¹ EDUCAÇÃO AMBIENTAL
- NOSSOS SOLOS, NOSSAS VIDAS: O TEMA SOLO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIA
DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL - TO.
“Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele
o oceano seria menor”.
Madre Teresa de Calcutá.
²Hayda
Maria Alves Guimarães, ³Sandro
Sidnei Vargas de Cristo, 4Romilton Brito da Paixão & 5Antônio
Marcos Alves Santiago.
1 – INTRODUÇÃO
A
educação ambiental deve iniciar com os alunos dos primeiros ciclos, para poder
conhecer a importância, finalidade, utilização, limitações atribuídas aos
recursos naturais do planeta terra, obtendo crianças com conhecimentos
científicos aguçados e críticos para tomar decisões sustentáveis na utilização
e proteção ao meio ambiente.
As
definições e conceituações sobre a importância do solo para nossa vida, no
âmbito formal e informal, é assim uma maneira de oportunizar a conscientização
ambiental das pessoas através da educação ambiental. Existem, por sua vez,
múltiplas formas, tempos e espaços de se educar para o meio ambiente a partir
de uma abordagem pedológica. O tratamento mais adequado e comprometido dos
temas pedológicos pode contribuir positivamente na conscientização ambiental,
em especial na compreensão da importância da conservação do solo.
Esta
responsabilidade da educação ambiental objetivando a proteção dos recursos
naturais não está direcionada somente à disciplina de ciência, de acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais, Brasil, (1997), determinam que a Educação Ambiental
formal deva ser transversal, ou seja, as questões ambientais devem permear os
conteúdos, objetivos e orientações didáticas em todas as disciplinas e não
apenas em uma ou outra disciplina específica.
As
crianças de hoje são os maiores precursores da utilização sustentável dos
recursos naturais, atribuindo esta conscientização na formação inicial de cada
cidadão. A
formação da conscientização do cidadão depende de outros fatores, o livro
didático poderá corroborar, entretanto isso depende do como o professor
utilizará este livro, criando ou não situações de aprendizagem que favoreçam a conscientização na
formação inicial de cada cidadão. De acordo com Vasconcellos, (1993), os livros de
ciências têm a função da aplicação do método científico, estimulando a análise
de fenômenos, o teste de hipóteses e a formulação de conclusões. Oferecendo
suporte no processo de formação dos indivíduos/cidadãos. Deve ser um
instrumento capaz de promover a reflexão sobre os múltiplos aspectos da
realidade e estimular a capacidade investigativa do aluno para que ele assuma a
condição de agente na construção do seu conhecimento.
O livro
didático faz parte da cultura e da memória visual de muitas gerações e, ao
longo de tantas transformações na sociedade, ele ainda possui uma função
relevante para a criança, na missão de atuar como mediador na construção do
conhecimento. O meio impresso exige atenção, intenção, pausa e concentração
para refletir e compreender a mensagem, diferente do que acontecem com outras
mídias como a televisão e o rádio, que não necessariamente obrigam o sujeito a
parar. O livro, por meio de seu conteúdo, mas também de sua forma, expressa em
um projeto gráfico, tem justamente a função de chamar a atenção, provocar a
intenção e promover a leitura, Freitas & Rodrigues, (2008).
O
livro didático é uma das principais ferramentas de ensino que o professor tem,
cabendo a ele a orientação e a forma como transmitirá os conteúdos, pois a obra
didática não é um manual imutável a ser seguido. Pois as discussões realizadas
tornam-se grandes riquezas de conhecimento, especialmente no que diz respeito a
solos.
Hoje, no município do
Porto Nacional, existem 49 escolas estaduais, 18 escolas municipais, 25 escolas
rurais e 9 escolas particulares é o numero de professores que ministram aula
de ciência nas escolas estatuais, rurais é particulares totalizam em 180
professores.
A
escolha do livro de ciência para ser trabalhada com estes alunos é feita pelos
próprios professores das escolas públicas. A escolha é feito por meio do Guia
do Livro Didático, onde os mesmos têm a oportunidade de escolher o livro de sua
preferência para trabalhar durante o período de três anos com os alunos. Neste
município esta escolha variou de uma escola para outra, sendo que a maioria dos
colégios optou pelos mesmos livros. Procurando saber como o tema solo e
trabalhado nestes livros, tornou necessário fazer uma investigação, quais os
livros foram escolhidos por estes professores, e com isso verificar como os
autores estão transmitindo o conhecimento sobre solos para os alunos.
Esse
trabalho
objetiva verificar e avaliar como o tema conceitual referente a solos está sendo
expostos nos livros didáticos do ensino fundamental, nas Escolas Públicas de
Porto Nacional – TO, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN's.
2 – MÉTODOLOGIA
Os livros utilizados para análise
foram os de ciências referentes ao 1° ao 4° ciclos do ensino fundamental das
escolas públicas do município de Porto Nacional - TO. Foram realizadas visitas
em 20 escolas, procurando conhecer quais livros eram utilizados pelos
professores na disciplina de ciências. As escolas utilizadas para o estudo foi
determinada através de uma amostra aleatória, representada por 20 escolas
estaduais de ensino fundamental, para investigar quais os livros escolhidos e
utilizados pelos professores de ciências.
A investigação da verificação e
avaliação conceituais do tema solo expostos nos livros didáticos foram baseado
nos seguintes averiguações: Como é abordado em cada ciclo; qual a abordagem
feita pelo autor em cada ciclo; os livros atribuem investigação cientifica
sobre o tema; o enfoque do tema solo nos livros de ciências atende o PCN's e como o autor
provoca os alunos na
formação critica e responsável da sustentabilidade do meio que vivem.
3 – RESULTADOS
3.1 – Livros de
Ciência do 1° e 2° Ciclos:
Nas 20 escolas
visitadas, foi exposto que 16 escolas utilizaram o livro de ciências de um
mesmo autor e 4 escolas optaram por outro autor. Sendo utilizados livros de
dois autores. As quantidades de livros avaliados por escola foram 4 : ( 1°
Ciclo : 2°ano/1a Série e 3°ano/2a Série) e do (2° Ciclo :
4°ano/3a Série e 5°ano/4a Série) , totalizando 8 livros.
As
abordagens do tema solo, observada na investigação realizada em cada livro do
1° e 2° ciclo de dois autores, apresentaram diferenças nas atribuições do
estudo de solo, como também diferenças nos enfoques do tema em cada ciclo.
Relacionando
o conteúdo dos livros para o conhecimento na concepção do tema solo no ensino
fundamental, suas relações com a ciência, foram trabalhadas nas temáticas,
ambiente e recursos tecnológicos através de: investigação com conhecimento
cotidiano do aluno com ambiente, texto organizando conhecimento, texto
complementar e ensaios experimentais com solos. No contexto geral os autores
descreveram o tema solo no livro de ciência de acordo com o PCN's.
O autor
A, trabalhou com o tema solo em todos os ciclos e anos, atribuindo às seguintes
abordagens: investigação com conhecimento cotidiano (atribuindo o que o aluno
sabe sobre solos) texto organizando conhecimento, (os animais que vivem no
solo, reprodução por sementes e sem sementes, atitude ajuda conservar o
ecossistema, a litosfera – rochas, minerais, solo, formação do solo, diferentes
composições do solo e conservação do solo), texto complementar (o sauveiro, o
solo e as plantas, o ser humano interfere no ecossistema, modificações, desmatamento,
poluição exploração dos recursos naturais, O metal) e experiência (Construindo
um vaso para plantas, conhecendo diferentes tipos de solos, poluição marinha, o
solo e a água e adubação natural).
O autor B
trabalhou com o tema solo em todo o 1° ciclo e no 2° ciclo, somente no 4° ano,
sendo que no 5° ano este autor deu maior enfoque para o estudo da biosfera,
correlacionando a terra com vida. Atribuindo às seguintes abordagens:
Investigação com conhecimento cotidiano (o que acontece no solo), O texto,
organizando conhecimento (O solo, proteção do solo, do que e feito o solo, solo
e saúde e solo, planta e Terra lavada) e Experiência (Infiltração e textura,
tipos de solos, textura, infiltração, fertilidade, poluição, sedimentação e
infiltração), Figura 1.
Relacionando o
conteúdo dos livros para o conhecimento na concepção do tema solo no ensino
fundamental, suas relações com a ciência, foram trabalhadas nas temáticas,
conhecimento do cotidiano do aluno ao ambiente, recursos experimental e social.
Na concepção da
investigação do conhecimento do cotidiano do aluno, os autores concretizam as
informações através da investigação, contextualizando este através de texto
informativo com tema solo, procurando organizar a idéia do conhecimento de
acordo com o ciclo, ano e faixa etária do aluno. Para Falconi, (2004), a
complexidade de um assunto não pode limitar sua abordagem em qualquer área de
ensino. Deve ser adaptado à faixa etária e ao nível de amadurecimento do
aprendiz e expresso em linguagem adequada sem distorções conceituais ou
técnica, de tal maneira que possa ser apreendido pelos alunos.
Na
concepção experimental os autores realizam experiência utilizando a metodologia
experimental e aplicando ensaios como: Plantando, tipos de solos, poluição,
adubação, textura, proteção, preservação e erosão. Para Grandini &
Grandini, (2008), a utilização de atividades práticas em suas aulas estariam
estimulando o desenvolvimento da criatividade, da curiosidade e também da
capacidade de refletir criticamente, bem como poderiam estar despertando no
aluno o interesse em conhecer a ciência e em aprendê-la através da própria
vivência de situações, que desperte o seu pensar.
Na concepção social
os autores utilizam texto complementar atribuindo situações para os alunos descobrir
relações ambiente com moradia, cultura, alimentos, conscientização para
preservação do ambiente etc. Neste contexto, Costa, (2000) relata que o papel
que o professor deve exercer é de extrema importância, pois será ele que irá
orientar o aluno na meditação entre o Senso Comum e a Ciência os conhecimentos
adquiridos na vivência dentro e fora da sala de aula, na meditação entre o
social e o natural.
Os autores importunam
os alunos na
formação critica e responsável da sustentabilidade do ambiente, através dos
textos complementares e ensaios experimentais, descrevendo as características
do solo, o que favorece, ou que provoca. No contexto geral os autores descreveram o
tema solo no livro de ciência de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais- PCN’s, (Brasil, 1997). Segundo Muggler, (2007), o conteúdo de solos
está contemplado nos PCN's, mas não há nenhuma
diretriz, e poucas são as indicações de como ou onde deva dar essa abordagem.
Figura
1: Relação do
conteúdo dos livros de ciências do 1° e 2° ciclos do ensino fundamental, suas
relações com a ciência, tecnologia e sociedade de dois autores, utilizados nas
escolas públicas do Município de Porto Nacional – TO.
3.2 – Livros de
Ciência do 3° e 4° Ciclos:
Nas
20 escolas visitadas, foi revelado que os professores de ciências de todas as
escolas públicas, escolheram o mesmo livro para utilizar em um período de três
anos, trabalhando com o mesmo autor, e sua seqüência de idéia. As quantidades
de livros avaliados por escola foram 4 : ( 3° Ciclo : 6°ano/5a Série
e 7°ano/6a Série) e do (4° Ciclo : 8°ano/7a Série e 9°ano/8a
Série) , totalizando 4 livros.
Ressaltando
a importância dada pelo autor no 6º ano ao tema solo, relacionando-o
principalmente com a vida, citando a origem e transformação do solo, assim a
participação dos seres vivos na modificação e preservação do mesmo. Atribuindo
às seguintes abordagens: texto organizando conhecimento: (formação do solo,
composição do solo, seres vivos do solo, solo e saúde, lixo e solo, uso do
solo, problemas no solo), investigação com conhecimento cotidiano: (o que
você sabe), experiência: (composição do solo de um jardim, permeabilidade do
solo e estudo de caso) e texto complementar: (solos brasileiros,
observando as rochas, uma vida dentro da terra, o ser humano modifica o solo,
desmatamento queimada erosão), Figura 2.
O
autor não trabalhou com tema solo no 7° ano, expondo somente sobre os vegetais.
E no 4° ciclo, 8° ano, foi exposto sobre o corpo humano e no 9° ano foi
expostos sobre os materiais, átomos, calor, luz, etc. Com isso, não atende os
Parâmetros Curriculares Nacionais, Figura 2. De acordo com Muggler, et al.
(2006) na educação essa desvalorização do solo se reproduz traduzido pelo papel
secundário que o conhecimento pedológico adquire tanto nos cursos superiores
como nos conteúdos da educação básica.
Os
professores devem buscar alternativas, e instrumentos para desenvolverem os
conteúdos referentes a solos, pois o autor dessa edição apresenta-os de forma
fragmentada principalmente no 4º ciclo, com isso recomendam leituras
complementares que ajudarão os docentes a contribuirá sensivelmente para a
ampliação do conhecimento conceitual do aluno.
Para o
entendimento do tema solos e educação ambiental é importante que seja
trabalhado em todos os ciclos, podendo ser até mesmo com utilização da
interdisciplinaridade para conhecer e saber a importância. Para Limas &
Pires, (2008), a necessidade de se conhecer e saber da sua importância é
fundamental no ensino de solos, pois a preservação do meio ambiente está
relacionada fundamentalmente ao solo, seu uso e conservação, formando assim uma
consciência ecológica.
Figura 2: Relação do conteúdo dos livros de
ciências do 3° e 4° ciclos do ensino fundamental, suas relações com a ciência,
tecnologia e sociedade, utilizados nas escolas públicas do Município de Porto
Nacional – TO.
4 – Conclusões
4.1 - Livros de
Ciência do 1° e 2° Ciclos:
·
Nas escolas
publicas do município de Porto Nacional, os professores de ciências do 1° e 2°
ciclos, optaram por livros de autores diferentes, porque a demandas dos livros
foram muitas e poucas ofertas.
·
Os conteúdos dos
livros para o conhecimento na concepção do tema solo no ensino fundamental,
suas relações com a ciência, tecnologia e sociedade, foram realizadas através da investigação do conhecimento do cotidiano, texto
técnico e ensaios experimentais atribuindo educação ambiental.
·
Os livros de
ciência utilizados pelos professores, o conteúdo com tema solo, dos dois
autores, no geral atende os Parâmetros Curriculares Nacionais.
·
Os autores
apresentam o tema solo com enfoques diferentes e quantidade de conteúdo nos
ciclos e anos/séries.
4.2 - Livros de Ciência do 3° e 4° Ciclos:
- O tema solo foi trabalhado somente no 3°
ciclo, no 6° ano, atendendo suas relações com a ciência, tecnologia e
sociedade.
- O autor não
trabalhou com tema solo no 7° ano. E no 4° ciclo, não atende os Parâmetros
Curriculares, conseqüentemente este livro não é indicado para utilização
no ensino fundamental nos 3° e 4° ciclos.
5
- Referências
BRASIL. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasilia:
MEC/SEF, 1997. 90p.
COSTA,
A. D. O ensino de Solos no Nível Fundamental: O caso da escola
Desembargador Mário Gonçalves de Matos. Trabalho de Conclusão de Curso.
(Graduação em Geografia)- Departamento de Geografia. Instituto de Geociências,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000.
FALCONI, S. Produção de
material didático para o ensino de solos. Dissertação de Mestrado. Programa
de Pós-Graduação em Geografia. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. INSTITUTO DE
GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS. Rio Claro/SP, 2004.
FREITAS, N.K. &
RODRIGUES, M.H. O livro didático ao longo do tempo: A forma do conteúdo. Rev. Inv. Art., 1:1-8,
2008. Disponível: http://www.ceart.udesc.br/revista_dapesquisa/
em Acesso em setembro de 2009.
GRANDINI, N.A.;
GRANDINI, C.R. Laboratório didático: Importância e utilização no processo
ensino-aprendizagem. In: XI ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÌSICA, Curitiba,
2008. Anais. Campinas. UNICAMP. 2007. p.1-11. Disponível em <http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/epef/xi/sys/resumos/T0269-1.pdf
>. Acesso em mar. de 2010.
LIMAS, O.A.L. &
PIRES, D.M. Possibilidades para o ensino de pedologia em educação
especial. In: ENCONTRO INTERNO E SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA. 8 e 12,
Uberlândia, 2008. Anais. Uberlândia. UFU. 2008.p. 1- 6. Disponível em http://www.ic-ufu.org/anaisufu2008/PDF/SA08-20387.PDF
. Acesso em junho de 2009.
MUGGLE. C.C. O
programa de educação em solos e meio ambiente do museu de ciências da terra da
Universidade Federal de Viçosa. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA
DE CIÊNCIAS DA TERRA/SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL. 1 e
3, Campinas, 2007. Anais. Campinas. UNICAMP. 2007. p.275-279. Disponível
em http://www.ige.unicamp.br/simposioensino/artigos/053.pdf,
Acesso em junho de 2009.
MUGGLER,
C. C.; et. al. Educação
em solos: princípios, teoria e métodos. R. Bras.Ci. Solo, 30: 733-740,
2006.
VASCONCELLOS, C. S. Construção do
conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad.1993. 193 p.