 da Agenda 21 define Educação ambiental como um processo que busca “(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...)” (Agenda 21, Capitulo 36).

Depois da Rio – 92 houve a implementação da Lei nº 9795 em 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Assim de acordo com a PNEA: entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Art. 1o. BRASIL, 1999).

A Educação ambiental infantil é também, portanto, um direito das crianças de nosso país. É essencial que desde cedo as crianças aprendam a importância e as formas de preservação do ambiente natural. A educação ambiental deve procurar despertar a criatividade e a responsabilidade da criança, a observação e a exploração do meio ambiente. Atividades lúdicas podem ser definidas como práticas divertidas, envolvendo jogos e dinâmicas, que tenha como objetivo final fixar o tema proposto. As atividades lúdicas proporcionam momentos de descontração, incertezas e aguça o sentimento de exploração além de desenvolver maior aproximação com a vida real, além de possibilitar a avaliação dos alunos através da sua participação da atividade (EVANGELISTA e SOARES, 2011).

No intuito de transmitir de forma descontraída e empolgante a sensibilização ambiental trabalhamos com gincanas e objetos recicláveis.

 

Metodologia

 

- Utilizamos um questionário prévio, aplicado de maneira sutil para levantarmos dados a respeito da visão das crianças a respeito da separação e reutilização de materiais (n = 76).

 

- Apresentação de uma palestra educativa abordando os tipos de materiais (Papel, plástico, metal, vidro e material orgânico) e a forma de descarte para reutilização. a separação de materiais recicláveis.

 

 

- O Objetivo da gincana era fazer com que as crianças dividissem as 20 figuras corretamente, para assim sabermos se elas absorveram ou não o que lhes foi passado durante a palestra. Após todos os grupos finalizarem sua tarefa nós contamos quantos acertos cada grupo obteve, onde para cada acerto elas ganhavam 10 pontos. O total de pontos que poderia ser alcançado era 200

 

- Após a gincana houve uma aplicação de uma oficina com objetivo de mostrar as crianças como é possível reutilizar um material considerado lixo e transformá-lo em um brinquedo.

 

 

Resultados

 

De forma sutil aplicamos um questionário buscando estabelecer a opinião das crianças a respeito do que elas sabiam com relação a separação de materiais. Dividimos o estudo por faixa etária para termos dois parâmetros: 1) se a idade poderia influenciar na opinião; 2) se a opinião se apoiava em práticas reais.

Foi perguntado às crianças se elas sabiam o que era separação de materiais recicláveis. De um total de 76 crianças obteve-se os resultados expostos a seguir (Figura 1).

 

 

 

Figura 1. Opinião referente ao conhecimento prévio da separação de materiais

 

Description: C:\Users\GenoPaty\Desktop\Faixa etária Sim Não.jpg

 

 

Após verificarmos a opinião das crianças a respeito do conhecimento com relação à separação de materiais. Realizamos uma gincana onde cada grupo de crianças receberam quatro potes iguais com cores diferentes: vermelho, azul, amarelo e verde (todos sem identificação) e 5 figuras de cada tipo de material (no total de 20 figuras). De forma descontraída cada grupo foi instigado a direcionar as figuras de objetos aos seus respectivos destinos recicláveis.

Das 43 crianças que disseram conhecer a separação de materiais, contabilizamos os erros cometidos durante a distribuição dos objetos (Figura 2) e obtivemos os seguintes resultados:

 

 

Figura 2. Correlação entre opinião prévia e prática de destinação

Description: C:\Users\GenoPaty\Desktop\Erros.jpg

 

            Tendo constatado estes dados realizamos a gincana descrita anteriormente, onde cada grupo de criança destinava as figuras de objetos para os seus devidos recipientes. Ao quantificarmos os acertos e montarmos a pontuação de cada grupo (figura 3) obtivemos o seguinte resultado:

 

 

Figura 3. Pontuação após a gincana

 

Description: C:\Users\GenoPaty\Desktop\Data 3.jpg

            Ao relacionarmos a porcentagem de erros na faixa de 6-7 e 9 anos (figura 2) e compararmos com a pontuação recebida após as palestras e gincana (figura 3) vemos que a atividade lúdica influencia diretamente a ação cidadã das crianças.

 

 

Conclusões

 

Investigamos a eficácia de atividades lúdicas em forma de gincanas e oficinas, como ferramenta para sensibilização ambiental. Foi possível averiguarmos que a prática lúdica é uma ferramenta eficaz e prazerosa para transmissão de valores e conhecimentos, além, de estimular a criança na busca de novas fontes de aprendizado.

 

 

 

Referências bibliográficas

ALVAREZ, Ana Maria. Processamento auditivo: Fundamentos e Terapias. Editora Lovise, 2008.

 

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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Lei n° 9795/99. Brasília, DF, 1999.

 

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EVANGELISTA, L. M; SOARES, M. H. F. B. Atividades lúdicas no desenvolvimento da educação ambiental. In: SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TRANSDISCIPLINARIDADE, 5., 2011, Goiânia UFG, 2011.

 

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GOULART,Isabelly. A importância da educação infantil na formação do cidadão critico/reflexivo, Junho de 2010. Disponível em acesso em 02/05/2013 ás 16:21

 

GRIPPI, S. Lixo, reciclagem e sua história: guia para as prefeituras brasileiras. Rio de Janeiro: Interciência, 2001. 134 p.

 

MOURAN, José M. As múltiplas formas de aprender. JUL. 2005.Sessão Atividades & Experiências. Disponível em: .Acesso em 03 de jul. 2013. 31

OLIVEIRA,Luzibênia, LACERDA, Cícero. Impactos ambientais causados pelas sacolas plásticas: o caso Campina Grande – PB. Volume 07– Número 01 – 2012. Disponível em acesso em 06/05/2013 ás 10:40.

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PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; PELICIONI, Maria Cecilia Focesi. Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri - Sp: Manole, 2005.

PORTAL MEC. Educação Ambiental - Um pouco da História da Educação Ambiental. Disponível em http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/historia.pdf. Acessado em 02/05/2013 às 17:03 h.

Ilustrações: Silvana Santos