Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Dicas e Curiosidades
10/09/2018 (Nº 52) PELA CULTURA DA FLORESTANIA
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PELA CULTURA DA FLORESTANIA

 

O conceito de florestania foi lançado no 2º Fórum Social Mundial, em 2002, pelo governador do Acre, Jorge Viana, no seminário sobre estratégias de conservação e desenvolvimento para a Amazônia.

Florestania seria um novo conceito civilizatório. Uma espécie de complemento amazônico à ideia da cidadania. Esta última é mais ligada a uma visão de mundo a partir da cidade enquanto a florestania seria uma visão de mundo a partir da ótica da floresta e de seus povos.

Hoje se está buscando novas alternativas que incluem as populações da floresta. O açaí, produto da cultura popular da região, já é uma realidade. A borracha ecológica está em desenvolvimento. Mais de 60 fármacos estão sendo desenvolvidos para trazer recursos para a região e conservar a diversidade e apoiar quem trabalha com ela. A castanha do Pará, que precisa da selva ao seu redor para produzir, é outra alternativa. Também a produção de madeira em bases sustentáveis está em processo. Em Xapuri, onde vivia Chico Mendes, existe a primeira reserva de produção de madeira certificada. Esta madeira está sendo usada para produzir móveis para exportação, com alto valor econômico agregado.

Estes projetos todos partem da ideia de que estamos entrando numa era dos limites. Limites para o uso da natureza, limites para a ambição humana, pela qual o desenvolvimento deve ser em harmonia com a natureza e deve apoiar uma distribuição de renda, para quem trabalha e tem saber.

É claro que não só boas notícias vêm da região. Ela é, ainda, uma fronteira aberta onde diferentes grupos ainda tentam ocupar o espaço com modelos diferentes de ocupação, baseados na lógica da predação dos recursos naturais e na exploração ou expulsão dos moradores do lugar.

Os governos populares da região, ONGs ecologistas e de pesquisa e as entidades de trabalhadores propõem um desenvolvimento diferente destes modelos. Pensam numa globalização que respeite o meio ambiente e a diversidade e história dos povos da região. Para tanto sugerem não só o uso sustentável dos recursos naturais, segundo critérios técnicos, mas também a abertura de créditos internacionais que remuneram os benefícios ambientais que uma Amazônia conservada traz para o planeta todo.

Cremos que estas propostas são todas muito justas e mostram que a luta para a defesa da região, travada em várias frentes, está produzindo frutos que mostram ser possível um projeto ecologicamente correto de ocupar a floresta, mantendo sua existência e trazendo benefícios para a sua gente e todo o planeta. Basta ter uma visão política que trabalhe nesta direção.

Arno Kayser

agrônomo, ecologista e escritor. Atua no Movimento Roessler para Defesa Ambiental em Novo Hamburgo, RS.

arnokayser@ig.com.br

 

Fonte: http://www.mundojovem.com.br/entrevistas/edicao-367-entrevista-cidadania-ambiental-atitudes-que-fazem-diferenca

 

Ilustrações: Silvana Santos