Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Reflexão
30/05/2024 (Nº 87) UM IMPERATIVO CHAMADO IMPACTO SOCIAL
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UM IMPERATIVO CHAMADO IMPACTO SOCIAL

Por Renata Câmara

Por muito tempo, empresas de todos os portes trataram - e muitas ainda tratam - as questões sociais dissociadas do seu modelo de negócio. Empresas existem para gerar lucro: essa é a premissa básica e predominante desde que o mundo dos negócios surgiu. Mas a reconciliação entre o econômico e o social já é uma realidade inegável e isso vai muito além de campanhas de responsabilidade social.

Quando o termo sustentabilidade começou a circular de forma mais ampla na sociedade, o viés ambiental se destacou como ponto de maior atenção, devido aos impactos que o volume de lixo industrial e doméstico causam no meio ambiente, a poluição continuada de rios e mares, o uso indiscriminado de sacolas e utensílios plásticos, só para citar alguns exemplos. 

Mas sustentabilidade é um conceito muito mais amplo, ancorado num tripé que integra o pilar ambiental, o social e o econômico. Governos e empresas foram se apropriando deste conceito em sua totalidade de forma muito lenta, mas agora parece que todos decidiram colocar o pé no acelerador e fazer a sua parte. Seja por força dos extremos climáticos, dos índices gritantes de pobreza e vulnerabilidade social, dos impactos desastrosos no meio ambiente ou por todos estes fatores juntos.

Os negócios de impacto social surgem para conciliar resultados financeiros com impactos positivos socioambientais e muitos modelos de negócios deste tipo estão atraindo novos empreendedores que são impulsionados por propósitos mais nobres que os motivem a investir e perseguir lucratividade em suas empresas.

Uma das molas propulsoras de novos negócios de impacto social tem sido as favelas. Num país como o Brasil, com uma população de cerca de 210 milhões de habitantes, cerca de 13 milhões moram em favelas, sendo 45% delas compostas por jovens entre 16 e 34 anos e com quase 50% destas famílias chefiadas por mulheres.

A força destas comunidades e do seu potencial de consumo é tão relevante que foi criada a organização sem fins lucrativos G10, um bloco de líderes e empreendedores de impacto social das favelas, assim os países ricos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) fundaram o G-7.

A ideia do G-10, é inspirar o Brasil inteiro a olhar para a favela, tornando as comunidades grandes polos de negócios, atrativo para investimentos, de forma a “transformar a exclusão em startups e Empreendimentos de Impacto Social”. Um ponto importante para os organizadores da iniciativa é deixar claro que o objetivo não é arrecadar doações ou patrocínio, mas investimentos que gerem tanto retorno ao investidor quanto o desenvolvimento econômico das comunidades.

Seja nascendo de dentro das favelas ou fora delas, os negócios de impacto social serão a cara de uma nova era do capitalismo, onde ganhar dinheiro e mudar o mundo de alguma maneira para melhor serão objetivos comuns.  

*Pós-graduanda em Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular (PUC-RS)

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Fonte: https://www.folhape.com.br/noticias/opiniao/um-imperativo-chamado-impacto-social/323710/



Ilustrações: Silvana Santos