Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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PERFIL DA JUVENTUDE
AMBIENTALISTA DA ZONA DA MATA ALAGOANA Carlos Jorge da Silva Correia Graduando
em Ciências Biológicas na Universidade Federal de Alagoas - UFAL, cursista do
Programa de Educação Ambiental do Instituto Lagoa Viva e membro do Coletivo
Jovem de Meio Ambiente Zumbi dos Palmares. Contato:
correiacjs@gmail.com. Karyna Nascimento da Silva Moraes Graduanda
em Ciências Biológicas na Faculdade de Ciências e Tecnologia - FTC e membro
do Coletivo Jovem de Meio Ambiente Zumbi dos Palmares. Contato:
anyrak2@hotmail.com. Endereço para correspondência:
Rua Minervino Miguel dos Prazeres, 290, Costa e Silva, União dos Palmares –
AL, CEP 57800000. RESUMO. Este
trabalho representa a nossa intenção de contribuir com o início das
atividades dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente na Zona da Mata de Alagoas.
Para tanto, objetivamos, com a realização desta pesquisa, caracterizar o
perfil dos jovens engajados no movimento ambientalista dos municípios de União
dos Palmares e de Murici. Com este objetivo, distribuímos um questionário
entre os presentes ao I Seminário Palmarino de Juventude e Meio Ambiente,
realizado durante a Semana de Meio Ambiente 2008 de União dos Palmares pelo
Coletivo Jovem Zumbi dos Palmares, com o apoio das Secretarias Municipais de
Meio Ambiente e de Educação. O evento contou com a participação de jovens
das duas cidades analisadas. O questionário aplicado foi respondido por 49
pessoas com idade média de 15 anos, das quais 67% são mulheres, 68% cursam o
Ensino Fundamental, e 41% são de cor parda. Quando perguntadas sobre a sua
condição social, a maioria das pessoas pesquisadas, 57%, se considerou
pertencente à classe média. Os dados revelam, também, que 78% desses jovens
engajados na causa ambientalista são urbanos, dos quais uma parcela considerável
mora na periferia da cidade, 37%. Com a realização da presente pesquisa, foi
possível caracterizar o jovem ambientalista da Zona da Mata alagoana como
sendo, preferencialmente, mulher urbana, com idade média de quinze anos, sendo
de cor parda, e pertencente à classe média. Apresenta-se com nível de
escolaridade adequado a sua faixa etária, ou seja, o Ensino Fundamental. Já
participou (ou tem interesse) de algum movimento social e acredita que o meio
ambiente e a qualidade de vida de sua cidade tem muito a melhorar Palavras-chave:
Juventude, Meio Ambiente, Zona da Mata, Alagoas. AINDA HÁ QUEM PERGUNTE SE JOVENS TÊM
INTERESSE PELO TEMA MEIO AMBIENTE Acredito
que a juventude de hoje deve ser a principal interessada na maneira como a
humanidade utiliza e transforma o meio ambiente, afinal de contas os políticos
e empresários, que atualmente vêm tomando as decisões de grande impacto
ambiental, dentro em pouco já não estarão mais aí. Não estou querendo dizer
que os governantes e empresários são os únicos responsáveis pelo estado
atual do meio ambiente. Na verdade, todos nós somos responsáveis como cidadãos
e consumidores. Há, portanto, a esperança de um futuro próspero ou catastrófico.
Tudo vai depender do que o jovem fizer no presente (MUHLEMBERG, 2002 apud
FERNANDES, 2004).
Foi com esse discurso que Poema Muhlemberg, aos 22 anos, representou o
movimento da juventude ambientalista na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, em Joanesburgo, no ano de 2002. Suas palavras foram utilizadas por
Mateus Fernandes (2004) para responder a uma pergunta surpreendente que lhe
fizeram: Há jovens realmente interessados na temática que envolve o meio
ambiente e o desenvolvimento? O
caráter “surpreendente” dessa pergunta, comenta o autor, está no fato de
que com pouco esforço, poderemos recuperar em nossa memória inúmeras ações
de jovens em favor do meio ambiente, especialmente após os processos de Conferências
Nacionais Infanto-Juvenis pelo Meio Ambiente (CNIJMA), iniciados em 2003 pelo
Ministério do Meio Ambiente, fortalecidos em 2005 e que serão reafirmados
agora em 2008 com a realização da III CNIJMA. Por isso, somos levados a
acreditar que sim; que muitos jovens estão interessados na temática ambiental.
Prova
maior disso é a articulação nacional dessa juventude em torno da Rede de
Juventude pelo Meio Ambiente (REJUMA) que tem como grande mérito mobilizar
novos jovens para a luta ambiental a partir do estímulo à constituição de
Coletivos Jovens pelo Meio Ambiente (CJs). São esses grupos, os responsáveis
por iniciar, a cada dia, novos jovens no embate ecológico. Em Alagoas,
verificamos uma realidade semelhante com o fortalecimento desse processo na
capital e o enraizamento do mesmo no interior do estado, a exemplo de União dos
Palmares e Murici. Segundo
Bourdieu (1983, apud MATOS, 2006) os jovens mostram-se diversos, não representando
uma unidade social, e sim, verdadeiras “juventudes” – no plural. Os seus
interesses seriam reflexos do contexto sócio-histórico ao qual pertencem e que
se apresenta como condição para as suas escolhas a exemplo da defesa
ambiental. É por isso, afirma Matos (2006, p. 81), que se mostra “fundamental
esclarecermos de que jovens falamos, que perfil apresentam enquanto grupo”.
Seguindo essa orientação, a pesquisa Perfil
e Avaliação dos Conselhos Jovens de Meio Ambiente realizada pelo Ministério
da Educação, no período de dezembro de 2004 a janeiro de 2005, concluiu que: [...]
o jovem ambientalista integrante dos CJs é, preferencialmente, mulher urbana e
da capital, tem idade de até vinte e cinco anos, sendo de cor parda, classe média
e média-baixa, com renda familiar de até cinco salários mínimos mensais.
Apresenta-se com bom nível de escolaridade e estudou em escola pública (DEBONI
e MELLO, 2006, p. 29). Em
que medida esse perfil representa os jovens ambientalistas alagoanos? Somos
imediatamente levados a tal questão, uma vez que apenas 5 jovens de nosso
estado contribuíram na construção desse panorama. Mas é certo que o
movimento ambientalista jovem em Alagoas é conduzido atualmente por mais que 5
pessoas. Por isso o objetivo desse estudo é caracterizar de forma sucinta a
parcela da juventude que se ocupa com o meio ambiente em Alagoas,
especificamente nos municípios de União dos Palmares e Murici. COM
QUEM, ONDE E COMO A PESQUISA FOI REALIZADA O
presente trabalho foi desenvolvido com jovens ambientalistas das cidades de União
dos Palmares e de Murici, na região da Zona da Mata alagoana. A coleta de dados
foi realizada durante o I Seminário Palmarino de Juventude e Meio Ambiente,
realizado no dia 4 de junho de 2008, do qual participaram os CJs das cidades
envolvidas na pesquisa. O evento foi organizado pelo Coletivo Jovem Zumbi dos
Palmares com o apoio das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Educação
de União dos Palmares. O método
utilizado foi o de questionário. Segundo Dias (2004), a estratégia de questionário,
se aplicada de forma adequada à Educação Ambiental, produz diversos
indicativos, “dos quais podem ser extraídas conclusões ou indicações para
atividades” (p.221). Nesse sentido, queremos salientar que os dados discutidos
neste trabalho não representam a totalidade de indicadores levantados, pois o
objetivo inicial é de apenas caracterizar os grupos pesquisados; os itens do
questionário que expressam concepções e valores sobre o meio ambiente serão
posteriormente analisados. O
PERFIL DO JOVEM PESQUISADO E ALGUNS COMENTÁRIOS
O questionário aplicado foi respondido por 49 pessoas com idade média
de 15 anos, das quais 67% são mulheres, 68% cursam o Ensino Fundamental, e 41%
são de cor parda. Quando perguntadas sobre a sua condição social, a maioria
das pessoas pesquisadas, 57%, se considerou pertencente à classe média.
O GRÁFICO 1 mostra que 78% dos
jovens engajados na causa ambientalista são urbanos, dos quais uma parcela
considerável mora na periferia da cidade.
Gráfico
1 – Perfil do local de moradia dos jovens ambientalistas de União dos
Palmares e Murici.
Como se pode observar nos quadros seguintes, a maioria dos jovens
pesquisados já participa(ou) de outros movimentos sociais, e dos 25% que nunca
participou de algum movimento 83% diz ter interesse de atuar em um. Além disso,
o ambientalismo é quase unanimemente entendido como um movimento social. Você
já participa(ou) de algum movimento social?
Você
tem interesse em atuar em algum movimento social?
Para
você o ambientalismo é um movimento social?
Outro aspecto levantado diz respeito a como esses jovens acreditam que se
encontram o meio ambiente e a qualidade de vida em União dos Palmares, sede do
evento. Os resultados mostram que União dos Palmares “tem muito a
melhorar”, mas que tudo indica que o município já “vem caminhando em direção
a tão desejada sustentabilidade”. Compreensão dos jovens sobre o meio
ambiente e a qualidade de vida em União dos Palmares
Através
dessa pesquisa percebemos com mais clareza o potencial de mobilização da
juventude em torno da temática ambiental. Fica evidente que não importa a
idade, a cor, a classe social, o gênero ou o local de moradia, o que existe é
interesse da juventude em lutar de alguma forma por um meio ambiente de
qualidade para todos. Nessa
perspectiva, é do entendimento de todos que a natureza não consegue rearranjar
seus ecossistemas tão rápido quanto o homem o modifica. O aquecimento global,
por exemplo, acentuado através da crescente emissão de CO2 (dióxido
de carbono) - marca de nossa era industrial -, promete mudar a paisagem global
com impactos econômicos, ambientais e culturais. Para
que os danos ambientais não atinjam maiores proporções, ou seja, danos
irreversíveis, serão indispensáveis neste século que todos os povos (de
todas as idades, inclusive, os jovens) se unam. Diante deste cenário, a
absoluta necessidade da Educação Ambiental é inquestionável, pois
apresenta-se como um processo que visa conscientizar a sociedade e, com isso,
obter a participação mais ativa da mesma diante das questões ambientais.
Nesse contexto, parece-nos mais que plausível a associação de jovens em torno
de CJs pelo meio ambiente, pois este processo denota
a conscientização da juventude de que a degradação do meio ambiente não
prejudica a um só individuo, mas a várias gerações. Proteger
o ecossistema, nesses termos, é um ato amoroso, pois prever o compromisso de
todos - crianças, jovens, homens e mulheres - com o seu presente
(responsabilidade sincrônica) de olho no futuro (responsabilidade diacrônica).
No
caso de União dos Palmares e de Murici, onde estamos inseridos e de onde
falamos, podemos ver algo em movimento, com a cara jovem e alegre de quem
acredita em um mundo melhor: é uma juventude ambientalista tecendo a
sustentabilidade.
AONDE
CHEGAMOS...
Com a realização da presente pesquisa, foi possível caracterizar o
jovem ambientalista da Zona da Mata alagoana como sendo: §
Preferencialmente, mulher urbana,
com idade média de quinze anos, sendo de cor parda, e pertencente à classe média.
Apresenta-se com nível de escolaridade adequado a sua faixa etária, ou seja, o
Ensino Fundamental. Já participou (ou tem interesse) de algum movimento social
e acredita que o meio ambiente e a qualidade de vida de sua cidade tem muito a
melhorar. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS DEBONI, Fábio. MELLO,
Soraia. Panorama da Juventude
Ambientalista. In: Brasil. Órgão Gestor da Política Nacional de Educação
Ambiental. Juventude, cidadania e meio
ambiente: subsídios para elaboração de políticas públicas. Ministério
do Meio Ambiente; Ministério da Educação. – Brasília: Unesco, 2006. p.
23-52. DIAS, Genebaldo. Educação
ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2004. FERNANDES,
Mateus. Jovens e Meio Ambiente: uma aliança
sustentável. Panorama, 5 jun.
2004. Disponível em: |