ESTUDO AVALIATIVO SOBRE O GRAU DE CONHECIMENTO DOS VISITANTES DO MUSEU
NACIONAL / UFRJ EM RELAÇÃO A TEMÁTICA EVOLUÇÃO
ESTUDO AVALIATIVO SOBRE O GRAU DE
CONHECIMENTO DOS VISITANTES DO MUSEU NACIONAL / UFRJ EM RELAÇÃO À TEMÁTICA EVOLUÇÃO
MIRANDA, N. F.¹; MARINS, L.F.O.¹; AZEVEDO,
V. M.¹; PANTOJA, S.C.S.²
mirandanathaliaf@gmail.com;
(21) 992665127 – Rua Iriquitiá nº 145 casa 12/201
[1] Alunos de Graduação do curso de Ciências Biológicas da Universidade Castelo Branco, Av. Santa
Cruz, 1631, CEP 21710250. Realengo, Rio de Janeiro – RJ, Brasil.
[2]
Prof. Assistente, orientador - Universidade Castelo Branco, Centro de Ciências
da Saúde e Biológicas do curso de Ciências Biológicas. Universidade Castelo
Branco Av. Santa Cruz, 1631, CEP 21710250. Realengo, Rio de Janeiro – RJ, Brasil.
RESUMO
Antigamente, até o século XIX, existia o fixismo, onde
se supunha que as espécies eram imutáveis, as formas em que haviam surgido
permaneceriam sem qualquer mudança para sempre. Com as teorias de evolução
biológica foi possível, através de fatos, constatar que os seres vivos não são
imutáveis. A pesquisa teve como objetivo investigar o grau de conhecimento dos
visitantes do Museu Nacional / UFRJ a respeito da temática evolução e foi
realizada no ano 2016, a partir da coleta de dados através de questionários
avaliativos. Foi visto a falta de conhecimento da maioria dos entrevistados,
evidenciando que é preciso uma melhor qualidade no estudo sobre evolução nas
escolas e em cursos sobre a área biológica.
INTRODUÇÃO
Muito se mudou na sociedade com o passar dos tempos,
vivemos a era da informação, do avanço científico e tecnológico (MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, 1999/ MARANHÃO et al. 2011), ao pensarmos em uma sociedade
contemporânea antes de qualquer coisa devemos entender como ela consome e se
apropria de informação (BERNARDI, 2007).
Nos dias atuais, o sujeito que desenvolve o gosto
pela leitura e o interesse pela produção científica e tecnológica, encontra uma
vasta fonte de informações, uma vez que os meios de comunicação midiática têm
ampliado, consideravelmente, seus espaços para a divulgação dos feitos da
ciência e da tecnologia. Nesses meios de divulgação científica, temáticas
relacionadas à Biologia, como a evolução, têm encontrado ampla abertura,
despertando a atenção dos leitores (MARANHÃO et al. 2011).
De acordo com o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (1999),
somente ter a informação não implica ter conhecimento. O conhecimento deverá
ser fruto do processamento dessa informação, aplicação da mesma na resolução de
problemas significativos e reflexão sobre os resultados obtidos.
Mudanças pedagógicas na educação se fazem necessárias, assim como a criação
de ambientes para que o aluno realiza atividades e construa o seu conhecimento
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1999).
Criado por D. João VI, em 06 de junho
de 1818, o Museu Nacional / UFRJ que está vinculado ao
Ministério da Educação é um exemplo de ambiente para absorção e construção de
conhecimento. Inicialmente, sediado no Campo de Sant'Anna, é a mais antiga
instituição científica do Brasil e o maior museu de história natural e
antropológica da América Latina. Originalmente denominado de Museu Real, foi
incorporado à Universidade do Brasil em 1946. Atualmente o Museu integra a
estrutura acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MUSEU NACIONAL, 2016).
Até meados do século XIX, a maior parte das pessoas
via tanto os humanos, como os outros animais, seres que mantinham, sem qualquer
mudança, as formas com as quais haviam surgido. Essas formas seriam também
aquelas com as quais permaneceriam para sempre. Essa era uma visão de mundo na
qual a permanência era a regra e, por isso, e era denominada
"fixismo". Além de supor que as espécies são imutáveis, a visão
fixista crê em um Deus criador, o qual teria originado o mundo tal como nós o
vemos hoje (MEYER & ELHANI, 2005).
Segundo MEYER & ELHANI (2005) a modificação das
espécies ao longo do tempo, ilumina a nossa compreensão sobre seres vivos de
dois modos. Em primeiro lugar ela implica que há relações de parentesco entre
os seres vivos, para cada organismo vivo, há ancestrais que o precederam. Em
segundo lugar, a evolução nos permite investigar como ocorreram as mudanças nos
seres vivos. As teorias de evolução biológica propõem que os seres vivos não
são imutáveis: aqueles que são vistos atualmente nem sempre existiram, nem sempre tiveram a mesma forma e nem
sempre existirão.
O presente estudo teve por objetivo investigar o grau
de conhecimento dos visitantes do Museu Nacional / UFRJ à cerca da temática
evolução.
METODOLOGIA
O trabalho foi realizado
com visitantes do Museu Nacional / UFRJ, durante o mês de maio de 2016. Para análise dos dados foi utilizado o software
estatístico Microsoft Excel do pacote Office 2007. A principal metodologia
utilizada foi o estudo quantitativo e qualitativo de coleta de dados através de
questionários avaliativos compostos por 11 questões relacionadas a dados gerais
e conhecimentos sobre evolução dos entrevistados que autorizaram participar da
pesquisa. A partir da pesquisa realizada no Museu Nacional do Rio de Janeiro
gerou os resultados expostos nos gráficos apresentados. A faixa etária dos entrevistados variou entre 15 a 50 anos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Gráfico 1 – Sexo dos entrevistados.

Fonte: Próprio
O gráfico 1
mostra que 67% dos entrevistados são do sexo feminino e 33% do sexo masculino.
Gráfico 2 – Respostas
quanto ao nível de escolaridade.

Fonte: Próprio
Foi observado que 32% tinham o Ensino Médio Completo,
enquanto 30% já possuíam
a graduação completa
e 23% estão cursando sua graduação.
O Ensino Fundamental Incompleto, Fundamental Completo e Ensino Médio Incompleto
apresentaram 5% cada do total dos entrevistados.
Foi possível constatar também, que as pessoas com
ensino incompleto não possuem uma noção básica de evolução.
Gráfico 3 – Resposta a
respeito do conhecimento sobre evolução.

Fonte: Próprio
Todos os entrevistados afirmaram saber o que é
evolução. Segundo PANTOJA (2016), quando falamos de evolução, lembramo-nos de
desenvolvimento e alterações progressistas para melhorar, porém ela indica
particularmente o desenvolvimento biológico. A teoria da evolução tem por
princípio o desenvolvimento dos seres vivos; ao
contrário do que sugere a palavra “progresso”, o desenvolvimento das espécies
vivas não envolve um progresso contínuo, do simples para o complexo, pois
muitas vezes ocorre o inverso.
Gráfico
4 – Resposta sobre a crença na evolução.

Fonte:
Próprio
Quando questionados se acreditam na
evolução 92% responderam que sim e apenas 8% responderam negativamente.
A evolução é um fato, e
os fósseis são evidências da sua existência. A Teoria Sintética da Evolução é
considerada a teoria mais unificadora dentre todas as teorias biológicas.
Segundo ALMEIDA & FALÇÃ (2005) o conceito
de evolução mostrase permeado por obstáculos epistemológicos, de fundo ideológico,
filosófico e teológico, o que torna sua abordagem em contexto de sala de aula
particularmente difícil, tanto no ensino, por parte dos professores, quanto na
aprendizagem, por parte dos alunos. Devese enfatizar que a compreensão dos
processos evolutivos tem um papel central na conceitualização de todos os temas
da Biologia.
Gráfico
5 – Resposta sobre a questão da perda do dente siso nos seres humanos.

Fonte:
Próprio
Ao serem perguntados se é correto
afirmar que muitos seres humanos estão nascendo sem o dente siso pela falta de
uso 62% responderam que sim e 38% souberam responder que não.
Lamarck propôs que, o uso de determinadas partes do
corpo do organismo faz com que estas se desenvolvam, e o desuso faz com que se
atrofiem. Alterações provocadas em determinadas características do organismo, pelo uso e desuso, são transmitidas aos descendentes (FUTUYMA, 2003). Essa teoria é invalida.
Gráfico 6 – Resposta sobre a questão de a evolução
apresentar ou não características melhores sempre.

Fonte:
Próprio
O gráfico 6 demonstra que 52% dos entrevistados
responderam que sempre que se evolui os seres apresentam obrigatoriamente
características melhores e 45% souberam responder que nem sempre ao evoluir há
presença de características melhores, e somente 3% não souberam responder.
Segundo PANTOJA (2016), quando falamos de evolução lembramonos
de desenvolvimento biológico e alterações progressistas, ou seja, evoluir seria
apresentar características novas que podem ser positivas, negativas ou neutras.
Indivíduos que apresentam caracteres mais próximos do ancestral são mais primitivos e os que apresentam
mais mudanças, se distanciando dos caracteres do ancestral, são mais evoluídos.
Todavia isso não quer dizer que esse indivíduo ou aquele é melhor do que o
outro, tudo dependerá do meio em que ele vive.
Gráfico
7 – Respostas sobre a perda do órgão apêndice no ser humano.

Fonte:
Próprio
Com relação ao órgão apêndice 52% dos entrevistados
responderam que o órgão atrofiou pela falta de uso, enquanto 43% souberam
responder que o motivo de ter atrofiado não é por não ser mais utilizado e 5%
não souberam responder.
Lamarck incorporou como forma de “lei”, a noção de que os
órgãos ou partes do organismo eram modificados pelo uso e desuso, compartilhada
pela comunidade dos naturalistas na época (ALMEIDA & FALÇÃ, 2005).
Hoje, a lei do uso e desuso foi constatada como inválida,
pois, nenhum órgão ou parte do ser humano atrofiou, ou irá atrofiar por causa
da falta de uso, e vale o mesmo para todos os seres vivos.
Apenas ocorre a evolução, e no caso do ser humano,
ela está ligada a perda de caracteres.
Gráfico
8 – Respostas sobre a evolução de um ser durante seu “curto espaço de vida”.

Fonte:
Próprio
De acordo com o gráfico 8, 52% responderam que um ser
pode evoluir durante seu “curto espaço de vida” e 48% responderam que não é
possível.
Um ser pode evoluir em seu curto espaço de vida.
Mutações podem ocorrer em qualquer momento de sua vida e de forma aleatória,
pois não existem um tempo correto para que ocorram. Segundo RIDLEY (2009) as
frequências genéticas evoluem por deriva genética aleatória.
Gráfico 9 –
Respostas sobre características evolutivas herdadas obrigatoriamente ou não de
seus descendentes.

Fonte:Próprio
O gráfico 9 exibe que 55% dos entrevistados
responderam que uma característica evolutiva não é obrigatoriamente herdada do
seu descendente e 45% responderam que é sempre herdada.
Segundo RIDLEY (2009) a hereditariedade é determinada
por uma molécula chamada de DNA. Diferentes genes são preservados ao longo das
gerações no sistema de herança mendeliana, e isso permite que a seleção natural
opere. O mendelismo é uma teoria atomística da hereditariedade. Além de
existirem genes discretos que codificam proteínas discretas, os genes também
são preservados durante o desenvolvimento e transmitidos inalteradamente para a
próxima geração. Ela preserva com eficiência a variabilidade genética.
Gráfico
10 – Respostas sobre a adaptação ou não dos seres vivos no meio em que vivem.

Fonte:Próprio
O gráfico 10 evidencia que 90% afirmam que os seres
vivos se adaptam ao ambiente em que
vivem e apenas 10% responderam corretamente ao dizer que os seres não se adaptam.
Segundo MAYR (2002), ao acontecer uma mudança no meio,
graças à diferença genética, os que estiverem aptos a sobreviveram, irão
sobreviver. Essa sobrevivência pode ser da maioria do grupo, pois a mudança não
afetou tanto a espécie, ou uma pequena parcela, porque a mudança foi brusca
para a espécie.
É importante lembrar que a espécie pode ser extinta
por uma mudança de condições maior do que ela pode suportar. Caso a espécie
consiga suportar a mudança do
meio, os indivíduos passarão essa característica adiante. Já os que não
suportam a alteração do meio são eliminados, por isso o termo seleção. Para
essa explicação, é importante ressaltar as diferenças genéticas e, então,
reconhecer as mutações (LAURENCE, 2014).
CONCLUSÃO
Foi
concluído a falta de conhecimento da maioria dos entrevistados, pois não sabem
a real definição sobre evolução. As pessoas aprendem evolução de forma
incorreta e levam esse conceito a frente, crendo estarem corretos. Situações
como “se adaptar ao meio em que vive” são ditas e ensinadas frequentemente a
alunos e até a professores. É preciso uma qualidade de estudo mais aprimorada
nas escolas, também em faculdades e universidades de cursos de áreas
biológicas, sobre evolução.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. V.; FALCÃ, J. T. R. Estrutura
históricoconceitual dos programas de pesquisa de darwin e lamarck e sua
transposição para o ambiente escolar. Ciência & Educação. v. 11, n.
1, p. 1732, 2005
BERNARDI, A. J.; 2007. Informação,
Comunicação, Conhecimento: Evolução e Perspectivas, TransInformação.
Campinas, V. 19, N. 1, p: 4044.
FUTUYMA, D. J. Biologia Evolutiva. 2a ed., Ribeirão Preto:
Sociedade Brasileira de Genética/CNPq. 2003.
LAURENCE, P. G. Elementos teóricos sobre evolução das espécies: o que
pensam futuros biólogos. UPM. São Paulo, 2014.
MARANHÃO
et al.; 2011. Textos de divulgação
científica em aulas de biologia: a evolução na espécie humana. In: V Encontro
Regional Sul de Ensino de Biologia (EREBIOSUL); IV Simpósio Latino Americano e
Caribenho de Educação em Ciências do International Council of Associations for
Science Education (ICASE). Londrina, PR. p. 110.
MARTINS, L. A. C. P. Lamarck e as quatro leis da variação das espécies. Episteme. Porto Alegre, v. 2, n. 3, p.
3354, 1997.
MAYR, E. What evolution is. Londres:
Phoenix, 2002.
MEYER, D.; ELHANI, C. N. Evolução: o
sentido da biologia. 1 ed. Ed. Unesp, 1518p.
2005.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. O
computador na sociedade do conhecimento. Ministério da educação. 1999.
MUSEU NACIONAL. O Museu. Museu Nacional/UFRJ. 2016. Disponível em:
http://www.museunacional.ufrj.br/dir/omuseu/omuseu.
Acesso em: 17/05/2016, 10:14.
PANTOJA, S. Filogenética:
primeiros passos. 1 ed. Rio de Janeiro, Ed. Technical books,17-81p. 2016
RIDLEY, M. Evolução. 3 ed. Ed. Artmed, 62167p. 2009.