O conhecimento liberta, a ciência ilumina, informação salva vidas! – André Trigueiro
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 87 · Junho-Agosto/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Artigos(4) Dicas e Curiosidades(5) Reflexão(13) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(7) Dúvidas(2) Entrevistas(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(7) O que fazer para melhorar o meio ambiente(4) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(1) Educação e temas emergentes(7) Ações e projetos inspiradores(27) Cidadania Ambiental(1) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Relatos de Experiências(5) Notícias(24)   |  Números  
O Eco das Vozes
30/05/2024 (Nº 87) PARA ESSES DIAS DE CATÁSTROFE CLIMÁTICA NO RIO GRANDE DO SUL, UM POUCO DE EMPATIA E ALEGRIA PARA AS NOSSAS CRIANÇAS ABRIGADAS
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=4795 
  

PARA ESSES DIAS DE CATÁSTROFE CLIMÁTICA NO RIO GRANDE DO SUL,

UM POUCO DE EMPATIA E ALEGRIA PARA AS NOSSAS CRIANÇAS ABRIGADAS



Adriana Backes

Tiago Barbosa Macedo





Quem canta

os males espanta…

E também

os espanta,

quem

dança,

poetisa,

desenha e pinta,

brinca,

dá a mão,

abraça,

se solidariza,

faz uma graça,

faz uma oração,

e manda boas energias,



Adriana Backes





Diante da catástrofe ocorrida, das enchentes no Estado do Rio Grande do Sul, ocorridas entre final de abril e início de maio de 2024, têm sido classificadas e noticiadas como "a maior catástrofe climática" da história deste Estado, em que houve, inclusive, cidades inteiras que ficaram debaixo d'água.

Essas inundações ocorridas em grande parte do estado, assolaram, destruíram, desabrigaram, resultando em pessoas desaparecidas, feridas e mortas. Os números ainda não são conclusivos,hoje, 20 de maio, ainda estamos lidando com essa situação, sendo que em algumas cidades as águas ainda não baixaram, tornando impossível, sequer uma avaliação dos estragos, muito menos, limpeza, reconstrução ou retorno para seu lar.

Incontáveis ações emergenciais tiveram que ser tomadas pelos governos, pelos civis, pelos profissionais e por voluntários. Somado a isso, pessoas de diversos lugares do país e do mundo imbuídos de muita solidariedade e empatia, uniram-se aos esforços realizados para resgatar, abrigar, fornecer alimentos, água potável, medicação, primeiros socorros, ou outros cuidados necessários que foram dispensados tanto para as pessoas como para os animais que precisavam de ajuda. Montanhas de doações dos mais diversos mantimentos de primeira necessidade, foram chegando. Assim como doação de serviços humanitários. Incontáveis gestos e atitudes solidárias, fora os que não ficamos sabendo, foram se espalhando pelo estado… Pessoas que se reuniam para cozinhar e distribuir alimentos, vovós que tricotavam roupinhas para recém nascidos, além de muitas doações em dinheiro.

Vamos levar muito tempo ainda nos refazendo, e reconstruindo o estado. As causas, as consequências, as ações de enfrentamento e mitigação da crise climática, que neste momento enfrentamos já vem sendo estudadas e alertadas há muito tempo pelos povos originários, cientistas e estudiosos por todo o planeta…

Os avanços frente à emergência tem ocorrido a passos lentos e também há inúmeros estudos e alertas sobre essa questão.

Sendo assim, neste texto, vamos nos deter a um pequeno relato, sobre um trabalho que agregou voluntários e profissionais convocados para atenderem as crianças que foram abrigadas em alojamentos que foram sendo abertos, pela nossa cidade, conforme a necessidade e disponibilidade de ginásios que serviram e ainda servem de acolhimento para muitas famílias.

E o relato aqui vai se deter a alguns momentos que vivenciamos, enquanto nós fizemos parte de algumas dessas equipes que foram atender as crianças E bem sabemos o valor das brincadeiras, das histórias, da imaginação, do desenho, da pintura, das canções no dia-a dia. E mais ainda em momentos traumáticos em que elas mais precisam de alegria, de acolhimento, de empatia, de boa companhia.

Nós fizemos parte, como os personagens fada Arco-íris e Gnomo Folha e fomos brincar em alguns abrigos junto com outros voluntários e, em outros momentos, com profissionais convocados pelo município. Brincamos de roda, de pular corda e amarelinha, de passa-anel, brincamos com o paraquedas, com a massa de modelar, de desenhar no chão ou na parede com giz de quadro, entre outras brincadeiras que surgiram naturalmente por parte das crianças. Vimos no brilho no olhar, na alegria do sorriso, no afeto dos abraços que recebemos das crianças, o quanto o mundo da imaginação, as brincadeiras e as artes puderam trazer um pouco de alívio, de alegria, um respiro, de se estar em um outro mundo que não fosse o das tragédias, das tristezas, das incertezas.

E, de novo, vimos iniciativas de diferentes pessoas, organizações governamentais e não governamentais se achegarem à medida em que o número de abrigos ia aumentando e também aqueles que ficaram sabendo pelas redes sociais que foram dotados ou inspirados pelas imagens vistas ou textos lidos. Haviam educadores, brincantes, contadores de histórias, cantantes, artistas, aqueles que tinham talento para fazer maquiagens artísticas nas crianças, mágicos, personagens dos desenhos animados, dos filmes e da literatura, princesas, heroínas, herois, palhaços, que foram se revezando em visitar os abrigos.

Muitas ações, que foram levadas, se pensando nas crianças, trouxeram também alegria a suas famílias, pelo simples fato de verem seus filhos e filhas brincando e sorrindo. Também nesses espaços foram montadas brinquedotecas com as doações recebidas de brinquedos, livros, papeis, canetinhas, lápis de cor, giz de cera, massa de modelar, giz de quadro.

O esforço foi grande para que se contemplasse o maior número possível de crianças nessas ações. Muitas alianças pela proteção à infância ainda precisam ser feitas ou serem fortalecidas. Muitos desafios se apresentaram. Como sociedade, temos muito a melhorar, muito a fazer, muito a aprender, com certeza. Mas a solidariedade e a empatia, a humanidade, a acolhida e a escuta, o respeito e o afeto dirigidos às crianças e estendidos às suas famílias, se fizeram presentes nesses espaços, nesses dias cinzentos.



Ilustrações: Silvana Santos