Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Sugestões bibliográficas
22/11/2007 (Nº 20) Resenha
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=469 
  
Educação Ambiental em Ação<

LOVELOCK, James. A Vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2006. 159p. – tradução de Ivo Korytowski.  ISBN 85-98078-16-6

O livro “A Vingança de Gaia” de James Lovelock faz uma dura crítica ao modelo de desenvolvimento adotado pela nossa sociedade e ao mesmo tempo a sua alternativa: o desenvolvimento sustentável. Na visão do autor tanto a política do laissez-faire como a do desenvolvimento sustentável levam o planeta a uma probabilidade de mudança desastrosa.

Até certo ponto e de maneira pessimista, é defendida no livro a idéia de que já ultrapassamos o limite do qual seria possível retroceder e impedir as catástrofes provocadas pelo aquecimento global.  Mesmo medidas ambientalistas como a busca por fontes de energias renováveis são inócuas, quando não agravam ainda mais o processo de aquecimento global.     

De maneira polêmica, Lovelock defende a fissão nuclear como uma forma segura de gerar energia até que se consiga tecnologia viável para a produção de energia através da fusão nuclear e outras tecnologias limpas.

O livro trata o planeta Terra como um ente provido de vida: a teoria Gaia. Essa teoria, muito criticada pelo meio científico, vê a Terra como um sistema completo entre suas partes animadas e inanimadas. A definição de Gaia nas palavras do autor seria:

 

um invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior incandescente. Começa onde as rochas crustais encontram o magma do interior quente da Terra, uns 160 quilômetros abaixo da superfície, e avança outros 160 quilômetros para fora através do oceano e ar até a ainda mais quente termosfera, na fronteira com o espaço. Inclui a biosfera e é um sistema fisiológico dinâmico que vem mantendo nosso planeta apto para a vida há mais de 3 bilhões de anos. Chamo Gaia de um sistema fisiológico porque parece dotada do objetivo inconsciente de regular o clima e a química em um estado confortável para a vida (LOVELOCK, 2006, p. 27 – grifo nosso).          

Através dessa definição, o autor vê Gaia (o planeta Terra) não como um ente vivo e consciente em si, mas sim como um sistema dinâmico e equilibrado capaz de se modificar para manter a vida estável sobre a Terra. A metáfora do planeta vivo, apresentado por Lovelock, é importante para visualizarmos Gaia como algo frágil e que tem sofrido profundas agressões do ser humano, o qual quebrou o equilíbrio do planeta.

O título “A Vingança de Gaia” é bastante elucidativo sobre a tese defendida no livro: como todo organismo vivo agredido Gaia dará uma resposta ao seu agressor, podendo colocar a civilização humana em risco.

O aquecimento global e todas as implicações advindas dessa provável nova configuração climática do planeta é o ponto central do livro, o qual faz críticas e traz pontos polêmicos sobre a geração de energia e certas “bandeiras” levantadas por ambientalistas.

Sem a utilização de termos técnicos específicos, o livro é uma leitura fácil voltada para estudantes e profissionais de várias áreas do conhecimento. Em termos gerais, essa leitura é importante tanto para entender sobre a própria teoria Gaia como para uma análise crítica sobre as transformações provocadas pelo homem na natureza e também sobre os ideais de um desenvolvimento sustentável.

Colaboração: Rafael Alves Orsi – doutorando em Geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista – IGCE/UNESP, campus de Rio Claro.

Recebido: 23/Fev/2007
Ilustrações: Silvana Santos