Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 52) AVALIAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS POR CONSUMIDORES DE UMA REDE DE SUPERMERCADOS NO CENTRO DE CAMPO GRANDE, RJ
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AVALIAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS DOS CONSUMIDORES DE UMA REDE DE SUPERMERCADOS NO CENTRO DE CAMPO GRAN

AVALIAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS POR CONSUMIDORES DE UMA REDE DE SUPERMERCADOS NO CENTRO DE CAMPO GRANDE, RJ.

 

SILVA, Lidiane Maria; Acadêmico. Curso de Ciências Biológicas – Universidade Castelo Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil -  lidymariah@yahoo.com.br

 

 RODRIGUES, Mariana Borges1;

DURO, Yasmim Pedrosa1  

PANTOJA, Sonia Cristina de Souza

Professor assistente/Pesquisador. Botânica aplicada - Universidade Castelo Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Email: soniapantojarj@gmail.com

 

Resumo: A alimentação constitui uma das atividades humanas mais importantes. Os recursos econômicos envolvidos em alimentação, em termos de mercado, são consideráveis. O homem tem selecionado aquelas que lhes são úteis ou interessantes e, por meio dos esquemas de cruzamento, essas características têm sido preservadas e estabelecidas. Os alimentos transgênicos passaram a ser uma novidade para a população, onde muitos desconhecem o assunto. Através de um questionário constituído por perguntas objetivas, avaliou-se o nível de conhecimento da população com relação aos alimentos transgênicos em uma rede de supermercados. A pesquisa possibilitou observar que grande parte da população não sabe conceituar alimentos transgênicos. Isto em parte deve-se a falta de informação nas embalagens desses alimentos quanto a sua origem, o que causa um grande conflito ao saber se estão consumindo ou não transgênicos.

 

PALAVRAS-CHAVE: Alimentação, Modificação Genética, Alimentos Transgênicos.

 

Introdução

            A alimentação constitui uma das atividades humanas mais importantes, não só por razões biológicas evidentes, mas também por envolver aspectos econômicos, sociais, científicos, políticos, psicológicos e culturais fundamentais na dinâmica da evolução das sociedades. Os recursos econômicos envolvidos em alimentação, em termos de mercado, são consideráveis, perfazendo um montante bastante superior àqueles relativos a outros setores (PROENÇA, 2009).

            De acordo com Fiorati et al (2002) a modificação genética de plantas e animais (produção de organismos transgênicos) é uma prática quase tão antiga quanto à civilização. O homem tem selecionado aquelas que lhes são úteis ou interessantes e, por meio dos esquemas de cruzamento, essas características têm sido preservadas e estabelecidas. Entretanto grande parte da população desconhece esse processo, assim como o que são os benefícios e malefícios por ele causados. O transgênico é qualquer organismo que tenha sido modificado geneticamente de acordo com os métodos da engenharia genética introduzindo a um organismo, uma ou mais sequências de DNA originados de uma outra espécie, ou até mesmo a sequência modificada do DNA da mesma espécie. Em geral, são vários os motivos dessa manipulação nos genes dos organismos. Como primeiro exemplo pode ser citado o aumento do valor bioquímico, acrescentando nutrientes que antes não estavam presentes. Como segundo exemplo a eliminação do uso de agrotóxicos, adicionando toxinas que matam os predadores.

            No Brasil, ao menos desde 1999 os meios de comunicação têm veiculado notícias que atestam a presença, nas gôndolas de supermercados, de alimentos em cuja composição tomam parte organismos geneticamente modificados. Em 2000, denúncias da presença de transgênicos em alimentos industrializados em território nacional conformariam o eixo da campanha de opinião pública conduzida pela organização ambientalista Greenpeace, “Alimentos transgênicos: no meu prato não!” (MENASCHE, 2003).

            Segundo Silva & Sellane (2009) os alimentos transgênicos passaram a ser uma novidade para a população, onde muitos desconhecem o assunto, demonstram medo quando ouvem falar de alimentos e ou soja transgênicas. O que se compreende é que estamos em constante transformação em relação à agricultura que nos fornece alimentos, é preciso verificar melhor na hora de consumir os alimentos naturais e transgênicos. Os alimentos transgênicos vêm sendo uma novidade e ao mesmo tempo dependem de muito trabalho e confiança, como o controle econômico, que visa garantir expectativas de novos recursos através de alimentos modificados geneticamente, comprovando seu, desenvolvimento e resultado, para que este seja satisfatório, para que a sociedade continue investindo na economia.

            A falta de informação dos fabricantes na rotulagem dos produtos, a ausência de interesse do consumidor em verificar a verdadeira origem daquele alimento ingerido e o consumo de maneira errônea de alimentos transgênicos é a grande problemática da pesquisa, pois a grande maioria da população não recebe a quantidade de informações necessárias, sendo prejudicial a eles mesmos. Com o objetivo de modificar esse tipo de ocorrido foi criado o Decreto nº 3.871 de 2001 que obrigava a publicação de informações na rotulagem dos alimentos geneticamente modificados, porem este decreto foi revogado pelo Decreto 4.680 de 2003, porque não abrangia a todos os tipos de embalagens, que em virtude de críticas feitas por organizações de defesa dos direitos do consumidor à legislação anterior, a rotulagem foi estendida para todos os alimentos embalados, a granel ou in natura, que contenham mais de 1% de transgenicidade em sua composição, inclusive para alimentos de origem animal que possuírem transgênicos em sua composição. Com essa substituição foi criado o símbolo do transgênico, o qual deve constar nas embalagens de produtos transgênicos ou em seus derivados.

            O presente trabalho teve por objetivo avaliar o nível de conhecimento da população com relação aos alimentos transgênicos em uma rede de supermercados no centro do bairro de Campo Grande, Rio de Janeiro, verificando o grau de informação por parte da população sobre os alimentos transgênicos, se existia pré-conceito com os demais produtos e qual é o nível de consumo desses produtos na zona oeste.

 

Material e métodos

            Para avaliar o grau de conhecimento dos moradores daquela região, foi elaborado um questionário constituído por quatro perguntas objetivas nas quais o entrevistado era argumentado sobre o seu conhecimento dos alimentos transgênicos, o seu consumo ou se possui algum tipo de preconceito com relação a estes alimentos.

            O questionário continha três perguntas fechadas e uma aberta, as entrevistas ocorrem em horários diferentes, sendo manha, tarde e noite, para haver uma maior diversidade dos entrevistados. O grau de escolaridade, a idade, e o gênero sexual, também fizeram parte do questionário com a finalidade de fazer um comparativo.

 

Resultados e Discussão

            Foram entrevistadas cento e duas pessoas de acordo com a metodologia descrita, a fim de que fosse obtido um número equilibrado de entrevistados quanto a faixa etária e nível de escolaridade, o resultado obtido foi satisfatório como é possível visualizar nos gráficos 1 e 2.

 

           

 


 

 

 

 

 


Os gráficos 3, 4 e 5 mostram resultados gerais da pesquisa. De acordo com os gráficos 3 a maioria significativa dos entrevistados, 51%, afirma conhecer o conceito de transgênicos, corroborando com trabalhos recentes, em que a maioria dos entrevistados em algum momento obtiveram acesso a informação sobre o assunto, ou apresentou conhecimento médio e alto (ROCHA et al., 2007; SCARE et al., 2007). No entanto no gráfico 4, 61% dos entrevistados na zona oeste, afirma não consumi-los, resultado que demonstra a não informação da população quanto aos componentes transgênicos incluídos na fabricação de muitos dos alimentos industrializados ou não industrializados comumente consumidos. No gráfico 5, 65% dos entrevistados afirma não ter preconceitos com consumo de transgênicos corroborando como o trabalho de Rodrigues & Sobreira (2005), onde afirma que a maioria dos entrevistados teve uma boa aceitação.

            Houve uma prevalência entre os entrevistados que afirmaram não ter preconceito com o consumo relacionado aos que afirmam conhecer o conceito destes alimentos, o que demonstra que mesmo conhecendo o conceito de transgênicos a população não teve acesso a dados significativos e materiais informativos quanto a perigos relacionados a transgênicos.

 

 

 

 

 


 

            O gráfico 6 mostra resultados comparativos de conhecimento de acordo com o grau de escolaridade em relação aos transgênicos, obtidos pelo questionário.

           

A maioria que afirma conhecer o conceito de transgênicos no geral faz parte do grupo de entrevistados do nível superior, então a minoria destes afirmou consumir estes alimentos. Apesar da diferença ínfima de 0,5% entre os resultados obtidos das entrevistas de pessoas com nível superior e médio.

 

            No grupo de nível superior é importante ressaltar também que apenas 25,8% afirmou ter preconceito, e no nível médio, 29% dos entrevistados afirmaram consumir e ter preconceito com estes produtos. Os resultados de Lourenço & Reis (2013), grande parte dos entrevistados de nível médio, revelaram a ideia de que eles consomem transgênicos devido a sua qualidade nutricional. Isto nos leva a cogitar a possibilidade de falta de identificação em alguns produtos industrializados, e que os malefícios trazidos por estes alimentos não são bem expostos na maioria dos cursos de nível médio e na mídia.

            Quanto aos entrevistados de nível fundamental, estes foram a maioria geral dos entrevistados que afirmou consumir alimentos transgênicos, e apenas 16% destes entrevistados afirmaram ter preconceito com estes alimentos, mostrando que dos possíveis malefícios provenientes de alimentação não é bem informado na educação infantil e ensino fundamental na região, mas devemos também considerar que 63% afirmaram não saber o conceito exato de alimentos transgênicos.

            Apesar de a maioria dos entrevistados de nível fundamental afirmar não consumir, a diferença foi apenas 3% dos que afirmaram não consumir, sendo assim não foi possível concluir dentro deste grupo se a maioria consome ou não estes alimentos.

Ao discutirmos os dados encontrados em relação ao nível de escolaridade, tivemos dificuldades de encontrar trabalhos que também relevasse esse tipo de informação, pois a maioria dos trabalhos encontrados apenas quantificam os resultados de forma geral não fazendo uma seperação pelo nível de escolaridade, desta forma não sendo possível compararmos os dados encontrados com os outros trabalhos já descritos. Sendo necessários mais estudos nessa linha de pesquisa para poder obter mais infrmoções quanto ao nivel de conhecimento, e avaliarmos se e o nível de escolaridade pode influênciar o conhecimento sobre consumo de alimentos transgênicos.

 

 

Conclusão

            Ao concluirmos este trabalho verificamos que 51% dos entrevistados afirmam conhecer o conceito dos alimentos transgênicos, no entanto 65% relatam não ter nenhum tipo de pré-conceito com o consumo de transgênicos, porém 61% dos mesmos afirmam não consumi-los, indicando que mesmo não tendo nenhum tipo de pré-conceito como esses produtos, muitos afirmam não consumi-los. Sabemos que esses produtos estão disseminados em várias categorias de alimentos em um supermercado, então concluímos que há falta de informação nas embalagens desses alimentos quanto a sua origem, causa um grande conflito ao saber se estão consumindo ou não alimentos transgênicos.

 

 

Referências

Brasil. Casa Civil. Decreto nº. 3871, de 18 de julho de 2001. Disciplina a rotulagem de alimentos embalados que contenham ou sejam produzidos com organismos geneticamente modificados. Diário Oficial da União 2001; 19 jul.

Brasil. Casa Civil. Decreto nº. 4680, de 24 de abril de 2003. Regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados. Diário Oficial da União 2003; 25 abr.

FIORATI, Daiany; GARCIA, Fernanda; COLOMBO, Giovana; NONOSE, Juliana; OSAKU, Luciana; DALOSE, Mariana et al. Alimentos transgênicos. Acadêmicas do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Maringá. 2002.

MENASCHE, Renata. “Risco à mesa: alimentos transgênicos, no meu prato não?”. Professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs). 2009.

PROENÇA, Rossana Pacheco da Costa. Alimentação e globalização: algumas reflexões. 2009.

RODRIGUES, JDC; SOBREIRA, M. Alimentos transgênicos: conceitos e preconceitos. Resumos do 51º Congresso Brasileiro de Genética. Águas de Lindóia, São Paulo, 2005.

SILVA, Dione Félix; SELLANE, Reinaldo Luiz. Transgênicos: alimentos e soja transgênica. 2009.

Ilustrações: Silvana Santos