Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Dinâmicas e Recursos Pedagógicos
10/03/2009 (Nº 27) Peça de teatro – Juliana e seu amigo Malvado
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Educação ambiental em ação

Olá pessoal,

Depois de um final de ano diferente, com chuvas devastadoras, e a renovação da esperança com a solidariedade presente, escrevi esta peça para a nossa primeira revista do ano, pois com paciência e perseverança, tudo é possível.

Um beijo,

Marina


Peça de teatro – Juliana e seu amigo Malvado.

 

Juliana era uma garotinha de quatro anos, cabelos negros, olhos rápidos e brilhantes, parecia uma indiazinha, adorava olhar as nuvens e imaginar o que pareciam.

Todos os dias pela manhã antes do almoço, ela ia brincar no parquinho do prédio onde morava, olhava para o céu e se não tinha nuvens dizia: “Ah, mãe, hoje não tem nem carneirinhos!”

Juliana tinha um amigo imaginário, era um cachorro de pelúcia muito encardido (Juliana não deixava que Malvado fosse lavado, pois ele iria ficar “piquinininho”, como aquele seu vestido de borboletas).

Malvado defendia Juliana em qualquer situação, qualquer situação MESMO!

Principalmente à noite quando seu pai chegava bêbado em casa e...

 

 Cena 1 - Salma entra no quarto para chamar Juliana para jantar, ela vem conversando com Malvado...

Juliana- Calma Malvado, não precisa gritar, o papai não está, somos só nós três hoje, eu, você e a mamãe.

Malvado – Ele já vai chegar, eu sei, mas hoje eu não vou deixar ele bater nem em você , nem na sua mãe!

Juliana- Ele não vem hoje, a mamãe disse que ele não volta mais pra cá!

Malvado - Tive uma idéia, e se a gente ficar escondido de baixo da cama, e quando ele chegar, eu mordo ele no pescoço, como aquele cachorro fez com a galinha do vizinho?

Juliana- Eu acho, eu acho, uma boa idéia, a gente pega e enquanto você morde ele, eu puxo os cabelos dele, e aí a gente tranca...

Salma- Calma Juli, não vai precisar de nada disso. A mamãe falou com aquele policial bonzinho que veio aqui ontem, e seu pai não volta para casa tão cedo!

Juliana- Mas mamãe, eu gostava dele de vez em quando...

Salma- É Juli, mas isso era no máximo uma vez por semana, vem cá lindinha, vem no meu colo, não chora, seu pai é um homem bom, ele só tem que parar de beber. Quando ele não bebe, ele fica tão carinhoso comigo também, até gosta da minha comida! (as duas dão risada) Olha filha, ele vai ficar um tempinho naquela clinica, e daqui a pouco ele vai voltar a ser o homem legal com que eu me casei, você vai ver lindinha, você vai ter um pai legal de verdade.

Juliana (subindo no colo da mãe)- Pode vir no colo da mamãe também Malvado.

Malvado- Não posso não, eu sou bravo e muito malvado, e estou aqui para defender você e sua mãe, não para ficar dormindo no colo da mamãe! Além disso eu sou muito forte e muito pesado, sua mãe não vai agüentar nós dois!

Juliana- Mamãe o Malvado não quer subir no seu colo...eu tenho que ficar com ele, mamãe, deixa ele subir, deixa!

Salma- Claro Juli, o Malvado cabe aqui no colo da mamãe, mas eu ia gostar MUITO se antes de vir no meu colo, ele tomasse um bom banho.

Juliana- Ah, não mãe, e se ele vai ficar “piquinininho” que nem aquele meu vestido de borboletas que eu gostava tanto?

Salma- Ah, Juli, que besteira, ele não vai encolher como o seu vestido, eu te prometo! Que tal se quando você for tomar banho, a gente der banho nele também?

Juliana (falando como gente grande)- Vamos ver, vamos ver!

Salma (rindo)- Tá bom!

Juliana- Mamãe, mamãe, o Malvado disse que não vai deixar mais o papai bater nem em você, nem em mim, ele disse que vai morder o pescoço do papai!

Salma (rindo)- Claro que sim querida...agora vamos jantar que a mamãe fez o prato que você mais gosta!

Juliana- Oba! Macarrão com tomate e abobrinha!

Um ano depois.

Cena 2 – Na sala, Juliana e Malvado estão montando uma cabana. Sua mãe entra com um bolo de aniversário...

Salma- Juliana, você acabou de tomar banho, está tão lindinha com o vestido de festa, daqui a pouco seus amiguinhos vão chegar!

Juliana- Mas mãe e se não vier ninguém?

Malvado- Aí sobra mais bolo e brigadeiro para a gente sua boba!

Salma- Porquê que não viria ninguém Juli? Você tem tantos amigos! Daqui a pouco seus primos, seus tios, e sua avó estão aqui! Ah! E eu tenho uma surpresa pra você!

Juliana- O que é?

Malvado- O que é? Aposto que é seu pai que vai voltar!

Juliana- É o papai, mãe? É o papai que vem morar com a gente de novo?!

Salma- É sim meu amor, a mamãe e o papai têm conversado todos os dias, e temos passeado e nos divertido os três juntos e é muito bom quando estamos juntos, não é?

Juliana- É sim, mãe, eu e o Malvado, a gente gosta muito deste papai bonzinho que a gente tem agora. Outro dia ele me levou ao parque, aquele parque grandão, e a gente deitou um tempão na grama para ver as nuvens, você precisa ver mãe, veio um monte de bicho e tinha uma chaleira e uma carruagem que nem da Cinderela e o papai até viu o meu anjo da guarda!

Toca a campainha.

Juliana (correndo para a porta muito excitada)- Vamos mãe, não demora, abre logo a porta!

Entra um homem bonito e bem vestido.

 Juliana (pulando no colo do homem)- Paaaaaaaaaaiiiiiiiii! Que legal, você veio!

Pai- Claro que eu vim, você acha que eu ia perder sua festa de cinco anos?

O pai caminha até Salma e a beija.

Juliana- Olha só Malvado que presente grandão que ele trouxe para mim! O que é, heim pai, o que é?

Pai- Abre filha, ou melhor, vamos abrir juntos!

Juliana- Olha Malvado, é um cachorro de verdade! Olha mãe, é um cachorinho! O cachorrinho mais lindo que eu já vi!

Salma- Que lindo mesmo! Como ele vai chamar Juli?

Juliana- Malvado!

Malvado- Não esse bicho feio aí não pode ter o mesmo nome lindo que eu!

Juliana- Ih, Malvado como você é chato, ele é tão bonitinho! Mas tá bom então...ele vai se chamar Feliz!

Salma- Feliz, eu gosto Juli. Mas você vai ter que cuidar dele, como a gente combinou, certo?

Juliana- Pode deixar mãe, pai, eu prometo!

Salma- Querido, tô tão nervosa!

Pai - Calma Salma vai dar tudo certo, faz um ano e dois dias que eu não bebo mais nada, tenho ido a todas as reuniões do AA (Alcoólicos Anônimos) e, depois que eu aprendi a descarregar a chatice do dia no esporte... nunca mais teria coragem, me desculpe por aqueles dias terríveis, eu fico envergonhado só de me lembrar. Quem quer um suco de melancia bem gelado?

Juliana- Eu!

Malvado- Eu!

Salma- Eu!

 

Toca a campainha!

Fim

 

 

Marina Strachman é Arquiteta, Especialista em meio ambiente, Mestre em desenvolvimento regional e meio ambiente. marinastrachman@yahoo.com.br

 

 

Ilustrações: Silvana Santos