- Desde quando você trata de forma mais aprofundada das questões
ambientais na mídia, e o que o levou a dedicar-se ao meio ambiente? Conte-nos
um pouco como foi o início da sua jornada!
R: A cobertura da Rio-92, mais precisamente do Fórum Global, que reuniu ONGs
do mundo inteiro num encontro paralelo à Conferência da ONU no Aterro do
Flamengo, abriu meu apetite para conhecer melhor os assuntos da
sustentabilidade e procurar abrir espaços na mídia para esse movimento
planetário em favor da vida. São portanto 15 anos atuando como jornalista
interessado nos assuntos da sustentabilidade.
- Como você percebe o espaço oferecido pela mídia para as questões
ambientais?
R: Avançamos muito, mas ainda não alcançamos um nível de excelência.
Privilegiamos as catástrofes ambientais em lugar das soluções sustentáveis.
Ainda confundimos meio ambiente com fauna e flora, engessando um debate que
alcança os rumos da civilização e o modelo de desenvolvimento que
desejamos. Falta aprofundar certos conceitos na faculdade de jornalismo, que
poderia ter como disciplina obrigatória a sustentabilidade.
- Considera-se a informação fundamental - mas não suficiente - para
o desenvolvimento de uma consciência ambiental em toda humanidade. Como os
meios de comunicação poderiam colaborar, de forma mais efetiva, para a Educação
Ambiental? Qual o papel do jornalismo ambiental no contexto educacional?
R: O jornalista não é um professor. Não fomos treinados para isso. Mas a
influência da mídia sobre hábitos, comportamentos e padrões de consumo
tornam o jornalista um educador "informal", se é que essa expressão
existe. Nesse sentido, não basta denunciar o que está errado, é preciso
sinalizar com urgência rumo e perspectiva. Não há perspectiva de solução
sem esperança. Há muitas pessoas e projetos interessantes no mundo, mas que
não tem repercussão na mídia.
- Muitos projetos ambientais inovadores ganham espaço no programa
Cidades e Soluções que você apresenta, e que foi vencedor do Prêmio Ethos
de Jornalismo 2007, na categoria TV. Como nasceu este programa e o que este prêmio
representa para você?
R: O programa nasceu junto com a nova grade de aniversário da Globo News. Ao
completar dez anos, em 2007, o canal estreou 5 novos programas, entre eles o
"Cidades e Soluções", que foi o nome de uma série de reportagens
exibida em 2004 com ótima resposta ao público. Vínhamos propondo um programa
com esse perfil já há algum tempo e a oportunidade surgiu. O Prêmio Ethos,
bem como todos os demais prêmios conquistados pelo programa, honram a equipe
envolvida no projeto e confirmam o rumo certo que estamos buscando.