Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/03/2009 (Nº 27) A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ROTEIRO DE VISITAÇÃO PARQUE URBANO DE SÃO PAULO: uma proposta sobre a condição de usuário e de visitante
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Educação ambiental em ação

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ROTEIRO DE VISITAÇÃO PARQUE URBANO DE SÃO PAULO: uma proposta sobre a condição de usuário e de visitante

 

Rodrigo Machado 

Turismólogo (UNIP), Especialista em Gestão Ambiental (UFAM), Mestrando em Educação (FE-USP) e integrante do GEP-TEA (Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Turismo, Educação e Ambiente). Contatos: 11 9986.0091 (rodrigomachado@usp.br)

 

Mikhail Angelo Muller Tangerino

Técnico em Gestão Ambiental – (ETESP) e estagiário no Parque Vila Guilherme – Trote entre junho de 2006 e maio de 2007. Contatos: 11 7101.6105 (mikhatchuu@hotmail.com)

 

 

RESUMO

 

O trabalho a seguir relata a construção de uma proposta de educação ambiental em parque urbano do Município de São Paulo (SP). Tal proposta se baseia na necessidade de tomar o parque urbano além de sua condição histórica de espaço de lazer e recreação. Ambas as atividades socialmente consolidadas são imprescindíveis à convivência em ambientes urbanos. Contudo, os parques urbanos cumprem outras funções ambientais que merecem ser conhecidas e podem ser ponto de partida para reflexões sobre sua relação com a cidade, além de articularem-se ao lúdico. O texto expõe de maneira sintética as origens da proposta, a importância de se trabalhar tal perspectiva de parque urbano, o que se pretende alcançar com a ideia e as etapas percorridas para sua construção. Ao final expõe algumas considerações acerca de algumas experimentações dos roteiros de visitação e educação ambiental com pessoas ligadas direta e indiretamente ao parque e ressalta a necessidade de busca por resultados mais consistentes e amadurecimento da proposta.

 

1.     Justificativa pela escolha do tema

 

Após conversas com a administração do Parque Vila Guilherme – Trote em meados de 2006 e a partir da busca por promover a reflexão sobre a necessidade de uma nova relação da cidade com os parques urbanos (SOUSA; MACHADO, 2007), houve a proposta de incentivar um contato diferenciado dos usuários de parques urbanos com este espaço, que deve assumir novos papéis além do lazer e da recreação. Entre esses novos papéis, o de educação ambiental é o que motivou a opção por este trabalho.

Barbosa (2002) afirma que a educação ambiental, hoje, “caminha para a sustentabilidade, sendo uma importante ferramenta a ser utilizada no intuito de alcançá-la, seja ela em qualquer setor”. Para a mesma autora, “trata-se de um relevante instrumento para o processo de construção de novas alternativas para o desenvolvimento”. Para Ab’Saber (1996),

 

 

Educação Ambiental é um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação de realidades e que garante um compromisso com o futuro. Uma ação entre missionária e utópica destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcançados. Trata-se de um novo ideário comportamental, tanto no âmbito individual como coletivo.

 

A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei N° 9.795, que cria a Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 2° afirma:

 

A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

 

O tema se torna integrado à ideia de Educação quando a lei apresenta a educação ambiental como “um componente essencial e permanente da educação nacional”. Torna-se, portanto, nítida a chamada transversalidade da educação ambiental em qualquer processo educativo. Ou seja, longe de ser compreendida como mais uma disciplina, a educação ambiental deve ser tratada em todas as já existentes, promovendo assim uma busca pela compreensão da totalidade, em vez de somente captar a realidade parcialmente, da perspectiva de uma ou duas disciplinas. Leff (2000) expõe a necessidade de resgatar o ambiente neglicenciado em cada ciência, bem como Carvalho (2004), explica os motivos da adjetivação “ambiental” na educação, apresentando a questão da construção epistemológica de cada disciplina que, dependendo do paradigma adotado, carece de maior interlocução com a dimensão ambiental.

O poder público municipal, em São Paulo, atua em diferentes âmbitos na direção de promover a educação ambiental. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente descentralizou tais ações aos denominados Núcleos de Gestão Descentralizada.  Contudo, os parques urbanos ainda carecem de ações organizadas e sistêmicas, integradas aos demais parques e áreas verdes, assim como aos seus respectivos entornos de forma a contribuir às ações de educação ambiental formal e não formal. Se há iniciativas por parte do poder público, são pouco divulgadas ou mesmo não chegam a grande parte da população. As iniciativas voltadas para a educação ambiental são na maioria das vezes atitudes de grupos não governamentais. Este breve trabalho tratará de expor um experimento de promoção da visita a parques urbanos como uma atividade de deslocamento do olhar e da compreensão deste espaço, cujo objetivo principal é favorecer a transformação dos “usuários” dos parques em visitantes.

 

2.     A importância do trabalho de buscar promover a educação ambiental em um parque urbano

 

São Paulo é entendida como uma metrópole com 38 municípios. Essa região metropolitana tem 19.949.261 habitantes o que a torna a quarta metrópole mais populosa do mundo (SÃO PAULO, 2009).

Uma definição bastante comum entre a população e os meios de comunicação é a que mostra a metrópole como uma importante região, tendo uma determinada cidade – como São Paulo, Campinas, Santos – como centro. Aqui a Região Metropolitana é tomada como parâmetro em função de não haver grandes vazios entre uma cidade e outra, das características semelhantes que guardam as cidades de uma mesma metrópole e, no que se refere ao padrão de urbanização e o papel dos parques urbanos, também existirem similaridades.

A zona norte da cidade de São Paulo possui o Parque Vila Guilherme, que tinha até 2006 uma área com cerca de 40.000m2.  Após ser unido ao terreno que pertencia a Sociedade Paulista do Trote (com aproximadamente 120.000m2) tornou-se o chamado Parque Vila Guilherme – Trote, atualmente com 16 hectares.

Pode-se observar o Parque Vila Guilherme – Trote como sendo um parque urbano. Um parque urbano é um tipo de espaço livre de edificações, normalmente caracterizado como espaço público, no qual há tipicamente abundância de vegetação e áreas não pavimentadas, sobretudo localizado em uma região urbana. Nele, estabelecimentos industriais e residenciais são proibidos, e estabelecimentos comerciais são normalmente restritos a quiosques e vendedores ambulantes. Eventualmente um parque urbano está ligado a um conjunto de equipamentos públicos de caráter cultural, como museus, centros culturais e casas de espetáculo.

Em contato diário com um parque urbano, é possível identificar que o espaço oferece, hoje, predominantemente lazer e recreação aos habitantes da cidade. Bartalini (1996, p.81) define o parque urbano como sendo um

 

[...] grande espaço aberto público, que ocupa uma área de pelo menos um quarteirão urbano, normalmente vários, localizado em torno de acidentes naturais, por exemplo, ravinas, córregos, leitos e nascentes de rios, etc., fazendo divisa com diversos bairros; os limites principais de um parque urbano são ruas, sua organização espacial (paisagem) apresenta um ‘equilíbrio entre áreas pavimentadas e ambiências naturais’. O parque urbano pode abrigar o uso informal, de passagem, caminhos secundários de pedestres, esportes recreativos, centros comunitários, festivais, playgrounds, piscinas, etc [...].

 

Tal compreensão de parques urbanos – do ponto de vista da arquitetura e do urbanismo - poderia ser inclusive considerada importante em uma metrópole cada vez mais carente de espaços públicos de lazer (SVMA, 2004). Contudo, os parques urbanos possuem condições de oferecer à população novas leituras da cidade, exercendo um papel direcionado à educação, inclusive a tida como ambiental, de maneira crítica em suas considerações ao comportamento, hábitos e valores de nossa sociedade (GUIMARÃES, 2000). Não se trata de mero contato com elementos da natureza “guardados” no interior de um parque urbano, reforçando a dicotomia entre as esferas cultural e natural (GRÜN, 1996), mas sim de aproveitar o parque urbano como uma perspectiva diferente na observação da cidade. No lugar de compreender o parque a partir da cidade e seus padrões de construção, produção do espaço e consumo, observar a cidade a partir do parque que, no mínimo, pode oferecer uma paisagem mais equilibrada do ponto de vista estético e também do tratamento de questões ligadas à água, resíduos, energia, biodiversidade, ao ar etc.

A educação em um parque urbano pode ocorrer de diferentes maneiras. Uma delas é o emprego de tecnologias ambientais na infra-estrutura do parque. Em conversa com administradores de alguns parques urbanos, em setembro de 2007[i], foram definidas tecnologias ambientais aquelas soluções alternativas e econômicas a questões sobre abastecimento de água, consumo de energia e tratamento de resíduos. Implantar tecnologias ambientais nos parques urbanos pode ter, ao mesmo tempo, duas finalidades; uma prática ou funcional e outra essencialmente conceitual. A primeira se refere às questões relativas à economia de água, de energia e tratamento adequado dos resíduos. Já a segunda, que independe da primeira, mas guarda relação, se refere à possibilidade de apresentar aos visitantes novas formas de dar cabo da necessidade de economizar água, energia e dar um fim correto aos resíduos produzidos em casa.

Segundo os administradores de parques presentes à reunião, o contato com tais soluções alternativas implantadas nos parques sob a forma de tecnologias ambientais se daria por meio de visitas monitoradas, em grupos organizados, agendados ou compostos de maneira espontânea em horários predefinidos. Daí surgiu a ideia – já no ano de 2007 – de se planejar roteiros em que os visitantes passariam por pontos ou estações localizadas dentro e fora do perímetro do parque urbano, sendo conduzidos e provocados em função das informações sobre cada local. Também foi identificado que o parque não vem sendo utilizado como um instrumento de educação, não tem passado para a população nenhum conceito e nem muito menos as possibilidades mais funcionais de soluções alternativas a questões de utilização de recursos diversos.

É certo que o parque vem prestando o que se pode chamar de serviços ambientais, quais sejam, equilíbrio microclimático da região, refúgio e espaço de reprodução de animais silvestres e também de flora, retenção de partículas sólidas em suspensão entre outros a ser identificados. No entanto, nada vinha sendo realizado para informar a população sobre as diferentes funções do parque e isso é um trabalho em que é necessário lançar mão da educação ambiental, uma vez que o resultado de tal “desinformação” é a ratificação no senso comum de que o parque é exclusivamente um local de lazer e recreação. Reforçando, portanto, a visão utilitarista e antropocêntrica da sociedade em relação às áreas naturais na cidade.

 

2.1  A finalidade do processo de deslocamento do olhar sobre os parques e sua relação com a cidade

 

O desenvolvimento do trabalho tem por finalidade fazer com que o espaço do parque seja tido como promotor de outros serviços à população além do lazer e da recreação. A ideia é que o parque urbano possa ser reconhecido como um espaço planejado e administrado para conscientizar, educar, e mostrar a importância das áreas verdes para a qualidade ambiental da cidade. Enfim, promover uma busca de transição da condição de usuários do parque, para a de visitantes. Com isso, a expectativa dos idealizadores desta proposta se relaciona com uma mudança na maneira com que a população que vem ao parque lê esse espaço que vem adquirindo cada vez mais importância na cidade, se forem considerados os problemas ambientais que são divulgados nos meios de comunicação. Em poucas palavras, a finalidade deste trabalho se direciona a contribuir para mudanças no comportamento daqueles que vêm ao parque urbano como usuários. Tornar-se-iam visitantes. Alterariam – ou ao menos seriam convidados a refletir e a mudar - também sua forma de observar e se relacionar com a cidade com seus concidadãos.

Diante de todo esse contexto, partimos do seguinte questionamento: de que maneira o parque pode trabalhar o seu espaço de maneira a buscar transformar seus usuários em visitantes, informados e conscientes da importância do parque urbano à cidade?

Portanto, diante do exposto, o objetivo de trabalhar a educação ambiental de dentro do parque urbano e um novo olhar ao parque e à cidade se dirige a desenvolver e expor um roteiro de visitação pública que condicione o olhar do usuário do parque de maneira que se torne o olhar de um visitante, ou seja, o olhar de quem procura compreender melhor e, portanto, conhecer e respeitar o local que visita.

Outros objetivos são a promoção de uma situação em que os visitantes apreendam novas formas de se relacionar com o parque, com seu bairro e com a cidade, além de buscar tornar o parque urbano um pólo irradiador de novos comportamentos.

 

2.2 Procedimentos adotados para a construção da proposta

 

Torna-se necessário resgatar medidas anteriores ao desenvolvimento dessa proposta. São ações tomadas pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, e mais especificamente a administração do parque, no que se refere ao manejo, gestão ambiental, condicionamento do uso do parque e mediação de conflitos de interesses entre usuários.

Por manejo da vegetação identificam-se, nesse caso, as medidas tomadas no sentido de substituir gramados por forrações vegetais diversificadas, introdução de espécies arbustivas e plantio de diferentes espécies arbóreas. Neste contexto foram consideradas tanto espécies nativas – predominantemente – como também as tidas como exóticas.

No que se refere à gestão ambiental, foram ações tangentes ao tratamento mais adequado dos resíduos do parque, tanto aqueles orgânicos produzidos pelo parque, como também aqueles inorgânicos trazidos por seus usuários (compostagem e encaminhamento à reciclagem, respectivamente).

Em relação ao condicionamento do uso e mediação de conflitos foram tomadas medidas de adequação de alguns espaços como, por exemplo, a mudança da localização das churrasqueiras, separando-as dos equipamentos de musculação e ginástica, assim como trocar a entrada de todas as quadras, isolando-as da pista de caminhada. Essas medidas ligam-se diretamente com a mediação de conflitos entre os usuários, assim como a adequação do espaço tendo em vista os usos relativos à dinâmica de frequência ao parque. Contudo, o principal trabalho direcionado a mediação de conflitos entre interesses diversos dos usuários é, sem dúvida, o fortalecimento do Conselho Gestor do Parque, mantendo as reuniões periódicas e direcionando tomadas de decisão ao fórum participativo criado por Lei para tal fim.

 

2.3 Algumas etapas

 

Após as considerações relativas aos procedimentos, a seguir há a exposição de algumas etapas já percorridas.

 

1.                  Identificação e listagem de pontos do parque que sirvam de estações a comporem o roteiro ou diferentes roteiros.

2.                  Associação de cada estação com tema gerador de discussão e reflexão.

3.                  Estudo acerca de informações sobre cada um dos pontos e respectivas temáticas, tanto no que se refere a generalidades do tema, como também no que tange às particularidades de cada estação.

4.                  Experimentações com grupos formados de maneira induzida ou espontânea, ou seja, grupos previamente organizados como Conselho Gestor do Parque, equipe de funcionários da prefeitura, funcionários da empreiteira que trata do manejo e conservação do parque, equipe da vigilância patrimonial, administradores e estagiários de outros parques e outros a serem formados espontaneamente por usuários do parque.

5.                  Definição dos roteiros.

 

Foram identificados 38 pontos para os roteiros, que devem ser trabalhados para que se tornem estações a serem percorridas. Cada um desses pontos, tratados por estações nos roteiros de visita, se referem a determinados temas que emergiram da identificação anterior. São temas relativos ao significado de cada ponto e direcionados a expor a complexidade e importância do parque e sua relação com a cidade, bem como a relevância de cidadãos terem conhecimento e contato com novas maneiras de olhar e compreender o parque urbano. Os temas geradores de debates e reflexões são: i) gestão ambiental, ii) aspectos ecológicos, iii) história do bairro e do parque, iv) biodiversidade, v) funções dos parques urbanos e vi) mediação de conflitos socioambientais.

Cada uma dessas estações será discutida e colocada em pauta com os grupos que se interessarem a fazer a trilha, formando assim os roteiros de visitação ao parque. Tais roteiros podem ser organizados por temática ou por características dos grupos que farão as visitas.

A partir do desenvolvimento do trabalho aqui proposto e planejado, esperam-se os seguintes resultados:

 

1.                  O amadurecimento da discussão sobre os novos papéis dos parques urbanos em relação a cidade e população;

2.                  O amadurecimento dos roteiros e efetiva implantação;

3.                  A sensibilização e mobilização de funcionários e usuários para trabalharem com os roteiros;

4.                  A mudança e deslocamento do olhar daqueles que experimentam compreender o parque urbano de outras maneiras além daquela identificada com o utilitarismo promovido pelo uso, excesso de equipamentos esportivos, recreativos etc.

5.                  A expansão da proposta para outros parques urbanos.

 

Considerações finais

 

A proposta de promover outro olhar sobre o parque urbano e sua relação com a cidade a partir de roteiros de visitação que exponham os diferentes significados de cada parte do parque te, a partir deste trabalho, um referencial importante de sua origem e de suas finalidades.

A exposição sintética de seus resultados parciais se refere tão somente à etapa de construção e planejamento da proposta. Torna-se necessário experimentá-la com os diferentes públicos sugeridos no próprio texto que aqui se encerra. Diante de algumas experimentações com grupos de visitantes do referido parque, houve o registro da mudança do olhar das pessoas antes e depois da realização de um dos roteiros, que abarcava a maior parte das estações identificadas e tinha por característica principal ser multitemático. Tais grupos eram compostos de integrantes de programas sociais dos bairros vizinhos, funcionários públicos do parque e também vigilantes. Aos grupos eram realizadas somente duas perguntas ao final de cada roteiro: houve mudanças na sua compreensão de parque urbano? Quais foram?

As respostas, na totalidade dos casos, se relacionaram a uma transformação substancial na concepção de parque urbano e seu papel na cidade. Tratava-se de respostas, também na totalidade dos casos, que demonstravam a surpresa dos visitantes com as informações tratadas nas estações, bem como na complexidade inerente a um espaço que, além de encontrar-se imerso em uma cidade extremamente urbanizada, representa também a convergência de uma grande diversidade de pessoas, usos e comportamentos.

Faz-se necessário dar continuidade ao experimento aqui apresentado, de forma a se obter resultados mais consistentes e contribuir ao amadurecimento da proposta que não exclui a condição historicamente constituída do parque urbano como espaço de lazer e recreação, mas acrescenta a educação ambiental como principal serviço na busca por deslocar o olhar à cidade e promover a reflexão e consciência ambiental que sustentarão mudanças significativas em atitudes e comportamentos individuais e, sobretudo, ações coletivas.

 

Referências    

 

AB’SABER, Aziz. A universidade brasileira na (re)conceituação da educação Ambiental. Educ.Bras.Brasília, 15(31): 59-106, 2º sem. 1996.

 

BARBOSA, Carla Beatriz. Conceitos em Educação Ambiental. Disponível em: <http://www.refugioambiental.com.br/conceitos_de_educacao_ambiental.htm>. Acesso em 21 jan 2007.

 

BARTALINI, Vladimir. Parques públicos municipais de São Paulo: a ação da municipalidade no provimento de áreas verdes de recreação. 354 f. Tese de Doutorado São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 1999.

 

BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei N° 9.795. 27 de abril de 1999.

 

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental Crítica: nomes e endereçamentos da educação. In: LAYRARGUES, P. P. Identidades da educação ambiental brasileira/Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação Ambiental. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004, pp.13-24.

 

GRÜN, Mauro. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. Campinas, Papirus, 1996.

 

GUIMARÃES, Mauro. Educação ambiental: no conflito um embate? Campinas, Papirus, 2000.

 

LEFF, Enrique. Saber Ambiental. São Paulo, Cortez, 2000.

 

SOUSA. Marcos T. R.; MACHADO, Rodrigo. Os parques urbanos e a cidade sob a abordagem do turismo e do planejamento dos transportes. Revista Gaia Scientia. n. 2, pp. 169-180. 2007.

 

SVMA; IPT. GEO Cidade de São Paulo: Panorama do meio ambiente urbano. São Paulo, Prefeitura da Cidade de São Paulo. São Paulo, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente; Brasília, PNUMA, 2004.

 

SÃO PAULO (Município). Dados sobre São Paulo. Geografia. Disponível em: <http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/geografia>. Acesso em 21 jan 2007.

 

   



i Neste período, os administradores dos parques Luiz Carlos Prestes, Vila Guilherme – Trote e Severo Gomes encontraram-se para discutir as possibilidades de implantação de soluções alternativas nos parques urbanos para fins educativos. Para isso, definiram o que entenderiam por “tecnologias ambientais”.

Ilustrações: Silvana Santos