Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Entrevistas
Entrevist@ com André
Trigueiro para a 22ª Edição da revista eletrônica Educação Ambiental em
Ação
Por Bere Adams Apresentação: O nosso ilustre entrevistado desta edição é André Trigueiro, um dos jornalistas mais envolvidos com as questões ambientais do país e do mundo. André é jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ, Professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, autor do livro Mundo Sustentável - "Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação" (Editora Globo, 2005), Coordenador Editorial e um dos autores do livro "Meio Ambiente no século XXI", (Editora Sextante, 2003). É possível conhecer mais do seu trabalho acessando o site: www.mundosustentave - Desde quando você trata de forma mais aprofundada das questões ambientais na mídia, e o que o levou a dedicar-se ao meio ambiente? Conte-nos um pouco como foi o início da sua jornada! R: A cobertura da Rio-92, mais precisamente do Fórum Global, que reuniu ONGs do mundo inteiro num encontro paralelo à Conferência da ONU no Aterro do Flamengo, abriu meu apetite para conhecer melhor os assuntos da sustentabilidade e procurar abrir espaços na mídia para esse movimento planetário em favor da vida. São portanto 15 anos atuando como jornalista interessado nos assuntos da sustentabilidade. - Como você percebe o espaço oferecido pela mídia para as questões ambientais? R: Avançamos muito, mas ainda não alcançamos um nível de excelência. Privilegiamos as catástrofes ambientais em lugar das soluções sustentáveis. Ainda confundimos meio ambiente com fauna e flora, engessando um debate que alcança os rumos da civilização e o modelo de desenvolvimento que desejamos. Falta aprofundar certos conceitos na faculdade de jornalismo, que poderia ter como disciplina obrigatória a sustentabilidade. - Considera-se a informação fundamental - mas não suficiente - para o desenvolvimento de uma consciência ambiental em toda humanidade. Como os meios de comunicação poderiam colaborar, de forma mais efetiva, para a Educação Ambiental? Qual o papel do jornalismo ambiental no contexto educacional? R: O jornalista não é um professor. Não fomos treinados para isso. Mas a influência da mídia sobre hábitos, comportamentos e padrões de consumo tornam o jornalista um educador "informal", se é que essa expressão existe. Nesse sentido, não basta denunciar o que está errado, é preciso sinalizar com urgência rumo e perspectiva. Não há perspectiva de solução sem esperança. Há muitas pessoas e projetos interessantes no mundo, mas que não tem repercussão na mídia. - Muitos projetos ambientais inovadores ganham espaço no programa Cidades e Soluções que você apresenta, e que foi vencedor do Prêmio Ethos de Jornalismo 2007, na categoria TV. Como nasceu este programa e o que este prêmio representa para você? R: O programa nasceu junto com a nova grade de aniversário da Globo News. Ao completar dez anos, em 2007, o canal estreou 5 novos programas, entre eles o "Cidades e Soluções", que foi o nome de uma série de reportagens exibida em 2004 com ótima resposta ao público. Vínhamos propondo um programa com esse perfil já há algum tempo e a oportunidade surgiu. O Prêmio Ethos, bem como todos os demais prêmios conquistados pelo programa, honram a equipe envolvida no projeto e confirmam o rumo certo que estamos buscando. - Desta sua trajetória no jornalismo ambiental, tem alguma matéria, reportagem ou programa que você destacaria, fazendo uma relação com Educação Ambiental? R: Toda reportagem que explica como a sustentabilidade se resolve no dia-a-dia exerce uma poderosa influência em quem consome esses conteúdos. São muitos filhos queridos. Amo todos eles. - Depois do livro "Meio Ambiente no Século 21" veio o livro "Mundo Sustentável", e o próximo? Tem planos para uma nova publicação? R: Se tivesse tempo, publicaria um livro a cada ano. São muitas informações interessantes e pertinentes. Há muitas chances de publicarmos um novo livro em 2008. Vamos ver... - Você poderia deixar uma mensagem aos leitores e as leitoras da Educação Ambiental em Ação? R: Estou convencido de que não basta a cada um de nós fazer a sua parte. A ordem de grandeza da atual crise ambiental - sem precedentes na história - exige que façamos mais. Muitos se contentam apenas em separar o lixo sem se dar conta de que o volume de resíduos é resultado do maior ou menor nível de consumo. E reciclam o lixo sem deixar de ser consumistas. Esse é apenas um exemplo das contradições que vemos por aí. Corremos o risco de sermos "ecologicamente corretos" no discurso ou em algumas práticas que adoramos dar publicidade, mas não incorporamos efetivamente a sustentabilidade como filosofia de vida. A educação continua sendo a forma mais eficiente de promover essa nova cultura, que precisa vir rápido. Caro André, ficamos muito agradecidos pela sua participação enriquecendo nossa publicação e desejamos a você muito sucesso em seus trabalhos. Precisamos cada vez mais de pessoas como você. Muito obrigado! Bere Adams e Equipe da Educação Ambiental em Ação |