Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Reflexão
16/09/2009 (Nº 29) NOVOS RUMOS DA EDUCAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL
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Educação Ambiental em Ação 29

NOVOS RUMOS DA EDUCAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL

 

 

Eduardo Beltrão de Lucena Córdula

Licenciado em Biologia pela UFPB

Especialista em Supervisão Escolar UNAVIDA

Professor da Educação Básica de Cebedelo-PB

Educador Sócio-Ambiental

Caixa Postal 147 – Intermares. Cep: 58310-971. Cabedelo-PB ecordula@hotmail.com

 

           

            A Educação Sócio-Ambiental (ESA) vem conquistando espaço e transmutando a sua predecessora a educação ambiental. Observamos que ao longo do tempo da atuação da EA, com o ganho de maturidade a partir das experiências amplamente divulgadas em nosso país, novos rumos foram sendo traçados (BRASIL, 1998). As questões sociais foram sendo abarcadas e incorporadas ao modelo de pesquisa ambiental, que até então, pouco considerava da vivência dos atores envolvidos diretamente no processo, e sim, centrava suas ações a partir do problema causado pela ação antrópica (DIAS, 1998).

            A pedagogia trouxe à luz das experiências e trabalhos desenvolvidos na área ambiental, com foco em educação sócio-ambiental, uma abordagem mais centrada no ser humano, nas suas experiências e vivências, deixando de lado o tecnicismo e a tentativa de simplesmente “conscientizar” (LIRA & FERRAZ, 2009). Conseguiram compreender que, a conscientização parte do próprio indivíduo, do seu interior (o eu) para o exterior, e não o contrário. Por esta razão, vimos ao longo da caminhada pela ESA muitos trabalhos sendo abandonados e destoando do foco da atuação inicial, pois desejavam, erroneamente, trazer uma nova bagagem de conhecimentos externos aos atores envolvidos diretamente no processo, para que internalizassem a bagagem informacional pronta e já preparada (GADOTTI, 2009), e com isto, gerassem a consciência tão almejada pelos ambientalistas, ecólogos, biólogos e, nós educadores sócio-ambientais.

            Quando lançamos mão não só de uma pedagogia, mas uma ecopedagogia aliada a uma psicologia ambiental, foi possível concretizar ações verdadeiramente capazes de estimular o ser humano, resgatando sua humanidade tão distorcida como nos dias atuais. Se reconhecendo e conhecendo o ambiente ao seu redor, o ser humano passa a atuar de forma a preservá-lo. Devemos deixar a visão fragmentada dos componentes de nosso planeta, para convertê-la em uma visão holística e das interdependências, passando a considerar a Terra como “viva” (Gaia) (LOVELOCK, 2006), e que sendo assim, conseguiremos um merecido respeito a Ela.

Esta teoria de Gaia deve ser resgatada e trabalhada principalmente com as crianças e adolescentes, foco central da ESA no âmbito formal, para que na sua ainda inocência de mundo, passem a perceber a Terra como um organismo vivo, onde todas as partes estão interligadas e onde surgem causas e efeitos (CAPRA, 2001). Passando a serem estimulados ao raciocínio holístico, com o conhecimento e as informações adquiridas, a partir de processos internos de acomodação e retenção mnemônica, formará o sujeito cidadão, atuante, pró-ativo e co-responsável no destino de nossa qualidade de vida (CÓRDULA, 2007), ou seja, teremos ecocidadãos que poderão não mais ficarem apáticos frentes aos graves problemas ambientais que enfrentados e que estão culminando para uma grave crise ambiental sem precedentes e talvez, se não mudarmos hoje e já, irreversível.

Por esta razão, não se pode fazer ESA apenas por modismos, ou fins pessoais, mas sim, por filosofia de vida e por acreditar que algo pode ser feito para trazer qualidade de vida sócio-ambiental aqueles que tanto necessitam, que somos nós, eu e você.

 

 

Referências

 

BRANCO, S. Educação Ambiental: metodologia e prática de ensino. Rio de Janeiro: Dunay, 2003. 100p.

 

BRASIL. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília: MEC, 1998.

 

CAPRA, F. A Teia da Vida. 6ª ed. São Paulo: Cultrix, 2001.256p.

 

CÓRDULA, E. B. L. Capacitação de Alunos como Multiplicadores Ambientais, em uma Escola Pública do Município de Cabedelo, Paraíba. In: I Seminário Regional de Educação Ambiental para o Semi-Árido Nordestino e Encontro Paraibano de Educação Ambiental, João Pessoa-PB, 2007. Anais. João Pessoa: UFPB/REAPB, 2007. CD-ROM.

 

DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 5ª ed. São Paulo: Gaia, 1998.

 

______. Ecopercepção: um resumo didático dos desafios socioambientais. São Paulo: Gaia, 2004.

 

GADOTTI, M. A Ecopedagogia como pedagogia apropriada ao processo da Carta da Terra. Fórum Nacional de Pedagogia – UFMT, 2000. Disponível em: <http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev21/moacir_gadotti.htm>. Acessado em: 21 mar. 2009.

 

LIRA, L. & FERRAZ, V. Psicologia Ambiental: uma relação de equilíbrio entre o homem e a natureza. In: SEABRA, G. [Org.] Educação Ambiental. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009. 228p.

 

LOVELOCK, J. A Vingança de Gaia. São Paulo: Intrínseca. 2006. 160p.

Ilustrações: Silvana Santos