Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Arte e Ambiente
10/09/2018 (Nº 61) CORPOS EM MARCHA
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CORPOS EM MARCHA

 

Cláudia Mariza Mattos Brandão[i]

 

 

RESUMO: O artigo discute questões relativas ao Corpo, apresentando registros fotográficos da Marcha das Mulheres, que aconteceu durante o 13° Mundo de Mulheres e 11º Fazendo Gênero, em agosto de 2017, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

 

 

A educação é o procedimento humano através do qual as gerações vêm sucessivamente transmitindo os conhecimentos e os valores particulares de cada sociedade. E ela engloba também o Corpo como seu “objeto” e objetivo.

 Trata-se de neste texto, verbal e visual, problematizar questões acerca de corpos que foram influenciados pelas descobertas científicas e pela ideia do progresso como um processo linear e crescente que acompanhou (ou ainda acompanha!) o desenvolvimento histórico das sociedades ocidentais, principalmente, após o renascimento Italiano, no século XVI. Tal processo foi acompanhado pela higienização dos hábitos públicos e privado, e pela normatização social de hábitos e comportamentos, período no qual se inscreveu também a dominação/regração dos corpos, visando adaptá-los às necessidades de uma emergente sociedade industrial. E isso paralelamente acompanhou a expropriação ambiental, agravada com o evento da Revolução Industrial, no século XVIII, quando os corpos passam a ser treinados física e psicologicamente como mão de obra fabril, sendo muitas vezes subjugados pelo poder político e econômico.

Esse período também coincide com o desenvolvimento da educação institucionalizada como um meio eficaz para a produção de corpos domesticados, tendo em vista a manutenção dos status quo, contribuindo sobremaneira para a construção do pensamento social. Tem-se, assim, a progressiva elaboração de um saber compartilhado, geral e funcional, que estabelece as representações sociais do corpo, modelos de pensamento e de comportamento a ele relacionados. Tais representações enfatizam e interferem por meio de palavras e imagens na construção simbólica dos corpos, num processo que na contemporaneidade encontra muitas resistências, principalmente no que se refere aos corpos femininos, e aos valores a eles atribuídos.

A argumentação acima apresentada busca esclarecer o contexto teórico no qual se situa a reflexão visual aqui proposta, tendo por base fatos recentes. Refiro-me ao evento 13° Mundo de Mulheres e 11º Fazendo Gênero[ii], que ocorreu no período de 30 de julho a quatro de agosto de 2017, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),  em Florianópolis. Momento esse, em que o Women’s Worlds Congress teve lugar pela primeira vez na América do Sul, reunindo mulheres de diferentes nacionalidades, tanto do mundo acadêmico, assim como oriundas do ativismo.

 Integrando as ações do 13º WWC e 11º Fazendo Gênero, no dia dois de agosto, no Centro Histórico de Florianópolis, teve andamento a Marcha Mundial das Mulheres por Direitos, acolhendo mulheres de diferentes raças e etnias, trans e lésbicas, que lutam por diferentes pautas e reivindicam seus direitos num mundo que muitas vezes as consideram cidadãs de segunda classe.

Estes corpos desafiaram o estigma de “Corpo controlado”, apresentando o Corpo móvel, leve, livre e ágil, inclusive nas reivindicações por um mundo melhor, mas igualitário, e como tal devem ser referenciados!

            Diferente de um texto, que paulatinamente se revela com a leitura (ocidental) ordenada da esquerda para a direita, a fotografia se desvela numa só mirada, potente pelo impacto do que apresenta ao olhar. Então, caros leitores, mais do que escrever sobre o assunto, eu escolho mostrar registros de um momento único, que muito me emocionou.

 

 

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[i] Doutora em Educação, mestre em Educação Ambiental, professora do Centro de Artes, Artes Visuais – Licenciatura, da Universidade Federal de Pelotas. É coordenadora do PhotoGraphein - Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação( UFPel/CNPq). attos@vetorial.net

[ii] Confiram no nosso blog a participação dos pesquisadores do PhotoGraphein no evento:

 http://photographein-pesquisa.blogspot.com.br/2017/08/photographein-no-13-mundos-de-mulheres.html

 

Ilustrações: Silvana Santos