Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
27/09/2019 (Nº 69) O ENSINO DE FORÇAS INTERMOLECULARES ATRAVÉS DE UM DESTILADOR ALTERNATIVO
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O ENSINO DE FORÇAS INTERMOLECULARES ATRAVÉS DE UM DESTILADOR ALTERNATIVO



Williams Carlos Leal da Costa1; José Diogo Evangelista Reis2; Amilton dos Santos Barbosa-Júnior3; Abraão de Jesus Barbosa Muribeca4; Paulo Wender Portal Gomes4



1Mestrando em Química do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, 68507-590 Marabá-PA, Brasil. carlossoure2010@gmail.com

2Mestrando em Química do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Pará, 66075-970 Belém-PA, Brasil. reis.diogo190@gmail.com

3Graduado em Ciências Naturais – Química, Universidade do Estado do Pará, 66860-000, Salvaterra-PA, Brasil. amiltonbarbosajr@gmail.com

4Doutorandos em Química do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Pará, 66075-970 Belém-PA, Brasil. abraaomuribeca@hotmail.com / wenderufpa@hotmail.com



Resumo: Não é de hoje que se nota importância da experimentação para o desenvolvimento de competências e habilidades no ensino de Química, por embasar a prática aos conhecimentos teóricos e instigar o interesse dos alunos. Este trabalho teve como objetivo desenvolver uma metodologia de intervenção com turmas de dois cursos pré-vestibulares com a aplicação de um destilador alternativo numa aula prática experimental na abordagem do tema Forças Intermoleculares, analisando seu fator de impacto quando comparado com as aulas teóricas. A execução se deu em três etapas: (i) sondagem inicial a partir da aplicação de um questionário; (ii) abordagem do tema com estratégia diferenciada para cada turma e (iii) avaliação do conhecimento adquirido por meio da aplicação de um teste-atividade. Percebeu-se que os alunos da TATP (com aula teórico-prática) se mostraram bastante atentos à aula - sobretudo durante o momento da experimentação - eles agiram como se a experimentação fosse um tipo de “espetáculo”, o qual eles não estavam acostumados a presenciar. Já os alunos da TAT (com aula apenas teórica), durante a intervenção, foram pouco participativos, demonstrando apatia pelo assunto trabalhado. Ao analisar o teste avaliativo aplicado nas duas turmas, obteve-se os seguintes resultados: as médias das notas da TAT foram de 6,8 e da TATP 8,9. Dessa forma, pode-se perceber que a utilização de ferramentas que possibilitem aulas experimentais, tais como o destilador alternativo, aliado ao ensino de Química é um importante instrumento a ser incorporado em sala de aula como recurso didático, auxiliando o professor na abordagem de Forças Intermoleculares.

Palavras-chave: ensino de química; experimentação; recurso didático.



Abstract: It is currently important to use experimentation to develop skills and abilities in Chemistry teaching, for theoretical practice and to stimulate student interest. The current study aimed to develop an intervention methodology with classes from two pre-university courses with the application of an alternative distiller in an experimental practical class in the approach to the Intermolecular forces subject. Analyzing its impact factor when compared to theoretical classes. The execution was in three stages: (i) initial survey from the application of a questionnaire; (ii) approach to the theme with differentiated strategy for each class; and (iii) knowledge assessment through the application of a test-activity. We observed that the students of TATP (with theoretical and practical classes) were very attentive to the class, especially during the moment of the experimentation; they acted as if the experimentation were a kind of "spectacle," which they were not accustomed to witness. On the other hand, TAT students (with only theoretical class), during the intervention, were little participatory, showing apathy for the subject worked. To analyze the test of evaluation applied in the two classes, we obtained the following results: the means of the TAT scores were 6.8 and TATP 8.9. This way, we perceive that the use of tools can make possible experimental classes, such as the alternative distiller, combined with the teaching of chemistry, is an important instrument to be incorporated into the classroom as didactic resource, helping the teacher to approach intermolecular forces.

Keywords: chemistry teaching; experimentation; didactic resource.



Introdução



Já é de muito tempo que se nota que a experimentação é de extrema importância para a adoção de habilidades e competências que regem o ensino de Química. Isto parte da possibilidade que esta prática permite ao aluno correlacionar a teoria e a prática (MELO et al., 2015; MARTINS et al., 2018). O objetivo da aula experimental é possibilitar ao discente um embasamento prático de assuntos teorizados em sala de aula, instigando-os e, ao mesmo tempo, dando-lhes fundamentos laboratoriais e conceitos científicos (GIANI et al., 2010; BALDAQUIM et al., 2018).

Ultimamente, a Química é considerada como sendo uma disciplina de difícil compreensão pela maioria dos estudantes, principalmente, da rede pública de ensino (PAZ et al., 2010; SANTOS et al., 2013). Esse problema é causado, em geral, pela dificuldade de relacionamento dos professores com seus alunos (QUADROS et al., 2011; VEIGA et al., 2012). Além disso, os educandos não conseguem associar o conteúdo estudado com seu cotidiano, tornando-os desinteressados pelo tema. Isto passa a ser um marcador de que o ensino está sendo feito de forma descontextualizada e não interdisciplinar; ou ainda, o professor não se utiliza de artifícios que prendam a atenção e despertem interesse do aluno (NUNES, et al., 2010).

Segundo Freire (1997), para aprender e interpretar uma teoria é preciso experimentá-la, ou seja, o verdadeiro significado de um aprendizado é visto na prática, na execução e aplicação do conhecimento. Nesse sentido, a literatura (MELO, 2011; BALDAQUIM et al., 2018) fomenta que a aula prática experimental é uma possibilidade de aquisição e firmação de novos conhecimentos, visto que vivenciar uma experiência dá suporte para a fixação do conteúdo antes trabalhado apenas em seu sentido teórico.

A experimentação possibilita ao discente a participação na construção do próprio conhecimento, despertando, nos mesmos, sentidos motivacionais e lógicos (GIORDAN, 2003). A ausência de tais atividades torna a aprendizagem científica de forma motora, sendo a utilização de materiais alternativos como instrumento didático, uma maneira de possibilitar uma mudança nesse quadro.

O desafio de encarar que existe a necessidade de uma mudança nas metodologias do ensino de Química e a proposta de tornar esse ensino mais próximo da realidade dos alunos, levando em conta sumariamente os seus conhecimentos prévios, tem sido assunto de muitas discussões e fóruns na amplitude educacional do país (ROSA, 2012). Segundo a literatura (AUSUBEL, 1963), existe a necessidade que os profissionais do ensino de Química busquem por mudanças significativas na maneira de como abordam seus conteúdos; o desenvolvimento de estratégias deve sempre buscar superar as dificuldades existentes na sala de aula. O educando deve deixar de ser um mero espectador passivo, para ser o sujeito ativo do processo educacional, o que o leva à formulação de conclusões que culminem com seu aprendizado (ROSA, 2012).

Dentre os diversos temas discutidos no ensino de química, a destilação destaca-se por ser uma técnica que permite a separação de componentes voláteis que possuem pontos de ebulição diferente. No processo, o vapor é condensado e o produto alcançado é versado como destilado (ARAÚJO et al., 2006). A prática de destilação em sala de aula permite o desenvolvimento de aptidões e opiniões atualizadas por parte do aluno, podendo também ser considerado uma forma de experimento conceitual (PEIXOTO et al., 2012).

Nesse sentido, considerando que a experimentação propicia a aquisição e permuta de uma vasta quantidade de conhecimentos e, também levando em conta que a estrutura convencional de um laboratório ainda é uma idealização para muitas escolas, este trabalho teve como objetivo desenvolver uma metodologia de intervenção com turmas de dois cursos pré-vestibulares dos municípios de Soure e Salvaterra, Ilha de Marajó – PA, através da aplicação de um destilador como aula prática experimental na abordagem do tema “Forças Intermoleculares”, analisando sua influência na aprendizagem quando comparado com as aulas teóricas.



Metodologia

O presente estudo foi baseado na pesquisa de métodos mistos, com aproximação da estratégia de triangulação concomitante, no que se refere ao levantamento e análise de dados qualitativos e quantitativos em um único estudo (ou em um programa de estudo), contribuindo para uma maior confiabilidade dos resultados obtidos ao longo do processo investigativo (CRESWELL, 2007).

A técnica de triangulação concomitante é provavelmente a mais familiar entre os modelos de métodos mistos. Ela é selecionada quando o pesquisador usa dois métodos diferentes em uma tentativa de confirmar, fazer validação cruzada ou corroborar resultados dentro de um único estudo. Geralmente, usa-se métodos quantitativos e qualitativos separadamente como forma de compensar os pontos fracos inerentes a um método com os pontos fortes de outro método. Nesse caso, a coleta de dados quali-quantitativos é simultânea, ocorrendo em uma fase do estudo de pesquisa, podendo gerar resultados validados e substanciados. Além disso, a coleta de dados concomitante resulta em um período mais curto de coleta de dados em comparação com outras técnicas de pesquisa (CRESWELL, 2007).

O trabalho foi desenvolvido com duas turmas oriundas de dois cursos pré-vestibulares dos municípios de Soure e Salvaterra, Ilha de Marajó -PA, designadas como TATP (Turma com Aula Teórico-Prática) e TAT (turma com Aula Teórica), onde somente na primeira fez-se a intervenção com o instrumento de destilação.



O trabalho foi desenvolvido em três etapas:



1ª etapa (sondagem inicial): as turmas TATP e TAT foram dispostas ao preenchimento de um questionário de sondagem, com o intuito de verificar a concepção dos educandos sobre o ensino de Química.

2ª etapa (abordagem do tema): (a) a turma TATP foi dirigida à aula prático-experimental, isto é, a abordagem do tema no desenvolvimento da atividade, de maneira a inserir as definições teóricas inerentes ao assunto, utilizando a ferramenta como exploratória na aquisição e socialização dos conhecimentos adquiridos. (b) a turma TAT foi abordada se valendo do uso da metodologia comum, isto é, aula teórica dirigida segundo as condições peculiares de cada escola, utilizando como base os livros, quadro, slide etc. O método adotado fundamenta-se no trabalho realizado (RAMOS et al., 2016), onde cria-se no mínimo duas possibilidades para ensinar um determinado assunto, em seguida, fez-se a comparação para constatar o mais eficiente.

3ª etapa (avaliação de aprendizagem): aplicação do teste-atividade com objetivo de detectar a aquisição de conhecimentos específicos com base tanto na desenvoltura no momento da revisão de conteúdo quanto ao “acerto” das questões que compõem o teste-atividade.



Montagem e funcionamento do destilador

Sustentando-se em práticas com a elaboração de experimentos alternativos e na construção do conhecimento dialógico-contextualizado, os aplicadores trabalharam com materiais do cotidiano e de fácil aquisição para o desenvolvimento de um “Destilador Alternativo”, o qual viabilizou o desenvolvimento das atividades propositais deste trabalho.

Material utilizado: 1 lâmpada incandescente (vidro transparente); metro de mangueira plástica (aproximadamente 0,5 cm de diâmetro); 01 garrafa PET com capacidade de 2 litros; 01 pedaço de borracha de chinelo (2,0 x 2,0 x 2,0 cm); um pedaço (6,0 cm) de raio de bicicleta; 2 pedaços de madeira em formato retangular com dimensões 33,0 x 8,0 x 2,0 cm e 14,0 x 6,0 x 2,0 cm; 3 pedaços de cabo de vassoura, com as seguintes medições: 8,0 cm, 9,0 cm e 22,0 cm; pregos de carpintaria (16 x 18); 1 frasco de 50 mL; 1 pedaço de lata de alumínio de 3,0 x 5,0 cm; pedaços de porcelana; algodão; fita adesiva e massa epóxi.

Figura 1 - Representações esquemáticas do destilador alternativo – (a) Idealização, em cores-fantasia, do destilador; (b) Ilustração do destilador, após ser confeccionado. Fonte: Elaborado pelos autores.



Funcionamento do destilador



Retirou-se a tampa do balão de vidro; colocou-se uma solução (água + vinagre de maçã) para ser destilada, até a metade de seu volume; depositou-se pedaços de porcelana dentro da vidraria (este material impediu que o balão de vidro se quebrasse com o aumento da temperatura); e o enche-se o condensador (garrafa PET) com água fria e preso com fita adesiva. Foi colocado um recipiente no final do tubo plástico (por onde saiu a substância destilada) e regulou-se a distância da lamparina ao balão, para que fosse iniciado o processo de destilação (Figura 2).



Figura 2 - Aula prático-experimental do processo de destilação, com o uso do destilador alternativo. Fonte: Elaborado pelos autores.



Resultados e Discussão

Questionário de sondagem inicial e observação

Através da análise da primeira pergunta do questionário de sondagem inicial que indagava “O conhecimento de Química, no seu ponto de vista, é importante para sua formação cidadã?” foi constatado que 13% do total de alunos da TATP consideram que a Química não é importante para seu desenvolvimento como cidadão, enquanto que turma da TAT, por unanimidade, os alunos afirmaram que essa disciplina tem relevância na sua construção da percepção desse aspecto (Figura 3). Nesse primeiro dado, apesar de somente 13% alunos considerarem não haver importância da Química na formação social, os demais alunos não justificaram suas respostas. Portanto, a maioria dos alunos sabe que a Química tem essa relevância, porém eles não conseguem responder o porquê.

Em um estudo relatado na literatura (SANTOS, 1996), os professores de Química entrevistados afirmaram que a experimentação quando tem um foco investigativo transmite ao aluno uma visão mais crítica sobre a realidade e sobre seu papel social. Segundo esses dados, a experimentação nas aulas de Química é fundamental para a formação social do educando. Essa ideia está em consonância com a literatura (ABREU, 2009), que afirma que o professor ao mudar sua postura inserindo a prática experimental - relacionada ao cotidiano do aluno - pode dar instrumentos para que esse entenda de forma crítica as informações passadas em sala de aula, e, em consequência, conseguem perceber a importância de se estudar determinados conteúdos, como no caso da abordagem de Forças Intermoleculares.

Figura 3 - Representação esquemática do funcionamento do destilador alternativo. Fonte: Elaborado pelos autores.



A partir da segunda pergunta, “O que deveria ser feito para que você se interesse mais pelo conhecimento químico?”, foram obtidos os seguintes dados: 47% dos alunos da TATP considera que a utilização de mais atividades experimentais é mais importante; seguido de 28% que ressaltam a diminuição do uso de cálculos na disciplina; e 25% destacam que o mais importante é relacionar os assuntos com o cotidiano (Figura 4). Na TAT, por sua vez, 72% dos participantes afirmaram que as aulas de Química são mais interessantes a partir do uso de mais atividades experimentais; 16% consideram relacionar os conteúdos químicos com o dia a dia; e 12% a redução de cálculos (Figura 4).

Figura 4 - Considerações dos alunos da TATP e TAT a respeito das aulas de Química. Fonte: Elaborado pelos autores.



De acordo com os resultados mostrados acima, a experimentação é o principal método de ensino no que se refere a ampliação do interesse dos alunos pelas aulas de Química. No trabalho (PAZ et al., 2010) consultado, de um total de 220 alunos, 47,3% consideram que aulas práticas trariam melhoria para seu aprendizado em Química, seguido de 19,5% que escolheram “explicar mais”, 18,2% a utilização de recursos audiovisuais, 11,4% atividades extras, 11% “outros”, 10,5% não opinaram, 7,3% consideraram que não precisava melhorar e, em número menor, uso da contextualização” com apenas 6,8%, onde os alunos podiam escolher mais de uma opção. Percebe-se, nesse estudo, que a maioria dos estudantes prefere aulas práticas, onde se insere a experimentação.

A partir da observação dos pesquisadores, pôde-se perceber que os alunos da TATP se mostraram bastante atentos à aula, sobretudo durante o momento da experimentação. Quando o destilador foi posto à frente deles, houveram questões levantadas, permitindo inferir que há ausência desse tipo de prática durante suas aulas em suas respectivas escolas, pois seus comportamentos denotaram a experimentação como um tipo de “espetáculo”, o qual eles não estavam acostumados a presenciar. Contudo, os alunos da TAT, durante a intervenção, foram pouco participativos, demonstrando apatia pelo assunto trabalhado.

Semelhantemente ao que ocorreu na TATP, na intervenção educativa (SANTANA et al., 2017), a participação dos alunos foi intensa durante as atividades que envolviam a experimentação, o que indica, segundo esses autores, que esse método de ensino é importante para o processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, a sua utilização deve se tornar uma prática constante.

Além dos benefícios da experimentação, destacamos a importância da utilização de materiais alternativos, que é um excelente recurso para aproximar o conteúdo do cotidiano do aluno (MOREIRA, 2012). Pois, assim, ele associa os objetos utilizados e os fenômenos ocorridos, durante as aulas, com situações que ocorrem no cotidiano. Durante a prática experimental, na TATP, os estudantes na ocorrência do processo de destilação comentavam a respeito de acontecimentos que eles presenciavam cotidianamente como a ebulição de água no cozimento de alimentos; a evaporação do álcool quando colocado em nossa pele e/ou na limpeza de objetos; a secagem de roupas no varal, entre outras correlações. Na destilação do vinagre tinto, onde separou-se a solução de ácido acético — incolor — dos demais constituintes sólidos (como por exemplo, corante), os alunos elaboravam hipóteses para responder a esses acontecimentos. E, de forma satisfatória, conseguiram explicar as implicâncias das forças intermoleculares no ponto de fusão (PF) das substâncias e a consequente separação destas.

A respeito do uso de materiais alternativos, pode-se comentar que apesar de participantes da TAT responderem algumas questões levantadas durante a aula, eles dificilmente exemplificavam, como a TATP, com situações cotidianas, o que poderia completar as lacunas em suas explicações (MOREIRA, 2012).



Teste avaliativo



Dos resultados do teste avaliativo aplicado nas duas turmas, obteve-se os seguintes resultados: as médias das notas da TAT foram de 6,8 e da TATP 8,9. Permitindo inferir que a partir da aula prática experimental com auxílio do destilador alternativo na TATP houve um acréscimo das notas em comparação da turma que não teve aula prática experimental. Com isso, é perceptível as vantagens da utilização da experimentação no sentindo de chamar a atenção dos alunos e, consequentemente, aumentar o aprendizado. Estudos (ROCHA & VASCONCELOS 2016; SILVA 2016) ressaltam a importância das aulas práticas experimentais para uma aprendizagem mais significativa, e diante do fato de a média das notas do teste aplicado após a aula ser maior na TATP, concorda-se com o que relatam esses autores em seus trabalhos. Em dados da literatura (BICHO et al., 2016), após a intervenção com a prática experimental, todos os alunos afirmaram que o assunto foi melhor compreendido, tais autores reforçam que a experimentação melhora a visualização do assunto abordado, além de despertar o interesse dos alunos, o que facilita ainda mais o processo de aprendizagem desse como pode ser observado na Figura 5 em um desenho do processo de destilação elaborado por um discente da TATP.

Figura 5 - Esquema de funcionamento de um destilador feito por um aluno da TATP. Fonte: Adaptado pelos autores.

Considerações finais



Dessa forma, pode-se perceber que a utilização de ferramentas que possibilitem aulas experimentais, tais como o destilador alternativo, aliado ao ensino de Química é um importante instrumento a ser incorporado em sala de aula como recurso didático, auxiliando o professor na abordagem de Forças Intermoleculares. Pois, a ferramenta metodológica proporcionou uma maior interação do estudante, no decorrer da aula, tanto com os colegas quanto com o assunto abordado, despertando no aluno a motivação para estudar, tornando desse modo o processo de ensino e aprendizagem mais eficiente.

Além do mais, esse tipo de metodologia possibilita ao estudante sair da rotina cansativa e repetitiva de sala de aula, já que por meio da experimentação pode-se visualizar na prática o assunto previamente abordado na teoria; fazendo com que o aluno constate que a Química está presente no seu cotidiano.



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Ilustrações: Silvana Santos