Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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14/03/2024 (Nº 86) APENAS METADE DOS JOVENS SABE DEFINIR O QUE SÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS – UNICEF, GALLUP
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APENAS METADE DOS JOVENS SABE DEFINIR O QUE SÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS – UNICEF, GALLUP

As conclusões destacam a necessidade urgente de proteger e investir nas crianças e nos adolescentes, incluindo educação climática, nas decisões da COP28

07 dezembro 2023

Nova Iorque/Dubai, 7 de dezembro de 2023 – A maioria das crianças, dos adolescentes e jovens afirma já ter ouvido falar de mudanças climáticas, mas apenas metade compreende o que são, de acordo com uma nova pesquisa do UNICEF-Gallup, no momento em que os líderes mundiais se reúnem na COP28.

A pesquisa global concluiu que, em média, 85% dos jovens entre 15 e 24 anos de idade inquiridos em 55 países afirmaram ter ouvido falar de mudanças climáticas, mas apenas 50% deles escolheram a definição correta de acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) quando solicitados a selecionar entre “mudanças sazonais no clima que ocorrem todos os anos” e “eventos climáticos mais extremos e um aumento nas temperaturas médias mundiais resultantes da atividade humana”.

Os jovens têm sido alguns dos maiores heróis na condução de ações para enfrentar o impacto das mudanças climáticas. Eles têm pedido uma ação climática nas ruas ou em salas de reuniões, e nós precisamos fazer ainda mais para garantir que todas as crianças, todos os adolescentes e todos os jovens compreendam a crise que paira sobre o seu futuro”, afirmou a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Na COP28, os líderes devem comprometer-se a garantir que crianças, adolescentes e jovens sejam educados sobre o problema, considerados nas discussões e envolvidos nas decisões que moldarão sua vida nas próximas décadas”.

Constatou-se que o conhecimento sobre as mudanças climáticas entre os jovens é mais baixo nos países de renda média-baixa e baixa – os mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas –, como o Paquistão (19%), Serra Leoa (26%) e Bangladesh. (37%).

De acordo com o Índice de Risco Climático das Crianças, publicado pelo UNICEF em 2021, as crianças e os adolescentes dos três países estão classificadas como estando em risco extremamente elevado dos impactos das mudanças climáticas e da degradação ambiental, ameaçando a sua saúde, educação e proteção, e expondo-os a doenças mortais.

A pesquisa global – uma continuação do projeto inicial Infância Transformadora, em 2021 – analisa os resultados do subconjunto de perguntas da Pesquisa Mundial do Gallup de 2023 para o UNICEF. Juntamente com as mudanças climáticas, explora dois desafios de longo prazo que moldam a vida das crianças e dos jovens: a confiança na informação e as restrições à mudança política num mundo globalizado.

No que diz respeito à confiança na informação, os resultados mostram que 60% dos jovens inquiridos utilizam as redes sociais como principal fonte de notícias e informação, mas apenas 23% confiam bastante nas informações que estão nessas plataformas. Na verdade, as redes sociais são a fonte de informação menos confiável em todas as instituições pesquisadas.

O Brasil está entre os 55 países que participaram da pesquisa do UNICEF-Gallup, que buscou entender o conhecimento dos jovens sobre mudanças climáticas e a confiança nas informações na era digital. No País, o percentual de jovens que entendem a definição de mudanças climáticas é de 56%. Já sobre informação, segundo o estudo, 71% dos brasileiros com idades entre 15 e 24 anos têm as redes sociais como principal fonte de notícias. Por outro lado, para a maioria (51%) desses brasileiros, médicos e profissionais de saúde são as fontes mais confiáveis de informação, seguido de 33% que acreditam na credibilidade de instituições religiosas como fonte de informação.

Em linha com as conclusões iniciais da Infância Transformadora, os dados refletem o modo como a globalização está afetando essa geração, com 27% dos jovens inquiridos identificando-se como cidadãos do mundo – um número superior a qualquer outro grupo etário inquirido.

A visão de mundo mais ampla que a pesquisa identifica entre a geração mais jovem pode oferecer esperança para mais alianças e colaboração para além das fronteiras na crise climática, na erosão da confiança e noutros problemas globais.

Esta pesquisa oferece informações valiosas sobre como crianças, adolescentes e jovens veem três desafios de longo prazo que moldam o nosso mundo – agora e no futuro”, disse Joe Daly, sócio sênior do Gallup. “Destacar as perspectivas dos jovens é crucial. Ajuda os decisores políticos de hoje a que compreendam as necessidades e os pontos de vista das novas gerações numa era de mudanças rápidas e de incerteza”.

Em agosto deste ano, o Comitê dos Direitos da Criança da ONU afirmou o direito das crianças e dos adolescentes a um ambiente limpo, saudável e sustentável, após o reconhecimento pela Assembleia Geral da ONU, em julho de 2022, de que um ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito humano. As orientações abordavam explicitamente a emergência climática, o colapso da biodiversidade e a poluição generalizada, e delineavam contramedidas para proteger a vida e as perspectivas de vida das crianças e dos adolescentes.

Apesar desses direitos, ratificados por 196 países ao abrigo da Convenção sobre os Direitos da Criança, e de crianças e adolescentes estarem entre as pessoas mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, meninas e meninos são largamente ignorados nas decisões tomadas para enfrentar a crise climática, o que significa que as suas vulnerabilidades, necessidades e contribuições únicas são frequentemente negligenciadas.

Na Cúpula sobre Mudanças Climáticas COP28, em andamento em Dubai, o UNICEF pede aos líderes mundiais que garantam que as decisões deliberadamente protejam crianças e adolescentes e invistam neles, incluindo a educação climática. Isso inclui:

Destacar  crianças e adolescentes no âmbito da Decisão final de Cobertura  da COP28 e convocar um diálogo de especialistas sobre crianças, adolescentes e mudanças climáticas.

Incorporar crianças e adolescentes, e a equidade intergeracional no Global Stocktake (GST).

Incluir crianças, adolescentes e os serviços essenciais resilientes ao clima na decisão final sobre o Objetivo Global de Adaptação (GGA).

Garantir que o Fundo para Perdas e Danos e os mecanismos de financiamento sejam sensíveis às crianças e aos adolescentes, com os direitos da criança integrados na governança do fundo e no processo de tomada de decisões.

Para além da COP28, o UNICEF para as partes que tomem medidas para proteger a vida, a saúde e o bem-estar das crianças e dos adolescentes – incluindo adaptar os serviços sociais essenciais, capacitar cada criança, cada adolescente para ser um(a) defensor(a) do ambiente e cumprir os acordos internacionais de sustentabilidade e mudanças climáticas, com a rápida redução das emissões de gases de efeito estufa.

Tendo testemunhado o poder do movimento de jovens pelo clima, estou confiante de que informar e engajar ainda mais jovens em torno da crise climática poderia ajudar a turbinar o sentido coletivo de urgência de que o mundo tanto necessita”, acrescentou Russell.

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Notas para editores:

Acesse o conjunto completo de dados da pesquisa, metodologia e relatório do projeto nesta plataforma interativa, disponível em 10 idiomas

Fotos, b-roll e outros recursos multimídias estão disponíveis em https://weshare.unicef.org/Package/2AM408LDCPL8

Os 55 países pesquisados na Pesquisa Mundial UNICEF-Gallup 2023 são: Afeganistão, África do Sul, Alemanha, Argentina, Azerbaijão, Bangladesh, Brasil, Camboja, Camarões, Colômbia, Coreia do Sul, Costa do Marfim, Egito, Estados Unidos, Etiópia, Espanha, Filipinas, França, Gana, Grã-Bretanha, Grécia, Guatemala, Iêmen, Índia, Indonésia, Iraque, Irlanda do Norte Japão, Líbano, Malásia, Malawi, Mali, Marrocos, México, Mianmar, Moçambique, Nepal, Nigéria, Paquistão, Peru, Quênia, Romênia, Rússia, Senegal, Serra Leoa, Tajiquistão, Tailândia, Tanzânia, Tunísia, Turquia, Ucrânia, Uganda, Venezuela, Vietnam e Zimbábue.

A pesquisa é a segunda instalação do Projeto Infância Transformadora, a primeira pesquisa desse tipo a perguntar a múltiplas gerações suas opiniões sobre o mundo e como é ser criança hoje. Após uma pesquisa de 2021 a 21 mil pessoas em 21 países, este inquérito de 2022-2023 alcançou mais de 55 mil pessoas em 55 países – incluindo os 21 países pesquisados para o primeiro Projeto Infância Transformadora – como parte da Pesquisa Mundial do Gallup. Foram realizados inquéritos representativos em nível nacional em países de todas as regiões e níveis de renda. O UNICEF e o Gallup analisaram os dados em quatro grupos etários: 15-24, 25-39, 40-64 e mais de 65 anos.

Para a coorte de jovens nos 55 países: A margem de erro mediana (MOE) para a coorte de 15 a 24 anos em todos os 55 países é de +-/7,6% (com base no intervalo de confiança de 95% e testando uma percentagem de 50%, que fornece a MOE máxima para um determinado tamanho de amostra).

Fonte: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/apenas-metade-dos-jovens-sabe-definir-o-que-sao-mudancas-climaticas



Ilustrações: Silvana Santos